Operação Tabajara do Planalto pode gerar crise institucional, por Helena Chagas

de Os Divergentes

Operação Tabajara do Planalto pode gerar crise institucional

Por Helena Chagas

De uns dias para cá, a crise política começou a tomar ares de conflito institucional. Nesta manhã de sábado, tivemos mais uma indicação disso. Na capa da revista Veja, a informação de que o Planalto, em guerra para manter Michet Temer no cargo, colocou a Abin no encalço do relator do inquérito que o investiga no STF. Edson Fachin.

Apesar de um desmentido do Planalto, divulgado ainda ontem à noite, a notícia é tão grave que a presidente do STF, Cármen Lúcia, respondeu com dura nota hoje pela manhã. Pelo sim, pelo não, disse que, a se confirmar essa informação, trata-se de um “gravíssimo crime” contra o STF e a própria democracia.

Michel Temer ligou para Carmen Lucia negando a informação. Mas as desculpas vêm tarde demais, na sequência de uma série de notícias e notas plantadas por interlocutores do Planalto contra Fachin. Entre elas, o fato – que não é ilegal -de o ministro, antes da aprovação de seu nome pelo Senado, ter tido a ajuda do e executivo e hoje delator da JBS Ricardo Saud para pedir votos aos senadores. A esse enredo, a matéria de Veja acrescenta a informação de que a Abin estaria apurando uma carona de Fachin no jato da empresa.

Com ou sem desmentidos, o fato é que, acuado, o Planalto entrou num jogo pesado contra seus adversários, que além de Fachin incluem o PGR Rodrigo Janot, a JBS e todos que ameaçam seu mandato. Está, por exemplo, recorrendo um arsenal de iniciativas dos órgãos do Estado para promover um cerco à empresa delatora.

Ao reagir de forma dura, Carmen Lúcia acena com o risco concreto de choque entre os poderes. Mostra, sobretudo, que o STF não tem medo de Temer e está disposto a ir até o fim na investigação contra ele. E que a ameaça ao ministro Fachin pode ter o efeito contrário ao pretendido, unindo uma maioria no Supremo a seu favor.

Moral da história: a ofensiva do Planalto contra seus acusadores pode acabar se revelando mais uma operação Tabajara do governo Temer.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • Quem alimentou a peste ?

    A quadrilha de bandidos liderada por Temer-Cunha-Aécio tomou de assalto o poder Executivo, com apoio do Supremo.

    A indignação da sra. Carmen Lúcia é espúria.

  • Por mais que se diga ao contrário os golpistas são amadores.

    Tenho insistido há mais de dois anos que os golpitas que derrubaram Dilma são amadores em termos de golpe, são amadores simplesmente porque não seguiram algumas regras básicas de um bom golpe contra um governo eleito. 

    Acharam os mesmos que um golpe se faz simplesmente com a vontade e no caso com o apoio de um cambaleante congresso composto de uma turba de assaltantes notórios na função do saque há muito tempo.

    Também acharam que era somente necessário o apoio de figuras messiânicas com ligações dúbias a projetos internacionais de "repressão a corrupção" segundo padrões do Império.

    No processo do golpe esqueceram de alguns itens básicos tais como: A existência de uma liderança e coordenação central e não se apoiar num sistema judiciário que sempre na história foi mais um apoiador do que o núcleo de sustentação. Além de tudo isto levaram para a centro da coordenação do golpe figuras frágeis em termos de uma vida pregressa como o Senador Aécio.

    Com a própria evolução dos acontecimentos viram que a peça central do golpe, um mero juiz de primeira instância, não tinha poder de inibir a ação de outras partes do judiciário, e como estas outras partes do poder mantinham a sua independência não puderam, logicamente por vias legais ou por vias transversas como o uso intensivo da imprensa, deter o avanço da outra parte do judiciário.

    A colocação de um Juiz na suprema corte, não é uma solução, pois salvo que este esteja preso por dossièrs com partes comprometedoras de suas vidas a sua atuação ficará barrada pelo espírito de corpo da instituição.

    Não entenderam os golpistas que quanto mais tempo demorassem no golpe sem a sua parcial estabilização, o principal prejudicado, o povo brasileiro, lentamente se daria conta da tramóia.

    A única coisa que segura o atual governo é exatamente o que derrubaria um governo honesto e íntegro, a sucessão de escândalos que não permitem que a oposição popular chegue a uma conclusão de quem é seu real inimigo, entretanto com todo o imbroglio que está sendo feito, com o tempo a conclusão cada vez chega mais perto da verdade, que toda a classe dominante é o real inimigo do povo em geral, e se conseguirem cheguar mais longe com a farsa ela será descoberta e pouco se salvará no fim.

  • A indignação da Mortícia

    Nada mais providencial que a indignação da ministra e com ela, a de todo o supremo.

    As consequências?

    O Vamtemer é processado, afastado, o impeachement é julgado nulo e a Dilma volta para por ordem na casa regularmente, agora sob as bençãos do arrependido judiciário.

    Parece uma saida legal bem "legal"!

     

     

  • O que me indigna nisto tudo:

    Ver figuras como Carmem e outros, que tanto trabalharam para colocar  Temer Aécio e Cunha no poder, agora falar em coisas graves.  Figuras que a qualquer colocação da mídia, e por qualquer holofote, atacaram um governo legítimo e  se acumpliciaram com a figura ora no poder, Agora  se dizem surpresos, como se nada soubessem,  e só agora dizem  perceber que sempre dormiram com o inimigo.

    Me indigna, ouvir jornalistas de uma rede de televisão falarem que houve abuso de poder  que serviu para comprar minutos no horário eleitoral. Como se esta mesma rede não tivesse gasto horas e horas e mais horas  fazendo campanha para estes que agora estão no poder. 

    Se agora Fachin é alvo, não havia percebido que sempre foi. Alvo de muitas coisas, mas não se incomodou em, mesmo sendo alvo, participar  da pouca vergonha que foi, e continua sendo,  a acusação de obstrução da justiça contra Lula.  Fachin, apenas quis sair de sua condição de colono e ser bem recebido na Casa Grande, mas parece que está sendo expulso do palácio.

    E me indigna o agora discurso pretensamente neutro que sai da boca destes jornalistas que foram cumplíces do golpe, que instaurou no poder  este que aí está. Ninguém mais fala no caminho bolivariano para a ditadura.  Quase que elogiam Temer  pela sua estratégia e astúcia. Mas até o Chapolin colorado sabe que não há estatégia, nem astúcia, só desfaçatez e poder.

    Acaba-se de ver os que sempre defenderam a irrelevância de  provas, usarem a falta de provas para absolver, não Dilma, mas sim Temer. E muitos  tem a desfaçatez de dizer que tudo isto é em nome das instituições. 

    Acho que fico com minha indignação.

  • O grande peso que esses

    O grande peso que esses canalhas carregam é ter permitido o impedimento de Dilma.

    Cagaram no teto, agora que limpem. 

    Ps: desculpem pela palavra chula.

  • Operação Tabajara!

    Penso que a análise é muito ingenua! Desculpe-me! Estamos, jogando um jogo de cachorro (hienas) grande, os paus-mandados: Temer, Eduardo Cunha, Caju, Angora, entre outros executam o PLANO ESTRATÉGICO elaborado pelas elites brasileiras, FIESP a frente, assessorado pelos estrategas que represetam os interesses internacionais. Esses "bundinhas", como os chamava o Brizola, não tem inteligencia pra isso. São meros operadores! Veja o Eduardo Cunha, com aquela arogancia toda, assim que ouviu o "toque de recolher", pegou a sua malinha, silencio da mídia, foi se esconder debaixo das asas "protetoras" do Moro. Ele sabe que é uma "biblioteca", como o Teori, PC, outros e outras (mulher do PC), pode ser defenestrado a qualquer momento. Não venham com a conversa da "teoria da conspiração". Só bobinhos e bobinhas acreditam que o "Treme", estaria ainda no poder se não tivesse um papel (de traídor) a cumprir. Pobre país! Elites e imprensa corruptas, apatridas! Povo incapaz de reagir! Classe média horrosa (não ouvi nenhuma panela, nem vi camisas amarelas na "paulista"). Para onde pende a classe média pendem a nação! Sinto-me como a Marilene Chauí: "tenho nojo da classe média brasileira", mesmo pertencendo a ela! POBRE PAÍS!

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