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Greenpeace protesta contra vazamento de óleo da Chevron


Manifestantes do Greenpeace fazem uma manifestação em frente à sede da Chevron, no Centro do Rio, contra o vazamento de óleo na Bacia de Campos. Marcelo Piu / Agência O Globo

 

Ativistas derramaram líquido na porta do prédio da empresa no centro do Rio

RIO e BRASÍLIA — Ativistas da ONG Greenpeace protestaram na manhã desta sexta-feira contra a petrolífera Chevron, na sede da empresa no Brasil, em um edifício comercial no centro do Rio. Faz 11 dias nesta sexta-feira que vaza petróleo de um campo operado pela empresa na Bacia de Campos. Os manifestantes derramaram uma substância líquida semelhante a petróleo na porta do prédio.

“O Greenpeace quer transparência da Chevron e dos órgãos do governo a respeito do acidente. As informações que se tem até agora são contraditórias. A empresa minimiza o problema. Mas a mancha de óleo pode ultrapassar 160 quilômetros quadrados de extensão”, afirma Leandra Gonçalves, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, em nota distribuída pela ONG.

Enquanto o vazamento polui o litoral norte fluminense, órgãos governamentais — como ANP, Ibama, Polícia Federal e Marinha — e a sociedade civil apertam o cerco em torno de um acidente que pode ser até 23 vezes maior que o estimado pela petrolífera. Oficialmente, a Chevron calcula que a mancha de óleo localizada a 120 quilômetros da costa era na quinta-feira de 65 barris na superfície, e que o total vazado ao longo dos dias teria chegado a 650 barris. O geólogo americano John Amos, da ONG SkyTruth, estima, contudo, com base em imagens captadas pela Nasa, um vazamento de 3.738 barris por dia entre 9 e 12 de novembro. Isso daria um total de, pelo menos, 15 mil barris despejados no oceano.

Devido a problemas meteorológicos, os sobrevoos de helicóptero à região do Campo de Frade foram suspensos nos últimos dias. Na quinta-feira, a Marinha do Brasil uniu-se à ANP e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para formar um grupo de acompanhamento do vazamento. Os sobrevoos serão retomados nesta sexta-feira, e só após a visita os três órgãos devem se pronunciar.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acredita, no entanto, que em uma semana o derrame de óleo seja interrompido. Ao adotar um discurso para minimizar o acidente, Lobão disse que a empresa “está fazendo de tudo e que a Chevron não foi punida ainda porque há trâmites a seguir”.

Para ANP, acidente é cinco vezes maior

Em conversas com parlamentares do Partido Verde, o presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, teria calculado que o derramamento de óleo atinge 3,3 mil barris desde o dia 7 de novembro — cinco vezes mais do que afirma a Chevron. Em conversas com o deputado Sarney Filho (PV-MA) e a diretora da ANP Magda Chambriard, Lima teria dito que houve erro da Chevron na prestação de informações à ANP. Lima informou a Sarney Filho que a Chevron deverá ser punida também por isso, além de multada pelo crime ambiental.

O delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal (PF) e autor do inquérito aberto contra a Chevron, afirmou que vai levantar dados e informações para apurar as responsabilidades. Ele pretende ouvir funcionários diretamente ligados à operação e, num segundo momento, convocará executivos da empresa:

— Se a trinca no fundo do mar não for fechada, vai continuar vazando. O responsável por fechar essa rachadura disse a minha equipe que não tinha previsão de quando ia conseguir parar o vazamento. O acidente é uma catástrofe.

O secretário estadual de Ambiente do Rio, Carlos Minc, também estuda cobrar reparação à Chevron:

— Não estamos querendo nos sobrepor ao Ibama. Mas, como o acidente ocorreu no Rio, podemos cobrar reparação para os danos ambientais e, sobretudo, as perdas para os pescadores que atuam na região.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, ainda não se pronunciou sobre o acidente. A Petrobras, parceira da Chevron no campo, também não vai falar sobre o assunto. Assim como o Ministério do Meio Ambiente, que alega ter repassado a tarefa ao Ibama. O presidente do órgão, Curt Trennepohl, passou boa parte do dia de quinta-feira no Rio, reunido com representantes da Chevron.

Executivos da Chevron devem ser convocados pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, deputado Giovani Cherini (PDT-RS), para uma audiência pública na próxima semana. No Senado, o presidente da Comissão de Meio Ambiente, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), também disse que tomará providências. Na segunda-feira, pretende pôr em votação um requerimento para convidar a empresa, a ANP, o Ministério Público e o secretário Minc.

O geólogo Amos, da SkyTruth, um dos primeiros a dimensionar o acidente da BP no Golfo do México, acredita que o vazamento da Chevron na Bacia de Campos tenha começado antes mesmo da data divulgada pela empresa (no dia 9).

— Estimamos o ritmo do vazamento entre 9 e 12 de novembro em 3.738 barris por dia. Após o dia 12, a vazão pode ter aumentado ou diminuído. Não há como sabermos, porque o tempo ficou nublado — disse Amos em entrevista ao GLOBO.

A Chevron, em nota oficial, informou que a operação de cimentação para vedar o poço continua em andamento. Não informou, no entanto, a previsão para término dos trabalhos.

O motivo do vazamento ainda está sendo investigado. Na avaliação da ANP, a causa “parecem ter sido as operações realizadas pela Chevron”. A empresa, por sua vez, alega a existência de uma falha geológica na região atingida.

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