Coluna Econômica

Os caminhos para o crescimento da China, por Luís Nassif

O crescimento da China foi baseado em alguns motores, renovando-se sucessivamente.

O primeiro motor foi a criação de zonas de exportação e tornar-se o chão de fábrica do mundo, não apenas para bens de baixa tecnologia, mas para produtos de alta tecnologia.

À medida em que foi sendo criada uma mão-de-obra urbana, o segundo movimento foi de urbanização e fortalecimento do mercado interno. E agora?

Permanece a sombra da crise imobiliária, que vitimou a principal empresa chinesa, a Evergrande. O último balanço demonstrou perdas líquidas de US$ 66 bilhões e US$ 15 bilhões, respectivamente, em 2021 e 2022. 

A bolha imobiliária foi furada quando o governo chinês definiu regras em 2022, limitando os limites de dívida para cada incorporador. A medida provocou uma crise de liquidez na Evergrande. À medida em que os financiamentos evaporaram, a empresa deixou projetos inacabados, atrasou pagamento de fornecedores, espalhando os problemas por todo o mercado imobiliário.

O crescimento abaixo das expectativas foi atribuído à crise imobiliária. O setor responde por um quarto da economia chinesa. Houve queda também no ritmo das exportações e o país enfrenta a ameaça de uma deflação. Um índice de preços de casas chinesas mostrou uma queda de 2,2% em relação ao ano passado.

A resposta do governo chinês foi um pacote de apoio ao setor até o final de 2024. As medidas incluem reduzir o valor do pagamento à vista e taxas de juros menores, visando garantir a entrega de casas concluídas aos compradores.

Fu Linghui, porta-voz do Departamento Nacional de Estatísticas, apresentou três pilares para a nova etapa: modernização industrial, desenvolvimento robusto da economia e o impulso para uma transição verde.

Apesar de ter registrado um crescimento graúdo – de 6,3% ano ano – a expectativa geral era de um crescimento de 7,3%. Mesmo assim foi uma vitória, considerando-se o novo normal da demanda externa a interna.

Um dos setores mais promissores, de veículos elétricos, registrou vendas de 3 milhões de unidades no primeiro semestre, crescimento superior a 30%. 

Esse movimento foi facilitado pelas decisões do Conselho de Estado. Na última reunião executiva, em 6 de julho, decidiu-se por políticas macroeconômicas mais flexíveis para estimular a demanda efetiva, fortalecer e otimizar a economia real.

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • Enquanto isso, nosso braZil vai tropeçando, subindo barrancos e caindo em abismos...há séculos! A China, em cerca de 30 anos, cresceu de um PIB menor que o nosso na década de 1990 já para o maior do mundo em PPP), quando aqui optamos pelo assombroso neoliberalismo na veia. Seria bom começarmos a nos comportarmos como um dos países geograficamente mais ricos do planeta...antes que ele acabe.

Recent Posts

Petrobras reduz preço do gás natural para as distribuidoras

Potencial de queda chega a 35%, a depender dos contratos e volumes movimentados; queda no…

8 horas ago

Medida provisória viabiliza importação de arroz

Para evitar especulação e manter preço estável, governo federal autoriza a compra de até 1…

10 horas ago

Governo do RS levou meses e milhões para projeto climático; UFRGS o faz em dias

Governo de Eduardo Leite levou mais de 7 meses e R$ 2 milhões para projeto…

10 horas ago

O discurso conservador e ultra-ideológico de Javier Milei em política exterior

Os “libertários” desconfiam da política exterior ativa, não acreditam em regimes internacionais e aspiram a…

11 horas ago

As tragédias das enchentes, por Heraldo Campos

As tragédias das enchentes não são de agora, mas as atuais são mais graves, comprovadamente,…

11 horas ago

Ministério das Mulheres recebe denúncias de abusos em abrigos no RS

Relatos foram apresentados em reunião online; Prefeitura de Porto Alegre anuncia abrigos exclusivos para mulheres…

11 horas ago