Joaquim Silvério dos Reis, o Patrono dos delatores, por Motta Araújo

Por Motta Araújo

JOAQUIM SILVÉRIO DOS REIS,  PATRONO DOS DELATORES – Em 15 de março de 1789, 4 meses antes da Revolução Francesa, o fazendeiro e contratador Joaquim Silverio dos Reis entrega ao Visconde de Barbacena o nome dos Inconfidentes que conhecia porque era ele um dos Inconfidentes.

Em troca, pois era uma delação premiada, a primeira registrada no território, Silvério dos Reis recebeu a promessa de recomepensas, quais seriam, uma certa quantidade de ouro, o perdão das dívidas fiscais, a nomeação para o cargo de Tesoureiro das províncias de Minas Gerais, Goias e Rio de Janeiro, uma mansão para moradia, pensão vitalícia, título de Fidalgo da Casa Real, fardão e hábito da Ordem de Cristo, um encontro em Lisboa com o Príncipe Regente Dom João. Não se sabe se as promessas foram cumpridas.

Silvério dos Reis sofreu atentados no Brasil porque sua fama de traidor correu rápida, com o que fugiu para Lisboa, voltando ao Brasil com a comitiva do Rei Dom João VI em 1815. Foi para o Maranhão, onde sua mulher tinha raízes e lá faleceu em fevereiro de 1819, seu nome ficou para a História como o maior dos traidores,

A delação é um veneno corrosivo que mina a sociedade, destrói a confiança nos negócios, quebra o indispensável clima de boa fé que possibilita empreendimentos, gera custos econômicos, sociais e politicos que se depositam no solo, qual mercúrio em águas de lagoas, é um ato essencialmente mau, do qual nada de bom decorre.

A delação é a base da Operação Lava Jato, cruzada que levará o Brasil à sua maior recessão desde 1929, com desemprego em massa nos estaleiros, nos portos e cidades que atendem à Petrobras, nas demais obras das empreiteiras não relacionadas a petróleo, nos bancos onde as empreiteiras devem 100 bilhões de Reais, faz lembrar das confissões dramáticas que foram extraídas pelo Senador Joseph MacCarthy sob tortura psicológica na Comissão de Atividades Anti-Americanas do Senado, que quase liquidam com a democracia americana, não fosse o Senador desmascarado como um falso moralista, na realidade um carrasco vulgar vingativo e sem escrúpulos.

Se a corrupção é indiscutivelmente um mal a ser combatido com boa governança e  sistemas de controle, a escandalização dessa corrupção destruiu o crédito nacional e internacional da empresa, seu rating, sua imagem, expectativa de futuro, o valor de suas ações e sua capacidade de levantar recursos para investimento.

Os danos que esses venenos trazem ao País superam largamente qualquer suposta vantagem para processar e encarcerar gente,  o malefício do remédio é infinitamente maior que os danos da doença.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

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  • De Pé!

    "A delação é um veneno corrosivo que mina a sociedade, destroi a confiança nos negocios, quebra o indispensavel clima de boa fé que possibilita empreendimentos, gera custos economicos, sociais e politicos que se depositam no solo, qual mercurio em aguas de lagoas, é um ato essencialmente mau, do qual nada de bom decorre."

    "Os danos que esses venenos trazem ao Pais superam largamente qualquer suposta vantagem para processar e encarcerar gente, o maleficio do remédio é infinitamente maior que os danos da doença."

    André, estes trechos merecem aplausos. DE PÉ!

  • A direita está se lixando prá corrupção!

    O que a direita quer (parafresando o Sakamoto, seja lá o que significar ser de direita hoje em dia) é voltar ao poder.

    Dezesseis anos de abstencia não dá prá aguentar não.

    Isso sem contar que pode vir mais...

     

  • A registrar que a DELAÇÃO

    A registrar que a DELAÇÃO PREMIADA é condenada pela esmagadora maioria dos advogados e juristas criminalistas

    do Pais, que vem no instrumento uma droga de efeito rapido mas perigoso para a saude do ordenamento juridico, a eficiencia não pode ser confundida com legitimidade e moralidade, a tortura fisica tambem é eficiente, o que não a legitima.

    Nos questionamentos da sequencia da operação que aparecem na lista começam a ficar visiveis falhas primarias como acusações por achismo "acho que o homem parecia o Anastasia", "acho que era a casa do Eduardo Cunha", uma lista que IGUALA todos, simples suspetios com vagas evidencias e acusados com sólidos indicios, todos serão objetos de INQUERITO iguaizinhos, quando uma diferenciação por grau de evidencias era de primaria logica processual.

    Pensar que esse perigoso instrumento pode ser manejado por um juiz como o do caso Eike Baptista, que teve a corgaem moral de surrupiar 800 mil reais do cofre do cartorio, na boa. Esse juiz fez concurso e foi aprovado igualzinho a qualquer outro juiz e se não fosse descoberto por acaso estaria com mão em processos importantissimos com essa estreiteza moral, entregar delação premiada ao poder de um juiz é um risco da pior especie pelo qual a sociedade pagará caro.

    A registrar a CULPA de todos que aprovaram a lei  em 2013 permitiram essa aberração, ninguem deve ter lido coisa alguma e muito menos pensado nas consequencias dessa leviandade, importada dos EUA a frio para ser injetada no sistema juridico brasileiro, que ja teve uma Historia de alta qualidade  e refinamento doutrinario.

     

    • Elementar

      O básico em uma delação premiada é que o acusador "nunca" diga "eu acho". Qualquer coisa que se baseie nisso é leviandade de quem disse e até de quem registrou.

      Delação premida seria, se tivesse um mínimo de credibilidade, entrega de provas ou informações inquestionáveis e concretas por parte do delator. Qualquer acusação sem prova imediata, se publicada e levada a frente passa a ser responsabilidade da autoridade e passível de pena para quem a ouviu e divulgou, caso não se concretize.

      Simples assim.  Tudo que não está sendo feito.

    • Nunca li a lei Andre, mas

      Nunca li a lei Andre, mas claramente estão usando essas delações, não com provas concretas, mas sim com indícios e, a partir  dai, estão fazendo devassas em diversos setores, buscando à lupa erros, problemas e crimes. Alguns são encontrados e outros não, pouco importa, o dano já está causado.

       

    • "A registrar que a DELAÇÃO

      "A registrar que a DELAÇÃO PREMIADA é condenada pela esmagadora maioria dos advogados e juristas criminalistas"

       

      E por uma estranha coincidência esses advogados defendem os supostos criminosos.....

  • Ação deliberada

    A cada dia que passa, cresce em mim a certeza que esta Operação Lava Jato vai muito além de mero moralismo por parte da PF, do juiz Moro de de boa parte do MPF. A cada dia aparecem mais indícios de se tratar de uma trama deliberada, muito bem arquitetada, envolvendo partidos da oposição, mídia, parte do judiciário e MP, com o intuito de desestabilizar o país e provocar a queda de Dilma e desmoralização do PT. Eles estão pouco se lixando para a economia, as empresas que irão a falência e muito menos para os coitados dos trabalhadores que perderão seus empregos. Quando o objetivo for atingido, o que eu não tenho mais dúvidas que acontecerá, tudo voltará como antes, o país voltará a ser governados por homens "probos"  e a corrupção será extirpada (pelo menos das vistas da PF, MP, Judiciário e mídia).

  • Nunca vi tanta mistificação e

    Nunca vi tanta mistificação e bobagens juntas em um só artigo.

    Joaquim silverio foi pago entre outros benesses para trair o grupo de inconfidentes que estavam lutando para implantar uma república em Minas. 

    Os delatores da lava jato, delataram a si mesmos e seus esquemas e os seus parceiros. Não estavam lutando por um sistema melhor, estavam roubando dinheiro público sugando a estatal, que não a única sendo parasitada. Os acordos de delação incluem devolução de valores entre outros ressarcimentos.

    A delação premiada foi vital para botar na cadeia mafiosos na Itália e nos EUA. Sem a delação premiada, valia a lei do silêncio e eliminação de testemunhas. Quem delatou era tão culpado quanto os delatados, mas sem eles só uma meia dúzia de peixes pequenos seriam pegos.

    A delação premiada só tem validade se aprovada pela justiça e se os fatos afirmados puderem ser confirmados através de provas e indícios fortes.

    Os delatores não são heróis. No caso em questão são bandidos que vão ter penas diminuídas em troca da colaboração.

    Trata - los como heróis é um insulto aos cidadãos honestos que dizem não a participação em ilícitos. Elogia - los porque delataram e delataram não porque se arrependeram mas porque foram pegos é uma atitude ridícula e deve ser criticada sempre que ocorrer.

    Mas menosprezar o instrumento da delação premiada, comparando - os com o traidor dos inconfidentes, logo tratando políticos e partidos como heróis (jjá que os delatores são os doleiros , funcionários e empresarios), é um insulto a inteligencia dos demais, e quando digo demais, refiro - me aos seres bípedes não emplumados do gênero homo sapiens que pensam por si próprios. 

    A publicidade que o autor considera tão danosa só existe porque a estatal parasitada é uma das maiores empresas do mundo com ações negociadas fora do país com leis que exigem excelente governança corporativa e se descobriu que ela não funcionou. Empresas gigantes no exterior também foram pegas em igual situação,  com uma diferença enorme. Aqui a grande estatal serviu para partidos que venceram as eleições 3 vezes consecutivas é que governam o estado que é o acionista maior, roubaram dinheiro através de repasses e contribuições legais e ilegais para uso pessoal e político. 

    O pior é a quase certeza de saber que estaria lendo o oposto se o governo fosse dos malvados tucanos...ahhh, eu li sim, no caso Alstom.

    • É surreal ler pessoas que se

      É surreal ler pessoas que se dizem de esquerda defender criminosos confessos...

      Incrível como a ideologia deixa as pessoas cegas.

  • Causa, efeito, intenção e solução

    Concordo 100% que os efeitos desta investigação são imensamente mais danosos ao Brasil e aos brasileiros do que a corrupção envolvida, que em doses e denominações variadas, existe em todo o mundo, desenvolvido ou não.

    Mas vislumbro no colega que ele ignora ou não percebe que:

    1) Este prejuízo não é acidental, mas proposital. É um objetivo político do processo. Basta verificar que seus promotores fazem questão pública e explícita de não separar os criminosos das empresas, inviabilizando-as (não empresas, mas um setor inteiro que responde por boa parte do PIB, do know-how e da competitividade nacional).

    2) Este processo investigatório não é uma questão de escolha entre corrupção OU continuidade dos negócios de interesse estratégico para o país. Se tivesse sido bem conduzida, com responsabilidade e interesse legítimo em melhorar o país, jamais teria sido tão parcial e escandalosamente conduzido, mas ocorreria com a devida discrição e confidencialidade, até em busca de sua máxima eficácia. Sobram evidências de que o objetivo maior é político.

    3) Resumindo (2) acima, pode-se tranquilamente combater a corrupção (e outros crimes)  sem causar danos maiores que ela própria. O problema é que querem acabar com a corrupção "dos outros", de quem está "atrapalhando" a própria corrupção. Isto evidentemente é a hipocrisia do cinismo da cretinice bandida, que mantém este potencialissímo país num atraso de 5+ séculos. Querem aumentá-lo ao invés de reduzí-lo.

    3) A delação, embora seja um processo que nos dá um certo "asco", por ser implicitamente um processo de traição aos seus, é uma traição entre criminosos que afinal pode beneficiar a sociedade. Deveria chamar-se de acordos de delação, o que é fartamente utilizado em outros países (inclusive EUA) até em crimes comuns (assassinato, etc).

    4) O que jamais pode se aceitar é que o delator seja "premiado", pois o máximo que deve acontecer é uma redução de suas punições, sem jamais deixar de aplicá-las. Não parece ser o caso, pois já dá para vislumbrar que (o reincidente) Youseff (já "premiado" no Banestado) é quase "amigo" na investigação, assim como o ("enojado") Paulo Costa, um triplo traidor: da ótima empresa em que trabalhava, do país e de seus comparsas.

    Portanto, elogio (e me uno à) sua campanha em alertar que os prejuízos (já) causados ao país serão gigantescos, mas (a) eles poderiam ser evitados sem abrir mão do combate ao crime e (b) não estão sendo evitados porque está evidenciado que o propósito político é maior do que "acabar com a corrupção", que até a mosca da minha sopa sabe que é uma farsa.

    Ou seja, nem prejuízo ao país nem leniência com criminosos.

    A parte mais privilegiada de nossa sociedade parece que preferirá somar os prejuízos (com aplausos!) e a seleção de criminosos à punir.

    Os outros.

  • Ou seja...

    Ou seja, já que delatar a roubalheira prejudica a economia, o certo é deixar roubar, né? Francamente, este foi um dos mais cândidos pretextos para justificar a corrupção que eu já ouvi na minha vida...

    "Os danos que esses venenos trazem ao Pais superam largamente qualquer suposta vantagem para processar e encarcerar gente, o maleficio do remédio é infinitamente maior que os danos da doença."

    A aplicação da justiça não visa vantagens comparativas, mas o cumprimento da lei. De resto, processar e encarcerar gente sempre prejudica terceiros. O tráfico de drogas injeta dinheiro nas favelas, a prisão de traficantes causa prejuízos, então não se deve prender mais traficantes, certo? Se um sujeito matou 10, mas tem família, então ele não deve ser preso porque vai prejudicar o sustento da família dele, é isso?

    • A Camargo Correia é igual a

      A Camargo Correia é igual a tráfico de drogas?...

      Não, Pedrinho, se o sujeito matou 10 vai para a cadeia, mas não podemos mandar a família junto, certo?

      Pedrinho, esquecestes de citar hitler?... entraria bem no teu recioncínio...

      ... esses coxinhas e seus argumentinhos...

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