Embora investigado, Renan não corre risco de ser denunciado na Lava Jato

Jornal GGN – Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) decidiu romper com o governo Dilma Rousseff após aparecer em uma delação premiada da Lava Jato como cobrador de 5 milhões de dólares em propina negociada a partir de contratos da Petrobras. Sem apoio do PMDB, Cunha tem contado apenas com a simpatia de Renan Calheiros, pois o correligionário e presidente do Senado também é alvo de inquérito a pedido da Procuradoria Geral da República, comandada por Rodrigo Janot, e pode fazer uso do posto no Congresso para aumentar consideravelmente as dificuldades impostas à Dilma.

No entanto, pode ser que o cenário seja revertido e Cunha permaneça sozinho na empreitada feroz contra o Planalto e as autoridades da Lava Jato. Isso porque, “ao contrário de Cunha, que deve ser denunciado nas próximas semanas, Renan Calheiros, embora investigado, não corre o mesmo risco”, informa a colunista Mônica Bergamo nesta segunda-feira (20).

“De acordo com autoridade familiarizada com as investigações do braço político da Lava Jato, o inquérito sobre Renan nem de longe é encorpado e tem as evidências que pesariam contra Cunha e contra outros senadores como Fernando Collor”, escreveu a jornalista.

Renan, embora tenha criticado a ação da Lava Jato contra políticos, não adotou o tom destemperado de Cunha ao romper com o governo. O deputado desmentiu as denúncias contra si e afirmou que o Planalto pressiona Janot para obter denúncias que comprometam sua permanência na Câmara.

Assim como o PMDB, o PSDB e outros aliados de oposição não fizeram manifestações significativas de apoio ao peemedebista, embora o rompimento com a base aliada à Dilma seja caminho para o impeachment. “O governo observa com lupa o comportamento do PSDB em relação a Eduardo Cunha. Acha que, se a legenda mantiver distância regulamentar do presidente da Câmara, ele não terá condições de levar adiante o seu projeto de inviabilizar e até derrubar o governo”, complementou a colunista.

“Apesar de alianças circunstanciais feitas com Cunha para enfraquecer o PT, a maioria dos antigos líderes do PSDB tem aversão às condutas do deputado. O senador José Serra, por exemplo, já disse a amigos que, se fosse deputado federal, teria votado até no petista Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Câmara, tentando impedir que o peemedebista chegasse ao comando do parlamento brasileiro”, explicou.