Temer terá que concorrer com avanço da Lava Jato para aprovar propostas

Jornal GGN – Enquanto o governo Temer preocupa-se com a agilidade na aprovação de pautas econômicas, como a PEC do Teto dos gastos públicos e a reforma na Previdência, e apesar de clara ampla maioria de governabilidade nas duas Casas legislativas, os parlamentares estão mais preocupados com a agilidade de outras propostas: as que impõem limite ao avanço da Lava Jato.
Para a colunista Helena Chagas, essas duas frentes podem não ter espaços mútuos nas agendas parlamentares até o fim do ano, podendo as propostas como a de abuso de autoridade e a de reforma política saírem à frente das medidas esperadas por Temer.
Por Helena Chagas
A Lava Jato continua sendo aquela jamanta desgovernada que ameaça passar por cima dos partidos e políticos do establishment. Embora o canhão tenha se voltado sobretudo para o PT do ex-presidente Lula nos últimos tempos, a sensação geral em Brasília é de que a hora dos outros citados do PMDB e PSDB chegará, sobretudo a partir das delações premiadas que devem vir a público na virada do ano.

O medo está no ar, e por isso gregos, troianos e goianos voltaram a conversar sobre projetos como o que pune o abuso de autoridade dos investigadores e a reforma política –  que, de repente, ficou urgentíssima. Sobretudo porque, discretamente, pode embutir algum artigo tratando da anistia ao caixa 2 e diferenciando de forma muito clara esse crime dos de corrupção e recebimento de propina.

É cedo para dizer se essas medidas serão aprovadas. Apesar da pressão popular, impulsionará pelos comandantes da Lava Jato, a situação mudou um pouco desde a última tentativa de votar esses temas. Nesse meio tempo, ainda que aprovada por ampla maioria, a Lava Jato sofreu alguns desgastes por conta de excessos  apontados até mesmo pelo ministro do STF Teori Zavascki, como a apontada espetacularização na denúncia contra Lula.

Para o governo Temer, a preocupação não é só com os nomes que poderão ser atingidos. O risco maior, no curto prazo, é a pauta de reformas do governo acabar sendo atropelada pela batalha legislativa da Lava Jato. Vai ser dificil, por exemplo, conciliar a votação de PECs como a do Teto e a da Previdência com os projetos da reforma Política, da anistia do caixa 2 e do abuso de autoridades.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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