A Inocência Diante do Mistério
por Jorge Alberto Benitz
Hélio, 6 anos, criança atilada e levada, diante de toda aquela movimentação nunca antes presenciada, uma mulher no caixão, um padre falando que Deus a levará para o reino de Deus, perguntou ao adulto mais à mão: Quem é Deus? O adulto respondeu, mostrando uma imagem de Jesus na cruz que tinha na parede da capela: É aquele ali. Insatisfeito com a resposta ele disparou outra pergunta: Como é que ele vai levar se está preso na cruz? Embaraçado, o outro respondeu que aquilo era uma imagem simbólica de Deus e que as coisas se passavam em outro plano, diferente da realidade. Mas Deus leva a gente para onde? Para o céu, foi à resposta. Mas como ele leva? De foguete? Não, disse o sujeito, um amigo da família, que não sab ia mais o que dizer diante de tanta pergunta inquietante e, complementou: Deus pega pela mão e leva para o céu.
Hélio não entendeu bem nada do que aquele adulto disse, mas saiu dali em direção ao seu pai. Logo depois, o féretro, se dirigiu para o cemitério. Quando eles já estavam defronte ao túmulo, ele notou que chegou um sujeito alto, barbudo, que cumprimentava todo mundo. Todo interrogação e assustado com aquele ser que chegou, depois de todo mundo, justamente no momento em que estavam começando a botar os tijolos e a massa para fechar o túmulo, indagou a uma tia que estava ao seu lado: Tia! Aquele ali é Deus? Não, foi o que somente pode dizer a tia aflita pelo inusitado da pergunta. Pelo jeito foi um não que não convenceu muito Hélio, tanto que resolveu se afastar, puxando a mão da tia, daquele estranho.
Alguém lembrou um episódio ocorrido durante a encomendação do corpo, ainda na capela, que tinha muito a ver com esta história toda: O padre começou a cantar uma musica que dizia: Segura na mão de Deus. Hélio, ouvindo aquilo e associando a idéia de que Deus pega a gente pela mão e leva para o céu, tratou de se mandar dali. Vai que Deus pegue na sua mão e o leve junto. Foi saindo de mansinho, muito receoso com a possibilidade de ser carregado junto com a mulher do caixão para o céu. Ele gostava muito de tudo que tinha aqui, dos seus pais, do seu irmão, dos tios e tias e de todos amiguinhos da vizinhança e da creche. A possibilidade de ser levado por Deus o deixou muito assustado.
Concluída as exéquias. Túmulo lacrado pela ultima pá de reboco. Os presentes já em vias de ir embora. O padre, com o sentimento de dever cumprido, resolve retirar a batina. Hélio, espantado, sai correndo em direção a sua mãe, gritando: Mãe! Mãe! O padre é homem.
Jorge Alberto Benitz é engenheiro e escritor.
Este texto não expressa necessariamente a opinião do Jornal GGN
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He!He!
Afinal, qual a diferença entre se levar tudo ao pé da letra e crescer acreditando em versões absurdas que nos impõe a sociedade?
O importante é que não possamos discernir. A verdade é um perigo.