Crônica

Porra, que trapaiada, hein? – Parte 2, por Rui Daher

Porra, que trapaiada, hein? – Parte 2

por Rui Daher

Fosse eu mal-educado, embora quinze anos-luz menos que um bolsonarista, escreveria “haja cu e purgante para equilibrar o aparelho digestivo nacional”. Isto, se a tiragem do periódico for mesmo tão grande.

Desde que Lula venceu as eleições presidenciais, a Folha começou um esforço hercúleo para levantar matérias negativas sobre o presidente. Não que eu já não o esperasse. Desde o início dos anos 1990, na Redação da Rua Barão de Limeira descobriu-se a trilha para fazer sucesso junto à classe média alta, pretensamente, intelectual, mas que servisse a aumentar a tiragem do jornal e o patrimônio da família Frias.

Na época o vislumbre mercadológico focou o ex-presidente Fernando Collor, sobretudo, um ano após empossado, e cachorro já em estado terminal (ver confisco, R$ 50, etc.).

A empresa achou que tal linha editorial, sempre crítica e adversativa contra qualquer poder incumbente, renderia pontos positivos para sempre. Não poucas vezes usou o Instituto de Pesquisas Datafolha para tanto.

Uma exceção esclarecedora: perceber-se dedos enrijecidos quando se tratava de escrever algo contra o tucanato.

Mas, voltando aos dias de hoje, e sendo impossível poupar Bolsonaro, sem o ridículo de optar por uma terceira via, diante do favoritismo de Lula, os Frias começaram a preparar sua base para prosseguir no seu “achado” de 30 anos atrás e garantir-lhes a proeminência.

Nem assim. Por leseira tecnológica deixou o reinado para a Globo News, para quem já perdera alguns bons quadros. Resolve, então, novamente, voltar seu foco para Lula e o PT. Primeiramente, tratou de livrar-se de Jânio de Freitas, Marilene Felinto, Gregório Duvivier, Marcelo Coelho, jornalistas competentes, responsáveis e não coniventes com a farsesca continuidade do “Projeto 1990”.

Há 30 anos, se valeram de talentos jovens, dispostos a tudo desde que ingressassem num jornalão. A internet ainda incipiente, a Folha deu oportunidade a esses postulantes, mérito de um de seus fundadores, Octávio Frias, e do diretor de Redação, inteligência maior, Cláudio Abramo.

Matinas Suzuki Jr., Miguel de Almeida, Pepe Escobar, Caio Túlio, se juntaram aos mais experientes Luís Nassif, Clóvis Rossi, Paulo Francis, Tarso de Castro e, realmente, realizaram um grande projeto jornalístico.

Até a página 30, porém. Com o tempo e, talvez, como tudo, no campo das ideias, a fila anda. Por má sorte da Folha, nem tanto no Brasil, onde reposição de inteligência não tem sido o forte nos meios culturais.

Patrick, mestre cursado (?) em instituições chinesas, para o texto “Lula precisa saber com clareza o que esperar dos chineses na visita a Xi Jinping”.

De fato. Serão muitas as novidades, como não expõe o texto, assim como nenhum especialista da John Hopkins precisou antecipar a Lula que ele encontraria vendedores de bagels nas complicadas ruas de Washington D.C.

Ainda que não houvesse equipe diplomática culta e experiente no Itamaraty, bastaria o presidente ler o ótimo livro da jornalista e escritora Cláudia Trevisan, “Os Chineses” (Ed. Contexto, 2012).

Comparado às obviedades de Mr. Patrick, com certeza saberia que bagel não é shoyu.

Xi Jinping: 中国非常钦佩巴西,并希望增加与该国的贸易。
Lula: Vocês têm Banco Central independente?
Xi Jinping: 独立的中国,只有成龙
Lula: Xi,companheiro Xi, zoou!

Rui Daher – administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

Rui Daher

Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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  • Creio que o texto tem problemas de edição. A parte do Patrick ficou ininteligível pra mim. E acho que o novo projeto da Folha liderado por Abramo e seu Fria, com a chegada dos jornalistas citados, teve auge nos anos 80. Faltou dizer também que hoje é um jornal de banqueiro, o Luiz Frias.

  • Antônio Carlos, tenho treinado muito com nosso amigo Jacquie (Onassis, Kennedy, Chan) para o caso de Xi partir pro pau com o Lula. Obrigado pela leitura e um ablação. R

  • Eric, muito obrigado pela leitura e mensagem com as devidas correções. Os erros foram meus. O Sr. Ygor Patrick que escreveu o nominado é autoexplicativo pelo título expresso no meu texto. Garanto que não vale a pena esmiuçá-lo.
    Quanto ao projeto Folha, você está certo (o Nassif pode confirmar ou não). É que pensei que eu não estava tão velho assim para lembrar a data. Abração

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