O auge e a decadência da Cinelândia paulistana, por Augusto Diniz

Por Augusto Diniz

São Paulo teve a sua Cinelândia também no centro da cidade. A história é narrada no documentário “Quando as luzes das marquises se apagam – a história da Cinelândia paulistana”.

O filme (86 min.) participa da mostra É Tudo Verdade 2018 – 23º Festival Internacional de Documentários, dentro da programação especial, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.

Para ficar pronto foi quase uma década de trabalho. Seu diretor, Renato Brandão, tinha feito o filme como monografia na faculdade de jornalismo. Porém, resolveu levar adiante a proposta de transformá-lo em um documentário que pudesse ser muito mais do que um trabalho de fim de curso.

Assim, Renato foi à luta e até financiamento coletivo fez para aperfeiçoar o projeto cinematográfico. O esforço finalmente chegou ao fim com a conclusão do filme e sua seleção para mostra É Tudo Verdade desse ano.

Com imagens de arquivo e depoimentos de antigos espectadores, o filme apresenta as salas de cinema que se localizavam nas avenidas São João e Ipiranga e adjacências. No auge, em 1950, a região chegou a ter uma dezena de cinemas operando.  

A Cinelândia paulistana se originou nos anos 1930, e teve sua decadência a partir das décadas de 1970 e 80 – passando a exibir filmes eróticos em salas (as que permaneceram) com forte cheiro de mofo; a derrocada veio junto com o período de início de esvaziamento da região central da capital paulista. Cita-se também que os shoppings, em franca expansão na época, passaram a abrigar salas de exibição, mudando o perfil do cinema de rua.

Renato Brandão é acostumado a percorrer a cidade de ônibus, seja de tarde ou na alta madrugada, já que mora na Vila Sabrina (Zona Norte), mas estudou na ECA-USP, no Butantã, e hoje frequenta mais a vida sociocultural da Zona Oeste – ele é responsável pela (ótima) música que toca nos intervalos de domingo no bar Ó do Borogodó.

Nesse trajeto para chegar ao seu destino no passado, observou salas de cinema abandonadas em meio a um centro rico em histórias. Assim, nasceu a ideia de ir atrás de informações que pudessem montar um quadro do que aconteceu com as diversas salas de exibição nas ruas da cidade.

Os cinemas em seu auge foram imponentes em relação às padronizadas salas de hoje. Além disso, exerciam papel importante de proporcionar movimento cultural ao centro da cidade fora dos horários de trabalho.

O documentário do talentoso jornalista Renato Brandão “Quando as luzes das marquises se apagam – a história da Cinelândia paulistana” pode ainda ser visto neste final de semana dentro da mostra É Tudo Verdade, tanto em São Paulo (21/4) quanto no Rio (dia 22/4). Saiba mais detalhes aqui.

Redação

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