As vitórias pouco divulgadas do Brasil

O pessimismo geral do país é um caso clássico de esquizofrenia, alimentado por uma mídia do eixo Rio-São Paulo que perdeu a noção da notícia.

Durante dois anos, martelaram diariamente atrasos em obras da Copa, realçaram detalhes de obras inacabadas, uma campanha diuturna sobre a suposta incapacidade do país em se preparar para a Copa – como se depreciando a engenharia brasileira, os grupos privados envolvidos com as obras, os governos estaduais corresponsáveis pelo processo, a criação do clima de derrotismo se abatesse exclusivamente sobre o governo Dilma Rousseff.

À medida que a Copa se aproxima, que os tapumes das obras são retirados, os usuários descobrem aeroportos de primeiro mundo, arenas esportivas de qualidade invejável, novas estatísticas mostrando o potencial financeiro do jogos.

E os jornais passam a se dar conta que a Copa será a maior vitrine do país em toda sua história, com os 14 mil correspondentes, os recordes de visitantes e da audiência esperada para o televisionamento dos jogos.

Por esse sentimento permanente de baixa autoestima, provavelmente não se dará o devido valor a um feito extraordinariamente superior ao de abrigar a maior Copa do mundo da história (na opinião da Fifa): o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, comprovando que o Brasil entrou em um novo estágio civilizatório.

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O conceito de Metas do Milênio nasceu em 2000, quando líderes mundiais acertaram uma agenda mínima global de compromissos  pela promoção da dignidade humana e de combate à pobreza, à fome, às desigualdades de gênero, às doenças transmissíveis e evitáveis, à destruição do meio ambiente e às condições precárias de vida.

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Conforme os dados do 5º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, com quatro anos de antecedência, o país conseguiu alcançar a meta de redução de dois terços a mortalidade infantil, que caiu de 53,7 mortes por mil nascidos vivos em 1990, para 17,7 em 2011.

No saneamento, em 1990 70% da população tinham acesso à agua e 53% à rede de esgotos ou fossa séptica. Em 2012, os indicadores saltaram para 85,5% e 77% respectivamente.

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Outro indicador, o da redução da pobreza extrema, caiu para 3,5% da população, próxima à meta de 3%.

Segundo o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos Marcelo Nery, um dos principais fatores foi a formalização do mercado de trabalho. No período 2002-2005, a formalização girou em torno de 46% da população ocupada. Em 2012 alcançou 58%.

Entre os ocupados a pobreza extrema é de 1,3%; entre os ocupados com carteira de trabalho, de 0,1%.

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Em que pese os avanços que ainda faltam na qualidade do ensino, a taxa de escolarização no ensino fundamental, para crianças de 7 a 14 anos, está próxima de 100%; assim como a taxa de alfabetização de jovens de 15 a 24 anos.

Apesar do analfabetismo funcional, os estudantes de 9 a 17 cursando a série adequada à sua idade saltaram de 50,3% para 79,6%. Parte do avanço foi devido a distorções, como a aprovação automática.

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Franceses quebram recorde no número de visitantes para a Copa

     

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/numero-de-torcedores-franceses-que-vai-para-a-copa-no-brasil-e-recorde/

    Número de torcedores franceses que vai para a Copa no Brasil é recorde

    Postado em 22 de maio de 2014 às 11:18 pminShare

     

    Contagem regressiva para a Copa no Brasil. Mas, a julgar pelos jornais franceses, a poucos dias do pontapé inicial, o clima entre os torcedores franceses e os torcedores brasileiros é bem diferente.

    Segundo o jornal Aujourd’hui en France, a empolgação dos franceses com a Copa do Mundo é histórica. Nunca um número tão grande se deslocou para um torneio de futebol que acontece a 10 mil quilômetros do país. Na África do Sul, 6 mil franceses viajaram para a Copa. No Mundial do Japão e da Coreia do Sul, foram 8 mil. E agora, para o Brasil, eles serão 17 mil – um recorde.

    Agências que fizeram pacotes específicos para a Copa comemoram o sucesso. Um pacote com 5 diárias de hotel, passagem e ingresso custa, em média, € 2.900 (cerca de R$ 9.000). E, segundo profissionais de turismo, eles foram vendidos rapidamente.

    O primeiro motivo para tanto entusiasmo dos franceses é o “fator Brasil”. O país continua a ser uma viagem dos sonhos para muitos franceses. O outro é a organização da Federação Francesa de Futebol que promete dar “todo apoio” aos torcedores franceses e não deixá-los abandonados. Para isso, a entidade vai construir nas cidades onde na França vai jogar “a casa azul”, um lounge para beber uns drinques, ver os jogos e torcer. E o melhor: a entrada nesses locais é gratuita.

    Já para o jornal econômico Les Echos: “Em São Paulo, a Copa tem um gosto amargo”. Esse é o título de uma reportagem que aparece com destaque na primeira página. Thierry Ogier, correspondente do jornal no Brasil, acompanhou as últimas manifestações em São Paulo e tenta fazer um balanço do clima social no país. Para o jornalista, a três semanas do começo do Mundial, a tensão social não perde força. Ao contrário, as manifestações têm um tom cada vez mais político e colocam a presidente Dilma Rousseff sob pressão.

    Na avaliação do diário, é emblemático o ativismo do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que elegeu a construção da Arena Corinthians como símbolo do desperdício de dinheiro público. O palco da abertura da Copa custou R$ 1,2 bilhão. “Com esse dinheiro, dava pra construir casas para todos aqui”, diz um dos líderes do movimento ao jornal.

    As obras para a Copa do Mundo, que deveriam deixar um legado de boas infraestruturas para os brasileiros, também são questionáveis. A modernização de vários os aeroportos, como o de Viracopos, em São Paulo, por exemplo, está longe de ser concluída.

    Diante de tudo isso, a sorte está lançada. Será que os brasileiros vão se empolgar nessa reta final da Copa? Essa é a pergunta feita pelo jornal. Les Echos conclui que a “febre da Copa” começa a se espalhar pelo Brasil.

    Saiba Mais: rfi

     

  • Excelente

    Como vem sendo debatido aqui no blog a grande mídia se tornou um partido político, fato confirmado pela declaração de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo:

    "A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação e, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo."

    O que ocorre com a grande mídia ao elaborar as suas matérias na base do pessimismo geral abordado por Nassif em seu artigo "As vitórias pouco divulgadas do Brasil" é o mesmo observado nas campanhas dos políticos que concorrem ao cargo de Presidente da República.

    Trata- se de campanha política, e na impossibilidade real de apresentarem as suas propostas para o Brasil, dada a impopularidade delas, partem para a omissão das realizações,  ataques e tentativa de destruição de tudo o que está sendo realizado pelos governos Lula/Dilma.

    Sim, as propostas que os candidatos Campos e Aécio defendem são as mesmas vistas diariamente nas matérias da mídia tradicional.

    O que lê e se ouve nos jornais e TVs são propagandas dos princípios implícitos nos axiomas como “eficiência dos mercados”, "austeridade", "Privatização", “disciplina de mercado”, “redução de despesas públicas”, “menos estado”; nitidamente de cunho neoliberal.

    Mas, como defender de forma clara e honesta uma política que tem levado milhões ao desemprego na Europa atual contra as realizações de aumento de salário mínimo e gastos públicos com o social dos últimos governos que tirou da pobreza  40 milhões de pessoas desde 2003?

    Como negar que a política, contrária ao neoliberalismo que defendem, de Estado forte como agente indutor e regulamentador da saúde social, política e econômica do país, realizando gastos com o social, geração de emprego, e com  bancos públicos e empresas nacionais fortes conseguiu tirar o Brasil da miséria e alcançar avanços há muito tempo não vistos?

    Essa é uma das grandes dificuldades que a mídia tradicional, Campos e Aécio encontram, em outras palavras,  como definir um projeto político mais sedutor que as políticas dos governos do PT?

    Não tendo alternativas para criticar a política do governo e apresentar as soluções é que partem para a omissão das realizações, aos ataques e tentativa de destruição de tudo o que está sendo realizado pelos governos Lula/Dilma.

  • Relativizando um pouco a educação

    Nassif, sem dúvida nenhuma os avanços devem ser celebrados, sobretudo para se contrapor ao pesimismo generalizado amplamente difundido pela grande imprensa. Os avanços nos indicadores de mortalidade infantil, saneamento básico e pobreza extrema devem ser saudados como grandes vitórias e passos importantes rumo a um estágio mais humano e digno para a maioria da população.

    Entretanto, cabe relativizar os ganhos na área educacional, onde infelizmente o foco tem sido colocado na quantidade em detrimento da qualidade. O nível do ensino fundamental e médio em regra geral é muito baixo ; como você bem mencionou no caso do ensino médio, a aprovação automática tem provocado distorções importantes nos indicadores, que não refletem a nossa realidade. Isso se tornará um freio gigantesco para o progresso daqui para frente: a educação é o que garante o futuro do país, seja em termos econômicos ou políticos. E nesse quesito continuamos muito mal colocados.

  • Curto e claro

    Muito bom o artigo do Nassif e abre espaço para essa questão de fundo, a clássica teoria da metade vazia do copo. O PIG está gerando meios noticiosos para ávida leitura de gatunos brasileiros em Miami. Já era para ter edição em "ingrés", Será que tem?

  • As mentiras divulgadas, as

    As mentiras divulgadas, as frustradas chamadas para as últimas manifestações de rua contra a copa, e o resultado da pesquisa do Datafolha que resultou em uma queda vertiginosa de apoio às mesmas obrigaram a mudança de abordagem feita pela grande mídia.

    Como negar os resultados obtidos pela pactuação das Metas do Milênio?

    Como refutar os dados da redução da pobreza, do aumento da escolaridade, da mortalidade infantil, do avanço no saneamento?

    As mentiras ou omissões em tempos de internet são rapidamente desmascaradas...

    tais como a bolinha de José Serra.

  • A hora da verdade para a

    A hora da verdade para a nossa grande Imprensa está chegando... Tudo bem que eles tem um público cativo grande, de cerca de 10 milhões de brasileiros ávidos por factóides e mentiras. Mas até a ficção enfrenta seu momento da verdade, que é a verossimilhança. Até onde eles irão com a ficção da Copa que eles criaram? 

    • Maria, penso eu que o ponto

      Maria, penso eu que o ponto de inflexão vai ser o primeiro gol da Canarinho... aí esses calhordas (dessa porca mídia e desses new-revoltadinhos que usam hugo boss e andam de cherokee) vão se tocar e guardar o rabinho entre as pernas... a explosão de alegria vai ser tão grande e asfixiante que esses pulhas vão se tocar.

  • .

    Eles não se dão conta de quanto esta copa no Brasil carrega em potencial economico, sobretudo considerando o país como uma força mundial em futebol. Em todos os países do mundo o evento está como assunto principal nas mídias locais. Mesmo empresas que não fazem parte do pool de patrocinadores oficiais da FIFA estão pegando o gancho e fazendo propagandas tendo como o tema o Brasil, sem mencionar o evento. Fazer uma copa de paz e alegria, uma grande festa é o maior crédito que o país pode receber do mundo. Com isso ganham todos, independente de posição ou interesses políticos, pois é um ganho sustentável que ajudará no futuro. O fato de futebol ser o esporte preferido no país e maior paixão do povo é apenas um detalhe para reforçar os motivos de união, de uma trégua pelo menos até meados de julho.

  • Já virou fator de irritação

    Já virou fator de irritação para mim ouvir algo tão pretensioso como não vai ter Copa. Até mesmo blogueiros ditos esquerdistas dizem que a Copa é grande oportunidade para cobrar direitos. Isso é típico da esquerda infantil, que ainda se faz de rejeitadora incondicional do Capital e dá munição para a Direita criticá-la em qualquer tipo de ação posteriror envolvendo valores, quem não sabe do "brilhantes" slogam dado pelo menino maluquino econimistas: esquerda caviar. Esse tipo de combate contra o dragão do Capitalismo torna algumas pessoas mais insuportáveis do que os direitistas mais raivosos. Não se trata de não gostar de ganahar dinheiro, a FIFA tem todo o direito de ganhar dinheiro gente. É um evento capitalista e o lucro é o norte. Não há o porque do espanto.

    Como o Nassif lista no post, os benefícios da Copa são inegáveis para os que não fazem parte das alas extremitas da duas igrejas. O desepespero da velha mídia é incamuflável(essa palavra existe?), todos aqui estão carecas de saber disso. O que nos resta é que mais gente perceba e se toque quem está de fato contra o Brasil.

    • Pensando!

      "Até mesmo blogueiros ditos esquerdistas dizem que a Copa é grande oportunidade para cobrar direitos."

      Realmente temos oportunidades de cobrar de cada estado suas responsabilidade perante a Federacao, o Brasil nao eh o Governo Central, sao as assembleias dos estados e o Congresso Nacional, quem sao seus senadores e deputados federais. Qual o vereador e deputado estadfual que voce voto?

  • A verdade, nada mais que a verdade

    Nassif, estou enviando para muitas pessoas esta sua matéria. Ainda existem alguns jornalistas que fazem jornalismo e que falam a verdade neste país. Você, sem dúvida, é um deles. E não se trata de fazer propaganda política para este ou aquele partido, mas de mostrar  simplesmente a verdade. Mais uma vez, meus parabéns. Que você tenha longa vida.

     

     

     

  • Uma das coisas que os jornais

    Uma das coisas que os jornais NAO estao falando eh a respeito da agua de SP.  Acabei de conferir estadao, oglobo, e folha.  NADA.

    • Talvez eu possa lhe dar uma

      Talvez eu possa lhe dar uma pista : nos bairros de classe média alta e altíssima de Sao Paulo a vida transcorre normalmente ...a hora que faltar água nos Jardins, no Itaim Bibi e no Morumbi ( parte proxima ao palácio dos Bandeirantes, onde mora o governador), aí pode ser que saia alguma notinha de rodapé... 

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