Como desenvolver uma cidade inteligente: o caso Santa Rita do Sapucaí

Fórum Brasilianas: associação entre educação, pesquisa, empresas e governo transformam cidade mineira em referência nacional
Foto: Divulgação/Brasilianas
Jornal GGN – Associação entre educação e pesquisa, aplicação prática de conhecimentos e projetos, e o empreendedorismo social, essa é a receita que deu certo em Santa Rita do Sapucaí, o  Vale da Eletrônica mineiro destaque na produção de tecnologia no país.
“Somos fortes em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), com a transferência do conhecimento para o mercado”, explica o professor Marcelo de Oliveira Marques, diretor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Com um PIB per capita de mais de R$ 34 mil por habitantes, ao ano, enquanto a média brasileira gira em torno de R$ 28 mil, o município com apenas 40 mil habitantes abriga hoje três instituições de ensino, incluindo o Inatel, e 153 empresas de setores que vão de informática à telecomunicações.
Oliveira Marques participou do fórum Brasilianas “Polos tecnológicos em Minas Gerais”, realizado na última terça-feira (06), em Santa Rita do Sapucaí, realizado em parceria com a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais S.A.) e o apoio do Inatel.
“Colocamos o conhecimento intramuros, de dentro da Universidade e o disponibilizamos para a sociedade com pesquisas aplicadas, desenvolvimento de novas tecnologias e testes de produtos em laboratórios,  com a criação de todo um ecossistema de inovação dessa  própria sociedade e do mercado, com o que chamamos de alfabetização tecnológica para o desenvolvimento pessoal, profissional e tecnológico”, completou o professor Oliveira Marques durante sua participação no segundo painel do evento, sobre o caso de Santa Rita do Sapucaí na formação de um ecossistema de inovação, ciência e tecnologia.
Hélice tríplice
A cidade toda respira a proposta de conhecimento aplicado, alguns exemplos são o Programa Casa Viva, reaproveitamento do lixo eletrônico, incubadoras de empresa e crowding de projetos. O Inatel conta com cerca de 2 mil estudantes entre os 40 mil habitantes. No conjunto de estudantes, são 230 técnicos administrativos, 420 alunos dos 1400 da graduação envolvidos em atividades relacionadas a ensino, pesquisa e inovação, cerca de 300 trabalhando em projetos dentro de empresas e incubadoras, 480 em especialização, 93 em mestrado formando uma espécie de tríplice hélice: academia, empresa e governo, apoiador de vários projetos.
A cada ano, cerca de 200 empresas se relacionam com o Inatel, seja com pesquisa, testes de produtos e oferta de vagas de trabalho. Sem falsa modéstia, “Somos muito bons naquilo que fazemos”, repete o entusiasmado diretor do Inatel ao impregnar os que têm a oportunidade e o privilégio de ouvi-lo falar daquilo que tanto ama: o importante é formar novas cabeças e novas mentes a partir do clima de inovação nas áreas de pesquisa e desenvolvimento dessa cidade que tão bem o acolheu.
A partir de 2019, o Inatel passará a oferecer curso de doutorado em telecomunicações, além dos tradicionais cursos de graduação e pós-graduação (MBA e mestrado).
O Inatel foi criado em 1965, com o primeiro curso de engenharia de telecomunicações, e por alguém que “foi à luta e não deixou que o sonho morresse”: o empreendedor José Nogueira Leite, que tentou outras cidades, mas foi acolhido pela comunidade de Santa Rita do Sapucaí.
Desde então, o Instituto cresceu e se consolidou como centro de excelência, baseado em três pilares: empreendedorismo: estimulando a vocação empreendedora; inovação, com o primeiro curso do Brasil de telecomunicações, criando uma nova profissão para atender a uma demanda que começava a surgir na sociedade e no mercado; e, finalmente, o senso comunitário de uma cidade, que contava cinco anos antes do surgimento do Inatel, com uma Escola Técnica de Eletrônica, e a visão de que o empreendedorismo deve buscar o bem social.
Abertura do fórum
O evento contou com a participação do coordenador do Jornal GGN e do Projeto Brasilianas, Luis Nassif e do superintendente de Comunicação Empresarial da Cemig, Etevaldo Lucas Queiroz, na abertura.
“Ao superar desafios, a Cemig nunca deixou de investir em tecnologia, e orgulha-se de estar junto com o Inatel, instituição de ensino superior precursora no empreendedorismo e na relação educação-mercado, com o Projeto Brasilianas que coincide com as comemorações da Semana do Empreendedor”, disse Etevaldo.
Para Luis Nassif, voltar a Santa Rita do Sapucaí, onde morou durante a adolescência, foi um momento de relembrar o quanto a cidade foi importante na sua trajetória de vida. Bons amigos e saudosos professores, embora tenha trocado o estudo das telecomunicações pelo jornalismo, hoje alinhados no mesmo universo digital, no qual a informação gravita.
O fórum Brasilianas “Polos Tecnológicos em Minas Gerais” foi realizado dentro das programações da Semana do Empreendedor, organizado pelo Inatel.
Redação

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