Categories: Diplomacia

O indiciamento de Paula

Por Josef Borges

Segundo revista Suiça Weltwoche, a brasileira Paula Oliveira confessou que forjou a suposta agressão. Paula se condenada poderá pegar até 3 anos de prisão,se comprovado problemas psíquicos a pena poderá ser atenuada, a policia de Zurich bloqueou seu passaporte e abriu inquérito contra a brasileira. O motivo suspeitado seria o recebimento de 50 a 100mil francos Suiços( aproximadamente 100.000 a 200.000 reias).Segunda ainda a revista o objeto utilizado para fazer os cortes foi uma faca comprada no Migros(uma rede de supermercados Suiço equivalente ao um Pão de açucar)

* http://www.weltwoche.ch

Indiciada por falso testemunho e impedida de sair da Suíça

A Procuradoria Pública de Zurique indiciou Paula O. por suspeita de falso testemunho. A brasileira é obrigada a permanecer na Suíça para responder a processo e aguardar o final das investigações sobre o suposto ataque, informou a autoridade nesta quarta-feira.

Paulo O. havia dito que fora atacada por neonazistas e, em consequência, teria perdido gêmeos. As investigações ainda não estão encerradas, mas peritos revelaram que ela não estava grávida no momento da ocorrência.

Ao contrário das afirmações recentes publicadas na imprensa brasileira e Suíça, Paula O. não poderá sair da Suíça enquanto o inquérito estiver em andamento.

Paula tem visto para permanecer e trabalhar no país (chamado Permis B) válido até meados de dezembro de 2009, conforme confirmou na segunda-feira (16/2), a Secretaria de Migração do Estado de Zurique.

Hoje a Procuradoria Pública de Zurique decidiu bloquear seu passaporte e indiciá-la por falso testemunho. Se ela for condenada por “induzir as autoridades a erro”, poderá pegar pena de reclusão de até três anos ou multa, segundo o Código Penal Suíço. “Caso ela sofra de doença psíquica, isso poderia favorecer uma mitigação da pena”, diz o professor de Direito Penal Daniel Jositsch (leia mais na coluna à direita).

swissinfo traduziu o texto da Procuradoria na íntegra:

“Comunicado à imprensa
Procuradoria Pública de Zurique – Sihl
18 de fevereiro de 2009

Caso na estação de trem de Stettbach de 9 de fevereiro de 2009: orientação

Em prosseguimento aos comunicados à imprensa da Polícia de Zurique de 12 de fevereiro de 2009 e 13 de fevereiro de 2009, a Procuradoria Pública de Zurique-Sihl comunica:

A Procuradoria Pública de Zurique-Sihl decidiu em 17 de fevereiro de 2009 indiciar a brasileira de 26 anos por suspeita de falso testemunho (perjúrio) no sentido do Artigo 304 do Código Penal Suíço.

Ao mesmo tempo, a Procuradoria Pública de Zurique-Sihl decreta contra a mulher, no sentido do parágrafo 72, inciso 1 do Procedimento Processual Penal de Zurique, a retenção do passaporte e dos papéis, como é comum nestes casos.

Essa medida garante que a mulher permanecerá na Suíça o tempo em que for necessária a sua presença no processo criminal e até que as investigações necessárias tenham sido realizadas.

O Tribunal de Zurique indicou ontem à mulher um defensor público.

O inquérito aberto em 12 de fevereiro de 2009 relativo à denúncia de uma agressão cometida por desconhecidos continua em andamento.

Outras informações só serão fornecidas quando a situação das investigações o permitir.”
Defensor público

No texto está claro também que Paula O. passa a dispor de um defensor público. Seu nome ainda não foi divulgado. As autoridades brasileiras também já ofereceram à brasileira uma lista de advogados capazes de defendê-la.

“Fizemos algumas indicações de nomes, mas a família declinou”, explica o conselheiro Acir Madeira, recém-enviado pelo Itamaraty para ajudar o Consulado do Brasil em Zurique nos contatos com a imprensa.
Retrospecto do caso

Paula O. denunciou na segunda-feira da semana passada (9/2) que teria sido atacada por três neonazistas na estação de trem de Stettbach, no subúrbio norte de Zurique. Em consequência das agressões, ela teria perdido gêmeos no terceiro mês de gestação.

O caso teve uma forte repercussão na imprensa dos dois países e chegou a gerar reações enérgicas da diplomacia brasileira, que cobrou uma apuração rápida e sugeriu que a ocorrência tinha conotações xenófobas.

No dia 13 de fevereiro, o diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, afirmou que, a partir de exames de legistas e ginecologistas, a conclusão era de que a brasileira não estava grávida no momento da ocorrência e que provavelmente teria ela mesma feito os ferimentos em seu corpo. A versão de Paula O. começou a desmoronar.

Mais detalhes sobre a vida particular da advogada, divulgados pela imprensa brasileira na terça-feira (17/2), colocaram ainda mais em dúvida a versão do ataque descrita pela suposta vítima. Ontem à noite, a brasileira recebeu alta do hospital Universitário de Zurique, onde estava internada. As investigações para descobrir como ocorreram os ferimentos continuam.

Leia no blog “Coisas da Suíça” as últimas reações na imprensa helvética.

swissinfo, Alexander Thoele e Geraldo Hoffmann

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • Realmente era uma farsa.
    Realmente era uma farsa. Talvez a melhor lição que o jornalista Noblat já teve em sua carreira. Fotos afirmando coisas sem comprovação no anseio do furo jornalistico costumam acabar nisso. Na próxima espero que cheque duas antes de dar a notícia. O feitiço também vira contra o feiticeiro.

  • Hahah. Induzindo pelo
    Hahah. Induzindo pelo comentário de luka, fui ao blog do Noblat e me deparo com o seguinte contorcionismo:

    - Noblat chama Lula de biruta pois este disse que Dilma deve continuar inaugurando as obras do PAC mas Serra não tem nada que fazer em Cascavel (PR), visto que não há nada para o governo de SP inaugurar lá.

    Noblat deve estar sendo sondado pelo Cirque du Soleil. Impressionante.

  • Nassif

    Como sabe, desde o
    Nassif

    Como sabe, desde o incio desconfiei de tal acusação.
    Pela falta de hematomas, das fotos dos braços que deveriam demonstrar as marcas de defesa..etc..

    Mas sobre a autoflagelação...desconfio e muito.

    alguns outros detalhes que vi...

    As fotos foram tiradas com ela de pé (tem flash batendo em parede), com roupa, e de calcinha...?

    Tem muito mais sobre este fato.
    Espero que não escondam, mesmo sendo um cidadão suiço envolvido.

  • Nassif, desde o inicío do
    Nassif, desde o inicío do caso não
    me prenunciei, esperando uma conclusão. Agoro cunclui que a Suiça não é a chuíssa de José Serra.

  • Para aclarar o primeiro
    Para aclarar o primeiro parágrafo:

    A Die Weltwoche ressalta que vítimas de violência na Suíça recebem consideráveis quantias de indenização (entre 50 a 100 mil francos suíços), com agravante se a vítima está grávida e perde os filhos.

  • Nossos Diplomatas não têm
    Nossos Diplomatas não têm mesmo nada que pedir desculpas. Só faltava essa...

    Acaso a diplomacia de outros países tem por hábito se desculpar com o Brasil quando justo? O Embaixador da Espanha acaso se desculpou pelo tratamento dispensado aos brasileiros pela segurança de Barajas?

    Quem disseminou a mentira sim deveria se desculpar (leia-se aqui Noblat e JN). Se não com a Suíça, ao menos com seus leitores e telespectadores que embarcaram na insanidade.

  • Agora não adianta ficar
    Agora não adianta ficar botando a culpa neste ou naquele. A história era tão absurda para ser uma farsa que poucos de nós não caiu neste verdadeiro conto do vigário.
    Evidente que o jornalista deve conferir a veracidade para só assim publicar, mas cá entre nós, como ele poderia checar? Ou ele esperava um tempo até que os fatos ficassem mais claros . Correndo o risco de ser verdade e a suporta vítima não ser tratada como merecia, ou ser uma farsa e ninguém saber antes, só depois de tudo.
    Quanto ao governo brasileiro, não vejo motivo para desculpas. Não houve ofensa.

  • LMaria, acho que as fotos
    LMaria, acho que as fotos divulgadas foram tiradas pelo marido, para divulgar o que havia ocorrido. É o que li por aí.

    Quanto à auto-flagelação, o detalhe que mais me intrigou era o S que, a meu ver, estava claramente de ponta-cabeça (tirando o relativismo do "ponta-cabeça"). Claro que isso não prova nada, mas desde início não engoli muito aquele S com o lado maior invertido.

    Agora, me parece que a diplomacia brasileira não fez nada de mais. Não lembro de nenhuma acusação a respeito. Apenas pedidos de que se esclarece-se logo e que o caso tinha indícios de xenofobia. E tinha mesmo, ora.

    Seria estranho, e haveria um baita estardalhaço interno, uma diplomacia que, em primeiro lugar, levantasse suspeitas sobre a moça.

    Triste caso. Espero que a moça tome tento agora.

Recent Posts

Justiça anula votação e interrompe venda da Sabesp

Decisão afirma que Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou texto sem realizar audiência pública…

7 minutos ago

União e Espírito Santo rejeitam proposta da Vale/Samarco

Oferta de compensação apresentada pelas mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior (...)”

2 horas ago

Concurso Nacional Unificado é adiado por estado de calamidade do RS

"O nosso objetivo, desde o início, é garantir o acesso de todos os candidatos", disse…

2 horas ago

Ministro Alexandre de Moraes determina soltura de Mauro Cid

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro assinou acordo de colaboração premiada; militar estava preso desde…

3 horas ago

A pequena recuperação da indústria, por Luís Nassif

Em 12 meses, a indústria geral cresceu 2,27%. E, em relação ao mesmo período de…

3 horas ago

Após privatização, tarifas de água aumentaram mais de 100% em comparação à Sabesp

Confira o levantamento comparativo com as tarifas do Rio de Janeiro, após privatização

3 horas ago