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A bolha imobiliária por dentro

Veja que até em um país supostamente racional, como os Estados Unidos, como foi longa a caminhada até se chegar à medida óbvia: recuperar a capacidade de financiamentos dos mutuários para impedir o agravamentos dos problemas sociais e sustar a queda no mercado imobiliários norte-americano.

Por Juliano

Esse seu exemplo de como os juros flutuantes funcionam, explica apenas a pequena parte da historia dessa bolha imobiliaria.

Aqui está um exemplo prático de meu colega de departamento onde trabalho em Houston.

Em 2000 ele comprou uma casa financiada 4 quartos, 3 banheiros, linda e etc, por 98.000 US$.

Refinaciou sua casa três vezes, 2002 – 2004 – 2007.

Assim:

Em 2002 Scott foi ao Capital One, refinanciou sua casa, e segundo o Banco, o imovel dele tinha se valorizado nos ultimos dois anos.

A operacao foi a seguinte:

Scott recebeu mais de 15000 US$ do banco, para gastar em que gostaria, em troco de refinanciar sua casa pelo valor atual de mercado em 2002, coisa de 120.000 US$.

Scott aceitou e gostou do negocio e em 2004 retornou ao Banco para refazer a mesma operaçao.

Assim em 2004, Scott recebeu do Banco Capital One 21000 US$, e refinanciou a casa pelo valor de mercado aprox. 140.000 US$

Em 2007 ele retornou ao Banco, e refinanciou, recebeu do mesmo banco 24.000 US$, pelo valor de hipoteca de aprox 180.000.

Ano passado, ele retornou ao Banco, para refinanciar e pegar mais uns trocados, e lhe disseram que o valor de seu imovel tinha caido em 28%,.

Assim ele deveria de cobrir esse furo a vista, ou entao, diluir isso nas prestacoes, atraves dos juros flutuantes.

Aumentaram as prestacoes, ele nao recebeu aquele dinheiro a mais do refinanciamento, e hoje tem uma casa que vale 80.000 US$, com uma hipoteca de quase 200.000 US$.

Ontem falei com ele, e disse que vai devolver a casa para o Banco.

No meu ponto de vista, os bancos jamais poderiam ter retroalimentado essa bolha.

A economia americana cresceu na epoca Bush, graças a essa bolha. Na verdade sem a bolha, a economia americana nao cresce desde Clinton.

Abraco, Juliano – Houston

Luis Nassif

Luis Nassif

View Comments

  • Muito interessante os
    Muito interessante os comentários do Juliano. Foi isso mesmo o que aconteceu. Nos EUA tornou-se praticamente impossível se separar o crédito imobiliário do crédito ao consumo. E o crescimento dos últimos fanos foi fortemente infleunciado pela expansão do consumo era alimentado pela valorização irracional dos preços dos imóveis. O fenômeno das bolhas especulativas na raiz das crises bancárias não é novo e existe um excelente livro sobre o assunto de Charles Kindlerberg
    "Manias, panics and Crashs". Esse livro tenta identificar padrões nas varias crises bancárias dos últimos três séculos. O que é novo foram os mecanismos de engenharia, notadamente a securitização, que deu enorme liquidez aos ativos imobiliários, e assim garantiu uma sustentação demasiadamente longa ao ciclo de valorização nos preços dos ativos.

  • Muito interessante os
    Muito interessante os comentários do Juliano. Foi isso mesmo o que aconteceu. Nos EUA tornou-se praticamente impossível se separar o crédito imobiliário do crédito ao consumo. o crescimento dos últimos anos foi fortemente infleunciado pela expansão do consumo e esta expansão era alimentada pela valorização irracional dos preços dos imóveis. O fenômeno das bolhas especulativas na raiz das crises bancárias não é novo e existe um excelente livro sobre o assunto de Charles Kindlerberg
    "Manias, panics and Crashs". Esse livro tenta identificar padrões nas varias crises bancárias dos últimos três séculos. a novidade foram os mecanismos de engenharia financeira, notadamente a securitização, que deu enorme liquidez aos ativos imobiliários, e assim garantiu uma sustentação demasiadamente longa ao ciclo de valorização nos preços dos ativos.
    E o interessante Juliano é que os bancos são os causadores dessas bolhas. E precisamento o credito bancario quem da combustivel ao crescimento da bolha.

  • Caro Juliano:
    Tomando por
    Caro Juliano:
    Tomando por base este caso de seu colega de trabalho:
    Em 8 anos ele pegou dos bancos, em função do contrato de financiamento do imóvel, U$ 60 mil, hoje a casa de quatro quartos em Houston vale U$ 80 mil, preço na bacia das almas, e a hipoteca está em U$ 200 mil, ou seja, seu amigo carrega um custo de U$ 60 mil - isto imaginando que ele gastou os tais U$ 60 mil recebidos do banco, e que o valor da hipoteca não é passível de negociação - fato completamente improvável neste momento.
    Bem, os U$ 60 mil de custo que seu amigo carrega, quando divididos por 96 meses, resultam num custo mensal de U$ 625, nada mal para o preço de aluguel de um imóvel que hoje, depois de tudo o que já ocorreu nos últimos dez meses, ainda consegue um valor de U$ 80 mil; dentro da tragédia, seu amigo pode ser considerado um "privilegiado", até porque ainda mora, ainda tem um teto.
    Casos infinitamente piores, em consequência da perda do imóvel, estão acontecendo por aí, com muita gente morando dentro dos carros, outros vendo o imóvel ser negociado em leilão por preços bastante deprimidos,etc..., enfim,um verdadeiro massacre, divulgado sem muita ênfase pela imprensa americana pois os entrelaçados interesses corporativos falam mais alto, fato que ficou amplamente demonstrado pela demora excessiva das grandes redes em expor, como deveriam ter feito, a gravíssima crise financeira à população americana.
    Concordo quanto à atitude irresponsável dos bancos, mas o fato é que se sentiam respaldados pela ausência da indispensável regulação, e o resultado do já amplamente diagnosticado conjunto de erros primários está aí - no caso específico do mercado imobiliário, colocando muitos incautos e/ou inocentes prá dormir no banco da praça.

    Um abraço

  • No Brasil, se a crise mundial
    No Brasil, se a crise mundial não foi uma marolinha também não foi um "tsunami" como queria a imprensa tupiniquim e a oposição DemPSDB.

  • Quando a gente lê que bancos
    Quando a gente lê que bancos americanos estão "quebrando"pergunta-se,como ?
    Taí a resposta,nesta amostra de como funcionavam as operações imobiliárias nos States,e de como elas eram fictícias,pois assim como eram alavancadas artificialmente pelos experts em números dos bancos,eram tão sólidas como um castelo de cartas.
    Será que a administração bancária brasileira,concernente ao crédito imobiliário,é arcáica,ou a deles era surreal e mais dia menos dia daria no que deu ?
    Aonde estão os órgãos fiscalizadores do sistema habitacional,ou isto é coisa de terceiro mundo ?
    Os balanços dos bancos que mostravam a pujança monetária,era apenas um jôgo,e neste jôgo,quem ganhava,eram apenas os "donos da banca"para não ser redundante e dizer que eram os donos do banco.

  • Com algum intervalo nos
    Com algum intervalo nos meados da década de 60, essa bolha vem desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

    É um modelo de acumulação constante, com baixa redistribuição. Basta ver o progresso do índice Gini nos Estados Unidos.

    Só que há uma incrível sensibilidade quanto a esse tipo de discussão lá, a coisa tem um viés ideológico muito forte e não se aceita discutir esse assunto tecnicamente como aqui.

    Eles estão f...dos... É questão de (pouco) tempo.

  • Eu acho que enlouqueci e não
    Eu acho que enlouqueci e não estava sabendo ainda. Que tipo de pessoa ao invés de tentar quitar a dívida que fez ao comprar a casa própria, AUMENTA a mesma e sai feliz disso achando que fez um bom negócio?

  • E para completar o Bush deu
    E para completar o Bush deu dinheiro para os bancos, O Obama também vai dar.
    Estão dando analgésico para dor de cabeça, a causa da dor que se lasque.
    Os bancos tomaram o porre de ganhar dinheiro até a bolha estourar, deveriam arcar com o prejuízo, afinal eles que causaram.
    Eu preciso arrumar uma atividade como essa, pode-se fazer a merd... que quiser que está tudo bem, nunca perde!
    Nem lá nem cá, nem no resto do mundo

  • Aqui no Alto Xingu, os índios
    Aqui no Alto Xingu, os índios consideram isso querer transformar crédito imobiliário em terminal eletrônico de saque. Só homem branco para achar que os lanches são grátis...

  • O Juliano não informou, mas o
    O Juliano não informou, mas o que se sabe é que, refinanciando a casa, em razão da baixa dos juros, o valor da prestação continuava o mesmo. Quer dizer o estadunidense, continuava com (+ ou -) a mesma prestação e torrava o troco em pipoca (ou carros gastadores de combustíveis da GM).

    Breves considerações de quem é profissional do ramo imobiliário há trinta anos:

    Como o credor da hipoteca pôde admitir isto? Esta eu respondo: As hipotecas eram ensacadas e revendidas para incautos compradores, sem o devido conhecimento dos riscos. Grana fácil. Bônus elevados. Direita no poder. Mentira como modo de vida e por aí afora.

    Como o governo central deixou isto acontecer?
    Como ninguém (ou quase), de fora do sistema, não percebeu que era uma "pirâmide"?

    Esclareço: No Brasil tudo isso é impossível de ocorrer. A CEF (o SFH) não refinancia imóveis. As prestações tem uma regra pré-determinada e imutável. os financiamentos são concedidos mediante observação de uma regra primária (mas de capital importância), financia o menor de dois valores: Da venda ou da avaliação do perito (engenheiro civil autônomo contratado pela CEF). As exigências para obtenção do financiamento são severas (com razão). Importante, as hipotecas não são ensacadas e vendidas como produto financeiro.

    Ao eventual leitor deste comentário, lembro que o mercado imobiliário pode ser comparado ao pêndulo de um relógio antigo. Quando há muita procura o preço sobe. Quando o preço sobe, instigados pela perspectiva de lucros com a produção de imóveis, muitos constroem. Chega o dia em que o pêndulo está no centro de gravidade e vai inexoravelmente para o outro lado. O esperto cai fora do mercado. Muitos ficam com o mico. O mercado então se recicla. Em pouco ou médio prazo recomeça o ciclo.

    O jornalista Luis Nassif é bem informado sobre o assunto. Foi ele quem nos alertou na época (1.983/4) a discrepância entre as prestações e os próximos reajustes anuais, que iriam desaguar na polêmica (e explosão) do FCVS -Fundo de Compensação das Variações Salariais, culminando em acordos que evitaram o colapso do sistema.

    Quem teve a paciência de ler o comentário, saiba que tenho muito orgulho do nosso sistema. Apanhamos muito, mas temos hoje algo muito sólido e confiável e que cumpre sua função precípua, que é de que oferecer ao brasileiro a possiblidade da realização do maior sonho da sua vida, que é a casa própria.

    Encerro perguntando: Quem é terceiro mundo neste assunto: O Brasil ou os EEUU?

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