Os dados do mercado de trabalho divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos permitem tirar algumas conclusões sobre o primeiro trimestre efetivamente captado dentro da gestão Lula.
A população economicamente ativa (oferta efetiva de pessoas capazes de trabalhar) do país aumentou 0,2% nos primeiros três meses de 2023 – ou seja 381 mil pessoas passaram a fazer parte da PEA.
De acordo com o IBGE, esse avanço está mais relacionado a questões demográficas do que com reflexos do mercado de trabalho, uma vez que tanto o contingente de desalentados ou da população na força de trabalho potencial caiu no trimestre.
A população fora da força de trabalho ficou em 67,2 milhões de pessoas, um aumento de 1,3% na comparação trimestral, ou mais 885 mil pessoas. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,5% ou mais 2,3 milhões de pessoas.
Contudo, um ponto a se ter em vista é que 43,8% da população em idade economicamente ativa está fora do mercado, o que representa 76,322 milhões de pessoas – e esse número apresentou um acréscimo de 1,3% (ou 986 mil pessoas) apenas nos primeiros meses deste ano.
Um desafio a ser levado em consideração pelas autoridades envolve como incluir essa população na força de trabalho e, por consequência, no mercado de consumo.
Na análise por segmentos econômicos, quem mais contratou no período foi a área de administração pública – o que pode ser entendido como sinal de recomposição de mão-de-obra após as eleições -, seguido por áreas como transporte, alojamento e alimentação.
Em termos de redução de vagas, destaque para o setor automotivo (o que pode ser explicado pela queda da demanda por automóveis), agropecuária (que contrata muitos temporários em época de safra) e serviço doméstico – em um sinal de contenção de despesas por muitas famílias.
O mercado de trabalho brasileiro mudou entre 2013 e 2023, seja pela adoção de novas tecnologias em diversos segmentos ou mesmo pela mudança de perfil populacional.
Vale lembrar que, durante os dois primeiros governnos Lula, mais jovens acessaram o ensino superior, ficando assim capacitados para ingressar em vagas de trabalho mais qualificados.
Isso pode ajudar a entender a queda na oferta de serviços domésticos ao longo de 10 anos, além do avanço em segmentos como administração pública, informação, atividades financeiras e comércio.
Em segmentos historicamente dependentes de mão-de-obra, pode-se dizer que o avanço tecnológico e a substituição da mão-de-obra humana por maquinário – o que é considerado corriqueiro atualmente na indústria automotiva, por exemplo – ajuda a explicar a queda nas vagas de trabalho para esse segmento econômico e também no agronegócio.
No comparativo com o trimestre fevereiro/março/abril de 2013, é possível verificar um crescimento de 11,7% no total de pessoas economicamente ativas no Brasil – pelo menos 18,268 milhões de pessoas entraram no mercado ao longo dos últimos 10 anos.
Contudo, assim como mais pessoas entraram no mercado, o total de cidadãos fora do mercado também aumentou em 10 anos: a força de trabalho desocupada aumentou em 1,335 milhão de pessoas (17,2%) entre 2013 e 2023.
Da mesma forma, a força de trabalho fora do mercado aumentou 15,4% (8,988 milhões de pessoas), o que levou o total de pessoas desocupadas/fora da força de trabalho a crescer 15,6%, ou 10,323 milhões de pessoas.
O percentual de pessoas desalentadas ou subaproveitadas no mercado de trabalho brasileiro também passou por uma série de oscilações ao longo dos últimos 10 anos.
Como é possível verificar no gráfico abaixo, o auge dessa variação foi visto ao longo da pandemia de covid-19: entre fevereiro e abril de 2020, a população desalentada/subaproveitada chegou a 26,5% da força de trabalho economicamente ativa.
Contudo, esse montante ultrapassou a marca de 30% nos meses subsequentes (maio/julho de 2020), começando a desacelerar apenas após a descoberta da vacina e o início da campanha de vacinação no Brasil, em 2021.
Neste começo de 2023, o percentual de desalentados/subutilizados está em 21,8% da população e em desaceleração contínua – embora falte um pouco para ficar abaixo dos 20% como no período de 2013/2015.
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