Algumas conclusões sobre o mercado de trabalho brasileiro

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Mais gente apta a trabalhar, mas contingente fora do mercado é ponto a se acompanhar; agro e indústria automotiva cortaram vagas

Marcelo Camargo – Agência Brasil

Os dados do mercado de trabalho divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos permitem tirar algumas conclusões sobre o primeiro trimestre efetivamente captado dentro da gestão Lula.

A população economicamente ativa (oferta efetiva de pessoas capazes de trabalhar) do país aumentou 0,2% nos primeiros três meses de 2023 – ou seja 381 mil pessoas passaram a fazer parte da PEA.

De acordo com o IBGE, esse avanço está mais relacionado a questões demográficas do que com reflexos do mercado de trabalho, uma vez que tanto o contingente de desalentados ou da população na força de trabalho potencial caiu no trimestre.

A população fora da força de trabalho ficou em 67,2 milhões de pessoas, um aumento de 1,3% na comparação trimestral, ou mais 885 mil pessoas. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,5% ou mais 2,3 milhões de pessoas.

Contudo, um ponto a se ter em vista é que 43,8% da população em idade economicamente ativa está fora do mercado, o que representa 76,322 milhões de pessoas – e esse número apresentou um acréscimo de 1,3% (ou 986 mil pessoas) apenas nos primeiros meses deste ano.

Um desafio a ser levado em consideração pelas autoridades envolve como incluir essa população na força de trabalho e, por consequência, no mercado de consumo.

Indústria e agro demitem; serviços públicos contratam

Na análise por segmentos econômicos, quem mais contratou no período foi a área de administração pública – o que pode ser entendido como sinal de recomposição de mão-de-obra após as eleições -, seguido por áreas como transporte, alojamento e alimentação.

Em termos de redução de vagas, destaque para o setor automotivo (o que pode ser explicado pela queda da demanda por automóveis), agropecuária (que contrata muitos temporários em época de safra) e serviço doméstico – em um sinal de contenção de despesas por muitas famílias.

As mudanças do mercado de trabalho em 10 anos

O mercado de trabalho brasileiro mudou entre 2013 e 2023, seja pela adoção de novas tecnologias em diversos segmentos ou mesmo pela mudança de perfil populacional.

Vale lembrar que, durante os dois primeiros governnos Lula, mais jovens acessaram o ensino superior, ficando assim capacitados para ingressar em vagas de trabalho mais qualificados.

Isso pode ajudar a entender a queda na oferta de serviços domésticos ao longo de 10 anos, além do avanço em segmentos como administração pública, informação, atividades financeiras e comércio.

Em segmentos historicamente dependentes de mão-de-obra, pode-se dizer que o avanço tecnológico e a substituição da mão-de-obra humana por maquinário – o que é considerado corriqueiro atualmente na indústria automotiva, por exemplo – ajuda a explicar a queda nas vagas de trabalho para esse segmento econômico e também no agronegócio.

Em 10 anos, mais gente no mercado

No comparativo com o trimestre fevereiro/março/abril de 2013, é possível verificar um crescimento de 11,7% no total de pessoas economicamente ativas no Brasil – pelo menos 18,268 milhões de pessoas entraram no mercado ao longo dos últimos 10 anos.

Contudo, assim como mais pessoas entraram no mercado, o total de cidadãos fora do mercado também aumentou em 10 anos: a força de trabalho desocupada aumentou em 1,335 milhão de pessoas (17,2%) entre 2013 e 2023.

Da mesma forma, a força de trabalho fora do mercado aumentou 15,4% (8,988 milhões de pessoas), o que levou o total de pessoas desocupadas/fora da força de trabalho a crescer 15,6%, ou 10,323 milhões de pessoas.

Mais desalentados

O percentual de pessoas desalentadas ou subaproveitadas no mercado de trabalho brasileiro também passou por uma série de oscilações ao longo dos últimos 10 anos.

Como é possível verificar no gráfico abaixo, o auge dessa variação foi visto ao longo da pandemia de covid-19: entre fevereiro e abril de 2020, a população desalentada/subaproveitada chegou a 26,5% da força de trabalho economicamente ativa.

Contudo, esse montante ultrapassou a marca de 30% nos meses subsequentes (maio/julho de 2020), começando a desacelerar apenas após a descoberta da vacina e o início da campanha de vacinação no Brasil, em 2021.

Neste começo de 2023, o percentual de desalentados/subutilizados está em 21,8% da população e em desaceleração contínua – embora falte um pouco para ficar abaixo dos 20% como no período de 2013/2015.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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