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Bolsa cai 1,82% e registra menor nível desde março de 2014

Jornal GGN – As operações da bolsa de valores foram tomadas pelo pessimismo nesta quarta-feira, com os investidores adotando uma postura mais cautelosa diante do risco de fim do mecanismo de juros sobre capital próprio e com o anúncio de estímulos ao setor automotivo reavivando os temores do governo de ingerência junto aos bancos públicos.
O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) fechou em queda de 1,82%, aos 46.588 pontos e com um volume negociado de R$ 6,245 bilhões. O índice atingiu seu menor nível de fechamento desde 19 de março de 2014, quando a Bolsa encerrou o dia a 46.567,23 pontos. Desta forma, o índice passa a acumular quedas de -1,94% na semana, -8,41% no mês, -6,84% no ano e de -20,29% em 12 meses.
No índice, os setores com piores performances foram: Bancos; Siderurgia/Mineração; Consumo; e Petróleo/Petroquímico. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 2,33%, a R$ 8,79, enquanto os papéis ordinários da estatal (PETR3) perderam 2,50%, a R$ 9,77.  As ações ordinárias da Vale (VALE3) recuaram 3,33%, a R$ 16,84, enquanto as preferenciais (VALE5) tiveram baixa de 2,67%, a R$ 13,48. Entre os bancos, os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) lideraram as perdas entre os bancos, com queda de 6,17%, a R$ 18,41. As ações do Bradesco (BBDC4) caíram 2,72%, a R$ 23,60. O Itaú Unibanco (ITUB4) perdeu 2,05%, a R$ 26,28.
“O Ibovespa seguiu decaindo após sua abertura, tendo batido na mínima do dia por volta das 13h, em 45.977 pts (-3,10%), recuperando algum terreno a partir daí. Em verdade, o índice doméstico perseguiu a trajetória do Dow Jones ao longo do pregão, mas, sempre mantendo deslocamento negativo em relação ao índice norte-americano”, explicam os analistas do BB Investimentos, em relatório. “Domesticamente, o indicador de atividade econômica do Banco Central, divulgado hoje, não foi bem recebido pelos investidores, pois continuou a mostrar recuo do crescimento e “recessão técnica”, apurados os dois primeiros trimestres deste ano. Ademais, ainda pairam expectativas sobre votações no Congresso que abrangem questões econômicas”.
Nos Estados Unidos, os investidores aguardavam a ata do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos). O órgão citou que “a maior dos membros do Fomc considerou que as condições para o aperto monetário ainda não foram atingidas, mas, eles notaram que as condições estão se aproximando desse ponto”. “Enfim, as declarações foram consideradas como uma “ducha de água fria” sobre a percepção do mercado de elevação da taxa de juros já em setembro próximo”, dizem os analistas. A taxa implícita nos Fed Funds assimilou o entendimento dos agentes, registrando agora probabilidade de 66% (54% ontem) para manutenção entre 0% e 0,25% e 34% (48% ontem) de alta para 0,50% na taxa de juros pelo Fomc, em sua próxima decisão, marcada para 17 de setembro de 2015. Também, o rendimento (yield) do título do tesouro de 10 anos terminou arrefecendo.
No câmbio, a cotação do dólar comercial voltou a subir e encerrou o dia com ganho de 0,63%, a R$ 3,488 na venda. As operações foram influenciadas pelo setor externo, com os investidores acompanhando a ata do Federal Reserve, que indicou que o país está mais próximo de elevar a taxa de juros, mas que o baixo nível da inflação e a instabilidade do mercado externo pesaram para que a decisão não fosse tomada ainda.
No Brasil, o cenário político continuou sendo alvo de preocupação. O Senado adiou para a sessão desta quarta-feira a análise do projeto de lei que retoma a cobrança dos impostos sobre a folha de pagamento para mais de 50 setores da economia – a proposta é uma das medidas enviadas pelo governo da presidente Dilma Rousseff para ajustar as contas públicas.
Ao mesmo tempo, o Banco Central continuou a rolar os contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares) com vencimento programado para setembro, vendendo a oferta total de até 11 mil contratos. Até o momento, a autoridade monetária já rolou US$ 5,967 bilhões, ou cerca de 60% do total de US$ 10,027 bilhões. Se continuar nesse ritmo, todo o lote será renegociado.
Para quinta-feira, os agentes aguardam a publicação da taxa de desemprego no Brasil, além dos novos pedidos de seguro-desemprego, vendas de casas já existentes e índice antecedente nos Estados Unidos; índice de preços ao produtor na Alemanha; e as vendas no varejo da Grã-Bretanha.
(com Reuters)
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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  • A bolsa que interessa é que

    A bolsa que interessa é que mata fome de pobre, bolsa família,  e não que só serve para produzir miséria para que meia dúzia coma caviar

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