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Copom-Comitê de Política Monetária 159ª Reunião

BC divulga Ata da 159ª reunião do Copom

Brasília – O Banco Central divulgou a Ata da 159ª reunião do Copom, realizada nos dias 7 e 8 de junho de 2011. Clique para acessar a íntegra da Ata.

http://www.bcb.gov.br/?COPOM159

Copom-Comitê de Política Monetária 159ª Reunião

Sumário
Evolução recente da economia
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
Implementação da política monetária
Inflação
Atividade econômica
Expectativas e sondagens
Mercado de trabalho
Crédito e inadimplência
Ambiente externo
Comércio exterior e reservas internacionais
Mercado monetário e operações de mercado aberto
 
Data: 7 e 8/6/2011
 
Local: Sala de reuniões do 8º andar (7/6) e do 20º andar (8/6) do Edifício-Sede do Banco Central do Brasil – Brasília – DF
Horário de início: 16h15 (7/6) e 16h50 (8/6)
Horário de término: 18h45 (7/6) e 20h20 (8/6)
 
Presentes:
Membros do Copom
Alexandre Antonio Tombini – Presidente
Aldo Luiz Mendes
Altamir Lopes
Anthero de Moraes Meirelles
Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo
Luiz Awazu Pereira da Silva
Sidnei Corrêa Marques
 
Chefes de Departamento (presentes no dia 7)
Adriana Soares Sales – Departamento de Estudos e Pesquisas (também presente no dia 8)
Daso Maranhão Coimbra – Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos
João Henrique de Paula Freitas Simão – Departamento de Operações do Mercado Aberto
Márcio Barreira de Ayrosa Moreira – Departamento de Operações das Reservas Internacionais
Renato Jansson Rosek – Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais
Tulio José Lenti Maciel – Departamento Econômico
Wagner Thomaz de Aquino Guerra Júnior – Departamento de Assuntos Internacionais
 
Demais participantes (presentes no dia 7)
Alexandre Pundek Rocha – Assessor do Gabinete do Presidente
André Minella – Consultor do Departamento de Estudos e Pesquisas
Eduardo José Araújo Lima – Chefe-Adjunto do Departamento de Estudos e Pesquisas
Emanuel Di Stefano Bezerra Freire – Chefe de Gabinete da Diretoria
Gustavo Paul Kurrle – Assessor de Imprensa
Katherine Hennings – Chefe de Gabinete da Diretoria
 
Os membros do Copom analisaram a evolução recente e as perspectivas para a economia brasileira e para a economia internacional, no contexto do regime de política monetária, cujo objetivo é atingir as metas fixadas pelo governo para a inflação.
 Evolução recente da economia
 1. A inflação medida pela variação mensal do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) situou-se em 0,47% em maio, depois de registrar alta de 0,77% em abril. Assim, a inflação acumulada nos últimos doze meses alcançou 6,55% em maio (6,51% em abril e 6,30% em março), 1,33 ponto percentual (p.p.) acima da observada no acumulado em doze meses até maio de 2010. O aumento da inflação nesse período reflete tanto o comportamento dos preços livres, que variaram 6,80% (5,59% em doze meses até maio de 2010), quanto o dos preços administrados, que se elevaram em 5,96% (4,32% no mesmo período de 2010). Especificamente sobre preços livres, cabe destacar que a variação dos preços dos bens comercializáveis alcançou 5,96%, e a dos não comercializáveis, 7,53%. A inflação no setor de serviços continua em patamar elevado e, no acumulado em doze meses até maio, atingiu 8,54% – maior nível desde agosto de 1997. Em síntese, o conjunto de informações disponíveis sugere persistência da alta de preços observada em 2010, processo liderado pelos preços livres, que em parte se reflete no fato de a inflação dos serviços seguir em patamar muito elevado.
 
2. Nos primeiros cinco meses de 2011, o IPCA registrou alta de 3,71%, 0,62 p.p. acima da inflação observada no mesmo período de 2010. Os principais itens que contribuíram para essa elevação foram educação, transporte e despesas pessoais, com variações de 7,33%, 4,98% e 4,40%, respectivamente, ante 5,53%, 1,71% e 3,40%, respectivamente, no mesmo período de 2010. Esses itens foram responsáveis por 1,88 p.p. da inflação plena no período. Já a alta observada no grupo alimentação e bebidas, de 3,39%, ficou abaixo da inflação observada para esse grupo entre janeiro e maio de 2010 (5,48%). No acumulado em doze meses, entretanto, a trajetória dos preços desse grupo desempenha papel mais relevante na dinâmica da inflação plena, com variação de 8,20% em maio (7,83% em abril). A elevação dos preços dos alimentos e bebidas nesse período refletiu, em parte, choques de oferta, domésticos e externos, potencializados pelo ambiente de elevada liquidez nos mercados financeiros internacionais e pelo aumento da demanda global.
 
3. As três principais medidas de inflação subjacente calculadas pelo Banco Central registraram evolução similar à da inflação plena: enquanto houve estabilidade na variação acumulada em doze meses até maio em relação a abril, a média das variações mensais recuou entre março e maio. O núcleo do IPCA por médias aparadas com suavização deslocou-se de 0,49% em março para 0,60% em abril, e para 0,62% em maio. O núcleo por dupla ponderação, após registrar 0,70% em março, recuou para 0,68% em abril e para 0,59% em maio, enquanto o núcleo por exclusão passou de 0,70% em março para 0,52% em abril, e para 0,54% em maio. Dessa forma, a variação média dos três núcleos deslocou-se de 0,63% em março, para 0,60% em abril e para 0,58% em maio. No acumulado em doze meses até maio, as três medidas de núcleo alcançaram 5,84%, 6,68% e 6,30%, respectivamente, ante 5,84%, 6,66% e 6,32% em abril, e 5,73%, 6,39% e 6,22% em março. O índice de difusão do IPCA, que havia alcançado 68,23% em março, recuou para 59,38% em abril, mas voltou a aumentar em maio (64,84%), e continua a evidenciar disseminação da alta de preços.
 
4. A inflação medida pela variação mensal do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou fortemente, para 0,01% em maio, ante 0,50% em abril. No acumulado em doze meses até maio, alcançou 9,14%, ante 4,38% em maio de 2010. Nesse critério, o índice vem desacelerando desde dezembro de 2010, quando registrou variação de 11,30%. O principal componente do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), variou 10,30% em doze meses, refletindo alta de 6,85% no IPA industrial e de 21,28% no IPA agrícola. Na desagregação segundo o estágio da produção, observou-se variação acumulada de 25,16% nos preços de matérias-primas brutas, 5,66% nos preços de bens intermediários e 4,62% nos de bens finais, na mesma base de comparação. Já a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro componente no IGP-DI, registrou alta de 6,37% no acumulado em doze meses até maio, superior aos 5,28% registrados nos doze meses até maio de 2010. Na mesma base de comparação, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), componente de menor peso no IGP‑DI, variou 8,52% (6,07% em maio de 2010). Já o Índice de Preços ao Produtor/Indústria de Transformação (IPP/IT), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede o nível de preços na indústria excluindo o valor de fretes e impostos, registrou variação de 0,34% em abril, após alta de 0,39% em março e 0,60% em fevereiro. Em doze meses, a variação desse índice se deslocou para 6,73% em abril, após atingir 6,81% em março. Conforme destacado em Notas de reuniões anteriores, o Copom avalia que os efeitos do comportamento dos preços no atacado sobre os preços ao consumidor dependerão, entre outros fatores, das condiçõesatuais e prospectivas da demanda, da exposição de cada setor à competição externa e interna e das expectativas dos formadores de preços em relação à trajetória futura da inflação.
 
5. O IBGE divulgou informações sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2011. Os dados mostram expansão de 4,2% da atividade na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, e de 1,3% ante o quarto trimestre de 2010, segundo dados dessazonalizados. Sob a ótica da demanda agregada, em relação ao primeiro trimestre de 2010, houve expansão de 5,9% no consumo das famílias e de 2,1% no consumo do governo, e crescimento de 8,8% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), além de 4,3% nas exportações e de 13,1% nas importações. Destaque-se que a taxa de investimento atingiu 18,4%, sendo ligeiramente superior à taxa registrada no primeiro trimestre de 2010 (18,2%). A importação e a produção interna de máquinas e equipamentos contribuíram para a alta do investimento. No acumulado em quatro trimestres, a contribuição da demanda doméstica para a variação do PIB recuou de 10,3 p.p., no último trimestre de 2010, para 8,8 p.p., no primeiro trimestre de 2011, enquanto a contribuição negativa do setor externo passou de 2,8 p.p. para 2,5 p.p, respectivamente. Do ponto de vista da oferta agregada, em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior, a indústria teve expansão de 3,5%, a agropecuária cresceu 3,1% e o setor de serviços, 4,0%.
 
6. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) incorpora estimativa para a produção mensal dos três setores da economia, bem como para os impostos sobre produtos e, portanto, constitui importante indicador coincidente da atividade econômica. Considerando os dados ajustados sazonalmente, o IBC-Br apresentou crescimento de 0,5% em março, após elevação de 0,4% em fevereiro e de 0,7% em janeiro, e, dessa forma, variou 1,3% no primeiro trimestre. Persiste a tendência de moderação da taxa de crescimento do indicador no acumulado em doze meses, reduzindo-se de 7,3%, em fevereiro, para 6,5% em março, em direção a níveis mais sustentáveis no longo prazo. O Índice de Confiança de Serviços (ICS), da Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou, na margem, 1,4% em maio, depois de ter avançado 3,0% em abril e caído 1,9% em março. Assim, o nível do indicador em maio ficou 0,1% acima do valor medido em maio de 2010, e o nível médio dos cinco primeiros meses de 2011 posiciona-se 0,4% abaixo do nível médio do período correspondente em 2010.
 
7. A atividade fabril apresentou queda em abril, com recuo de 2,1% da produção industrial, de acordo com a série geral dessazonalizada pelo IBGE, após registrar avanço de 1,1% em março – mês em que atingiu novo recorde histórico – e de 1,9% em fevereiro, na comparação mensal. A taxa de crescimento da média móvel trimestral ficou em 0,3% no período de fevereiro a abril, situando-se em patamar inferior ao crescimento de 1,1% medido no período de janeiro a março. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção apresentou recuo de 1,3% em abril. No acumulado em doze meses, a produção industrial mostrou expansão de 5,5% em abril, ante 6,8% em março, continuando em processo de moderação do ritmo de crescimento. Na comparação com dezembro de 2008, mês de menor medição da produção industrial durante a crise de 2008/2009, o crescimento acumulado até abril foi de 25,1%. A dinâmica de recuperação pós-crise foi amparada, parcialmente, pelo crescimento do financiamento da atividade industrial por parte de instituições financeiras públicas.
 
8. Entre as categorias de uso da indústria, segundo dados dessazonalidados pelo IBGE, houve recuo na produção de todas as categorias em abril: a produção de bens intermediários recuou 0,6%; a de bens de capital, 2,9%; a de bens de consumo não duráveis e semiduráveis, 1,5%; e a de duráveis, 10,1%. Já em doze meses até abril, a produção de bens intermediários registrou expansão de 5,8%, a produção de bens de consumo não duráveis e semiduráveis, 2,6%, e a produção de bens duráveis avançou 3,4%. Na mesma base de comparação, o crescimento da atividade da indústria de bens de capital é o maior entre as categorias de uso, com expansão de 13,7%. Tal comportamento evidencia a robustez do investimento, fator relevante na retomada econômica do período pós-crise.
 
9. A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas cobertas pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), sem ajuste sazonal, passou de 6,5% em março para 6,4% em abril, inferior aos 7,3% registrados em abril de 2010. Após atingir 9,0% em março de 2009, a taxa observada não apenas recuou significativamente, como também atingiu o mínimo histórico para o mês de abril na série iniciada em março de 2002. A taxa de desocupação dessazonalizada registrou 6,0% em abril, com recuo de 0,1 p.p. comparativamente à de março. O emprego, medido pelo número de ocupados nas seis maiores regiões metropolitanas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, apresentou elevação de 2,3% em abril. Dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam crescimento no setor formal em onze dos últimos doze meses. Em abril, houve criação de 272,2 mil postos de trabalho (305,1 mil em abril de 2010), enquanto em março houve criação de 92,7 mil postos de trabalho. Os setores que mais contribuíram para o aumento do número de empregos formais, em abril, foram os de serviços e da indústria de transformação. De acordo com a PME, o rendimento médio real habitual observado em abril recuou 1,8% em relação a março e avançou 1,8% em comparação a abril de 2010. Como consequência, a expansão da massa salarial real, considerando o rendimento médio real habitual da população ocupada nas seis regiões metropolitanas, atingiu 4,3% em abril, ante o mesmo mês de 2010, e permanece como fator-chave para a sustentação do crescimento da demanda doméstica.
 
10. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio ampliado recuou 2,5% em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior, depois de registrar alta de 14,7% em fevereiro e de 11,2% em janeiro. Na série com ajuste sazonal, a variação mensal do volume de vendas do comércio ampliado foi de 1,7% em março, após ter registrado quedas de 0,5% em fevereiro e de 0,3% em janeiro. Assim, a taxa de crescimento trimestral do volume de vendas acelerou para 7,1% no período de janeiro a março de 2011. Note-se, ainda, que a taxa de crescimento acumulada em doze meses desacelerou para 10,2% em março (de 12,4% em fevereiro), e, de acordo com as duas últimas bases de comparação, todos os dez segmentos pesquisados mostraram expansão, com destaques, pela importância, para os segmentos de Veículos e motos, partes e peças (expansão de 10,7% no acumulado em doze meses) e de Móveis e eletrodomésticos (17,2%). Nos próximos meses, a trajetória do comércio continuará a ser influenciada pelas transferências governamentais, pelo ritmo de crescimento da massa salarial real, pela confiança dos consumidores e pela expansão ainda mais moderada do crédito.
 
11. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) na indústria de transformação, calculado pela FGV, sem ajuste sazonal, passou de 84,0% em abril para 84,1% em maio. Ambos os valores situam-se 0,5 p.p. abaixo dos valores observados no mesmo período de 2010. Com o ajuste sazonal, calculado pela FGV, o valor do Nuci manteve-se inalterado em 84,4% em maio. A utilização de capacidade é maior no setor de materiais de construção (88,5%) e no de bens intermediários (85,9%). Na margem, o setor de materiais de construção apresentou elevação do Nuci de 0,5 p.p., o setor de bens intermediários, de 0,4 p.p., o de bens de capital, de 0,1 p.p., enquanto o setor de bens de consumo apresentou queda de 0,6 p.p. Segundo os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), dessazonalizados pelo Banco Central, o Nuci atingiu 82,1% em abril, ante 82,6% observados no mês de março. De fato, as taxas de utilização da capacidade instalada têm se mostrado relativamente estáveis, em patamares elevados. O elevado nível de ocupação reflete a expansão recente da atividade econômica, cujos efeitos ainda não foram compensados totalmente pela maturação dos investimentos. A propósito, a absorção de bens de capital apresentou crescimento de 20,8% no período de doze meses encerrado em abril, enquanto a produção de insumos para a construção civil, de 7,9%. Conforme assinalado em Notas anteriores das reuniões do Copom, a trajetória da inflação mantém estreita relação com os desenvolvimentos correntes e prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e de serviços para o adequado atendimento da demanda.
 
12. O saldo da balança comercial acumulado em doze meses aumentou de US$23,1 bilhões em abril para US$23,2 bilhões em maio. Esse resultado adveio de exportações de US$224,4 bilhões e importações de US$201,3 bilhões, ou variações de 32,3% e 36,0%, respectivamente, em relação ao período de doze meses encerrado em maio de 2010. O déficit em transações correntes acumulado em doze meses passou de US$50,0 bilhões em março para US$48,9 bilhões em abril, equivalente a 2,25% do PIB. Por sua vez, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$63,7 bilhões em doze meses até fevereiro, equivalente a 2,93% do PIB, superando a necessidade de financiamento externo.
 
13. A recuperação da economia global segue em velocidades distintas e com pressões inflacionárias assimétricas. As evidências apontam moderação da atividade na margem, em parte refletindo os desdobramentos do desastre no Japão, as incertezas sobre a recuperação americana, o preço elevado do petróleo, bem como os efeitos do aperto monetário em importantes economias emergentes. De fato, o indicador antecedente composto divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, sinalizou continuidade da recuperação mundial em março, mas com certa moderação em países emergentes. Já o Purchasing Managers Index (PMI) para a economia global, um indicador do nível de atividade na indústria e no setor de serviços, após atingir em fevereiro o maior valor registrado desde 2006 (59,2), deslocou-se para patamares mais baixos – em março (54,5), abril (51,8) e maio (52,6). Os indicadores PMI desagregados indicam menor dinamismo nos Estados Unidos da América (EUA) e na Zona do Euro, sem, contudo, comprometer a tendência positiva. As perspectivas macroeconômicas para a Zona do Euro continuam apresentando fortes assimetrias, pois, enquanto algumas economias permanecem impactadas por riscos de insolvência e sujeitas a fortes ajustes fiscais, o ritmo da expansão continua vigoroso em outras regiões, como, por exemplo, na Alemanha.  No que se refere à política monetária, as economias maduras continuaram com posturas excessivamente acomodatícias. Sobre inflação, os núcleos persistem em níveis moderados no grupo de países do G3 (EUA, Zona do Euro e Japão). Nos países emergentes, observam-se pressões inflacionárias disseminadas e, desde a última reunião, houve novos apertos das condições monetárias em diversas economias. Em particular, o banco central chinês elevou novamente o requerimento compulsório por parte dos bancos, totalizando, desde outubro de 2010, oito aumentos de compulsórios e quatro elevações nas taxas de juros de referência para depósitos e empréstimos.
 
14. O preço do barril de petróleo do tipo Brent se mostrou volátil e permanece acima de US$115 (nível inferior, contudo, ao observado por ocasião da última reunião do Copom). Esse nível de preços é consistente com um quadro de aparente fortalecimento da demanda global, bem como de elevada instabilidade política em alguns países do Oriente Médio e, especialmente, do norte da África. Cabe ressaltar que a complexidade geopolítica que envolve o setor do petróleo tende a acentuar o comportamento volátil dos preços, que é reflexo, também, da baixa previsibilidade de alguns componentes da demanda global e da dependência do crescimento da oferta de projetos de investimentos de longa maturação e de elevado risco. Em relação às demais commodities, destaca-se a moderação dos preços internacionais das agrícolas e metálicas, após sucessivos meses com elevações relevantes. Em particular, as regras de apreçamento das principais mineradoras internacionais para o minério de ferro no terceiro trimestre devem implicar estabilidade de preços. O Índice de Preços de Alimentos, calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que compreende 55 itens, apresentou estabilidade em maio de 2011, mas continua em patamares elevados em comparação ao observado no mesmo mês do ano anterior. No passado recente, a alta volatilidade dos preços das commodities foi fortemente influenciada pela ampla liquidez global, em contexto no qual os mercados financeiros se ajustam às novas expectativas de crescimento da demanda e à volatilidade nos mercados de câmbio.
 
Avaliação prospectiva das tendências da inflação
 15. Os choques identificados, e seus impactos, foram reavaliados de acordo com o novo conjunto de informações disponível. O cenário considerado nas simulações contempla as seguintes hipóteses:
a) a projeção de reajuste no preço da gasolina para o acumulado de 2011 elevou-se de 2,2% considerados na reunião do Copom de abril, para 4,0%, contemplando, portanto, reversão parcial da elevação de 10,5% ocorrida até maio; enquanto a projeção para o reajuste no preço do gás de bujão, para o acumulado de 2011, foi mantida em 0%;
b) as projeções de reajuste das tarifas de telefonia fixa e de eletricidade, para o acumulado em 2011, foram mantidas em 2,9% e 2,8%, respectivamente;
c) a projeção de reajuste, construída item a item, para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2011, segundo o cenário de referência, elevou-se para 4,6%, ante os 4,3% considerados na reunião de abril. Esse conjunto de preços, de acordo com os dados publicados pelo IBGE, correspondeu a 29,06% do total do IPCA de maio;
d) a projeção de reajustes para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados para o acumulado de 2012, conforme o cenário de referência, reduziu-se para 4,3%, ante 4,4% considerados na reunião do Copom de abril. Essa projeção se baseia em modelos de determinação endógena de preços administrados, que consideram, entre outros, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP); e
e) a trajetória estimada para a taxa do swap pré-DI de 360 dias indica spread sobre a taxa Selic, no cenário de referência, de 41 p.b. e de -44 p.b. para o quarto trimestre de 2011 e de 2012, respectivamente.
 
16. Em relação à política fiscal, considera-se o cumprimento da meta de superávit primário de R$117,9 bilhões (ou cerca de 2,9% do PIB), sem ajustes, em 2011, conforme parâmetros constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – 2011. Além disso, admite-se, como hipótese de trabalho, superávit primário de R$139,8 bilhões (ou cerca de 3,1% do PIB) em 2012, conforme parâmetros constantes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) – 2012, inclusive, no que se refere ao aumento projetado para o salário mínimo em 2012.
 
17. No conjunto das projeções, foram incorporados os efeitos estimados das alterações dos recolhimentos compulsórios anunciadas em dezembro de 2010.
 
18. Desde a última reunião do Copom, a mediana das projeções coletadas pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) para a variação do IPCA em 2011 recuou para 6,22%, de 6,29%. Para 2012, a mediana das projeções de inflação se deslocou de 5,00% para 5,10%. Nos casos específicos de bancos, gestoras de recursos e demais instituições (empresas do setor real, distribuidoras, corretoras, consultorias e outras), a mediana das projeções para 2011 se deslocou de 6,26%, 6,48% e 6,19%, para 6,21%, 6,22% e 6,27%, respectivamente. Para 2012, a mediana das projeções se deslocou de 4,80%, 5,19% e 4,86%, para 5,00%, 5,40% e 5,00%, na mesma ordem.
 
19. O cenário de referência leva em conta as hipóteses de manutenção da taxa de câmbio em 1,60 R$/US$ e da taxa Selic em 12,00% ao ano (a.a.) em todo o horizonte relevante. Nesse cenário, a projeção para a inflação de 2011 reduziu-se em relação ao valor considerado na reunião do Copom de abril, e se encontra acima do valor central de 4,5% para a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de mercado, que leva em conta as trajetórias de câmbio e de juros coletadas pelo Gerin, com analistas de mercado, no período imediatamente anterior à reunião do Copom, a projeção de inflação para 2011 também recuou e se encontra acima do valor central da meta para a inflação. Para 2012, a projeção se manteve estável no cenário de referência e no de mercado e, portanto, permaneceu acima do valor central da meta em ambos os cenários. Em um cenário alternativo, que leva em conta a manutenção da taxa de câmbio, no horizonte relevante, em patamares semelhantes aos observados no passado recente; e a trajetória de juros coletada pelo Gerin, a projeção de inflação para 2011 se encontra acima da meta e em torno desse valor para 2012.
 
Implementação da política monetária
20. O Copom avalia que a política monetária deve contribuir para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos. Nesse sentido, reitera que, no regime de metas para a inflação, orienta suas decisões de acordo com os valores projetados para a inflação pelo Banco Central e com base na análise de cenários alternativos para a evolução das principais variáveis que determinam a dinâmica dos preços. O Comitê entende, também, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena, facilitam a avaliação de cenários por parte da autoridade monetária, assim como auxiliam no processo de coordenação de expectativas dos agentes econômicos, em particular, dos formadores de preços. Note-se, adicionalmente, que riscos baixos para a inflação subjacente no curto prazo tendem a potencializar os efeitos das ações de política monetária, fazendo com que elas possam afetar de forma mais duradoura a dinâmica da inflação plena no futuro. Embora reconheça que outras ações de política macroeconômica podem influenciar a trajetória dos preços, o Copom reafirma sua visão de que cabe especificamente à política monetária manter-se especialmente vigilante para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.
 
21. A evidência internacional, no que é ratificada pela experiência brasileira, indica que taxas de inflação elevadas levam ao aumento dos prêmios de risco, tanto para o financiamento privado quanto para o público, e ao encurtamento dos horizontes de planejamento, tanto das famílias quanto das empresas. Consequentemente, taxas de inflação elevadas reduzem os investimentos e o potencial de crescimento da economia, além de terem efeitos regressivos sobre a distribuição de renda. De outra forma, taxas de inflação elevadas não trazem qualquer resultado duradouro em termos de crescimento da economia e do emprego, mas, em contrapartida, trazem prejuízos permanentes para essas variáveis no médio e no longo prazo. Assim, a estratégia adotada pelo Copom visa assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, o que exige a pronta correção de eventuais desvios em relação a essa trajetória. Tal estratégia leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária.
 
22. Como consequência da estabilização e da correção de desequilíbrios, as quais determinaram mudanças estruturais importantes, o processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado, e isso se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra e na potência da política monetária. Evidências a esse respeito são oferecidas, entre outros, pelo cumprimento das metas para a inflação nos últimos sete anos, ao mesmo tempo em que as taxas reais de juros recuaram. Progressos na estrutura dos mercados financeiros, redução do prêmio de risco cambial e do inflacionário, entre outros, parecem ter determinado redução significativa da taxa neutra.

Também contribuiu para isso a geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB. Em outra perspectiva, alguns desses desenvolvimentos, combinados a outros, como o alargamento de prazo dos contratos, também sugerem que o poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos, não obstante a substancial incerteza que envolve o dimensionamento de variáveis não observáveis. O Comitê também pondera que há evidências de que a tração da política monetária aumentou no passado recente e, comparativamente ao que se observava há alguns anos, atualmente pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária.
 23. O Copom observa que, nos mercados internacionais, a volatilidade e a aversão ao risco se elevaram desde sua última reunião, em grande parte, alimentadas por extraordinários níveis de liquidez e por incertezas crescentes quanto à recuperação da atividade global. Nesse período, aumentaram as preocupações com dívidas de países e de bancos europeus e com a possibilidade de desaceleração da atividade econômica na China.

Observou-se recuo nos preços de importantes commodities, notadamente das agrícolas e, ao mesmo tempo, certa estabilidade na cotação da moeda norte‑americana. De modo geral, as perspectivas para o financiamento externo da economia brasileira seguem favoráveis. Em outra frente, a trajetória dos índices de preços mostra clara disseminação de pressões inflacionárias nas principais economias.
 
24. O Copom pondera que, embora esteja em curso moderação, em ritmo ainda incerto, da expansão da demanda doméstica, são favoráveis as perspectivas para a atividade econômica, como, inclusive, sugerem informações preliminares sobre o ritmo de crescimento da economia neste trimestre. Essa avaliação encontra suporte em sinais que, apesar de indicarem certo arrefecimento, apontam que a expansão da oferta de crédito tende a persistir tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e no fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados, a despeito de acomodação na margem, entre outros fatores. O Comitê entende, adicionalmente, que o dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários.
 
25. O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, mostra sinais mais favoráveis. No último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos. As evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram grande parte dos efeitos diretos desses choques. Também foram relevantes efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostram sinais de reversão. O Comitê pondera que esses efeitos ainda deverão impactar indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, via inércia. Ao mesmo tempo, avalia como relevantes os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda, apesar dos sinais de que esse descompasso tende a diminuir. Destaca, além disso, a estreita margem de ociosidade dos fatores de produção, especialmente de mão de obra, e pondera que, em tais circunstâncias, um risco muito importante reside na possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. Também são relevantes os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais, que, a despeito de mais recentemente ter mostrado sinais de moderação, tem se apresentado envolta em grande incerteza.
 
26. O Copom prevê dois momentos distintos para a trajetória de inflação, segundo o cenário central para 2011. Neste trimestre e no seguinte, a inflação acumulada em doze meses tende a permanecer em patamares superiores àquele observado no primeiro trimestre. Isso, em grande parte, explica-se pela elevada inércia trazida de 2010, pela duração de choques que atingiram a economia no final do ano passado, que se estenderam para o primeiro trimestre deste ano, e pelo fato de as projeções de inflação para o trimestre junho/agosto de 2011 apontarem taxas médias mensais superiores às registradas no mesmo período de 2010. Entretanto, a partir do quarto trimestre, o cenário central indica tendência declinante para a inflação acumulada em doze meses, ou seja, deslocando-se na direção da trajetória de metas.
 
27. O Copom reafirma que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias com as quais trabalha para as variáveis fiscais. Importa destacar que a geração de superávits primários compatíveis com as hipóteses de trabalho contempladas nas projeções de inflação, além de contribuir para arrefecer o descompasso entre as taxas de crescimento da demanda e da oferta, solidificará a tendência de redução da razão dívida pública sobre produto. A propósito, cabe enfatizar que, desde o início deste ano, importantes decisões foram tomadas e executadas, e reforçam a visão de que está em curso um processo de consolidação fiscal.
 
28. O Copom destaca que o cenário central também contempla moderação na expansão no mercado de crédito, para a qual contribuem ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária recentemente adotadas. Ainda sobre esse mercado, o Comitê considera oportuna a introdução de iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito.
 
29. Em suma, o Copom reconhece um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza acima do usual, e identifica riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta. Desde a última reunião, no âmbito externo, as evidências apontam moderação no processo de recuperação em que se encontram as economias do G3 e, em outra perspectiva, ainda revelam influência ambígua sobre o comportamento da inflação doméstica.

No âmbito interno, ações macroprudencias e, principalmente, ações convencionais de política monetária recentemente implementadas ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços. Embora incertezas crescentes que cercam o cenário global e, em escala bem menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis.
 
30. Nesse contexto, dando seguimento ao processo de ajuste gradual das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,25% a.a., sem viés. Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012.
 
31. A demanda doméstica se apresenta robusta, em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso, em que pese iniciativas recentes apontarem contenção das despesas do setor público, impulsos fiscais e creditícios foram aplicados na economia nos últimos trimestres, e ainda deverão contribuir para a expansão da atividade e, consequentemente, para que o nível de ociosidade dos fatores se mantenha em patamares baixos. Aos efeitos desses estímulos, entretanto, contrapõem-se os efeitos da reversão de iniciativas tomadas durante a crise financeira de 2008/2009, os das recentes ações macroprudenciais e, principalmente, os das ações convencionais de política monetária implementadas neste ano. Esses elementos e os desenvolvimentos no âmbito fiscal e parafiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência tempestiva da inflação para a trajetória de metas.
 
32. Ao final da reunião, foi registrado que o Comitê voltará a se reunir em 19 de julho de 2011, para as apresentações técnicas, e no dia seguinte, para deliberar sobre a política monetária, conforme estabelecido pelo Comunicado nº 20.223, de 15 de outubro de 2010.
 
SUMÁRIO DOS DADOS ANALISADOS PELO COPOM
 
Inflação
 
33. O IPCA variou 0,47% em maio, ante 0,77% em abril, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. Nos primeiros cinco meses do ano, o IPCA atingiu 3,71%, ante 3,09% no mesmo período do ano anterior. Nos últimos doze meses até maio, o índice variou 6,55%, comparativamente a 6,51% em abril. A variação dos preços livres diminuiu de 0,56% em abril, para 0,44% em maio, refletindo a desaceleração nos preços comercializáveis, de 0,60% para 0,36% no mesmo período. Os preços dos bens não comercializáveis variaram 0,50% em maio, ante 0,52% no mês anterior. O segmento de preços monitorados apresentou variação de 0,55% em maio, ante 1,29% em abril, influenciado pela redução de 11,65% no item passagens aéreas. Os grupos Alimentação e bebidas e Habitação apresentaram as maiores contribuições para o aumento do índice no mês, 0,15 p.p. e 0,13 p.p., respectivamente. O índice de difusão situou-se em 60,94% em maio, comparativamente a 59,38% em abril.
 
34. Os preços livres aumentaram 6,80% no acumulado em doze meses até maio, ante 6,84% em abril, enquanto nos preços monitorados a elevação atingiu 5,96%, ante 5,73% nos mesmos períodos considerados. Entre os preços livres, a variação em doze meses dos produtos comercializáveis passou de 6,03% para 5,96% até maio, enquanto as dos não comercializáveis, de 7,55% para 7,53%. Os preços do segmento de serviços, que apresentam maior grau de persistência, atingiram variação de 8,54% em maio, ante 8,57% em abril e 6,79% em maio do ano anterior.
 
35. Das três medidas de núcleo do IPCA calculadas pelo Banco Central, apenas uma registrou ligeira aceleração no acumulado de doze meses encerrado em maio. Na comparação mensal, entretanto, apenas o núcleo de dupla ponderação registrou diminuição, atingindo 0,59% em maio, ante 0,68% em abril, acumulando elevação de 6,68% em doze meses até maio, ante 6,66% no mês anterior. O núcleo por exclusão, que exclui dez itens de alimentação no domicílio e combustíveis, variou 0,54% em maio, ante 0,52% em abril, acumulando 6,30% em doze meses, comparativamente a 6,32% em abril. A medida de núcleo que adota o critério de médias aparadas com suavização variou 0,62% em maio, ante 0,60% no mês anterior, acumulando elevação de 5,84% em doze meses até maio, mesmo patamar observado até o mês anterior.
 
36. O IGP-DI variou 0,01% em maio, após crescimento de 0,50% em abril, acumulando elevações de 3,08% no ano e de 9,14% em doze meses, comparativamente a 10,84% em abril, de acordo com a FGV. No mês, a desaceleração resultou de queda no IPA e de arrefecimento no IPC. O INCC manteve trajetória ascendente.
 
37. O IPA apresentou variação de 0,63% no mês, ante 0,24% em abril, acumulando variações de 2,42% no ano e de 3,07% em doze meses. Os preços dos produtos agropecuários registraram retração de 3,19% em maio, ante queda de 0,66% em abril, acumulando 1,63% no ano e 21,28% em doze meses. Os preços dos produtos industriais variaram 0,32% no mês, ante 0,58% em abril, acumulando altas de 2,71% no ano e de 6,85% em doze meses. Relativamente aos produtos agropecuários, a desaceleração foi influenciada pela queda mais acentuada do preço do algodão, -25,46%, ante -10,35% em abril, e pelas retrações nos preços dos subitens ovos e bovinos com variações respectivas de -11,25% e de -2,33% em maio, comparativamente, na ordem, ao aumento de 8,39% e à queda de 1,05% no mês anterior. Entre os produtos industriais, a principal contribuição para a desaceleração decorreu do comportamento dos preços de derivados de petróleo e álcool com variação de -2,46% em maio, ante 2,63% em abril.
 
38. O IPC-DI aumentou 0,51% em maio, após alta de 0,95% em abril, acumulando crescimento de 3,98% no ano e de 6,37% em doze meses. No mês, houve desaceleração em seis dos sete grupos que compõem o índice, com destaque para o grupo alimentação que registrou incremento de 0,47%, ante crescimento de 1,04% no mês anterior. O INCC-DI apresentou crescimento de 2,94% no mês, relativamente a 1,06% em abril, respondendo à aceleração tanto nos preços de mão de obra, 5,48% ante 1,74%, quanto nos preços de materiais de construção, 0,51%, ante 0,42%. O INCC-DI acumula variações de 5,21% no ano e de 8,52% em doze meses.
 
39. O Índice de Preços ao Produtor – Indústria da Transformação (IPP/IT) apresentou alta de 0,34% em abril, ante 0,39% em março, acumulando 1,74% no ano e 6,73% nos últimos doze meses encerrados em abril, ante 6,81% no mês anterior. A variação do índice, no acumulado em doze meses, refletiu mais acentuadamente a elevação dos preços nos setores de produtos alimentícios, produtos químicos e produtos derivados de petróleo e biocombustíveis.
 
40. O Índice de Commodities Brasil (IC-Br) recuou 1,64% em abril e 4,47% em maio, após ter acumulado alta de 42,3% entre junho de 2010 e março de 2011. No mês de maio, a queda do IC-Br refletiu os recuos de 6,58%, 2,32% e 1,56% dos subíndices referentes aos segmentos agropecuária, metal e energia, respectivamente.
 
Atividade econômica
 
41. O PIB cresceu 1,3% no primeiro trimestre de 2011, ante o trimestre imediatamente anterior, considerando dados com ajuste sazonal, segundo informações divulgadas pelo IBGE. Sob a ótica da oferta, todos os setores apresentaram variação positiva nessa base de comparação, com destaque para o crescimento do setor primário, 3,3%, seguido da indústria, 2,2%, e dos serviços, 1,1%. Pela ótica da demanda agregada destacou-se a FBCF, com aumento de 1,2% na margem. Os dois componentes de consumo também apresentaram variações positivas, com crescimento do consumo das famílias de 0,6% e elevação do consumo do governo de 0,8%. Nos componentes relacionados ao setor externo, houve retração de 3,2% nas exportações e de 1,6% nas importações de bens e serviços.
 
42. Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, o PIB cresceu 4,2%, refletindo crescimentos de 4% no setor de serviços, de 3,5% na indústria e de 3,1% na agricultura. Pelo lado da demanda, destacou-se a alta dos investimentos, 8,8%. O consumo das famílias permaneceu com taxa de expansão superior à do PIB, 5,9%, enquanto o consumo do governo registrou expansão mais moderada, 2,1%. As contas externas continuam a apresentar contribuição negativa para o PIB, -1,1 p.p., com elevação das exportações de 4,3%, em ritmo menos intenso do que as importações, que aumentaram 13,1%.
 
43. As vendas do comércio ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, aumentaram 1,7% em março em relação a fevereiro, segundo dados dessazonalizados da PMC, do IBGE, após contração de 0,5% em fevereiro. Em consequência, a média do primeiro trimestre do ano cresceu 0,8% relativamente ao quarto trimestre de 2010. Na comparação mensal com ajuste sazonal, houve alta em oito dos dez segmentos pesquisados, com destaque para o crescimento de 3,8% em Veículos e motos, partes e peças; de 3,5% em Equipamentos e materiais para escritório e de 2,7% em Material de construção. Para o comércio varejista, o volume de vendas apresentou alta de 1,2% em março, comparativamente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal, após alta de 0,3% em fevereiro, enquanto a média trimestral registrou crescimento de 2,3% no primeiro trimestre de 2011 em relação ao último trimestre do ano anterior.
 
44. Considerando os dados observados, as vendas do comércio ampliado registraram retração interanual de 2,5% em março, primeira retração nessa base de comparação desde abril de 2009, decorrente da queda de 12,8% nas vendas de automóveis. No acumulado de doze meses, o desempenho do comércio ampliado apresentou incremento de 10,2%, favorecido pela alta nas vendas nos segmentos relativos a Equipamento e material para escritório, 20,6%, Móveis e eletrodomésticos, 17,2%, e Material de construção, 15,3%.
 
45. As vendas de autoveículos pelas concessionárias, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, registraram aumento mensal de 2,6% em maio, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), dessazonalizados pelo Banco Central, acumulando alta de 0,8% no trimestre encerrado em maio, em relação ao finalizado em fevereiro. As vendas de autoveículos cresceram 8,8% no acumulado do ano, com destaque para as elevações em ônibus, 25,9%, comerciais leves, 19%, e caminhões, 17,6%. No acumulado em doze meses encerrado em maio houve elevação de 9,7%, sobressaindo o crescimento de 29,3% em caminhões e de 23,9% em comerciais leves e ônibus.
 
46. O índice de quantum das importações de bens de capital, divulgado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e ajustado sazonalmente pelo Banco Central, registrou expansão de 11,6% em abril, ante março. A análise dos dados observados indicou crescimento de 32% na comparação com abril de 2010, de 28,3% no primeiro quadrimestre do ano, e de 44,4% no acumulado em doze meses.
 
47. A produção de bens de capital registrou retração de 2,9% em abril, acumulando alta de 4,6% no trimestre, relativamente ao finalizado em janeiro, de acordo com dados dessazonalizados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE. O resultado mensal refletiu, especialmente, contrações de 15% da produção de bens de capital para a agricultura, de 9,2% para construção, e de 7% para fins industriais, enquanto os segmentos de equipamentos para o setor de energia elétrica e de peças agrícolas apresentaram aumentos de 5,1% e de 2,3%, respectivamente. A produção de bens de capital cresceu 0,1% na comparação com abril de 2010, acumulando elevações de 6,2% no ano e de 13,7% no período de doze meses encerrado em abril.
 
48. A produção de insumos típicos da construção civil apresentou retração de 2,7% em abril, ante março, e estabilidade no trimestre encerrado em abril, em relação ao finalizado em janeiro, pela série com ajuste sazonal. O segmento registrou declínio de 1,9% em relação a abril de 2010, mas acumula crescimento de 3,5% no ano e de 7,9% nos últimos doze meses.
 
49. Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somaram R$167,9 bilhões no acumulado dos últimos doze meses encerrados em março, representando aumento de 16,6% em relação a igual período de 2010, com ênfase nas expansões de 27,3% dos recursos direcionados à indústria de transformação e de 15,1% à agropecuária. No primeiro trimestre do ano, os desembolsos decresceram 2,2% na comparação com igual período do ano anterior, com 40% do valor total destinado ao setor de infraestrutura, seguido pela indústria, 31%, comércio e serviços, 20%, e agropecuária, 9%.
 
50. A produção da indústria geral recuou 2,1% em abril em relação ao mês anterior, pela série com ajuste sazonal da PIM-PF, do IBGE, com destaque para a contração de 10,1% em bens de consumo duráveis. Em relação a abril de 2010, a produção da indústria decresceu 1,3%, sobressaindo-se as contrações de 5,6% em bens de consumo duráveis e de 2% em bens de consumo semi e não duráveis. As elevações no acumulado do ano e no período de doze meses encerrado em abril atingiram 1,6% e 5,4%, respectivamente, em relação a iguais períodos do ano anterior, com ênfase no crescimento da indústria de bens de capital, de 6,2% e de 13,7%, nas mesmas bases de comparação.
 
51. O Nuci da indústria de transformação, calculado pela FGV, manteve-se estável em maio ante abril, em 84,4%, segundo dados dessazonalizados. O resultado refletiu as elevações de 0,5 p.p. em material de construção, de 0,4 p.p. em bens intermediários, e de 0,1 p.p. em bens de capital, enquanto bens de consumo apresentaram retração de 0,6 p.p., na comparação mensal. Considerada a série observada, o Nuci recuou 0,5 p.p. em relação a maio de 2010, influenciado pelas quedas nos indicadores das indústrias de material de construção, -2,6 p.p.; de bens de consumo, -2,1 p.p.; e de bens intermediários, -0,3 p.p.; e pelo aumento de 2,4 p.p. em bens de capital.
 
52. A produção de autoveículos atingiu 303,5 mil unidades em maio, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), queda de 0,9% em relação a abril, considerados dados ajustados sazonalmente pelo Banco Central. A produção do setor registrou expansões de 2,1% em relação a maio de 2010 e de 3,7% no acumulado do ano.
 
53. O licenciamento de autoveículos, segundo dados da Anfavea, apresentou expansão de 3,5% em maio, ante abril, pela série dessazonalizada pelo Banco Central, e de 26,9% em relação a maio de 2010. As exportações apresentaram variações de -13,5% e de -5,2% nas mesmas bases de comparação. No acumulado do ano, o licenciamento aumentou 8,9% e a exportação, 5,7% e, em doze meses, essas variações atingiram 4,2% e 4,9%, na ordem.
 
54. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE, projetou safra de grãos para 2011 de 161,2 milhões de toneladas, 7,8% superior à registrada em 2010. Considerando-se as principais culturas, projetam-se expansões nas safras de arroz e feijão, de 18% e 19,2%, respectivamente, além de incrementos de 8,4% na colheita de soja e de 3,9% na de milho.
 
Expectativas e sondagens
 
55. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), considerados dados dessazonalizados da Sondagem de Expectativas do Consumidor, da FGV, de abrangência nacional, recuou 2,4% em maio, situando-se em 115,4 pontos, menor patamar desde março de 2010. O resultado refletiu igual retração de 2,4% nos Índices de Expectativas (IE) e da Situação Atual (ISA). Na comparação interanual, o ICC apresentou retração de 1,2%, a primeira queda na comparação interanual desde outubro de 2009, influenciado pelo declínio de 5,8% no IE, em parte compensando pelo crescimento de 6% no ISA.
 
56. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), considerados dados dessazonalizados da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da FGV, declinou 1,2% em maio, para 109,9 pontos. O resultado decorreu das contrações de 1,7% no Índice de Situação Atual (ISA) e de 0,6% no Índice de Expectativas (IE). O ICI apresentou desempenho desfavorável pelo quinto mês consecutivo na comparação interanual, com queda de 5,3% em relação a maio de 2010, resultado de variações de -6,4% no ISA e de -4,2% no IE.
 
57. O ICS, da FGV, registrou declínio mensal de 1,4% em maio, dados sem ajustes sazonais. Quando comparado ao mesmo mês do ano anterior observou-se estabilidade. O resultado no mês decorreu da combinação de retrações tanto na avaliação do momento atual quanto das expectativas. O ISA reduziu-se 2,1% e o IE decresceu 0,7% em relação ao mês anterior. Em relação a maio de 2010, houve retração de 0,2% no ISA-S e alta de 0,3% no IE-S.
 
Mercado de trabalho
 
58. Dados divulgados pelo Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) do MTE apontaram geração de 272,2 mil postos de trabalho em abril, representando expansão de 0,4% em relação a março, considerados dados dessazonalizados. Os setores que mais contribuíram para o crescimento de empregos no mercado formal foram serviços, 114,4 mil; indústria de transformação, 51,3 mil; e comércio, 41,6 mil. No acumulado do ano, o saldo atingiu 797,8 mil, ante 962,3 mil vagas geradas em igual período de 2010. Considerando os doze meses encerrados em abril, foram abertos 1,97 milhão de empregos formais no país comparativamente a dois milhões de postos acumulados até março.
 
59. A taxa de desemprego aberto em abril recuou 0,1 p.p. em relação a março, atingindo 6,4%, a menor taxa histórica para o mês, e 0,9 p.p. menor que a observada em igual mês de 2010, de acordo com os dados da PME do IBGE, realizada nas seis principais regiões metropolitanas do país. Considerados dados dessazonalizados, o desemprego situou-se em 6%, 0,1 p.p. abaixo da relativa a março, resultado de aumentos de 0,2% na ocupação e de 0,1% na População Economicamente Ativa (PEA). Segundo a mesma pesquisa, o rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores apresentou retração de 1,8% em relação ao mês anterior, e aumentos de 1,9% em relação a abril de 2010 e de 3,7% no acumulado do ano. Em consequência, a massa salarial, calculada pelo produto entre rendimento real e população ocupada, apresentou variações de -1,7%, de 4,2% e de 6,1%, respectivamente, para os períodos analisados.
 
Crédito e inadimplência
 
60. O saldo dos empréstimos do sistema financeiro totalizou R$1.776,3 bilhões em abril, correspondendo a 46,6% do PIB, com expansões de 1,3% no mês, de 4,1% no ano e de 21% em doze meses. A carteira de recursos livres registrou crescimentos de 1,4%, de 4,1% e de 18,4%, respectivamente, nas mesmas bases de comparação, resultado de aumentos respectivos de 1,1%, de 4,1% e de 18,2% no saldo das operações com pessoas físicas, e de 1,7%, 4,1% e 18,5% no relativo a operações com pessoas jurídicas. Os financiamentos com recursos direcionados cresceram 1% no mês, 4,2% no ano e 26,3% em doze meses, com destaque para os acréscimos de 3,1%, de 11,5% e de 48,1% observados nos financiamentos habitacionais, sempre nas mesmas bases de comparação.
 
61. A taxa média anual de juros incidente sobre as operações de crédito referencial aumentou 0,8 p.p. em abril, para 39,8%. As taxas relativas ao segmento de pessoas jurídicas recuaram para 31%, com variação de -0,3 p.p. em relação a março, enquanto as relativas ao segmento de pessoas físicas atingiram 46,8%, aumento de 1,8 p.p.
 
62. O prazo médio das operações de crédito referencial passou de 475 dias em março para 476 em abril, observando-se elevação de quatro dias no prazo relativo ao segmento de pessoas jurídicas e diminuição de um dia no referente ao de pessoas físicas, atingindo 392 dias e 567 dias, respectivamente.
 
63. A taxa de inadimplência das operações de crédito referencial, correspondente a atrasos superiores a noventa dias, cresceu 0,2 p.p., atingindo 4,9% em abril. As taxas relativas às operações com pessoas jurídicas e físicas aumentaram 0,1 p.p., alcançando 3,7% e 6,1%, respectivamente.
 
Ambiente externo
 
64. A atividade econômica global, embora em crescimento, desacelerou influenciada pelos elevados preços de petróleo e alimentos, bem como pelas restrições fiscais e monetárias postas em prática em vários países. Nos EUA, o PIB do primeiro trimestre desacelerou para taxa anualizada de 1,8%, fruto do arrefecimento do consumo e das contribuições negativas dos gastos governamentais e do setor externo. Na China, a atividade econômica apresentou taxa de crescimento anualizada de 8,7%, ante 10% no trimestre anterior. No Japão, repercutindo os efeitos dos desastres naturais e do acidente nuclear, o PIB do primeiro trimestre contraiu 3,7% na sequência de retração de 3% observada no trimestre anterior. De forma oposta, a Zona do Euro, refletindo os bons desempenhos das duas maiores economias da região – Alemanha e França – cresceu 3,4%. Entretanto, dados referentes a vendas no varejo, disponíveis para o primeiro trimestre, sugerem que o consumo na região permanece fragilizado. Ressalte-se que indicadores mais recentes reforçam a perspectiva de desaceleração da atividade econômica. Nos EUA, a taxa de desemprego avançou para 9,1% em maio, refletindo a criação de 54 mil postos de trabalho naquele mês, ante média de 217 mil nos três meses anteriores. Na Zona do Euro, o PMI para maio recuou para 55,4, o menor valor em cinco meses, sinalizando arrefecimento no ritmo de expansão dos setores de manufatura e de serviços.
 
65. Em maio, o agravamento da situação fiscal na Europa e a divulgação de indicadores econômicos sinalizando arrefecimento na recuperação econômica global induziram o aumento da aversão ao risco. O risco soberano nos países europeus com dificuldades fiscais ampliou-se, com os Credit Default Swaps (CDS) gregos apreçando o risco de reestruturação da dívida soberana do país. Desde a última reunião do Copom, a maioria dos preços internacionais das commodities registrou recuos, refletindo, do ponto de vista de fundamentos, a desaceleração da atividade econômica global e a perspectiva de normalização das condições de oferta, com o início da safra 2011/2012, no caso específico do setor agropecuário. O aumento da aversão ao risco e a consequente valorização do dólar também contribuíram para a redução nos preços das commodities, com destaque para as correções significativas ocorridas na primeira semana de maio. Relativamente às commodities agropecuárias, permanece o risco decorrente dos reduzidos patamares dos estoques como proporção do consumo e de que as recentes ocorrências de adversidades climáticas no Hemisfério Norte afetem a oferta mundial na nova safra.
 
66. Em abril, o comportamento da inflação continuou fortemente condicionado pela evolução dos preços das commodities energéticas e agrícolas. A variação anual do IPC atingiu 2,8%, 3,2% e 4,5% nos EUA, na Zona do Euro e no Reino Unido, respectivamente, as maiores variações desde novembro de 2008 para os dois primeiros e a maior desde outubro de 2008 para o último. No Japão, o IPC anual voltou a situar-se em patamar positivo, 0,3%, após quatro meses consecutivos de estabilidade. Todavia, os núcleos dos índices de preço, embora em ascensão, mantiveram-se em patamares confortáveis, com exceção do Reino Unido, 3,7%. Na China, a variação anual do IPC recuou marginalmente para 5,3% em abril, com desaceleração da alta anual dos alimentos para 11,5%. Entre as demais economias emergentes, os primeiros números de maio para a variação anual do IPC, em comparaçãoaos dados de abril, apontaram elevação na Colômbia, Tailândia e Turquia, e redução no Peru e na Indonésia.
 
67. Não obstante a elevação da inflação, as autoridades monetárias dos EUA e do Reino Unido mantiveram as taxas de juros oficiais estáveis, comportamento também seguido pelo banco central japonês. Na Zona do Euro, o Banco Central Europeu (BCE) manteve, na reunião de maio, a taxa de 1,25% estabelecida na reunião anterior. Nas economias emergentes prevaleceu o movimento de normalização gradual da política monetária, com elevação das respectivas taxas básicas de juros pelos bancos centrais do Chile, China, Colômbia, Índia, Filipinas, Malásia, Rússia e Peru, entre outros.
 
Comércio exterior e reservas internacionais
 
68. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$3,5 bilhões em maio. As exportações somaram US$23,2 bilhões, e as importações, US$19,7 bilhões. O saldo acumulado nos cinco primeiros meses do ano atingiu US$8,6 bilhões, 83,1% superior ao registrado em igual período de 2010, pelo critério de média diária, consequência dos crescimentos de 30% nas exportações e de 28,2% nas importações. No ano, a corrente de comércio aumentou 29,1%, totalizando US$180,7 bilhões nos cinco primeiros meses de 2011, comparativamente a US$138,6 bilhões no período equivalente de 2010.
 
69. As reservas internacionais atingiram US$333 bilhões em maio, US$5 bilhões acima da posição de abril e US$44,4 bilhões acima do estoque de dezembro de 2010. As compras líquidas do Banco Central ,no mercado a vista de câmbio, totalizaram US$4,3 bilhões no mês.
 
Mercado monetário e operações de mercado aberto
 
70. No período posterior à reunião do Copom de abril, a curva de juros doméstica reduziu sua inclinação, com elevação das taxas de curto prazo e redução das taxas de prazos superiores a um ano. O movimento da parte curta refletiu, principalmente, a expectativa do mercado de que o ciclo de aperto monetário será mais prolongado. No trecho longo, a queda das taxas foi influenciada, no âmbito interno, pela desaceleração de diversos índices de inflação corrente, pelo recuo observado nas coletas de preços e pela divulgação de dados de atividade mais moderados. No cenário externo, sinais de enfraquecimento da economia global, em especial dos EUA , e o recuo dos preços das commodities também contribuíram para a redução das taxas domésticas de longo prazo. Entre 18 de abril e 6 de junho, as taxas de juros de um, três e seis meses elevaram-se em 0,18 p.p., 0,17 p.p. e 0,14 p.p., respectivamente, enquanto as taxas para os prazos de dois e três anos cederam, respectivamente, em 0,21 p.p. e 0,24 p.p. A taxa real de juros, medida pelo quociente entre a taxa nominal de um ano e a expectativa de inflação (suavizada) para os próximos doze meses, aumentou de 6,70% em 18 de abril para 7,10% em 6 de junho.
 
71. Em 29 de abril, o Banco Central realizou leilão de contratos de swap cambial reverso para a rolagem do vencimento de 2 de maio. Essa operação correspondeu a US$1,3 bilhão em valor nocional.
 
72. Na administração da liquidez do mercado de reservas bancárias, o Banco Central realizou, semanalmente, de 19 de abril a 6 de junho, operações compromissadas com prazo de seis meses, tomando recursos no valor total de R$28,4 bilhões. Com isso, o saldo diário médio do estoque dessas operações de longo prazo alcançou R$164,7 bilhões. No mesmo período, realizou operações compromissadas com prazos entre 13 e 33 dias úteis, levando o saldo diário médio das operações tomadoras de curto prazo para R$144,9 bilhões. O Banco Central atuou, ainda, em 34 oportunidades como tomador de recursos por meio de operações compromissadas de curtíssimo prazo e realizou operações de nivelamento, ao final do dia, com prazos de um ou dois dias úteis. As operações de curtíssimo prazo, incluídas as de nivelamento, tiveram saldo diário médio tomador de R$51,7 bilhões no período. O saldo diário médio do estoque total dos compromissos de recompra do Banco Central diminuiu de R$385,6 bilhões, entre 1º de março e 18 de abril, para R$361,3 bilhões, entre 19 de abril e 6 de junho. Considerando-se o período mais recente, houve redução do saldo dos compromissos de recompra em R$27,7 bilhões, passando o estoque total de R$379,1 bilhões, em 18 de abril, para R$351,4 bilhões, em 6 de junho. Os principais fatores condicionantes para a retração da liquidez no período foram as receitas líquidas da União e a emissão líquida de títulos pelo Tesouro Nacional.
 
73. Entre 19 de abril e 6 de junho, as emissões de títulos pelo Tesouro Nacional, referentes aos leilões tradicionais, somaram R$61,4 bilhões. A venda de títulos com remuneração prefixada alcançou R$44,7 bilhões, sendo R$41,0 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN) com vencimentos em 2011, 2012, 2013 e 2015, e R$3,7 bilhões em Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F) com vencimentos em 2017 e 2021. As vendas de Letras Financeiras do Tesouro (LFT) totalizaram R$7,1 bilhões, com emissão de títulos com vencimento em 2017. Nos leilões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), foram vendidos títulos com vencimentos em 2014, 2016, 2020, 2030, 2040 e 2050, em montante total de R$9,6 bilhões.

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