Deflagrada hoje (1º de agosto), a Operação Margem Controlada, da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual do Paraná, não cheira bem.
A operação foi montada contra uma suposta organização criminosa que impedia os postos de combustível de praticarem preços livres. A tal organização seria integrada por “executivos” das três maiores distribuidoras do país: BR Distribuidora, Ipiranga e Shell.
Na inacreditável entrevista concedida às TVs de Curitiba, o delegado descreveu o crime cometido. É de um nonsense sem tamanho:
A partir daí, a Policia Civil e o MPE solicitaram – e conseguiram do juiz – a prisão de 8 “executivos” das empresas. E espalharam “com exclusividade” os documentos para as TVs locais.
Vamos refazer a narrativa da maneira correta, sem inverter a lógica, como fez o delegado para justificar a operação:
Os “executivos” presos são meros três assessores comerciais da Petrobras, dois assessores da Shell e um gerente da Ipiranga, obviamente cumprindo determinações das empresas para a mais banal das fiscalizações: comparar o preço de venda na bomba com o preço de compra da distribuidora. Simples assim.
Porque a ênfase nos “executivos”? Porque se admitissem que se trata de uma política nacional por parte das três distribuidoras, o caso sairia do Paraná. Preferiram, então, jogar o peso da lei sobre subalternos, expondo seus nomes na TV local, e criminalizando uma ação das distribuidoras contra o crime organizado da venda de combustíveis sem nota.
O mercado de distribuição é concentrado. Apenas 4 distribuidoras controlam 77% do mercado. Enquanto na parte de baixo da pirâmide, 58 pequenas distribuidoras tem apenas 4% do mercado.
Além disso, há um mercado de comercialização do etanol. Na parte regulada, a venda do etanol se dá em leilões públicos.
À sombra desse oligopólio, existem distribuidoras menores, lutando com dificuldade, e quadrilhas organizadas.
Até algum tempo atrás, um dos golpes consistia em criar empresas fantasmas que conseguiam retirar combustível das refinarias sem pagamento antecipado de tributos, a chamada substituição tributária. Vendiam mais barato, acumulavam um passivo e, quando o Fisco ia cobrar, a empresa desaparecia na poeira.
Outra jogada consiste em comprar etanol diretamente das usinas, revendendo-a sem nota fiscal para os postos.
A maneira mais óbvia de combater a sonegação é conferir o preço final de venda. Se estiver abaixo do preço de compra, obviamente o posto está adquirindo produto sem nota fiscal.
Os “executivos” presos apenas cumpriam ordens óbvias de fiscalização. E foram expostos como criminosos, com procuradores e delegados anunciando, em coletiva, que estão sujeitos a penas de 2 a 12 anos de prisão.
É evidente que a operação visa desarmar um dos instrumentos de controle do mercado informal de combustíveis.
O ponto obscuro é saber o que a motivou, se apenas ignorância e exibicionismo, ou algo mais grave.
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Mano, começo a desconfiar que
Mano, começo a desconfiar que o Maligno assentou seu trono no Paraná (quem sabe o juiz fashion celebridade, que dá expediente em curitiba, seja uma manifestação do Mal?). Não sai uma notícia boa de lá, é só mutreta por parte de pf, "justissa" e mp.
Haja exorcismo
loteca
"ignorância e exibicionismo, ou algo mais grave."
Seu Nassif,
No Brasil de hoje, a essa altura do campeonato, se for para cravar um seco, aposto no time "algo mais grave".
Não seria a única polícia estadual que daria proteção
ao crime organizado.
Aqui em São Paulo escuto coisa inacreditáveis de comerciantes, importadores e até tecnicos da Fazenda Estadual. E tudo isso com o Ministério Público Estadual (uma entidade fundamentalmente tucana) fazendo cara de paisagem.
Será que o PSDB, que governa SP e PR, se tranformou no braço político do crime organizado?
culpar antecipadamente dá menos trabalho que investigar...
e em tempos de antecipação de culpa aceita, ou garantida, pelas instâncias superiores locais,
fica muito fácil inventar ou ver atitude criminosa em tudo
melhor ferramenta...
para proteção de uns e perseguição de outros, a escolher
Como o sol é o melhor
Como o sol é o melhor desinfetante, bora cobrir o sol ...
Não sou especialista
Mas os trâmites que o etanol tem de fazer para chegar aos postos é uma loucura. Sai da usina, vai a refinaria e volta para a cidade onde está a usina para ser vendido.
Silvio Santos e o "quem quer dinheiro?"
"O mercado de distribuição é concentrado. Apenas 4 distribuidoras controlam 77% do mercado. Enquanto na parte de baixo da pirâmide, 58 pequenas distribuidoras tem apenas 4% do mercado."
E ainda chamam esse esquema de Capitalismo. Mostre-se um lugar ou um ramo comercial em que não ocorra concentração que eu te mostro um lugar em que o capitalismo é controlado pelo estado.
Não sei como os pequenos e até médios "empreendedores" apoiam esse esquema. Vai ver não dão a menor importância para a atividade-fim, para a razão social das empresas em que investem, querem só saber de dinheiro. E o pior, não vêm nada demais nisso...
Não seria boa ideia dar uma repensada nisso? O momento - Capitalismo detonando tudo - está especialmente propício.
concentração é o capitalismo
concentração é o capitalismo real, o resto é fantasia de manual de Economia e verborragia de 'economista austriaco'
Interessante isso partir de
Interessante isso partir de Curitiba,grande coincidência,investigaram a mando de quem?
Tem que ver os preços
Tem que ver os preços praticados pela BR distribuidora antes e depois da privatização.
Legado Lava Jato
Total abuso de poder. Despreparo ou má fé. Ainda não sei quem é o pior: PF, MP ou Justiça. E Viva o rstado de exceção!