Coluna Econômica – 13/10/2006
Campanha política é a arte de ocultar as intenções. Os diversos candidatos obedecem a dois senhores. No período eleitoral, aos eleitores de um modo geral. Passadas as eleições, a outros senhores, como o mercado e o universo das grandes corporações. Tem sido assim nos últimos doze anos.
Por exemplo, o principal assessor econômico de Geraldo Alckmin, professor Yoshiaki Nakano, disse da importância de um ajuste fiscal que ajudasse a zerar o superávit primário (receita menos despesas e juros). Foi desautorizado por Alckmin.
Pouco antes de iniciar a campanha, o Ministro do Planejamento Paulo Bernardes anunciou corte de despesas para o próximo ano, e manutenção da metas de superávit. Esta semana Lula negou qualquer intenção de cortar despesas.
No dia seguinte às eleições, o vencedor começará a falar para o mercado, acenando com cortes de despesas, reforma da Previdência e outras providências.
Há presidentes que mudam a agenda do país, trazendo para primeiro plano novas idéias, sepultando as que não deram certo. Nos anos 20, em pleno período da abertura financeira irrestrita, eram modelados novos conceitos de defesa da produção interna, de controle da livre movimentação dos capitais, muito em linha com o que ocorria em outros países depois que a Primeira Guerra Mundial sepultou o modelo financeiro que entrou em vigor nas três últimas décadas do século 19. Mas foi preciso a chegada de Getúlio Vargas e o aprofundamento da crise internacional, para se inaugurar uma nova fase.
No período que se seguiu à Segunda Guerra, o país começou a entender o planejamento estratégico, a importância de articular forças, de atrair investimento externo. Esse conjunto de valores encontrou o estadista dos anos 50, Juscelino Kubistchek, que comandou o salto seguinte da industrialização.
Nos anos 80 começaram a ser maturadas as novas idéias, da abertura da economia, do primado da gestão, da inovação, da atração de investimento produtivo externo e outros valores, dos quais o mais relevante era a estabilidade econômica, que desembocaram em 1994 na eleição de Fernando Henrique Cardoso. Este tornou-se o guardião de um conjunto de valores, de ativos nacionais desenvolvido em diversos setores que se juntaram para criar a massa crítica que parisse o novo. FHC jogou foram a chance, ele e seu sucessor Luiz Ignácio Lula da Silva. As idéias estão aí, devidamente semeadas, aguardando desde 1994 por um estadista capaz de utilizá-las como uma alavanca para mover o país.
Agora, as eleições apresentam dois candidatos sem nada a oferecer em termos estratégicos. Com Lula se continuará no mesmo rame-rame esperando sempre o próximo ano para colher o que foi plantado; com Alckmin, será mais do mesmo.
O novo já nasceu, mas está espalhado por aí, em inúmeros grupos de excelência que gradativamente começam a se conhecer uns aos outros. Está nas empresas que descobriram a gestão, nas organizações que aprenderam a trabalhar com tecnologia social, nas multinacionais brasileiras, no universo das pequenas empresas que tenta enfrentar chuva e sol para sobreviver.
Falta encontrar o Estadista.
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