Coluna Econômica – 09/11/2011
Principal jornalista econômico da imprensa mundial, Martin Wolff – do Financial Times – descreveu com notável clareza a natureza da crise dos países europeus.
No momento, a União Europeia está pressionando países a acertar suas contas fiscais, atribuindo a crise aos descontroles nacionais.
Wolff mostrou que entre 1999 e 2007, foram irrisórios os déficits fiscais médios dos 12 países mais importantes da zona do euro. Com exceção da Grécia, todas as economias registraram déficit abaixo de 3% do PIB.
Depois da Grécia, os três piores desempenho foram da Itália, França, Alemanha e Áustria. Mas a crise pegou em cheio Irlanda, Estônia, Espanha e Bélgica que tiveram bom desempenho fiscal.
Logo, não é do lado fiscal que se irá identificar as raízes da crise.
Em relação à dívida pública, Grécia, Itália, Bélgica e Portugal estavam vulneráveis há tempos. Mas a dívida pública da Estônia, Irlanda e Espanha estava em melhores condições quem, por exemplo, da Alemanha. Mesmo assim, quebraram.
A questão central é o enorme salto dado na dívida pública após a eclosão da crise, em 2008. Na Irlanda, em apenas cinco anos a dívida pública aumentou 93 pontos percentuais do PIB – um espanto. De onde surgiu esse rombo?
Wolff foi buscar a causa nos déficits médios de conta corrente dois países, no período 1999-2007. Por esse critérios, as economias mais vulneráveis eram da Estônia, Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda e Itália – justamente os países que estão a caminho da bancarrota, ou já chegaram lá.
Aí, sai-se do diagnóstico da crise fiscal para o da crise do balanço de pagamentos.
A crise de 2008 paralisou o financiamento privado. Essas economias, que já eram deficitárias nas contas externas, se viram sem acesso ao crédito privado. O buraco passou a ser suprido por fontes financiadores oficiais, o Sistema Europeu de Bancos Centrais, como emprestadores de última instância.
Ocorre que Alemanha, país mais poderoso da União Europeia, não endossa esse diagnóstico. Nos últimos dias, surgiu a possibilidade do Banco Central Europeu tornar-se emprestador de última instância para os bancos da região – que têm um rombo total estimado em mais de US$ 140 bi.
Resolve-se um problema de curto prazo. Mas não se resolve o problema maior, que é o desajuste das contas externas.
Em outras circunstâncias, países com déficit externo acertariam compromissos com o FMI, reajustariam o câmbio, segurariam a atividade interna e receberiam empréstimos que garantisse o financiamento até sair do buraco. Essa possibilidade inexiste para quem adotou o euro como moeda.
É esse o perigo que ronda a Europa: a de países, sem outra saída, romperem com o euro, voltarem às moedas nacionais e promoverem desvalorizações competitivas.
Sem que a Alemanha aceite esse diagnóstico – o que significaria reconhecer sua responsabilidade ao permitir aos bancos financiarem déficits externos crescentes – continuará se insistindo em ajustes fiscais impossíveis de serem cumpridos.
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