Inep produziu e não enviou ofício à PF sobre fraude no Enade, diz jornal; MEC desmente

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, ministro Milton Ribeiro e pastor presbiteriano teria atuado nos bastidores para favorecer Unifil de Londrina (PR), que também é presbiteriana

Agência Brasil

Jornal GGN – Uma denúncia sobre a suposta fraude no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) 2019 na Unifil (Centro Universitário Filadélfia) chegou a ser elaborada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) para ser encaminhada à Polícia Federal. O documento, no entanto, nunca saiu do órgão. As informações são da Folha de S. Paulo.

O Enade consiste em provas que são aplicadas aos alunos da graduação do primeiro e último ano e, caso as notas sejam baixas, o curso sofre retaliações e pode até ser fechado. Segundo uma reportagem do jornal, publicada ontem (10), o ministro da Educação e pastor presbiteriano, Milton Ribeiro, teria atuado nos bastidores para favorecer da Unifil de Londrina (PR), que também é presbiteriana.

A fraude teria ocorrido no curso de biomedicina da instituição, por meio do vazamento da avaliação do ensino superior, já que a coordenadora do curso, Karina Gualtieri, fazia parte da comissão que elaborou a avaliação para o MEC (Ministério da Educação). Sendo assim, os estudantes da graduação tiveram notas acima da média.

O jornal afirmou que as primeiras evidências de materialidade da fraude foram expostas em uma minuta elaborada quando o MEC estava sem titular, já que Ribeiro foi nomeado no dia 10 de julho passado para substituir Abraham Weintraub, depois da queda de Carlos Alberto Decotelli para o cargo. 

De acordo com a reportagem, Ribeiro “tratou do caso pessoalmente logo depois que assumiu o cargo: protelou o envio do caso à PF, recebeu os controladores da instituição, viajou duas vezes a Londrina no meio do processo e determinou que seu próprio secretário acompanhasse uma visita de supervisão —que absolveu a instituição”.

O MEC se manifestou, por meio de nota enviada ao G1, afirmando que “refuta as informações de que houve protelamento em investigações relacionadas ao Centro Universitário Filadélfia, em Londrina (PR)”. 

“Informamos que a Polícia Federal foi oficiada pelo MEC no início de fevereiro de 2021, logo após o término das apurações administrativas. As denúncias envolvendo a UniFil foram apuradas adequadamente, dentro do papel de supervisão da Secretaria de Regulação do Ensino Superior do Ministério da Educação”, disse o ministério.

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