Ministro da Educação ataca estudantes e defende ensino privado

Jornal GGN – Enquanto milhões de estudantes, professores e defensores da Educação estavam nas ruas de todo o país para manifestar contra o corte do governo Bolsonaro de 30% no ensino superior, o ministro da Educação Abraham Weintraub era vaiado na Câmara ao defender a educação privada, ofendia a educação dos brasileiros e atacava o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), que permitiu milhões de estudantes completarem a graduação.

Em um discurso marcado por ofensas aos próprios estudantes brasileiros, Weintraub afirmou na sessão da Câmara que o que “conseguem ler” é “o ônibus que está vindo” e que temos “um índice muito grande de onda de fracasso”, sem citar rankings ou pesquisas oficiais.

Na mesma linha que havia defendido o mandatário Jair Bolsonaro, minutos antes, afirmando que os manifestantes eram “idiotas úteis”, o ministro disse que o brasileiro é “uma pessoa que não consegue ler um texto, interpretar, não consegue abrir qualquer artigo, para ver se tem uma doença, aprender a montar um produto sozinho, não consegue pegar um manual de uma máquina e aprender a operar melhor essa máquina”.

“Enquanto o ministro Weintraub se enrola na Câmara, milhares tomam as ruas de SP contra os cortes na educação”, resumiu a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-RJ), ao compartilhar o vídeo da sabatina do ministro do MEC, ao lado de imagens da avenida Paulista, em São Paulo, lotada de manifestantes.

Ainda, o ministro que estava lá para explicar os cortes de 30% no ensino superior desviou o foco das críticas dos deputados da oposição, representando os milhares de manifestantes que tomaram as ruas de todo o país nesta quarta (15), e saiu em defesa de cursos técnicos e pagos.

“A evolução [do ensino] foi no ensino privado, não no público. Esse esforço veio da iniciativa privada”, disse. “O governo financiou parte disso? É verdade, mas foi com um dos piores programas de financiamento do mundo, o Fies”, continuou, em contradição.

Ainda, chegou a apontar que há um excesso na formação de doutores no Brasil: “Já batemos a meta do doutorado há tempos (…) quando você bate uma meta, você direciona as verbas para as outras que ainda estão aquém”, disse, defendendo cortar esses investimentos também.

Além do doutorado, ele voltou a criticar que o governo financie pesquisa em áreas de humanidades. “As ciências de humanidades geram pouquíssimas publicações com impacto científico (…) elas são feitas e engavetadas. Mas onde estão as bolsas? Elas estão justamente nas áreas que não geram produção científica”, seguia.

Enquanto era vaiado, a oposição criticou duramente a exposição do ministro: “não falou sobre cortes, não justificou os critérios e não tem coragem de dizer o que ele e o presidente Bolsonaro pensam: que a universidade não é lugar do filho da classe trabalhadora”, disse o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). “O argumento para esse desastre não foi dificuldade financeira, mas ideológico, de perseguição a instituições”, afirmou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

A audiência com o ministro da Educação Abraham Weintraub continua na Câmara, acompanhe:

 

Redação

Redação

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  • inacreditável a inconsistência da oposição em defender o indefensável, pois o Brasil tem uma educação ruim em todos os níveis , visto que temos mais de 25% de universitários , analfabetos funcionais

  • inacreditável a inconsistência da oposição em defender o indefensável, pois o Brasil tem uma educação ruim em todos os níveis , visto que temos mais de 25% de universitários , analfabetos funcionais

  • Pedro, deixa eu ver se entendi: se a educação está ruim, o melhor a fazer é fechar ?? Que tal, como sugestão, pensar em corrigir ?? Daí, pode ser que melhore.
    É como na democracia: para arrumar a democracia - se deve ter mais democracia, nunca menos.

  • Apesar de acreditar que você é um robô, e apesar de duvidar do número que você apresenta, o mesmo justificaria um aumento considerável em todos os níveis educacionais, e não um corte! Se a educação está ruim, se investe mais e com melhor qualidade e não o contrário.

  • Então fechar faculdades seria a solução? E os outros 75% como ficam? A faculdade pública é tão ruim que os ricos fazem questão de estudar lá.

  • Você fez alguma faculdade? Se fez inclue-se nesta afirmativa? Em minha opinião sim por inventar estatísticas que não existem.

  • É verdade, Pedro Martos, são 25% de universitários analfabetos funcionais, coincidentemente no ensino superior pago. Mas, querido, em breve serão 100% em todos os níveis, graças ao incentivo do novo governo , para a nooosa alegriaaaa!

  • Não se trata de negar que a Educação brasileira precisa de melhorar, Pedro. O que está sendo questionado é a maneira pela qual isso se faz. Se há deficiências, conseguimos também em alguns setores alto nível se comparados com indicadores internacionais. E tudo sai das Universidades públicas. Não há nenhuma particular que produza nem ciência nem tecnologia. Reconheça que em todos as áreas que Bolsonaro e sua equipe tentaram produzir algo de evolução, fizeram sem consultar os setores com os quais suas intervenções tentam interagir, sem sucesso. Não há diferença: tanto em nível nacional quanto internacional, uma lástima. Ele pensa que é dono do Brasil, não precisa consultar ninguém. E, por falar em educação e conhecimento
    , Bolsonaro não é nenhum exemplo, não acha?

  • Pelo lugar onde colocou a vírgula, esse Sr. Pedro talvez não tenha estudado o suficiente. Esse ministro está à altura do Presidente que o Brasil colocou em Brasília. No entanto, está muito aquém daquilo que o Brasil merece. Assim como o seu tresloucado superior ele se dirige aos estudantes de forma desrespeitosa e esquece que ali estão nossos futuros advogados, médicos, professores, etc. Esquece também que esses estudantes tem pais, família e um sonho, que sem a universidade pública é algo simplesmente impossível. Senhor ministro, apesar de não respeitar as famílias humildes que acalentam esse sonho, eu gostaria de lhe fazer uma advertência. Esse sonho nas famílias humildes é um sonho que eu diria familiar, não é só aquele que jovem imberbe que sonha, a família sonha junto. E eles não são imbecis, são apenas jovens ainda inexperientes, tateando em busca de algo melhor no futuro. Esse sonho já atravessou muitos anos de sacrifício. Portanto, peço que os respeite e assim estará respeitando suas famílias também. Não duvide da força de um pai ou de uma mãe quando algo ameaça sua cria. Isso é algo que está nos recônditos da nossa alma desde os mais remotos tempos. Quanto gastaram com divulgação na grande mídia e em outros meios desde janeiro? Por que não contingenciar esse recursos? A educação e saúde são fundamentais para qualquer país e deveriam ser os últimos a ter seus recursos bloqueados.

  • Falou o Doutor zé mané, tirou esses números do fiofó? As universidades particulares são fraquíssimas, máquinas de diploma pra coxinha

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