Com baixa popularidade, Alckmin e Temer avistam parcerias


Foto: Beto Barata/PR
Jornal GGN – A crise dos presidenciáveis atinge os partidos conservadores PSDB e MDB. Isso porque, além dos números das pesquisas eleitorais que os colocam abaixo dos 5,5% das intenções dos brasileiros, o tucano Geraldo Alckmin e o mandatário Michel Temer enfrentam a mira de investigações da Lava Jato e altos níves de rejeição.
De um lado, a própria equipe de Alckmin vem pressionando o candidato a se posicionar claramente sobre as investigações, respondendo sobre as acusações e reforçando alguma imagem de credibilidade junto ao eleitorado.
No início da semana, o levantamento do CNT/MDA trouxe que Alckmin alcançaria 4% das intenções, se o ex-presidente Lula participasse da disputa presidencial, e 5,3% se Lula não estivesse no pleito. Mas o mesmo levantamento trouxe outras informações cruciais para o diretório tucano: a rejeição da população.
E Alckmin aparece com uma rejeição de 55,9% dos eleitores entrevistados pela pesquisa, um aumento de mais de 5 pontos percentuais em comparação ao cenário de março, quando já angariava 50,7% de rejeições.
Por parte da cúpula do parte, a análise é que o governador não vem se manifestando de maneira clara sobre as investigações que o acusam na Operação Lava Jato. De acordo com matéria da Folha, “conselheiros de Alckmin” acreditam que o tucano deve abandonar o tom institucional, já que atualmente as suas falas são insuficientes para impedir o desgaste, cada vez maior.
Michel Temer, então, mais afastado das possibilidades, aparece com 0,9% com Lula. E Henrique Meirelles (MDB), em cenário sem Lula e sem Temer, alcança os mínimos 0,5%, atrás de nomes como o de Guilherme Boulos (PSOL), Manuela D’Ávila (PCdoB), Fernando Haddad (PT), e até de Collor (PTC).
Pela confusão que gera a falta de uma definição do MDB em um candidato, parlamentares do partido vêm tentando convencer Michel Temer a assumir que está fora da disputa presidencial. Com isso, poderiam trabalhar a alternativa e tentar elevar os números para a sigla.
Com esse intuito, 13 senadores, a quase totalidade da bancada tucana no Senado, composta por 18 parlamentares, participaram de um encontro a portas fechadas com Henrique Meirelles, a segunda opção de Temer e do partido, atualmente. Na ocasião, ele teria apresentado suas propostas como pré-candidato, para convencer os congressistas de que ele seria a melhor escolha do partido.
De acordo com diversos jornais, Meirelles teria saído da reunião com “entusiasmo muito grande” e que teria sido “muito melhor” do que todas as suas “melhores expectativas”. Agora, o próximo passo da atuação dos parlamentares sobre o candidato do MDB a disputar é pressionar Temer a anunciar o quanto antes que ele estará fora do pleito.
Diante da crise evidenciada por ambos os partidos, com as expectativas de votos muito abaixo de uma possibilidade qualquer de levá-los, atualmente, a um segundo turno, tanto o MDB, quando o PSDB buscam articulações nos bastidores do poder.
Em uma das estratégias, o PSDB poderá fazer pontes com o DEM, que leva o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como o nome para disputar as eleições. Os números de Maia são ainda mais abaixo do que de Alckmin, Temer ou Meirelles. Com Lula, ele tem apenas 0,2% das intenções. E sem Lula, somente 0,4%.
De acordo com alguns interlocutores, a tentativa de Maia é de se lançar como parlamentar destacado, para manter no próximo ano a sua liderança na Câmara dos Deputados.
De acordo com o Painel, Maia teve um almoço com a bancada do PSDB, fazendo críticas à aliança, mas também tecendo opções positivas para se manter a aliança.
E o PSDB, por outro lado, também visualiza uma opção de trazer Michel Temer como um representante de gabinete de um hipotético governo Alckmin na Presidência. Ambos partidos, o PSDB e o MDB, apenas visualizam uma aliança pós-eleições com a negociação de um cargo, por exemplo, em uma embaixada para Temer.
O objetivo seria, além de recompensar o espaço dado a tucanos no governo atual de Temer, mas também de evitar que o mandatário sofra as consequências de ser investigado em primeira instância, porque quando perderá o mandato, poderá ser responsabilizado.
A ideia foi analizada, inclusive, para posto secundário, caso Alckmin não ganhe a eleição: indicado para um cargo estadual em governo de São Paulo, se João Doria fosse eleito.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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