FHC diz que não existe “cartel do PSDB de São Paulo” no caso Alstom

Jornal GGN – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em carta publicada na íntegra pela Folha de S. Paulo nesta segunda (20), rebate acusações sobre escândalos que eclodiram em sua gestão ou atingem seu partido, o PSDB, desvinculando os casos de sua responsabilidade como gestor. Ele também diz que não existe nenhum “cartel do PSDB de São Paulo”, em alusão ao caso Alstom, afirma que a compra de votos pela reeleição presidencial não envolvia tucanos e fala da “pasta rosa”.

O texto de FHC é uma resposta a um artigo de Elio Gaspari, publicado após a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, passar a martelar que sua administração não interfere em investigações ou empurra sujeira para baixo do tapete. Enquanto isso, sustenta Dilma, no governo de Fernando Henrique, a sociedade conheceu a figura do “engavetador-geral da República”. Recorrentemente, ela tem questionado, em debates e propagandas eleitorais, onde estão os suspeitos de corrupção dos governos do PSDB, para depois afirmar que estão “todos soltos”.

Abaixo, a carta de FHC:

A propósito do esclarecedor artigo de Elio Gaspari “Todos soltos, todos soltos até hoje”, que começa a desfazer o slogan
de escândalos do PSDB, desejo esclarecer:

a) Quanto ao caso Sivam, não só que a contratação da Raytheon se deu no governo Itamar, como que ao governo nunca foi atribuído haver participado de malfeitos. A “prensa” para que o processo andasse se referia à aprovação do mesmo pelo Senado, posto que o relator do caso demorava em se pronunciar. Houve inquérito, o servidor mostrou inocência (havia sido afastado das funções por mim) e, posteriormente, foi muito justamente nomeado embaixador na Colômbia pelo presidente Lula.

b) A “pasta rosa”, como dito no artigo, se refere a supostos recursos de campanha destinados, antes de meu governo, a candidatos parlamentares de vários partidos; o inquérito, no caso, competia à Justiça Eleitoral e a legislação nas eleições até 1994 era diferente da atual, não sendo fácil, de serem verdadeiras as suposições, tipificar os atos como crimes eleitorais.

c) Quanto à alegada compra de votos para a reeleição, além dos acusados não serem do PSDB e terem sido objeto de inquérito no Congresso que os levou à renúncia, quanto à insinuação vaga de que teria havido envolvimento de um ministro no processo de suborno, o ministro aludido foi espontaneamente à Comissão de Justiça da Câmara e rechaçou as aleivosias. Nunca houve acusação formal ao ministro, que eu saiba.

d) No que se refere ao chamado “mensalão mineiro”, ainda “sub judice”, minha opinião, independentemente de endossar as acusações, foi, desde o início, de que deveria haver apuração e julgamento. Diga-se que, quando surgiu o caso, eu não era mais presidente.

e) Por fim, não existe um “cartel do PSDB” de São Paulo na compra dos trens ou do metrô. Segundo o relatório técnico do Cade, há acusação a empresas que formaram cartel para operar tanto em obras federais como estaduais. Provavelmente houve suborno de funcionários desses dois níveis de governo, mas não há acusação a partidos.

Ficarei grato se esta carta for publicada para assim complementar as informações do jornalista Elio Gaspari.

Cordialmente,

Fernando Henrique Cardoso

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Esperar o que desse senhor?

    Esperar o que desse senhor? Alias, por que a midia não compara os estilo de vida e o patrimonio dos petistas e dos demotucanos? Parece que uns tem direito divino e são uma classe especial nesse país.

  • O maior cabo eleitoral do pt

    Quanto mais o fhc se comunica, melhor. Mais algumas declarações suas, negando tudo, nem engaetador tinha, melhor, porque dá o nível de mentira com que este psdb/pig vigora, e vencemos esta eleição. É cabo eleitoral do pt, dos bons.

    Ontem falei com um leitor da revistinha do esgoto: nunca houve pré-sal, bolsa família foi só para pinguço, não sabe sobre minha casa minha vida, obras do pac zero, tudo nada, etc.

    O mal que este psdb/pig fez ao país é incomensurável. Mas fala mais fhc! fala mais!

    O pt devia divulgar o Hard talk no qual o fhc diz que "nenhum auxiliar do seu governo foi denunciado à justiça" e o entrevistador replica: "Mas não é isto que é corrupção??"

     

  • Ou seja... Pela rapidez da

    Ou seja... Pela rapidez da resposta, é bem possível que o artigo de Gaspari (um cara que só engana com ele, quem quer...) foi apenas uma útil "escada" para FHC dar à Aécio argumentos nesta reta de chegada da eleição Presidencial... FHC, Folha e Gaspari... Bons Companheiros! 

  • Dilma tem que nomear um

    Dilma tem que nomear um ministro da fazenda de peso em seu ultimo programa.

    ciro gomes eh um bom nome

  • Não lí e não vou ler nem  o

    Não lí e não vou ler nem  o artigo do Elio Caspari nem o do FHC.

    Mas achei ambos "um monte de bosta". 

  • Então Fernando Rodrigues e a FSP caluniaram FHC.

    Então FHC está dizendo que Fernando Rodrigues da Folha é mentiroso e que a FSP o caluniou:

    https://www.youtube.com/watch?v=ABIGjnjuDCo&list=PLWGLwML7cgQ-_2mYVViL8JfXYMjuK3Q6U

    No vídeo, Fernando Rodrigues diz sem meias palavras que, segundo as palavras do próprio autor da reportagem:

    "Uma grande reportagem sobre o governo Fernando Henrique com provas CABAIS sobre a compra de votos a favor da emenda da reeleição do presidente Fernando Henrique, que fui eu que fiz."

    Agora, com Youtube e blogs sujos fica difícil esconder a verdade, né?

     

     

     

  • Quando ocorre um crime, a

    Quando ocorre um crime, a primeira premissa do investigador é se perguntar quem foi o beneficiado. Ora, na compra de votos para reeleição de FHC, o beneficiado está explícito e implícito. Conta outra, essa não cola de jeito nenhum.

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