Golpe não se adjetiva.

Lemos nos Blogs e em alguns poucos jornais a iminência de um Golpe Branco com o auxílio do Supremo, porém qualquer um que entenda um pouco de política sabe que o problema não é dar um golpe, mas sim o que vem após a ele.

Quando se dá um golpe tem-se que ao mínimo vislumbrar alguma coisa do que pode ocorrer após o mesmo, não podemos tratar o Brasil como um país menor daqueles que após a deposição de um Presidente, Primeiro Ministro ou mesmo um Imperador, assume um militar de baixa patente ou mesmo um general que com o auxílio de parte fiel das forças armadas o mantém até que outro general o deponha.

No caso de um Golpe Branco como falam se pretendem que a normalidade constitucional seja mantida, alguns desavisados comparam a possibilidade de um Golpe Branco contra a Presidenta Dilma com o impeachment que foi dado ao presidente Collor.

A semelhança que haveria entre o impeachment de Collor e um plausível, porém impossível impeachment de Dilma está somente no nome do ato jurídico, impeachment, pois as situações são totalmente diversas. Collor de Mello vinha de um governo desgastado pelo confisco da poupança e por insucessos na sua política em geral.

Collor foi destruído e destituído pelos mesmos que o elegeram, a grande imprensa, o partido que o elegeu o Partido da Reconstrução Nacional (PRN) oriundo de um desconhecido Partido da Juventude (PJ), simplesmente não existia em termos eleitorais, ideológicos ou de militância. Era uma invenção das mesmas empresas de comunicação que de forma mais ou menos acintosa apregoam o impeachment da atual Presidenta da República. Já o apoio partidário de Dilma, que atualmente encontra-se meio frouxo, pode revitalizar-se e retomar nos espíritos adormecidos, sentimentos de ímpeto que mortos não estão, estão somente latentes.

Os motivos parecem ser os mesmos apregoados para os dois, a presença de uma possível vinculação de desvios de receitas públicas, com uma grande diferença, no caso Collor identificou-se na época uma possível utilização de recursos públicos em proveito próprio, já no caso Dilma em nenhum momento, mesmo os mais ferrenhos adversários lançaram qualquer dúvida quanto a atos de enriquecimento da presidenta Dilma ou qualquer um do seu entorno.

Agora diferentemente do Collor, que se encontrava no meio de um governo desgastado em que a crise econômica se alastrava no país, a Presidenta Dilma foi reeleita em eleições reconhecidas por seu adversário com maioria simples dos votos, e simplesmente qualquer tentativa de deposição ou mesmo de impedimento de posse da Presidenta Dilma, os milhões de brasileiros que nela votaram não apoiarão nenhum golpe branco, cinza ou negro. Por outro lado a economia dos governos do PT mostraram-se amplamente favorável a uma imensa parte da população brasileira, que até podem ter votado na oposição, mas reconhecem como positivo o balanço. Jovens que nas últimas eleições apoiaram Dilma, estão temerosos da perpectiva de golpe, porém os mesmos ainda ignoram se algué deve ter temor de outro, são os golpistas destes jovens, pois a capacidade de revolta dos mesmos e a capacidade de indignação, perdida em velhos militantes de esquerda, é rapidamente avivada e com intensidades que os eventos do passado da civilização mostram.

O fator de mobilização popular, conseguido nas últimas semanas da eleição, bem como o movimento de massas surgido em 2013 por motivos aparentemente simples, o aumento do preço das passagens de ônibus, mostram a capacidade de mobilização da maioria da população, e se esta instigada poderá reproduzir com velocidade e intensidade muito maior caso for detectado claramente indícios de Golpe.

Além de todos estes fatores que diferenciam a situação de Collor a de Dilma, temos outros fatores que devem ser levados em conta, o apoio político que a presidenta Dilma possui. A votação do impeachment de Collor teve na câmara dos deputados 441 votos a favor e 33 votos contra, no senado foi ainda mais marcante 76 votos a favor e 3 contra. Este tipo de votação não ocorrerá sob hipótese nenhuma no atual regime democrático brasileiro.

Collor teve contra ele toda a mídia e mais importantes organizações civis brasileiras como a Ordem dos Advogados e outras, um Golpe Branco contra a Presidenta Dilma certamente terá ampla resistência de setores civis importantes, partidos de esquerda, e movimentos sociais com combatividade já demonstrada com o tempo.

Além destes setores já citados teremos vários governadores neutros, e outros francamente prós Dilma, se a tentativa de Golpe for feita antes da posse alguns estados poderão apresentar resistência, se for para depois da posse outros estados também com governadores recém-eleitos também se sentido ameaçados poderão mostrar importantes focos de resistência.

Esquecem que a sedição num país como o Brasil, necessita claramente de apoios externos, no último golpe o de 64, a sedição além de encontrar eco em setores organizados da direita civil e militar, já havia estabelecido ligações com o governo Norte-americano através do governador de Minas Gerais da época, governador Magalhães Pinto, que em entrevista da época gravada nos Estados Unidos referia-se num ato falho ao Presidente Kennedy quase como um presidente do Brasil. Nos dias atuais, o projeto norte-americano para a América do Sul não passa pela deposição ou impedimentos golpistas de presidentes sul-americanos. Com todos os problemas de perda de aliados que os Estados Unidos tem, o apoio a um golpe, se este falhar trará para bem próximo de seu território problemas sérios e desnecessários, ou seja, o risco é maior do que um incerto êxito.

Como cereja do bolo temos o fator Lula, ninguém melhor para convocar o povo brasileiro e levantá-lo contra usurpadores, ter-se-ia que quebrar as regras democráticas para calá-lo, e daí por diante a história será outra.

Há outro fator que todos esquecem, o poder de um presidente em exercício do cargo, que no momento que for ameaçado e encontrar apoio na população em geral, poderá lançar a mão de vários instrumentos democráticos e previstos na constituição para preservar a ordem constituída.

Ou seja, desejo para Golpes Brancos, Cinzas ou Negros existem em vários setores da população, porém como Golpe não se adjetiva, pois o objetivo é sempre o mesmo, entre o desejo e a realização deste 

Redação

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