Carmen Polo, a primeira dama do franquismo, por Motta Araújo

Carmen Polo, a primeira dama do franquismo

Por Motta Araújo

Dona Carmen Polo Martinez y Valdez, esposa do Generalíssimo Francisco Franco foi a primeira dama da Espanha de 1939 a 1974. Conhecida também por “Dona Collares” por seu amor a jóias, Carmen Polo tinha grande ascendência sobre o marido e era temida na Espanha. Quando visitava uma cidade as joalherias fechavam as portas alegando “doença em família”. Dona Carmen Polo examinava as peças, tinha paixão por colares de pérolas, levava e esquecia de pagar, quem iria cobrar?

Eva Perón, primeira dama da Argentina visitou a Espanha em um tour de 14 dias, recebida com todas as honras exigidas e aceitas. Entre as condições, o casal Franco deveria recebê-la na escada do avião, outorgar-lhe a maior honraria da Espanha, a Ordem de Isabel La Católica, e oferecer um banquete do Palácio Real com protocolo de Chefe de Estado.

As exigências de Evita foram aceitas porque a Espanha dependia vitalmente da Argentina naqueles anos sombrios do pós-guerra. A Espanha foi considerada aliada do nazi-fascismo, embora não beligerante, foi excluída da ONU e sua única fonte de trigo e carne era a Argentina. A situação econômica da Espanha era terrível, só melhorou em 1951 quando cedeu 16 bases aéreas para os EUA, que em troca amparou economicamente o regime franquista.

Carmen Polo morava no Palácio do Pardo, pequeno e luxuoso, cercado por lindo parque, quando Franco morreu, foi sucedido pelo Rei Juan Carlos que delicadamente lembrou dona Carmen que ela precisava sair do Palácio já que não tinha mais nenhuma posição oficial. Dona Collares se fez de desentendida, passou um ano da morte do marido e não saiu do Palácio, os recados se intensificaram e nada, a solução foi cortar a água e a luz para ver se dona Carmen se tocava.

Saiu raivosa e foi morar em um grande apartamento no centro de Madrid, morreu em 1988.

O casal Franco teve uma única filha, também Carmen e uma neta tão extravagante que merece um post só dela, depois eu conto. A filha Carmen casou com o Marquês de Villaverde, está viva e com ótima saúde. 

Redação

Redação

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  • Faltou um episódio...

    ...talvez o único de importância na biografia de Carmen, embora não planejado.

    Em 1936, na Universidade de Salamanca, quando Miguel de Unamuno repreendeu publicamente o general Millán Astray, braço direito de Franco, foi a presença de Carmen Polo, e o fato de o acompanhar até a saída, que impediu o linchamento do grande intelectual espanhol. 

    • Millan Astray era uma figura

      Millan Astray era uma figura sinistra, seu brado era Viva la Muerte, era a face mais escura do franquismo.

      Sugiro a vc que conhece tão bem esse episodio da Guerra Civil um post sobre Queipo de LLano, outra figura

      marcante pela boçalidade mas importante apoio sevilhano de Franco no começo da Guerra Civil.

      Pode-se imaginar esse banco de grossos enfrentando um Manuel Aznar com fama de homossexual, digo fama porque não sei se era uma hipotese real naquela España machista dos anos 30.

  • Os conhecimentos de história

    Os conhecimentos de história do André Araújo(ou será Motta Araújo?) são incontestáveis, Seus post, nesse sentido, são valiosos e enriquecedores para a cultura geral. 

    Entretanto(sempre tem uma "mas") por que a ênfase em certas figuras cuja importância é zero para a humanidade, a exemplo dessa senhora e os representantes das casas reais da europa novecentista?

    Sobrelevar o franquismo, mesmo que no âmbito das futilidades, me causa repulsa. 

     

    • Meu caro Costa, agradeço seu

      Meu caro Costa, agradeço seu elogia imerecido. O regitro da Historia não se faz pela simpatia a determiados personagens, os maus tambem merecem o mesmo registro que os bons, pois o conhecimento da Historia visa a nos dar lições sobre o passado e este é composto por todos os tipos de atores, temo até em dizer que na conta do tempo há mais maus do que bons ou olhando por outro lado, não há maus e bons porque o mesmo personagem pode ser bom e mau

      em determinadas circunstancias. Dona Carmen foi importante na historia do franquismo e é esse o lado pelo qual merece o post, as vezes personagens secundarios nos dão uma visão do carater de um regime maior do que personagens centrais.

  • Falta um AA a esquerda

    Falta um AA à esquerda, para nos contar sobre fatos da vida não militante de Krupskaia, Louise Michell, Emma Goldman, Rosa de Luxemburg, Clara Charf, e por que não, dos homens tambem. Quem se habilita? Eu iria adora ler, não escrever, que não sei.

  •  Perde quem se nega a ler e

     Perde quem se nega a ler e reconhecer o valor informativo da maioria dos posts de André Araújo. O elitismo Quatrocentão de AA, muitas vêzes, ofusca a sua inegável inteligência. Eu não me surpreenderia se soubesse que o AA é admirador secreto do Franquismo...até porque, a velha elite Paulistana se parece muito com a velha elite Espanhola, vassala dos odiados Bourbons. 

    O JB Costa, é, sem sombra de dúvida, um dos comentaristas mais lúcidos e respeitados da blogosfera progressista... mas desta vêz; eu tenho que concordar com o André Araújo (Motta?!). Acredito que a intenção do mesmo é mostrar a influência nefasta que personagens ditos ''menores'', exercem sobre os ditos ''maiores''e, consequentemente, contra os interêsses nacionais de suas respectivas nações. A história da humanidade está recheada de personagens periféricos que acabam se tornando protagonistas principais - ''behind the scenes''. Eminências Pardas sempre existiram....Umas benéficas... Outras maléficas aos interêsses de Estado. Aspasia, Concino Concini, Manuel Godoy, Rasputin, Cardeal Cerejeira, Cardeal Richelieu etc. só nos provam que êsse fenômeno é tão velho e diversificado quanto a própria humanidade. 

    A pior maldade das ditaduras; é o sentimento permanente de humilhação que pesa sobre os seus cidadãos. Maria de Medici humilhou o Povo  Francês quando transformou o seu amante e conterrâneo (o gigolô Italiano Concini) em MARÉCHAL DE FRANCE...quando o mesmo nem sequer era capaz de manusear um mosquete. O mesmo sentimento de humilhação teve o povo Espanhol, com a ascenção vertiginosa  do jovem rufião Manuel Godoy (outro gigolô, amante da rainha Maria Luisa de Parma, sogra do nosso primeiro Rei)  ao comando da monarquia durante as guerras Napoleônicas. Mais recente, em Portugal, o  mesmo sentimento de humilhação. Se na Espanha era a primeira-dama e o genro do Ditador Franco que influenciavam os destinos da nação...na terrinha, era o ''primeiro-amigo colorido'' do Tirano - o famoso Cardeal Cerejeira -  quem ditava as Leis. Certa vez, Salazar o consultou sobre amenizar as leis laborais. Essa foi a resposta de Cerejeira: ''Estás louco pá, amenizar  leis trabalhistas para que...para Portugal se tornar uma nova França?''. 

    Voltando outra vez ao tema central do post; PAQUITO e sua família pintavam e bordavam, tratavam a Espanha como se fosse o seu feudo privado. A sua filha, casada com o pilantríssimo Marquês de Villaverde, a chamava (a Espanha); ''la finca de papi''. Aparentemente, o ''Marquês'' era também cirurgião cardíaco, uma espécie de Christian Bernard Ibérico... segundo a propaganda Franquista. Dizem, que, o mesmo serviu de fonte de inspiração para o romance 'LA CIUDAD DE LOS PRODIGIOS' do excelente escritor Catalã Eduardo Mendoza.

    Agora, para concluir, na minha modesta opinião, personagens ditos ''menores''; não são tão insignificantes como nos parecem à primeira vista. 

    PS. Para quem gosta de uma boa leitura aqui fica a minha sugestão:

         

     

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