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Ásia responde por 44% das compras de armas pesadas

Por Paulo F.

Da Radio Nederland Wereldomroep

Ásia é maior mercado para armas pesadas

Por Belinda van Steijn

Apesar da crise econômica, aviões de combate, navios e tanques de guerra e veículos blindados continuam muito procurados. É o que demonstram os números divulgados pelo Stockholm International Peace Research Institute (Sipri). O crescimento do comércio de armas pesadas no mundo se deve principalmente aos países asiáticos. Em 2010, o comércio internacional de armas movimentou mais de 300 bilhões de euros. Mas quem compra de quem e por quê?

Atualmente, os países asiáticos são responsáveis por 44% de todas as transações. Eles se sentem ameaçados e se armam. A Índia, por exemplo, não produz armamento de alto nível. Mas o país vive um longo conflito com o Paquistão e não confia na China, diz Pieter Wezeman, pesquisador sênior da Sipri.

“Cerca de 80% das importações indianas vêm da Rússia. Outros países também fazem o possível para vender armamento para a Índia, porque é um mercado muito grande. A França, por exemplo, foi muito bem-sucedida ano passado em contratos para a venda de aviões de caça. Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos também estão há alguns anos muito ativos na comercialização de seus armamentos para a Índia.”

Outros países asiáticos também estão se armando por medo de um país vizinho. A Coreia do Sul continua de olho na Coreia do Norte e o Paquistão reage à Índia. A China olha com suspeita para os desenvolvimentos em Taiwan. E Singapura, sendo um país pequeno, quer ter ser certeza de que poderá se defender se for preciso. A maioria dos países tem dinheiro suficiente e investe em armamento novo para substituir o arsenal antigo.

China: exportador 
A China foi por muito tempo o maior importador de armas. Hoje o país pode ser considerado um exportador, com condições de produzir armas no mesmo nível de grandes países exportadores. No momento, fornece principalmente ao Paquistão. Pieter Wezeman prevê que a China passará a exportar para mais países.

“Acreditamos que a China vá utilizar a exportação de armas como parte de sua política externa direcionada a ter maior acesso ao petróleo e metais da África, por exemplo.”

Mas Wezeman não espera que aconteçam grandes mudanças nos próximos anos. Os Estados Unidos e a Rússia, por enquanto, continuam sendo os maiores exportadores de armamentos. Embora países como China, Coreia do Sul e Turquia possam, de acordo com o pesquisador, ter um papel cada vez maior.

Tensão entre a China e os EUA
Ko Colijn é especialista em armamentos no instituto de relações internacionais Clingendael, na Holanda. Ele espera que a tensão entre EUA e China aumente à medida que os chineses ganhem mais influência militar. Os Estados Unidos já divulgaram que vão se direcionar especialmente à Ásia.

“Não estão em escalada, mas há conflitos no Mar da China Meridional. Então, países da região, como Japão, Vietnã e Coreia do Sul vão imediatamente investir muito dinheiro em armas.”

Acordo ainda sem força
Segundo Colijn, várias pesquisas demonstram que muito armamento é fornecido a zonas de conflito. Para evitar que isso aconteça no futuro, está sendo criado um acordo sobre comércio de armamentos, o Arms Trade Treaty. Países que quiserem comprar armas terão que primeiro cumprir determinadas condições. Ainda é um acordo sem força, mas foi dado o primeiro impulso.

“Ele pelo menos define que os países não podem vender armas como se fossem pães ou escovas de dentes, mas têm que observar determinados critérios. Por exemplo, direitos humanos, se há guerra na região e se o país comprador obedece a convenções internacionais.”

Papel da Holanda
Segundo Pieter Wezemen, a Holanda também tem um papel no comércio mundial de armas. Não é um dos grandes países exportadores, mas está num segundo grupo, fornecendo equipamento de segunda-mão como tanques e mísseis anti-tanques a países como Chile e Egito.

Atualmente, a Holanda negocia com a Indonésia a venda de uma série de tanques que tem em excesso. Além disso, o país também exporta equipamentos novos como radares, aparelhos de busca e fragatas para todo o mundo. No momento, tenta fechar contratos para o fornecimento de fragatas a Omã e ao Vietnã.

América Latina

Na América Latina, a Venezuela se destaca. O país aumentou enormemente a importação de armas nos últimos cinco anos e está entre os 15 maiores importadores no mundo. E tem dinheiro mais que suficiente para a compra de armas.

“Isso também se deve ao fato de que a Venezuela se afastou de quem era antigamente o seu principal fornecedor, os Estados Unidos. Agora o país tem que substituir armas norte-americanas por novas armas que vêm principalmente da Rússia”, comenta Pieter Wezeman, do Stockholm International Peace Research Institute.

Alguns outros países da região também estão se armando, mas não está claro se isso seria uma reação às atividades da Venezuela. O Brasil também está investindo muito, especialmente na defesa das novas descobertas de petróleo na costa. Comprou alguns submarinos – entre eles um submarino nuclear – e tem planos de comprar aviões de combate e expandir a marinha com um grande número de navios.

Países menores na América Latina mal têm dinheiro para armas. Eles sofrem principalmente com problemas internos, como os constantes conflitos no México entre o governo e os cartéis da droga, mas armas pesadas ainda têm um papel limitado nestas disputas.

Luis Nassif

Luis Nassif

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