Justiça

Promotor que acusou Alckmin foi questionado no passado por tratar Lula e PSDB de forma diferente

A nova denúncia contra o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por um suposto pagamento de 3 milhões por parte da empresa Ecovias para o caixa dois de suas campanhas eleitorais de anos anteriores, levantou suspeitas devido ao envolvimento do promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) na delação que trouxe o caso à tona.

Isso porque a atuação de Blat em casos envolvendo petistas é ao menos controversa. Em 2016, ele denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá, em medida que chegou a ser questionada pelos procuradores da Operação Lava-Jato, que já investigava o caso.

No fim das contas, a iniciativa do promotor paulista terminou em nada, já que a Justiça de São Paulo decidiu remeter o caso ao tribunla de Sergio Moro, em Curitiba, onde Lula seria finalmente condenado em um primeiro momento, em sentença que terminou sendo anulada anos depois pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e finalmente reavaliada pela 12ª Vara Federal de Brasília, que encerrou o caso em janeiro deste ano, ao considerar que a denúncia carecia de provas.

Antes disso, em 2010, Blat havia pedido a prisão de outro petista, João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do partido), envolvido no Caso Bancoop, espécie de primeiro degrau do Caso Tríplex.

Porém, o mesmo José Carlos Blat mostrou outra postura em casos envolvendo políticos do PSDB. Em 2018, ele chegou a ser parte de um acordo que foi selado entre o MP-SP e a concessionária CCR – que, assim como a Ecovias, detém a concessão de diversas rodovias paulistas, pelas quais também teria entregado propinas a campanhas políticas tucanas no passado, incluindo as de Alckmin.

Na ocasião, a denúncia envolvia o pagamento de R$ 4,5 milhões em propinas à campanha de Geraldo Alckmin para governador de São Paulo em 2010, R$ 3 milhões à campanha de José Serra para presidente, também em 2010, além de R$ 2,8 milhões a Gilberto Kassab, em 2011, para a fundação do seu próprio partido, o PSD.

No entanto, tudo terminou em um acordo entre o MP-SP e a empresa CCR, no qual apenas a concessionária ficaria obrigada a pagar uma indenização de R$ 81,5 milhões aos cofres públicos. Os políticos – Alckmin entre eles – não tiveram qualquer tipo de punição.

Nesta semana, Blat e o MP-SP requentaram a investigação de propinas na concessão de rodovias por parte do governo estadual de São Paulo, desta vez com uma delação de Marcelino Rafart de Seras, ex-presidente da Ecovias, que fala em propinas entregues apenas a campanhas passadas de Geraldo Alckmin. A diferença é que o político já não faz parte do PSDB, e sim do PSB, e negocia para ser vice-presidente em uma chapa com o PT, que seria liderada por Luiz Inácio Lula da Silva.

Redação

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