Caso contra Gleisi foi construído com “indícios” e “presunções”

Foto: EBC
Jornal GGN – O jornal O Globo divulgou nesta terça (19) que a segunda turma do Supremo Tribunal Federal deve aproveitar o caso de Gleisi Hoffmann para julgar se “provas indiretas” são suficientes para provar delações premiadas.
O jornal define “prova indireta” como prova que “não se relaciona ao fato, mas possibilita uma construção lógica através da qual se chega às circunstâncias que se quer provar.” Ao contrário da prova direta é cabal, a indireta “fica com campo dos indícios e das presunções.”
As alegações finais de Gleisi indicam exatamente isso: que o processo é todo construído com base em delações contraditórias que são corroboradas não por provas diretas e cabais, mas por outras delações.
No caso de Gleisi, até a falta de provas é usada como argumento para provar a tese de que ela teria recebido R$ 1 milhão para usar na campanha ao Senado em 2010.
Escreveu O Globo: “O dinheiro não foi registrado na Justiça Eleitoral. Gleisi jamais admitiu o pagamento. Não tem no processo uma testemunha que viu esse dinheiro ser entregue à senadora. E, como a propina teria sido paga em espécie, não há conta bancária para ser rastreada. Ou seja: se ela for condenada, será a construção de uma tese com base em vários indícios fortes – uma prática não tão rara no Judiciário.”
Entre as “provas” que implicariam Gleisi, o jornal destacou “quebras de sigilo telefônico” que “revelaram centenas de ligações suspeitas”. “O empresário que pegaria a propina [Ernesto Kugler] pela senadora ligou várias vezes para o telefone do PT do Paraná e para o tesoureiro da campanha na época do suposto recebimento da propina. A própria Gleisi teria recebido duas chamadas e o tesoureiro outras duas, de um telefone que estava no escritório onde a propina teria sido paga.”
O problema é que O Globo não indicou o que consta nas alegações finais de Gleisi: que não há provas de que esse empresário de fato tenha recebido a propina em 4 parcelas. Os delatores que afirmaram que fizeram 4 viagens entre São Paulo e Paraná para entregar os recursos em parcelas de R$ 250 mil não apresentaram nenhuma prova material. A Lava Jato também não conseguiu levantar vestígios de passagens pelos pedágios nem outros elementos.
As provas indiretas foram defendidas à exaustão pelos procuradores de Curitiba nas alegações finais do caso triplex, que levou Lula à prisão. Deltan Dallagnol e aliados sustentaram o uso de várias evidências numa grande colcha de retalhos que é costurada a partir da convicção dos acusadores.
O ministro Ricardo Lewandowski abriu a sessão do julgamento de Gleisi, na segunda turma do STF, na tarde desta terça (19), informando que fará um esforço para que seja concluído ainda hoje. Só as sustentações orais da Procuradoria Geral da República e das defesas devem levar mais de 4 horas, projetou.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

View Comments

  • Presunção não é prova, ponto.

    Presunção não é prova, ponto. Só um retardado mental ou um bandido de uma república bananeira pensaria o contrário. Até quando vocês vão aceitar esse CIRCO que vocês chamam de "justiça"? Vão começar a pendurar quando esses bandidos fantasiados de juízes? Quando vocês vão se dar conta de que não devem obediência para criminosos?

    • Oh, gringo abençoado! O que

      Oh, gringo abençoado! O que seria de nós sem fosse você para nos dizer o que é certo ou errado! (rimou) Sem você não saberíamos que nosso sistema de justiça está podre! Sem você não saberíamos que nossa elite é criminosa! Sem você, até hoje acreditaríamos que Temer é honesto!

      Nos perdoe, gringo abençoado! Entenda: nós brasileiros somos um povo fraco e covarde demais! Não podemos nada contra nossa elite... Devíamos todos nos matar para lavar nossa vergonha! Oh, céus!

      Ah, se pelo menos fossemos como vocês, os deuses ianques! Um povo guerreiro, que luta pelos seus direitos e espalha a democracia pelo mundo! Oh, nossa maior tragédia foi ter nascido no Brasil! Pelo menos temos você para nos guiar, gringo abençoado!

      ...

      Não é mesmo?

  • Referência?

    Não sei por quê a matéria cita como referência "notícia" de um pasquim absolutamente sem confiabilidade, que distorce os fatos, inventa mentiras que são vendidas como notícia, usa de meias-verdades, reporta notícias internacionais de forma incompleta ou distorcida, etc.

  • A Banda Podre da Justiça

    Nassif: volto à velha tecla --- para incriminar o MelianteOperário (versão JudiciárioFIESP) desde quando é precisa de prova? Até papo de empregado (como daquele zelador no triplex) vale e é substantiva. E isto há de se estender por quantos o Verdugo dos Pinhais ache que é ou tem simpatia pelos chamados de "esquerdista". Ouvi dizer que uma vidente teve contato com o espírito de Hitler e ele psicografou que se tivesse um cara assim no seu tempo ele teria arrazado com o mundo.

    Prova você precisa em processo decente, não nessa espelunca de SujaJacto e similares, tramada e executa por agentes estrangeiros infiltrados no Judiciário brasileiro e outras instituições oficiais.

    E quando digo Verdugo, o sentido alcança o bando dos Gogoboy e da PGR. Joesly com a palavra.

  • de onde veio o dinheiro?

    " como a propina teria sido paga em espécie, não há conta bancária para ser rastreada", mas fica a seguinte questão - de onde saiu o dinheiro que foi entregue em espécie? Isso mostra o quanto é frágil a acusação, o MPF devia se envergonhar ao produzir peças tão ridículas que ferem o mais simples bom senso. Deviam voltar para os bancos acadêmicos.

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