Com ajuda de Renan, Gilmar tenta emplacar sócio de sua esposa no CNJ

Jornal GGN – Com ajuda de Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, tenta emplacar no Conselho Nacional de Justiça o jovem advogado Henrique Ávila, sócio de sua esposa, Guiomar Feitosa, em uma banca de Brasília. “O CNJ é um lugar capaz de complicar juízes, daí Calheiros [que já rejeitou dois pedidos de impeachment de Gilmar] querer apadrinhar gente por lá.” As informações são da CartaCapital.

Por André Barrocal

Renan Calheiros e Gilmar Mendes, uma santa aliança

Na CartaCapital

 A prisão de policiais e o recolhimento de equipamentos do Senado capazes de descobrir escutas clandestinas escancararam a existência de uma aliança entre o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo de vários inquéritos na Operacão Lava Jato, e o ministro Gilmar Mendes, comandante da subdivisão do Supremo Tribunal Federal (STF) encarregada de examinar processos surgidos da operação.

O senador, que em setembro engavetou dois pedidos de impeachment de Mendes, um por crime de responsabilidade, outro por partidarismo (pró-PSDB), irmanou-se ao ministro em uma campanha por uma lei de abuso de autoridade, tentativa de enfraquecer a Lava Jato.

E agora, numa espécie de ação entre amigos, eles lutam juntos para preencher uma vaga disponível no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão fiscalizador de tribunais e juízes.

O candidato da dupla é o jovem advogado Henrique Ávila, de 33 anos. Que vem a ser sócio em Brasília de uma banca chefiada na cidade pela esposa de Mendes, Guiomar Feitosa. Trata-se de uma filial do escritório do advogado Sergio Bermudes, sediado no Rio, responsável por defender clientes graúdos, com Eike Batista, Odebrecht, Vale. Bermudes orgulha-se de chamar Mendes de “irmão”.

O CNJ é um lugar capaz de complicar juízes, daí Calheiros querer apadrinhar gente por lá. Em virtude da prisão dos policiais do Senado e da apreensão dos aparelhos anti-escuta, o peemedebista resolveu denunciar ao órgão o juiz que autorizou a chamada Operação Métis, Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, taxado pelo senador de “juizeco”.

Na campanha em favor da candidatura de Ávila, cuja indicação ao CNJ precisa ser aprovada pelo Senado, Mendes tem se esmerado nas articulações. Outro dia ofereceu um jantar em casa a reunir senadores. Um destes elogiou a picanha do casal Gilmar e Guiomar, e graças a isso foi embora com uma peça crua debaixo do braço.

O ministro não discrimina prontuários na hora de cabalar votos. Foi buscar apoio para Ávila junto a um senador processado no Supremo e que vive situação delicada. Foi buscar e conseguiu.

A candidatura de Ávila ao CNJ foi formalmente proposta no Senado em julho por Fernando Collor (PTB-AL), conterrâneo e velho parceiro de Calheiros, tendo sido este um dos líderes de Collor no Congresso ate o então presidente sofrer um impeachment em 1992.

Consta que depois de dada a largada na campanha de Ávila, a ministra do STF Cármem Lúcia, presidente da corte desde setembro, aderiu à candidatura do sócio da mulher do colega de tribunal.

Ávila tem um oponente na disputa, outro jovem advogado, Octavio Orzari, nome defendido pelo antecessor de Carmem Lúcia na direção do STF, Ricardo Lewandowski. Os dois competidores foram sabatinados pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado no dia 5 de outubro e aguardam o dia de seus nomes serem levados em votação no plenário.

Consta que Calheiros quer um dia de casa cheia, talvez a coincidir com a votação da proposta do governo Michel Temer de congelar por 20 anos as verbas sociais, para facilitar a vitória do seu Ávila.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Republiqueta

    Tem certos momentos que me dá uma vontade danada de me beliscar pra  me certificar se realmente estou acordado.

    Este senhor não é um dos que diziam que o PT estava usando e abusando  do tal "tráfico de influência" para se perpetuar no  "poder"?

    Espera aí, ELE e sua turma acham que  podem tudo, inclusive "arranjar"  uma boquinha pra parentes, amigos, etc.

    O que condenam nos outros pra eles é válido?

    E a globo, o  que diz sobre  esse  QI  aí?  Vai escalar uma repórter  para "entrevista-lo"?

    E dizer que tem os eternos alienados e otários que acham lindo bater panela, fazer apitaço, pedir pros do norte invadir a colônia.

     

  • Briga de gangues

    O país está igual a um faroeste italiano, reduzido a uma guerra entre facções pelo butim do Golpe de Estado-2016.

  • Gigi no auge da moda, como sempre

    Ele tá em todas, brilhando seu charme, o biquinho bacurau

    Tá no oco do pau

    Empacar nipotes é com ele mermo

    É uma das suas mtas qualitys

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