Contra veto presidencial a reajuste, defensores públicos entram em greve

Jornal GGN – Os defensores públicos federais decidiram entrar em greve a partir desta terça-feira para protestar contra o veto presidencial ao Projeto de Lei que trata do reajuste salarial da categoria. Segundo a Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (ANADEF), o órgão atenderá somente demandas urgentes, como aquelas que envolvam risco à saúde e à vida.

A associação argumenta que o reajuste proposto representaria apenas 0,15% do orçamento que será destinado ao aumento salarial do funcionalismo público, e que o veto do governo federal mostra um “absoluto desprezo” com o órgão.

Eles também dizem que o discurso de ajuste fiscal, usado para justificar o veto, apenas disfarça o “verdadeiro intuito” de restringir o acesso à Justiça para a população mais pobre do país. A ANADEF defende que o Projeto de Lei da Câmara 32/2016, ao garantir estruturação remuneratória para a categoria, impede a a Defensoria Pública da União de “um iminente sucateamento”.

Em julho, quando ainda exercia a presidência interinamente, Michel Temer sancionou um reajuste de 41,5% para servidores do Poder Judiciário e de 12% para funcionários do Ministério Público. De acordo com o governo, o impacto nas contas deve ser de R$ 1,7 bilhão neste ano e de R$ 4,7 bilhões para 2017, totalizando quase R$ 22,3 bilhões no acumulado de quatro anos.

Leia a nota da ANADEF abaixo:
ANADEF comunica: Defensores Públicos Federais entram em greve

A Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais – ANADEF comunica que, a partir dessa terça-feira, 27, a Carreira está em greve. Motivados pelo veto presidencial ao Projeto de Lei da Câmara 32/2016, que dispõe sobre o reajuste salarial da categoria, os defensores públicos federais decidiram em assembleia que o atendimento da Defensoria Pública da União será apenas de demandas urgentes, entendidas como as que envolvem restrição à liberdade de locomoção, perecimento de direito e risco à saúde e à vida. 

Reajustes no total de R$ 67 bilhões foram sancionados pela Presidência. Ao vetar o Projeto da DPU, cujo impacto representaria somente 0,15% do orçamento destinado ao reajuste do funcionalismo público, o Poder Executivo Federal demonstrou seu absoluto desprezo para com a estruturação do órgão capaz de dar voz aos miseráveis. Mais do que isso, deixou claro que o discurso de “ajuste fiscal” utilizado para justificar o veto pretende apenas mascarar o verdadeiro intuito: restringir o acesso à Justiça para os 143 milhões de brasileiros que veem na  DPU a única porta para o acesso mínimo a direitos.

Ao garantir estruturação remuneratória mínima à categoria responsável por assegurar os direitos da população carente, o PLC 32/2016 preserva a Defensoria Pública da União de um iminente sucateamento. A Carreira buscará, agora, apoio parlamentar para derrubar o veto presidencial. A desvalorização da categoria, no entanto, já será sentida pelos assistidos: dos 620 defensores públicos federais em atuação no país, cerca de 60 devem deixar a DPU até o final do ano. O veto, portanto, aumentará o índice de evasão do órgão, que já é de 40%.

Além do veto ao Projeto que trata da remuneração dos defensores, o intuito de enfraquecer a Defensoria Pública da União vem sendo reforçado pela postura do Governo Federal em criar obstáculos ao Projeto de Lei que visa à criação de carreira de apoio, que até o presente momento não conseguiu avançar na Câmara dos Deputados. Somado a isso, registra-se a sanção da Lei 13.328/2016, em 29 de julho, em que se pretende obrigar os poucos servidores requisitados que colaboram com a instituição a retornarem aos órgãos de origem no prazo de seis meses.

Mas os defensores públicos federais não vão arrefecer. Mesmo tendo sido a única excluída de um tratamento remuneratório compatível com a tamanha responsabilidade da função exercida, a Carreira continuará a luta por Justiça, pela qual trabalha diariamente. A paralisação da DPU permanecerá até a apreciação do veto pelo Congresso Nacional.

Redação

Redação

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  • O Itamaraty ainda está em

    O Itamaraty ainda está em greve?

    Bancários,petroleiros, defensores públicos... Espero que seja só o começo. Quero ver o traira governar um país parado.

  • Solidariedade aos defensores públicos

    Dentre todos os operadores do Direito no Estado, os únicos, ressalvadas exceções raríssimas, que realmente trabalham em favor do Povo são os defensores públicos.  A eles minha solidariedade. Que lutem e consigam o que lhes é devido.

    • Engano seu

      Defender os cofres públicos, impedir o prejuízo aos cofres públicos, atuar em processos de improbidade administrativa, processar corruptos e recuperar as verbas roubadas do erário, defender a União em juízo, tudo isso é defender o povo também. Não é só quem trabalha em contato direto com o povo que o defende.

      [video:https://www.youtube.com/watch?v=_dwVNfQRptQ%5D

      • Enganos

        Meu caro, diz você: "Não é só quem trabalha em contato direto com o povo que o defende", significando, em razão do que você escreveu antes, que os operadores do Direito do Estado, que trabalham em favor do Estado, trabalham indiretamente em favor do Povo. Não é bem, assim, depende, meu caro, de quem se apropriou do Estado.

        Se o proprietário do Estado fosse o Povo, e deveria sê-lo, você teria razão, isto é, você tem razão teoricamente. Acontece, porém, que o Povo, em países como Paraguai, Honduras, Iraque, Afeganistão e Brasil, ao menos estes, não é dono do Estado.

        Comprovação prática do fato em relação ao Brasil se tem, por exemplo, quando, por infelicidade, somos obrigados a acionar o Estado judicialmente: o indivíduo comum, membro característico do Povo, geralmente com parcos recursos e com limitados conhecimentos de Direito, é massacrado pelos defensores da União e pela legislação processual que lhe diminui relativamente direitos (prazos processuais, por exemplo) e pela gigantesca massa de recursos que o Estado mobiliza contra o cidadão. E isto quando o cidadão tem lucidez, tempo e coragem para reclamar o respeito pelo Estado de seus direitos. Ademais disto, contra o cidadão do Povo, a advocacia estatal joga sujo.

        As vitórias judiciais da advocacia estatal que você menciona (defesa dos cofres públicos etc.) favorecem a nomenklatura, como juízes, por exemplo, que têm vencimentos na ordem de R$ 80.000,00 mensais, quando o limite seria da ordem de R$ 30.000,00, e isto quano o SM, quando o Zé do Povo está empregado, é da ordem de R$ 800,00.

        É a nomenklatura que fica com o dinheiro salvo pelas eventuais vitórias da advocacia estatal, não o Povo. Tais vitórias favorecem mordomias inaceitáveis de congressistas que, por exemplo, conseguem se aposentar legalmente com oito anos (ou por aí) de exercício de mandato. Favorecem a burguesia nacional e internacional, como é o caso, por exemplo, da entrega ensaiada do pré-sal, que foi descoberto por obra de investimentos feitos com dinheiro do Povo para criação da própria Petrobras e para a prospecção do subsolo e de tecnologias feitas pela Petrobras que viabilizaram o pré-sal. Como você sabe, Parente e Serra defendem a entrega do pré-sal à burguesia internacional.

        Para não cansar você e a mim, paro por aqui, embora haja muitos outros exemplos-tipo. Os operadores de Direito estatais, com exceção dos defensores públicos, trabalham em favor do Estado e, quase sempre, contra o Povo, pois há claro antagonismo entre Povo e Estado, e os tempos atuais provam isto sobejamente (ataques a líderes e representações trabalhistas feitos, pasme-se, pelo Judiciário e pelo Ministério Público!).

        O dinheiro do Estado que eventualmente os operadores estatais do Direito salvam não reverte em favor do Povo, mas dos proprietários do Estado e que são a nomenklatura, a burguesia nacional e internacional, afora oportunistas e ladrões orgânicos, por assim dizer, da própria burocracia estatal.

        Pense, talvez, o enganado seja você.

        Abraço, companheiro.

  • Detende pobre

    Se defende pobre está perdido. Pobre é pt...  Como disse o greca lá no paraná, tinha que no paraná, pobre dá vômito.

    Se defendesse os ricos ai era outra coisa...

  • Esclarecer a opinião pública é essencial

    Este é um dos fóruns do qual defensores públicos poderiam e deveriam fazer uso para esclarecer a importância do trabalho que desenvolvem. Espanta-me a inércia dos defensores frente à desvalorização que o Estado/governo perpetra contra sua nobilíssima atividade e, principalmente, frente à desinformação da Sociedade sobre seu trabalho.

  • Onde já se viu?

    Justiça pública, gratuita? Que isso?! Daqui a pouco vão querer que Educação e Saúde sejam públicas e gratuitas também... Estão pensando que o Brasil é o que? Comunistinha como a França, a Islândia, Portugal, Holanda, é?

    Não, não... o acesso às conquistas humanas só é possível ante pagamento em cash, e será tão mais caro quanto o mercado suportar. Quem não pode pagar que morra sem saúde ou que viva sem educação ou apodreça em alguma cadeia, que é o lugar de pobre. Deixemos a mão invisível do mercado encarregar-se de fazer a seleção natural, quase darwiniana. Antes de haver a humanidade já havia Deus, e antes de Deus, o mercado, oras...

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