Jornal GGN – O escritório de advocacia norte-americano Baker McKenzie, contratado a peso de ouro pela Petrobras para ser responsável pelo compliance da estatal, é peça central do escândalo Pandora Papers.
“Com 4.700 advogados em 46 países e receita de US $ 3,1 bilhões, Baker McKenzie se autodenomina “o escritório de advocacia global original”. É um entre cerca de uma dúzia de escritórios nos Estados Unidos e no Reino Unido que estabeleceram grandes redes internacionais e transformaram a própria profissão de advogado”, segundo reportagem publicada pelo International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ).
Contudo, por trás dos pronunciamentos de transparência, a Baker McKenzie é um dos pilares do mercado de offshores, que favorece os ricos à custa dos tesouros das nações e dos cidadãos comuns. Tal escritório atuou junto a mais de 440 empresas offshore registradas em paraísos fiscais, sendo responsável pela conexão de seus clientes com prestadores de serviços offshore.
Como mostra nota publicada no site Conjur, o escritório Baker McKenzie foi contratado em 2014 para trabalhar em conjunto com o escritório brasileiro Trench, Rossi e Watanabe Advogados para apurar as acusações feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa nas investigações da operação Lava-Jato, de forma a veificar o tamanho do impacto sobre os negócios da estatal. A banca Gibson, Dunn & Crutcher também teve participação no trabalho de compliance.
No gráfico abaixo, é possível verificar um organograma da atuação do escritório norte-americano, que acabou mostrando ramificações com lobistas, outros escritórios de advocacia e outras corporações, como Eletrobras, JBS e Embraer dentro da chamada ‘indústria do compliance’.
Dentre os clientes favorecidos pelo esquema está Thais Neves Birmann, ex-esposa de Daniel Birmann, ex-financista, banqueiro e acionista da Forjas Taurus, uma das maiores empresas de munição da América Latina. Ela foi diretamente atendida por Simon P.Beck, chefe da divisão norte-americana de gestão de fortunas da Baker McKenzie e que integra a equipe de especialistas em impostos e fundos do escritório localizado em Miami.
“Em 2005, as autoridades brasileiras multaram Daniel Birmann em cerca de US $ 90 milhões por lucrar indevidamente com a reestruturação da fabricante de eletrônicos SAM Industrias SA. Na época, foi a maior multa já imposta pelos reguladores de valores mobiliários do Brasil. Birmann declarou falência e supostamente ocultou bens transferindo-os para familiares, incluindo (Thais) Neves Birmann”, diz a reportagem.
Dez anos depois, as autoridades brasileiras apreenderam um iate de US$ 20 milhões que, segundo eles, Birmann possuía secretamente por meio de uma empresa de fachada constituída na Ilha de Man. “Os reguladores de valores mobiliários brasileiros pediriam a um tribunal permissão para vender o iate para receber a multa de US$ 90 milhões. Em abril de 2016, eles solicitaram permissão para confiscar outros ativos não revelados, incluindo quase US$ 4,6 milhões em empréstimos não pagos que Birmann fez à sua ex-esposa e outros parentes”, aponta a reportagem.
Em julho de 2017, a Baker McKenzie e Trident Trust criaram uma empresa chamada Waymoore Partners com Neves Birmann como proprietário, e que tinha uma casa de cinco quartos em Miami Beach avaliada em US$ 1.875.000.
Com apenas R$ 10 você pode colaborar com o jornalismo independente do GGN. Clique aqui e saiba mais
Grandes corporações também estiveram relacionadas com o escritório de advocacia. “Documentos vazados revelam que o escritório de advocacia ajudou a organizar empresas de fachada em Chipre para a gigante de alimentos e tabaco RJR Nabisco. Para a Nike, ajudou a estabelecer um abrigo fiscal holandês. De acordo com um relatório do tribunal do governo dos Estados Unidos, seus advogados ajudaram o Facebook a direcionar bilhões de dólares em lucros para a Irlanda com impostos baixos”, pontua a reportagem.
A Baker McKenzie também esteve relacionada com o bilionário chinês Stanley Ho, que ficou conhecido como o rei do jogo na Ásia – a quarta esposa de Ho, Angela Leong (que também é diretora do negócio de cassinos do magnata) registrou 71 empresas nas Ilhas Virgens Britânicas. Na Rússia, o escritório esteve relacionado com a estatal de armas Rostec, responsável por fabricar quase tudo que os militares russos usam.
Carlos Nobre alerta que se a emissão de gases de efeito estufa não for zerada,…
Os amantes da dobradinha poupança-investimento alertam: na falta de um, o outro não funciona
Segundo balanço, 55 mortes foram confirmadas em decorrência dos temporais. Outras 107 pessoas ficaram feridas…
Sua morte, dias atrás, deixa um enorme vazio em uma profissão que perdeu o rumo…
Filiadas ao PL, União Brasil, Cidadania e ao Novo apresentaram proposta na Câmara Federal
Fortes chuvas no sul levaram governo a adiar aplicação das provas em todo país
View Comments
Compliance que fala, né?
Sei...no popular, é maracutaia.
Muito esclarecedora essa matéria. Aprendemos um pouco sobre o o que fazem, como funcionam, os ultra-ricos. Que são quem decidem sobre nossas vidas e sobre quem não temos conhecimento.
Gostaria de completar com um informação que julgo relevante. O bilionário Stanley Ho é chinês de Hong-Kong, aquela ilha uma vez chinesa que ficou sob domínio britânico por mais de 150 anos. Os chineses de Hong Kong aprenderam o modus-operandi com os ingleses.
No futuro, se houver, a História do Brasil não ocupará grande espaço no currículo escolar. Bastará ler, na hora da aula, a fábula da raposa e do galinheiro.
Está tudo lá.
Está matéria está sendo tratada na rede Bolsonarista. Neste vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=yGmWzEbjebw) a partir do minuto 12:26 até 22:01.
Eles tratam como estranho, muito estranho uma empresa de advocacia americana está determinado as regras de complince da petrobras.