Janot é incapaz de ver erros da Lava Jato em Curitiba e na delação de Delcídio

Foto: Agência Brasil
Jornal GGN – O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot disse, em entrevista divulgada pelo Correio Braziliense nesta quarta (20), que foi ele quem deu condições para que a operação Lava Jato tivesse “pernas próprias” em Curitiba e em outras capitais. Ele ainda afirmou que a turma de Deltan Dallagnol, o juiz Sergio Moro e o TRF4 foram “essenciais” ao sucesso da operação. E apontou que Moro “tem que ser duro mesmo” com os “bandidos” sob sua jurisdição.
Na mesma entrevista, Janot demonstrou-se incapaz de fazer uma crítica aos abusos praticados em Curitiba e ao fracasso da delação premiada de Delcídio, que foi considerada pelo procurador Ivan Cláudio Marx como ineficaz por não apresentar nenhum prova para todas as imputações feitas a Lula. Ele disse ao Correio que pode ter errado no comando do Ministério Público em meio à operação, mas que precisa de um tempo e distância para identificar esses erros.
CURITIBA
“O grupo de Curitiba foi muito importante. O juiz foi muito importante. Uma parte que pouca gente fala, mas que permitiu chegar até agora, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que manteve com firmeza todas as decisões”, comentou.
Segundo Janot, “a gente está no meio de um lamaçal, no meio de bandidos, cheiro de podre para todo lado, só tem uma maneira de não se contaminar, a gente tem que ser reto. O Moro é duro, eu fui duro, e tem que ser mesmo.”
O SUPREMO E A DELAÇÃO DE DELCÍDIO
Para Janot, foi um “divisor de águas” na Lava Jato o momento em que o Supremo Tribunal Federal decidiu que um condenado em segundo grau deve começar a cumprir a pena. O ex-PGR disse que isso “deu um impulso danado” nas delações. “Os caras começaram a fazer conta. A estratégia era empurrar, agora não tem mais jeito. Esse foi, na minha leitura, um dos pontos que gerou essa mudança. Grandes delações também chamaram todas as outras.”
Outro “divisor de águas” foi a delação de Delcídio do Amaral. “Ele gravou, os fatos eram gravíssimos, e era um senador, líder do governo. Quando fiz o pedido de prisão, sabia que tinha cruzado o rubicão e que tinha queimado a única ponte atrás da tropa, que não tinha mais recuo. Era só para a frente. Foi um momento de muita tensão, era uma novidade e eu não sabia o que aconteceria”, afirmou Janot.
FIM DA LAVA JATO
Para ele, contudo, a Lava Jato em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro não devem terminar mesmo diante dos esforços da classe política. “Se houver risco, não acredito que isso contamine nem Curitiba, nem Rio, nem São Paulo, que já têm investigações com pernas próprias.”
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

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  • Ele não cometeu erro nenhum,

    Ele não cometeu erro nenhum, acertou em tudo. Errou quem por acaso julgou que ele poderia acertar para o lado de cá e não percebeu que ele estava do lado de lá. Entregou o que esperavam dele. É só ver a firmeza como defende a república de curitiba e como defende a firmeza do TRF4. 

  • Não adianta, ex ou titular,

    Não adianta, ex ou titular, aposentado ou na ativa, cretino sempre. "Duro", mas só no que lhe interessou, não? Aí está todo o psdb mais sujo que todos os paus de galinheiros e, no entanto, nadica de nada de denúncias e persecuções. Dizer que o desMoronado e os acumpliciados de curitiba estão no meio da podridão, em si, é pre-julgar. Dizer que o cumpadi-quartanista é duro, também é mandar fazer. Ou seja, de prático, decente e útil a sua (dele) entrevista não possui absolutamente nada, assim como a delação delcidiana que era só papo-arvorado. Não sei a razão para a dona carmencita não mandar prender esse janot(a), motivos e provas é que não falta. 

    A "podridão" em curitiba pode ser de outra lavra? Será?

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