“Não sou comentarista político”, diz Barroso após opinar sobre política


Foto: Carlos Humberto/SCO/STF
Jornal GGN – Durante evento para falar sobre “o momento institucional brasileiro”, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu pontos da polêmica reforma política em tramitação no Congresso e que o país não seja levado pela “onde de negatividade”. “Não sou comentarista político”, apontou o ministro no evento, após falar mais sobre política do que Justiça.
Convidado a abrir uma conferência de empresas do setor de seguros, o 8ª Conseguro (Conferência de Seguros, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização), Barroso usou de piadas para tentar sustentar sua imparcialidade, sem deixar de criticar a atual gestão Temer, dar palpites sobre governabilidade, dedicar boa parte de seu discurso para falar sobre a reforma política e elogiar a Lava Jato.
“Pelo cargo que ocupo, devo zelar pelas instituições, mas não sou comentarista político. Ninguém sabe se gosto mais de Lula, de Dilma, de Temer, de Marina ou quem seja… A minha mulher não sabe em quem eu votei na última eleição presidencial, para que vejam como penso que deve se portar um juiz. Não existe corrupção de direita ou de esquerda. Não falo de política”, disse, após opinar sobre diversos temas da política.
Barroso defendeu pontos da polêmica reforma política, como a cláusula de barreira e o fim às coligações.”Os partidos vivem do acesso e da distribuição do fundo partidário, muitas vezes apropriado privadamente, os partidos têm dono, e da venda do tempo de TV. Todo mundo sabe disso, não é novidade. Precisamos mudar o sistema partidário”, disse o ministro do Supremo, tratando mais sobre política do que Justiça.
“Já há proposta aprovada no Senado, para fim das coligações e cláusula de barreira, e é importante que isso passe. Mesmo que seja só para 2022, já é alguma melhora”, acrescentou.
Também no encontro, disse que muitos se preocupam com a economia, deixando de lado a educação: “Quando saiu Dilma e entrou Temer, a preocupação geral era saber quem seria o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central, o do BNDES. Todo mundo queria os melhores nomes. E a Educação? Entrou no racha político. Nada pessoal contra o Democratas ou o ministro (Mendonça Filho). Não falo na (pessoa) física. Mas a educação deveria ser a prioridade mais básica do país, um projeto de longo prazo, ver o que deu certo pelo mundo e implantar um projeto de país a partir da educação aqui”.
O ministro não deixou de comentar sobre a Operação Lava Jato, ainda que não citando o nome da invesitgação. Segundo Barroso, a corrupção se generalizou e se tornou naturalizada: “A corrupção foi se aprofundando a ponto de se criarem esquemas profissionais, de arrecadação e de distribuição que envolviam agentes públicos e privados, empresas estatais e privadas, partidos políticos, membros do Congresso Nacional.”
“Foi um fenômeno que se irradiou de maneira muito abrangente. A tal ponto de ter sido naturalizado o que é errado. As pessoas deixaram de perceber a gravidade do que faziam”, explanou.
Em tom de elogio, lembrou que durante encontro na Universidade Yale, nos Estados Unidos, do qual esteve presente, juízes de Cortes de outros países mostraram-se admirandos em relação ao combate à corrupção no Brasil: “Poucos países no mundo tiveram coragem de enfrentar um problema com este grau de dramaticidade, atingindo os escalões que este enfrentamento tem a atingir, com a coragem, determinação e empenho que estamos fazendo isso no Brasil”. “É admirável”, concluiu.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

View Comments

  • Corrupção

    Barroso é mais um que fala de "corrupção" aceitando como verdade o que falam das contribuições de campanha (caixa 1 e caixa 2), ou seja, de que são, na verdade, "propina". Sinto náuseas quando ouço tais afirmações. Quem levou a isso? Os delatores. Quem são os delatores? São os verdadeiros ladrões (Youssef, Costa, Cerveró e outros) ou pessoas presas preventivamente até que digam o que os investigadores querem e obtenham o sonhado perdão (ou quase). A mídia e os idiotas que acreditam nela passam a ecoar tais afirmações, até chegar ao ponto de um Ministro do Supremo, uma pessoa com capacidade para entender e filtrar tudo o que ouve, sair repetindo asneiras como essas que falou Barroso. Tempos difíceis... 

  • Máfia fhc! Esgoto a céu aberto desde 2002...antes era na moita!

    Que não é político até a criançada sabe. E a criançada também sabe que juiz muito menos!

     

    TÁ TUDO NA INTERNET! É CTRL-C, CTRL-V E SAI TUDO!!!

  • Colírio estranho

    O ministro entende que a "corrupção se irradiou de maneira muito abrangente", como se ela só tivesse começado a partir das investigações.

    Acho que é por isso que os nossos "juristas", ministros e investigadores só prefiram acreditar na corrupção do PT.

    Os outros corruptos de certo foram "contaminados" pela irradiação do PT.  São vítimas e precisam de tratamento diferenciado, de preferência em casa, em repouso e sem tornozeleira.

    Essa visão é participada pelo povo, que pingou o mesmo colírio que alterou a visão de realidade do ministro.

    É o notável colírio global.

  • Da Globo e dos Marinho

    "Pelo cargo que ocupo, devo zelar pelas instituições, mas não sou comentarista político. Ninguém sabe se gosto mais de Lula, de Dilma, de Temer, de Marina ou quem seja..."

     

     

    Eu sei. Ele gosta mais da Globo e dos Marinhos. Advogou para ela e ainda assim - ou por isso - minha presidenta o nomeou ministro do supremo. Em outras palavras; demos tudo a Globo e seus donos, até ministro do supremo. E deu no que deu contra nós. A globo é insaciável.

    Não a toa ele desengavetou o processo dos portos contra Temer; para agradar quem, em primeiro lugar, ou melhor, a pedido de quem?

  • Até a esposa pode não saber,

    Até a esposa pode não saber, mas a direção da CIA e seus agentes (sediados aqui na Banana Republic) SABEM DE TUDO. .

  • Inicialmente um momento Tim

    Inicialmente um momento Tim Maia. "Não bebo, não cheiro, não fumo, só minto um pouco". Ao final, Poliana, que não precisa de explicacão.

  • Barroso faz lembrar aquele

    Barroso faz lembrar aquele personagem do filme "O Show de Truman".  Vive num mundo artificial, criado por uma espécie de rede globo. Mas, ao contrário do personagem do filme, talvez seja incapaz de escapar da bolha ou talvez não suporte encarar a realidade de sua suprema estupidez. 

  • Defenestrar todos do STF

    Minha singela proposta relativa ao Supremo:

    O próximo presidente democrata e o Senado devem excluir TODOS os ministros do STF. A fundamentação é que todos eles não cumpriram com sua função constitucional: serem guardiães da Constituição. Ao contrário, foram partícipes solidários do golpe contra o Estado Democrático de Direito.

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