Novo advogado de Palocci nega que Lava Jato pediu renúncia de recursos


Ex-advogado de Palocci, Batochio, e o juiz Sergio Moro – Montagem: Blog do Esmael
Jornal GGN – Após deixar a defesa do criminalista José Roberto Batochio, de São Paulo, que também advoga para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que sofreu críticas por ser contrário ao instituto da delação premiada, o ex-ministro Antonio Palocci trocou o quadro de defesa. Em nota após a repercussão, os novos advogados afirmaram que a Operação Lava Jato não fez “qualquer exigência” para a delação de Palocci e que a decisão foi do ex-ministro.
Desde o início das investigações da Operação que miraram contra o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, Palocci era representado por Batochio. O reconhecido criminalista também já atuava na defesa do ex-presidente Lula e do ex-ministro Guido Mantega.
Mas passou a enfrentar um dilema e ser alvo de duras críticas desde que Palocci mostrou interesse em fechar acordo de delação premiada com os investigadores da Lava Jato, que em troca traz ao réu a possibilidade de reduzir a pena em condenação e ver-se livre da prisão temporária. O custo é que automaticamente o delator admite o cometimento dos crimes.
Palocci está preso desde setembro de 2016 pelo desdobramento da Lava Jato, a Operação Omertà. Além disso, o ex-ministro dos governos petistas já é réu em duas ações penais, acusado de ter recebido R$ 128 milhões da Odebrecht em uma delas, valor que teria sido repassado, segundo a tese dos procuradores, ao PT.
Em março deste ano, visivelmente abatido, Antonio Palocci acenou ao juiz federal da Lava Jato, Sergio Moro, para a possibilidade de delatar. Desde o início das investigações, o GGN mostrou que ele foi posto como peça-chave para traçar uma futura condenação do ex-presidente Lula.
Disse que teria nomes e situações para revelar, capazes de estender a Operação Lava Jato por ainda mais um ano completo, pelo menos. Tentou, pela via legal, a soltura por meio de Habeas Corpus impetrados em diversas instâncias, todos negados. Apenas um ainda falta ser apreciado, diretamente pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), mas sem data agendada.
Buscando então entrar com acordo de cooperação junto aos procuradores, Palocci abriu mão da defesa do criminalista Batochio. Para isso, contratou outro advogado, Adriano Bretas, com histórico de atuações nos acordos fechados na Lava Jato. Desde então, correu nos bastidores da Justiça que os próprios procuradores do Ministério Público Federal (MPF) que exigiram a troca de advogado como condição para iniciar um acordo.
Tanto o escritório de Bretas, quanto Batochio negam essa suposta exigência dos investigadores. Ainda, como mais uma das atuações polêmicas da Lava Jato, os investigadores teriam ainda indicado que Palocci desistisse dos recursos de habeas corpus. As informações não foram confirmadas e são negadas pelos advogados e pela equipe da Lava Jato.
Apesar de ser uma escolha de Palocci, o novo advogado lembrou que Batochio “sempre anunciou publicamente que, dependendo da alternativa escolhida pelo cliente na estratégia de sua defesa, renunciaria à causa”.
Adriano Bretas disse ainda, por meio de comunicado oficial, que “não houve qualquer exigência, nem sequer mínima alusão, por parte do Ministério Público Federal ou da Polícia Federal na contratação ou destituição deste ou daquele escritório”.
“Desistir ou prosseguir no habeas corpus é uma escolha livre e exclusiva da defesa, sem qualquer interferência, muito menos ‘exigência’, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal ou de quem quer que seja”, insistiu o novo escritório de advocacia escolhido por Palocci para delatar.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • Esse "novo advogado" tem a credibilidade da Catapretta

    Prezados,

    Tenho respeito pelos advogados, mesmo sabendo que a categoria é infestada de picaretas e criminosos, como o são várias outras categorias profissionas, inclusive as dos procuradores do MP e juízes (sejam federais, estaduais ou de áreas específicas do PJ).

    Pergunto aso leitores:

    - Entre o que diz o grande criminalista José Roberto Batochio e esse "especialista em delações", parente ou umbilicalmnete ligado aos acusadores do MPF e ao torquemada das araucárias, qual deles vocês acreditam estar dizendo a verdade? Qual deles vocês teriam coragem de contratar, para fazer aa defesa técnica em ações e processos penais?

    Esse "especialista em delações" é do mesmo time da Catapretta e dos procuradores e PFs que forjaram flagrantes para 'esquentar' provas ilegalmente obtidas, como demonstram as reportagens de Marcelo Auler e André Barrocal. Os imóveis e fortunas em Miami já devem ter sido providenciados, para que ele e seu grupo desfrutem da fortuna amealhada com as delações mais do que premiadas.

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