“O escandaloso caso Ronaldinho deve ser vasculhado a fundo”, diz editorial do Paraguai

Jornal GGN – “O escandaloso caso Ronaldinho deve ser vasculhado a fundo”, foi a chamada do editorial do jornal paraguaio ABC, publicado nesta terça (11). “O caso em que o famoso ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho está envolvido demonstra que nossas instituições são muito vulneráveis ao suborno e ao tráfico de influência”, completou o diário, logo nas primeiras linhas da publicação.

A crítica do jornal foi direto ao “grotesco” do episódio, que já circulou por todo o mundo, sendo motivo de “escárnio de paraguaios honestos”. Para o ABC, “em meio a tantas incógnitas que corresponde à acusação desvendar, a verdade é que no Departamento de Identificações e na Direção Geral de Migração existem funcionários corruptos e ineptos da medula, que podem emitir documentos, até falsificando assinaturas, sem atender a requisitos elementares da lei, ou permitir que se entre ao país com documentos apócrifos”.

A publicação faz uma retrospectiva do caso relacionado ao ex-jogador de futebol que abriu aos olhos da imprensa internacional um grande esquema de funcionários públicos dentro da Direção de Migrações e do Ministério do Interior do Paraguai.

O caso começou quando Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Roberto Assis, foram detidos pela polícia nacional do Paraguai, na noite da última quarta-feira, por entrar no país com passaportes falsos. O ex-jogador estava no país para lançar seu livro “Gênio da vida” e de um programa social com crianças da Fundação Fraternidade Angelical. Ronaldinho responsabilizou o empresário Wilmondes Sousa Lira, que o representa no país vizinho, pelos documentos adulterados.

De acordo com o jornal paraguaio, que vem revelando os primeiros detalhes do caso, os “gestores” dos documentos de Ronaldinho e seu irmão depositaram uma “garantia de 29.500.000 pesos guaranis por cada um dos documentos e para a DGM [Direção Geral de Migrações], em uma conta do banco Nacional de Fomento”.

A quantia é equivalente a R$ 20.650, que segundo o diário, teria sido o preço para a adulteração dos passaportes. “Quem cobrou ou a onde foi parar essa volumosa quantia? A Promotoria tem a resposta. Ou seja, para consumar uma operação ilícita, foi paga uma ‘garantia’ a uma entidade pública, por meio de outra.”

“Ainda há questões em aberto neste grotesco caso que já circulou ao redor do mundo, para o escárnio dos paraguaios honestos. Foi invocada a intenção de fazer investimentos no país, segundo os quais os irmãos precisariam ter documentos nacionais, como se a maneira de obtê-los fosse irrelevante. (…) Tanto ele, como seu irmão – declarado ‘visitante ilustre’ pelo prefeito de Assunção – teriam ignorado que já estavam em processos de naturalização, de acordo com seus passaportes e carteiras de identidade novos. É difícil acreditar em tal tolice”, destacou o periódico.

“O fato levanta a questão de quantos casos semelhantes ocorreram, a cada ano, com pessoas desconhecidas, que têm portas abertas para entrar no país com documentos falsos, emitidos pelo DI [Departamento de Identificação da Polícia Nacional] e aceitos pelo DGM [Direção de Migrações]. Seria oportuno para a presidente da República aprender a lição e impedir que pessoas obtenham favores ilícitos de entidades públicas, a partir de agora. A menos, é claro, que ele concorde em receber, em troca, apoio político ou econômico”, provocou o jornal.

 

Redação

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