Sérgio Moro, perdeu, playboy!, por Luis Nassif

Até que ponto, na era da informação, uma decisão ilegítima tem condições políticas de se perpetuar?

Nos últimos meses começou um questionamento maior dos métodos da Lava Jato. Mesmo pelo filtro parcial, tosco, manipulador da mídia, ficou claro, para os leitores mais antenados, a diferença entre acusações meramente declaratórias e a apresentação de provas concretas.

Até em manifestações do Ministério Público Federal já há a admissão do óbvio: o delator fala o que o procurador ou juiz quer ouvir; por isso a delação só poderá ter valor se acompanhada de provas. Simples assim.

Em outros tempos, grandes injustiças históricas levavam anos, até décadas, para serem reparadas. As notícias caminhavam lentamente, a única alternativa às blindagens do sistema eram livros de baixa circulação, depoimentos pessoais, panfletos e jornais menores, que não influíam nos grandes circuitos de informação.

Hoje em dia, o jogo é outro. As mídias sociais vieram para ficar.

O mercado de opinião é constituído por um primeiro círculo, dos formuladores de opinião. Depois, um segundo circuito, dos disseminadores, outros formadores. Daí transborda para o terceiro círculo, das chamadas celebridades, com capacidade de massificação da opinião.

Essa cadeia de disseminação de opinião era monopólio dos grupos de mídia. Hoje em dia, não mais. No primeiro círculo, há um número crescente de jornalistas experientes entrando na guerra das redes sociais. Depois, um segundo círculo de blogueiros, comunicadores sociais, amplificando a opinião. Finalmente, o círculo das celebridades, cada qual com seu perfil no Twitter e no Facebook, cortando definitivamente o cordão umbilical em relação aos grupos de mídia.

Existe a disputa polarizada ideológica. E um  campo de mediação cada vez maior, composto por essas celebridades e subcelebridades, ocupando um espaço que, em tempos mais democráticos, a própria mídia tratava de suprir, com uma diversidade maior de opinião.

E, nesse círculo, não há a menor dúvida sobre a manipulação do julgamento de Lula.

Como esconder debaixo do tapete esse lixo jurídico, se o cantor com 3 milhões de seguidores, o ator com 5 milhões, divulga o contraponto? A presença do roqueiro ultra-direita e congêneres não compromete o meio campo. O meio campo é isso mesmo, a capacidade de captar tendências diversas e de compor uma massa crítica em favor de determinadas teses.

O tempo excessivamente longo, o uso excessivo de factoides, o trabalho pertinaz de um advogado detalhista, Cristiano Martins, desmontaram a arquitetura montada para a Lava Jato. Cada vez mais ficam nítidos os instrumentos de manipulação das sentenças, a diferença entre a delação induzida e a prova concreta.

Cada vez mais há vazamentos nos jornais, da parte de celebridades de diversos calibres, de colunistas de áreas diversas testando limites estreitos de opinião, desmascarando o jogo de cena dos tribunais de exceção da Lava Jato.

Em um país em que as absurdos são renovados diariamente, embora esperada, a sentença de Sérgio Moro é indecente, humilhante. Sua declaração inoportuna, de que não sentiu “satisfação pessoal” tem a mesma sinceridade de Jack, o Estripador, chorando em cima das vísceras da sua última vítima.

Mas o tempo dirá que você perdeu, playboy!

Luis Nassif

Luis Nassif

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  • Chama o Síndico
    Tim Maia, Tim Maia, Alô, Alô, W Brasil,
    A feira do Acari é um sucesso,
    Tem de tudo é um Mistério...
    Essa sentença é a piada do século.

  • Chama o Síndico
    Tim Maia, Tim Maia, Alô, Alô, W Brasil,
    A feira do Acari é um sucesso,
    Tem de tudo é um Mistério...
    Essa sentença é a piada do século.

  • Não tinha saída

    Moro não tinha saída, a única coisa que podia fazer era condenar Lula Sua perseguição a Lula tornou o juizeco Moro "herói", o "paladino" da burguesa, foi ungido pela Mídia Globo, ganhou notoriedade como nenhum juiz, era festejado pelo JN, Globo News, Estadão, Folha, e outros... Como sair dessa sinuca de bico? Inocentar Lula e dar um atestado de honestidade? Inocentar e perder a fama, ser execrado pela mídia? De jeito nenhum! A saída era condenar e não prender (não tem, desculpem-me, culhões para isso), assim agora joga o abacaxi para a 2a. Instância que, e eu acredito, ira inocentar Lula se seguir o "padrão" Vaccari, e então como Pôncios Pilatos lava a jato as suas mãos.

    • João, concordo com quase

      João, concordo com quase tudo. Só na parte da segunda instância poder inocentar o Lula é que discordo. Vai ser uma espécie de carta na manga. Caso chegue junho e apesar do massacre Lula se mantenha com chances reais de ganhar a eleição, eles vão condená-lo nem que seja pra ele entrar na ficha limpa e não disputar as eleições. O objetivo é esse = Lula não pode disputar, pois se disputar ganha e aí os que mandam nesse país não vão pensar duas vezes em apelar até pra eliminação física de Lula - mesmo que isso possa custar uma convulsão social que nos leve a uma guerra civil. 

       

       

    • Penso assim também. Esperar

      Penso assim também. Esperar que outra sentença? Que outra atitude? Anos construindo uma tese, elabarando uma narrativa na qual se é o herói que se imagina ser - e se é instado a imaginar! - e, de repente, nada se comprova da tese. Ora, às favas com esse detalhe!

      Que se esperava? A humildade em reconhecer o óbvio e assumir o erro da própria crença - está mais para crendice -? Não, não. Não dá para esperar equilibrio onde só há prepotência, nem lucidez onde só existe arrogância. Até há momentos capitais em que surge a bravura do fundo de um covarde, mas é impossível qualquer ato de mínima grandeza d'uma alma tão pequena.

       

    • Moro

      Moro...num país tropical...

      Só na república da CLOACA (PHA) um juiz dessa estirpe viceja. Plasil no filtro de água da casa...por favor.

       

  • Seres humanos deste naipe,

    Seres humanos deste naipe, capazes de atitudes flagrantemente acintosas e arrogantes, carregado de ódio indisfarçável e escancarado, não costumam terminar seus dias em paz. 

    A história é plena de exemplos, quem viver, verá.

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