Categories: Meio Ambiente

SP desiste de limpeza do rio Pinheiros

Por Sanzio

O conhecimento custa caro e leva tempo. Mais precisamente, R$ 160 milhões e 10 anos, respectivamente.

Da Folha de S.Paulo

‘Ganhamos conhecimento’, diz secretário

O secretário José Aníbal (Energia) diz que o montante investido na flotação “não se perde”, pois “se acumulou muito conhecimento”. O Estado investiu R$ 80 milhões, recurso da venda de energia da usina Henry Borden -a outra metade saiu da Petrobras.

“Não vou continuar pondo dinheiro em experimento. Tem que ter um grau de certeza [de que funciona].”

Ele diz que, quando assumiu o cargo, em janeiro, o cancelamento da flotação já estava em curso. A responsável em 2010 era a então secretária Dilma Pena, que não quis dar entrevista à Folha.

Agora, o governo estadual quer reforçar o tratamento do esgoto despejado no rio Pinheiros (para evitar a chegada de poluição) e substituir o processo de flotação (para limpar o que já está sujo).

O secretário receberá sugestões de soluções até o dia 25 de outubro. Entre os planos já apresentados está a construção de uma estação de tratamento perto do Cebolão, de R$ 1 bilhão.

Secretário de Energia em 2001, Mauro Arce não quis falar. Ricardo Tripoli, titular do Meio Ambiente à época, não pôde atender à Folha ontem à noite. A Petrobras não respondeu à reportagem.

Da Folha de S.Paulo

Após 10 anos e R$ 160 mi, SP desiste de plano de limpeza do rio Pinheiros

 Após dez anos de investimentos públicos que chegaram a R$ 160 milhões, o governo paulista desistiu do plano de limpar o rio Pinheiros pelo método de flotação.

A ideia era levar parte da água despoluída para a represa Billings, o maior reservatório da Grande São Paulo.

O sistema encampado em 2001 pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) consiste em reunir a sujeira em flocos na superfície da água para posterior remoção. No Pinheiros, o método se mostrou ineficiente e caro.

Mantê-lo exigiria novos investimentos sem certeza de êxito, diz o governo paulista.

A aposta de 2001 foi inédita: nunca havia se tentado limpar água via flotação num rio do porte do Pinheiros, com 25 km. A tecnologia é usada em lagos e mineração.

No lançamento do plano, especialistas já alertavam para o risco de fracasso. “A flotação foi um erro. A poluição do Pinheiros é de esgoto doméstico. O conceito [de flotação] era deixar o cocô e o xixi viajar pelo rio, causar um monte de doenças, para depois coletar os resíduos. Tem que tratar o esgoto”, diz Ildo Sauer, professor da USP, crítico do plano desde 2001.

O governo manteve a defesa firme do método nesses quase dez anos. Classificava-o de “simples e inovador”. Agora, buscará alternativas. Propostas serão recebidas até o fim de outubro, diz o secretário de Energia, José Aníbal.

INEFICIÊNCIA

O Ministério Público soube da desistência em maio. Em um acordo na Justiça em 2007, o Estado aceitou testar a flotação em um trecho menor do Pinheiros e submetê-lo à Promotoria.

A execução no rio todo, projeto de R$ 350 milhões, ficou condicionada ao aval dos promotores.

Os últimos testes, concluídos em 2010, mostraram que a flotação não barrava o nitrogênio amoniacal, um indicador de esgoto na água, e gerava grande volume de lodo.

Na ocasião, o governo disse que trabalhava para a flotação ser mais eficaz. Um canal foi construído para mais testes, mas nunca foi usado.

Dos R$ 160 milhões, metade saiu da Petrobras e a outra parte do Estado. A estatal federal bancou o início do projeto e o deixou em 2007, ao saber de novos gastos.

O Estado terá que custear ainda a retirada dos aparelhos da flotação do rio Pinheiros e o transporte do lodo.

Luis Nassif

Luis Nassif

Recent Posts

Jornalismo metonímico dá munição às fake news de olho no impeachment, por Wilson Ferreira

uma estratégia ampla de contrainformação com dois objetivos: tirar o protagonismo de Lula e espalhar…

46 minutos ago

Efeitos da redução da Taxa Selic aprovada pelo Copom, por José Dutra Vieira Sobrinho

Com Selic de 8,5% a TR seria zero e nenhum mutuário do SFH que tivesse…

2 horas ago

Tapeando o sombreiro, por Daniel Afonso da Silva

Somos todos gaúchos. E vamos juntos superar mais essa. Um pouco da linda arte gaúcha.…

2 horas ago

Há brutalidade e delicadeza na Amazônia, por Augusto Rocha

Até onde vai a adaptabilidade da região Amazônica à brutalidade da mudança climática? Qual será…

2 horas ago

Rio Grande e o grande desafio da reconstrução da democracia, por Luís Nassif

É preciso devolver ao país o sonho do pacto nacional de reconstrução, sabendo que uma…

3 horas ago

Novo aumento do Guaíba pode superar pico anterior, prevê hidrologia

Nível já está em repique, aumentou 10 centímetros neste domingo, e chuva intensa com ventos…

17 horas ago