Quando entrei no programa de estágio do jornal O Globo, em 1987, ouvi comentários sobre ex-estagiária, que acabara de ingressar no telejornalismo. Era Fátima, mas conhecida com o jocoso e preconceituoso apelido de “musa do Méier” – ampliando negativamente o fato de ser mulher e da “Zona Norte”.
Nunca a conheci pessoalmente. Mas lembro-me da tempestade que arrasou o Rio, em fevereiro de 1988. Eu, já repórter de O Globo; Fátima, repórter da TV Globo. Ela estava na Praça da Bandeira – um dos centros da tragédia – transmitindo ao vivo pro telejornal local. A tempestade aumenta, começa o Jornal Nacional, e decidem colocar aquela novata no ar, em rede nacional. Só quem era jornalista naquela época – de tecnologia incipiente – sabe o medo que dava. Fátima foi perfeita. Naquele dia, ela calou a boca de todos que a chamavam de “musa do Méier”. Ela foi mais longe do que todos nós.
Hoje, quando anunciam sua possível saída da bancada do telejornal mais visto do país, insistem em associar seu nome apenas ao editor e marido.
Eu prefiro exaltar a mulher que venceu preconceitos; a jornalista que soube enfrentar as adversidades e que estava no local certo, na hora certa. Fátima Bernardes construiu uma história, que querem diminuir. Para o bem ou para o mal, a “musa do Méier” virou a musa do Brasil.
Da Folha.com
PUBLICIDADE
DE SÃO PAULO
A jornalista Fátima Bernardes (17.9.1962 – Rio de Janeiro, RJ) começou sua carreira profissional em 1983 como repórter do jornal carioca “O Globo”.
Em fevereiro de 1987 ingressou na Rede Globo de Televisão após ser aprovada em um curso de telejornalismo da emissora. Meses depois passou também a apresentar o extinto “RJTV 3ª Edição”.
Em maio de 1989, assumiu a apresentação do “Jornal da Globo”, ao lado do jornalista Eliakin Araújo, e em julho do mesmo ano passou a apresentar o telediário em dupla com William Bonner, hoje seu marido.
Zé Paulo Cardeal/TV Globo | ||
William Bonner e Fátima Bernardes, apresentadores do “Jornal Nacional” da TV Globo |
Em 1993, começou a apresentar a revista eletrônica “Fantástico”, ao lado de Celso Freitas e Sandra Annemberg.
Em abril de 1996, assumiu a apresentação e edição do “Jornal Hoje”, voltando ao “Fantástico” em 1997 –sua dupla à época era Pedro Bial.
Em 1997, deu à luz os trigêmeos Vinícius, Laura e Beatriz, e pouco tempo depois, em 1998, se tornou âncora do “Jornal Nacional”, o principal telejornal da emissora, ao lado de Bonner, cargo que ocupa até hoje.
Neste cargo, destacou-se por ser a enviada especial da Rede Globo por diversas vezes para a Copa do Mundo de Futebol.
“JN”
O “Jornal Nacional” entrou no ar em 1969 com Hilton Gomes e Cid Moreira. Em 1972, Sérgio Chapelin passou a dividir a bancada com Moreira. A dupla comandou o programa durante 11 anos.
Em 1983, Celso Freitas substituiu Chapelin e formou dupla com Cid Moreira por seis anos. Em 1989, Chapelin, que havia ido para o SBT, volta ao “JN”. Em 1996, William Bonner e Lillian Witte Fibe assumem a bancada.
Veja abaixo a abertura do “Jornal Nacional” no segundo dia de Fátima Bernardes na bancada:
O chamado ativismo judicial provoca rusgas institucionais desde o tempo do mensalão, antecedendo os ataques…
Denúncias de alienação descredibilizam acusações de violência contra menores e podem expor a criança aos…
Os dois conversaram sobre o combate à desigualdade e à fome. Para Dilma, o papa…
Os pesquisadores constataram que pessoas que sofrem de hipertensão sofrem ainda mais riscos, especialmente as…
Caso ganhou repercussão no interior de SP; jovem faleceu após ser baleado na região do…
É papel do Banco Central administrar as expectativas de mercado, mas o que o presidente…