Por Luiza
Pra mim, o que Miriam L. diz não vem ao caso. Todos sabemos quem ela representa.
Miriam Leitão é um exemplo acabado do que vem a ser um comportamento alicerçado na “negação”. Li vários artigos ao longo desses anos que mencionavam que muitos militantes presos que sofreram violência na época da ditadura radicalizaram seus sentimentos e valores colhendo como consequência, dentro desse processo, uma inversão quase por completa do seu sistema de crenças que terminou no que eles chamaram de “negação”.
Alegam que esses militantes perderam-se pelo caminho porque o fundamento de uma militância consicente e legítima, seja qual for a causa – repousa na convicção, na ideologia, que essencialmente é um valor pessoal ou crença, que não se subordina nem mesmo ao êxito da empreitada, porque é um valor íntimo incondicional, da qual a “militância” é só o meio pelo qual essa crença ou ideologia se exterioriza.
Porém, quando o fundamento dessa militância apresenta distorções e fragilidades, não raro o que ocorre é um deslocamento do foco para o plano do reconhecimento pessoal ou percepção de recompensa pela prática da militãncia não satisfeitos ou, então, decepção do êxito não cumprido ou experiências doloridas emocionais durante o percurso capazes, individualmente ou todas juntas, de colocar todo o sistema de crenças e convicções sob ataque, em xeque, que termina sucumbindo às frustações e traumas com o poder de inverter valores, impor negação, revanchismo, ódio, na tentativa inconsciente de amenizar um sentimento não aceito consubstanciado no fracasso.
Convicção, ideologia é ou nao é – existe ou é um valor travestido que se trai quando colocado à prova, cujo produto será o de afirmar o oposto do que se disse antes ou agir levantando-se contra todos e tudo o que representa, no conjunto, aquilo que se quer negar, seja por fuga desenfreada dos seus próprios fantasmas ou como resultado tão somente da sua própria natureza humana deformada e distorcida de si próprio ou da visão que tem do seu semelhante.
Na visão “unipower” desse tipo de pessoa, inexiste espaço público, direitos coletivos ou personalíssimos; aliás, apoiar o interese privado sobre a coletividade é um comportamento sintomático compatível com a vingança daquele que pretendeu o reconhecimento desse “coletivo” mas que não veio. Acredito que a violência que a Míriam sofreu, e que só há muito pouco tempo ela revelou e onde nem mesmo a família e os amigos dela disseram ter conhecimento, seja o bastidor de uma “guerra interior” ainda sem solução prá ela. Há uma incoerência que salta aos olhos.. Na sua negação ela rivaliza com a ideologia progressista ou de esquerda que prioriza o interesses coletivos, principalmente o dos menos favorecidos; ela rivaliza principalmente com a Dilma que não se perdeu pelo caminho e ainda acabou tornando-se Presidente do Brasil, e, quanto à isso, não sei se por intolerância ou afronta direta à questões que desenterram defuntos do passado, Míriam não esconde uma revolta ou revanchismo quando refere-se à Dilma, ex-militante como ela e primeira mandatária do país. Duas mulheres com caminhos muito distintos. Míriam é amarga.
Por ironia, ela acabou tornando-se instrumento, fiel escudeira, daqueles que um dia ela mesma combateu as idéias – a Rede Globo, que nao só apoiou a ditadura mas que, desde aqueles dias tenebrosos, continua sendo a maior oposição contra o Brasil e sua gente.
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Agora entendo porque o
Agora entendo porque o malfadado FHC tem tanta raiva do LULA.
Não passa de inveja incontrolável por o LULA ser o que ele NUNCA vai ser.
Clap, clap, clap
Clap, clap, clap
uma pergunta: que influência tem a Míriam Leitão?
Se ela sai do Sistema GLOBO quem vai buscar as opiniões desta Senhora?
romério
Não só ela, todos os
Não só ela, todos os trotskisdas tupiniquis, incluindo Dilma, se tornaram tão conservadores quanto seus algozes.
Tire Dilma desse balaio
Compará-la com Arnaldo Jabor ou Miriam Leitão é ofensivo.
Ambos um dia foram trotskistas, lutaram pelo povo, mas depois mudaram de lado. Dilma nunca traiu o interesse do povo ou lutou contra o Brasil.
dois nomes
Levy & Cardoso. Dá para explicar?
E em tempo Carlos Lacerda também foi militante do PCB e se bandeou para a UDN
Nenhum dos três foi
Nenhum dos três foi trotskista. Dilma era marxista-leninista (Polop e Var-Palmares), bem como Miriam Leitão (PCdo B). Jabor era reformista, da área de influência do PCB.
Entendo pouco dessas
Entendo pouco dessas classificações, Jair.
Lembro-me de um artigo do Jabor, quando ainda escrevia na Folha, dizendo que, quando jovem, foi trotskista.
Enfim, não há nada pior que "comunista" arrependido.
Conta outra
Quá-quá-ra-quá-quá.
José Serra era trotskista? Aloyzio Nunes era trotskista? Alberto Goldman era trotskista? Roberto Freire era trotskista?
Informe-se melhor, sujeito.
Clap, clap, clap...
Excelente texto.
Lembro que
Excelente texto.
Lembro que quando essa tal de Mirian revelou a violência sofrida na ditadura alguém, em algum blog ou site, talvez aqui mesmo comentou se o fato de ela ter ido trabalhar na globo não seria "síndrome de Estolcomo".
Talvez seja alguma variação da síndrome.
Síndrome do Jardim Botânico
Síndrome do Jardim Botânico
Parabéns pelo texto,
Parabéns pelo texto, conseguiu sintetizar um fenômeno que tem arrasatado muitos ex-combatentes para um plano acinzentado e frio, mas com uma virulência muito amarga e triste.
uau
Colocou a Mirian na exata posição de ser humano no intimo (privado) porem como manifestação ideologica do que suas convicções representam para o espaçõ publico. Uma Sra. frustada em seus planos de vida, sem estofo nas suas convicções intimas. Parabens, colocou luz onde existia escuridão.
Aplausos. De pé
Pois é, em outubro de 2012, fui com amigos ao TUCA, na entrega do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Além da entrega dos prêmios, lançamento de dois livros: Amazônia em questão, do Lúcio Flávio Pinto, e As duas guerras de Vlado Herzog, do mestre Audálio Dantas. Noite de gala e festa. No palco, Míriam Leitão recebendo o prêmio pela reportagem “O Caso Rubens Paiva: Uma história inacabada”, ao lado do Marcelo Rubens Paiva e, acho, a irmã. Um desavisado que ouvisse o discurso da Míriam naquela noite julgaria tratar-se da mais aguerrida militante de esquerda, no passado e no presente. Quem a conhecia, teria certeza de estar diante um caso clássico de dupla personalidade. Fiquei matutando como era possível uma pessoa sair daquele evento e depois perpetrar as barbaridades do cotidiano. A mesma incoerência citada pela autora também me saltou aos olhos. A impressão que passa é que ela tenta exorcizar tudo isso e não consegue. Infelizmente, vai terminar seus dias na amargura.
Você que já viu os dois lados
Você que já viu os dois lados da Mirian, também viu o conflito que ela deve carregar dentro dela.
Neurose de guerra (fria)
Excelente.
O papel desses exesqerdistas é central na disputa ideológica por que eles servem pra "legitimar" uma visão de que os que permanecem no campo da esquerda são assim ou assado, afinal, isso é dito por quem "já esteve lá do outro lado".
E daí seguem as projeções do que eles próprios eram "antes da conversão" sobre os que não se converteram... Ou seja, ninguém presta.
A "tioria" do sinistro "projeto de poder", por exemplo, vem daí.
Mas a MIriam Leitão sai com umas mais engraçadas, até.
Por exemplo, pra ela, em 1999, os meios de comunicação, internet, etc. usados pelos manifestantes na cúpulla da OMC eram criações "da globalização"; não eram invenções feitas por gente, não, caracterizando uma "contradição" ou até mesmo um "erro"(como ela gosta de atribuir a todo mundo) por parte dos manifestantes.
Caso sui generis de "estruturalismo liberal", hahaha.
São aqueles que um dia acharam, por exemplo - e sei lá eu mediante quais "leituras" - que o dinheiro, por ser impresso por um estado "capitalista" deveria ser recusado pelos "verdadeiros" "socialistas", caso contrario se tornariam "traidores de classe"....
"A César o que é de Cesar", hahaha.