O movimento da grande imprensa para a queda de Dilma

Jornal GGN – “A presidente abusou do direito de errar”, publicou o editorial da Folha deste domingo (13). “Infinita capacidade de errar” foi a “coincidente” temática da coluna de Eliane Cantanhêde dois dias antes. Enquanto a colunista do Estadão preferiu ser direta na chamada, mas lançou alusões para endossar o coro da queda da presidente, a Folha não traçou outras opções, senão a saída de Dilma na presidência do país.
“Acuada e impotente, a área econômica registra o golpe dentro dos gabinetes”, disse Eliane. À opinião, a jornalista somou dados como a contabilização de que a Câmara tinha, na última sexta (11), 280 dos 347 votos necessários para afastar a presidente. “Dilma parece empurrar seu governo ladeira abaixo, esforçando-se ao máximo para errar”, completou.
Que a presidente Dilma teria errado foi menção mais repetida no editorial da Folha, mas com argumentos mais genéricos que o outro diário. “Em menos de dez meses de segundo mandato, [Dilma] perdeu a credibilidade e esgotou as reservas de paciência que a sociedade lhe tinha a conferir” e sugere, abstratamente, cortes como na “saúde”, na “educação” e em “benefícios perdulários da Previdência”.
Nos pontos de falhas econômicas, Cantanhêde cita “Orçamento de 2016 com rombo de bilhões de reais, o balão de ensaio da CPMF, a tentativa de subir o IPI, o IOF e a Cide via decreto, Levy admitindo mexer no Imposto de Renda”. Ainda neste argumento, a colunista preferiu sugerir apenas que a presidente poderá “até enxugar o Minha Casa, Minha Vida”, que segundo Eliane, “é o que restou do maravilhoso mundo das campanhas e vem justificando as viagens dela pelo País”.
Em “crise política”, a Folha contraditoriamente admite o status de “provocação e chantagem” do Congresso atual, e aos parlamentares também se dirige: “deputados e senadores não podem se eximir de suas responsabilidades, muito menos imaginar que serão preservados caso o país sucumba”. Depois de brevemente traçar o cenário de gestão a que Dilma enfrenta, o jornal avisa que, “embora drásticas, tais medidas serão insuficientes para tapar o rombo orçamentário cavado pela inépcia presidencial”.
Sobre as reações da população, os dois jornais também se assemelham. “Serão imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade a iniciativas desse tipo”, redunda o editorial deste domingo. A colunista do Estadão enfatizou: “políticos, empresários, estudantes, donas de casa, profissionais liberais e todo o resto tendo ataques de perplexidade ou de cólera”.
Para finalizar, Cantanhêde usa uma definição, segundo ela “perfeita”, do deputado Eduardo Cunha para a presidente Dilma. “É o Maquiavel às avessas”, teria dito o presidente da Câmara, que Cantanhêde explica: “Maquiavel ensinava que o mal se faz de uma vez e o bem, a conta-gotas. Dilma faz o mal a conta-gotas e o País continua aguardando para saber qual o bem que ela é capaz de fazer. Inclusive, ou principalmente, a ela própria”, escreveu em referência à renúncia, sem, contudo, mencioná-la.
A Folha deste domingo já determina a sua queda, se Dilma não mudar o cenário da crise. “[O país] não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa”, finaliza o jornal.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  • A imprensa erra o tempo todo

    A imprensa erra o tempo todo (atacando petistas inocentes, protegendo criminosos tucanos, enviando dinheiro sujo para o bando dos mafiosos na Suiça, etc...) e ninguém sequer cogita derrubar os donos das empresas de comunicação. Não seria melhor derrubar os "barões da mídia" à derrubar Dilma Rousseff?  

  • Pelamordedeus!, a mídia fez

    Pelamordedeus!, a mídia fez  como os piratas apontavam e disparavam o canhão contra o próprios casco antes de abordar a presa para que não houvesse outra alternativa a não ser vencer. Está na hora de começar a meter bandido na cadeia assim como a Venezuela fez com o golpistão mór daquelas plagas. A guerra está declarada, ou não está?

  • "Por coincidência", Serra deu

    "Por coincidência", Serra deu entrevista à Band, dizendo que, para Dilma, só resta renunciar... Aliás, o coro da grande mídia é quase todo uníssono.

  • O que querem é a renúncia!

    É claro, o que a imprensa e os golpistas de ocasião querem é a renùncia, pois renunciando Dilma assume a culpa da crise e além de tudo assume a culpa do que poderia acontecer após a renúncia.

    Qualquer sussuro no Planalto vira uma crise, mesmo pensamentos não expressos em palavras mas sim psicografados pela imprensa viram fatos relevantes. Magnificam a crise ao máximo para que se numa situação de golpe vitorioso tirando os holofotes sobre os erros futuros vai parecer que algo melhorou.

    O pior que muito apoiadores do governo estão caindo nesta esparrela e acuados, como cães sarnentos, reforçam os factoides fazendo estes virarem fatos.

    • Doutrina Ricupero

      Pois é, a mesma voz que denuncia, indiretamente promove...

      Mas, as vezes é o preço que se paga. É preciso dosar, mais sem perder a qualidade jornalistica, a credibilidade.

      É por isso que a grande midia omite e esconde fatos que não lhe interessam em detrimento de praticar jornalismo.

      Não podemos exigir o mesmo comportamento do Nassif.

       

  • Imagine se a presidenta fosse a Marina Silva

    Já estava no chão.

    Com Dilma é bem diferente para essa ditadura civil de 1964 que se mantém de pé, dentro desse lixo cheio de ratos da grande mídia.

    Vamos ver eles tentarem dar um golpe, com apoio da CIA americana, e se darem muito mal.

    Vão parar na cadeia todos eles.

  • VAI PRA CIMA DELES TAMBÉM

    VAI PRA CIMA DELES TAMBÉM DILMA,A PRESIDENTE(A)

    MAIS HONESTA Q O BRASIL JÁ TEVE,QUEM NÃO DEVE

    NÃO TEMER(OPS!QUER DIZER TEME)

    PAÍS A LIMPO JÁAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!

  • Não é de hoje que a imprensa

    Não é de hoje que a imprensa vem trabalhando neste Golpe Paraguaio, começou fazendo a cabeça dos leitores de manchetes, aqueles que têm uma esponja de pia no lugar do cérebro, e foi instilando o fel por corações e mentes contra o PT, Lula e Dilma. Nada, absolutamente nada que a Dilma fizer vai agradar a verdadeira oposição, isto é, a imprensa. Não conseguiram dar o GP contra o Lula, agora já estão contando apostando como favas contadas a saída da Dilma. Contam que a Dilma, uma pessoa honesta, será arrancada do Poder por um Congresso corrupto. Falta combinar com os russos.

  • Me pergunto se desejam a

    Me pergunto se desejam a renúncia ou que ela dê também um tiro no próprio peito.

    Das duas uma:

    - Ou um golpe será definitivamente dado. Se será bem sucedido ou não, é uma incógnita.

    - Ou veremos esse clima de crise por mais 3 anos e meio, clima este que está desgastando e dividindo profundamente o país. Creio que levaremos décadas para superar esta crise cujo pontapé inicial foi o inconformismo de Aécio, que até hoje não aceitou o revés eleitoral.

    Estou achando interessante o posicionamento deste blog, dando corda para este clima de golpe.

    Será que o dono já considera Dilma um caso perdido?

    Devo confessar que esse governo está indefensável. A única motivação de se rechaçar o golpe é a democracia e, mais do que tudo, a volta dos que a mais de 500 anos fizeram e ainda fazem a miséria do país.

     

    • Sim, a esta altura do

      Sim, a esta altura do campeonato em primeiro lugar está a defesa das instituições, caso contrário nunca deixaremos de ser uma enorme república de bananas. Aliás, os golpistas/entreguistas querem exatamente isto porque obterão vantagens. O país? A Nação? Que se lasquem!, não é? Afinal, todos os brasileiros são iguais, mas uns são mais iguais que outros...

    • "Creio que levaremos décadas

      "Creio que levaremos décadas para superar esta crise cujo pontapé inicial foi o inconformismo de Aécio, que até hoje não aceitou o revés eleitoral."

      Tudo isto poderia ter sido evitado se o Já Not tivesse um pouco mais de coragem ou, menos má fé.

      O Youssef já entregou o playboy do Leblon duas vezes, sem contar os deputados mineiros que entregaram em mãos ao Já Not provas dos crimes cometidos pelo referido em Minas.

      Denúncias de revistas sem nenhuma credibilidade servem para abrir investigações contra petistas enquanto provas cabais de nada adiantam contra tucanos.

       

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