Ao lançar seu quinto CD, depois de duas décadas de carreira, o grupo vocal carioca Arranco de Varsóvia continua sua trajetória plena de sagacidade vocal e com um repertório pronto para surpreender os seus ouvintes mais uma vez.
Na Panela Pra Dançar (Mills Records) traz o samba para a berlinda: das dez faixas do álbum, nove são do gênero – uma é um choro, o que torna nítida a carioquice dos arranjos vocais e instrumentais criados por Paulo Malaguti Pauleira, ele que, ao lado de Cacala Carvalho, Andréa Dutra e Elisa Queirós, integra o Arranco.
Impressiona a capacidade que tem essa formação vocal para timbrar, desde os acordes perfeito maior até os mais dissonantes. Graças à afinação, acrescida de um suingue Zona Sul carioca encorpado pela vivência ao lado dos sambistas de todo o Rio de Janeiro, o samba come solto. Flui que é uma beleza.
Ouvir o disco revela estarmos diante de um trabalho impregnado de autêntica sabedoria, revelada com tamanha integridade, com tamanho vigor de propósitos, que emociona. O Arranco transpira música. Feito amadores (aqueles que amam o que praticam), nos fazem sentir ter diante dos ouvidos um som que realça a verdade musical de seus quatro vocalistas.
Tendo Paulo Malaguti como diretor musical, pianista e vocalista, o trio feminino mescla suas vozes à dele e mostra que o vocal continua firmemente presente em suas vidas, como um vício que deles se apoderou e do qual dificilmente dele se livra quem por ele se deixou envenenar.
O repertório é coisa fina. Tem samba de todo tipo e formosura. Um exaltação abre o CD: “Apogeu e Glória do Arranco de Varsóvia” (Danilo Caymmi e Claudio Nucci), cujo arranjo instrumental dá protagonismo à guitarra e tem na percussão o suingue maior. O vocal tem a força da expressão do quarteto elevado a muita potência.
O samba que dá título ao disco, “Na Panela Pra Dançar” (Paulo Malaguti Pauleira e Valmir Vignolli), tem o sabor dos grandes achados do gênero. Sua melodia, adequada (destaque para o violão requinto) a versos plenos de sabedoria popular, permite ao Arranco um novo bom momento vocal.
Mas talvez o de maior emoção seja quando cantam “Malandro Também Chora”, belíssimo samba de Mauro Duarte. Em tom menor, a linha melódica criada por Duarte ganha contornos de grandeza na harmonia das vozes do Arranco. Mais uma vez a percussão é o destaque.
“Desarvorada ô” (Malaguti) também tem a verve dos bons sambistas. Malaguti sola o início apenas com o toque do seu piano. A guitarra e o baixo fretless arrepiam, enquanto as vozes femininas colaboram para a fluência dos vocais.
“Um Choro” (Sérgio Santos), com sua levada característica, apoiada por flauta, piano e sete cordas, dá uma descansada da intensa percussão dos sambas.
Enfim, um bom trabalho feito por profissionais amadores da sua arte. Ao despejarem suas crenças no ofício que abraçaram, criam o clima para que quem os ouve sinta cada vez mais admiração pelo seu trabalho.
Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4
Relator libera processo para julgamento de recursos movidos por PT e PL em plenário; cabe…
Diante disso, quando respiramos fundo, notamos que a escola seria uma inovação. Diria, quase até…
Coach precisava ter passado informações básicas à base com 3h de antecedência; base militar tem…
Prognósticos mostram que perda pode chegar a 10 mil toneladas; cheia começa a se deslocar…
Com o cofundador do site O Joio e o Trigo, João Peres; a pesquisadora da…
Decisão do Superior Tribunal de Justiça segue STF e beneficia ex-governador Ricardo Coutinho, entre outros…