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A CHEGADA DE SINHÁ PUREZA (Uma história verídica de Réveillon)
Lembro-me de uma ocasião em que os moradores da vila em que minha tia-avó morava resolveram fazer um Réveillon. Foi quando vi o Dr. Valadão, um advogado sério, calado, metido a intelectual, se transformar completamente. O homem, que tinha fama de reserva moral, emburacou na sidra de macieira de terceiro escalão e perdeu as estribeiras. É justo dizer que a esposa do esnobe, prenunciando a catástrofe, fez vários alertas no estilo: “Valadão, você não está acostumado.”
Pois houve finalmente um momento em que o homem pirou. Aos primeiros acorde de ‘Sinhá Pureza’, um carimbó de Pinduca que fez um sucesso estrondoso nos anos setenta (“vou ensinar a Sinhá Pureza, a dançar o meu sirimbó / Sirimbó que remexe, mexe/ sirimbó da minha vovó”), Sua Excelência deu um grito, jogou a sidra para o alto e começou a tirar a roupa.
Enquanto ameaçava ficar pelado, o homem gritava algo como “eu sou a Sinhá Pureza; nesse ano que está começando, eu só quero ser chamado assim”. Incontrolável, o doutor só acabou contido pela entidade de uma vizinha. Apesar de católica (apostólica romana, como gostava de frisar) e detestar macumba, a dona invariavelmente recebia um caboclo na noite de Réveillon que urrava e saía dando consultas, passes com baforadas de charuto e esporro em todo mundo. O caboclo enquadrou o doutor Valadão.
A festa passou e o distinto voltou a vestir a carranca de advogado sério e impenetrável, além de ameaçar meter um processo em todo mundo que o chamasse pelo mimoso apelido de Sinhá. Ameaçou também processar a fábrica da sidra de macieira, mas desistiu. Seis meses depois daquele Réveillon, Sinhá Pureza mudou-se de mala e cuia com a família para destino ignorado. Ninguém mais soube dele.
(l.a.s)
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