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A verdade sobre Atibaia é dita numa mesa de bar

A verdade sobre Atibaia dita numa mesa de bar

Quer saber como é andar por Atibaia depois de ter vivido nela por mais de 10 anos? Senta aí na cadeira que eu te conto; a breja é por sua conta, pois como eu disse, ando em Atibaia, não dirijo por ela. Não nado em dinheiro.

Skol? Ah, então você também não tá nadando em grana. Skol serve. É o seguinte, velhinho, lembra-se do tempo da escola? Quando você conhecia a maioria dos alunos que andavam pelos corredores e nos pátios, onde cada uma delas tinha sua colocação numa escala de popularidade? Alguns se escondiam: nerds, estranhos, esquisitos, espinhudos (famosos “chokitos”), deficientes físicos, e problemáticos em sentidos diversos. Talvez você fosse um desses – brincadeira, cara. E tinha os outros que desfilavam pomposamente, vistosos, admirados, e temidos. Os “queridinhos” do colégio, alunos semi-deuses: atletas sem-cabeça, patricinhas de plástico, os feiosos com língua afiada e por sua vez carismáticos (um ótimo exemplo de adaptação natural pela sobrevivência).

Andar ao lado de um desses “queridinhos” significava uma arrancada monstruosa na sua popularidade. E pelo seu olhar você pertenceu a esse seleto grupo. Saudades, né? Então, Sr. Popular, a garrafa aqui tá vazia. Sou contador de histórias – por ora movido a Skol, símbolo irritante do fato de sermos medianos. Bom garoto, mais um gole e eu retorno, pera…

Certo, falei que enquanto uns se escondiam, outros eram notados e admirados. Era a engrenagem da popularidade que decidia como as coisas funcionariam na escola; em Atibaia “linda e altaneira” a situação não é diferente. De cima para baixo temos os populares (semi-deuses de um Monte Olimpo de papelão) a esbanjar dinheiro e ostentar sua fama, os rostos conhecidos, e pessoas normais que sonham em ascender na hierarquia da popularidade. De qualquer maneira, todos temem passar vergonha por conta de fofocas destrutivas sobre eles mesmos, emanam medo, borram nas calças. Tudo por conta de meras especulações medíocres. Popularidade, reputação; é ao redor disso que tudo gira. Aqui, parece que todos zelam (até demais) pela sua reputação. Saem, porém calculando seus atos e medindo as outras pessoas. Ninguém quer fazer acontecer, mas todos querem ver acontecer. Tem como relaxar com vários olhos a te observar? Olhos estremecidos e inseguros de pessoas frágeis demais para passarem de observadoras para atuadoras. Ou, chapa, enche o copo aí, vai. Enche esse também que é para viagem. Valeu. Tô de saída.

É o que eu disse: preocupam-se tanto com quem fica de olho nelas que deixam de se divertir; têm reputação a zelar, mesmo que esta seja ínfima. É uma pena. Enquanto essa cidade for pequena, ela será como o clássico reduto escolar. O ser humano cresce, perde as fraldas, depois pega uns diplomas, mas na essência ele continua o mesmo. Se isso não fosse verdade, eu não poderia ter dado essa volta toda para fazer a metáfora. É, eu sei, faz todo o sentido. Quando fiz essa associação na minha cabeça, sabia que precisava compartilhá-la. Faça sua parte, espalhe a ideia; faça esse favor a essa cidade.

Olha a hora! Tenho que ir, tenho um ônibus para pegar. Destino: São Paulo. Achou mesmo que eu ia passar uma noite de sexta em Atibaia? A conta é com você, paga aí. Abraços.

(Quando digo Atibaia, você pode substituí-la por qualquer outra cidade interiorana e pequena , a metáfora se encaixa para outros casos também. A questão é muito mais profunda, mas me atenho à parte mais simples.)

Redação

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