Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. Juca Kfouri no Roda Viva

    Pode-se discordar das opiniões do Juca Kfouri, mas não se pode ignorar suas críticas , não à Copa no Brasil, mas fazê-la com o tipo de cartolagem de futebol que todos conhecem. Ele lembrou bem, coisa que a mídia esconde, que junto com o governo federal, 12 governadores, entre eles Aécio e Serra,  foram para a Suiça lamber as botas da FIFA para conseguir fazer de seus estados sedes da Copa. E criticou Lula que poderia ter revolucionado estruturalmente o futebol brasileiro e deixou a oportunidade passar.

     

    Juca Kfouri no Roda Viva – 09/06/2014

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=4CKIyFNiBXI&feature=share%5D

  2. Stuart Angel teria sido enterrado na Base Aérea de Santa Cruz
    O Dia  Notícia  Rio – 09/06/2014

    Capitão reformado Álvaro de Oliveira Filho afirmou à Comissão Nacional da Verdade, em depoimento, o destino dado ao dirigente do MR-8

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    JULIANA DAL PIVA

    Rio – A Comissão Nacional da Verdade divulgou, na tarde desta segunda-feira, o depoimento do capitão reformado Álvaro de Oliveira Filho, anistiado político. Ele afirmou que o corpo do dirigente do MR-8 Stuart Angel teria sido enterrado junto à cabeceira da pista da base aérea de Santa Cruz. A CNV vai pedir escavações da área nas próximas semanas. Segundo Álvaro, ele teria ouvido a confissão de José do Nascimento Cabral. 

     

    Localizadas pela CEV-Rio, duas imagens datadas de 18 de outubro de 1971 mostram uma ossada que pode ser do militante do MR-8 Stuart AngelFoto:  Divulgação

    O capitão Lucio Barroso, ex-integrante do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) informou à Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio) que o torturador de Stuart Angel foi o mesmo de Rubens Paiva,  o sargento da Aeronáutica Abílio Correa de Souza, que já morreu. 

     

    O ex-integrante do Cisa contou ainda que os militantes eram levados para prisões na 3ª Zona Aérea no Aeroporto Santos Dumont — e não para a Base Aérea do Galeão, como sempre se cogitou.

    “O comando não se metia nestas coisas. Isto se dava entre os que trabalhavam ali, na informação. Quem buscou ele foi o Abílio”, afirmou Barroso, sobre a prisão do deputado. Ao falar do sequesto de Stuart, ele disse crer que “pode ter sido uma operação conjunta de várias forças”.

    Investigando o caso há um ano, a jornalista e assessora da CEV-Rio Denise Assis ainda encontrou, no arquivo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, um envelope com fotos de uma ossada descoberta na cabeceira do Aeroporto Santos Dumont em 18 de outubro de 1971. A prisão de Stuart ocorreu em 14 de maio do mesmo ano. A CEV-Rio acredita que as imagens possam ser dos restos mortais do líder do MR-8, mas aguarda o ICCE localizar o laudo feito após a retirada da ossada do aeroporto.

    Além das fotos, o envelope continha um telex assinado pelo perito de local da Polícia Civil Jacques Wygoda. Segundo a coordenadora da pesquisa do caso e membro da CEV-Rio, Nadine Borges, Wygoda participou de outras perícias de local relativas a supostos suícidios ocorridos no DOI-Codi.

    Até o momento, as informações existentes sobre o paradeiro de Stuart Angel baseavam-se na carta de denúncia feita pelo preso político Alex Polari de Alverga para a estilista Zuzu Angel, mãe do estudante. Ele contou ter presenciado a prisão e a tortura de Stuart no Grajaú, mas localizava a prisão de ambos na Base do Galeão.

    Conforme Alex, Stuart foi torturado por cerca de dois dias. Os militares teriam amarrado sua cabeça a um cano de descarga de um jipe e depois ele teria sido arrastado no pátio da base. Mais tarde, Alex e Maria Cristina Ferreira, também presa política, dizem ter ouvido gemidos de Stuart ainda com vida na madrugada. De manhã, o corpo inerte foi retirado da cela.

    Ele e Manoel Ferreira, outro preso político, apontam como torturadores do local, além do sargento Abílio, o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, comandante da 3ª Zona Aérea , o brigadeiro Carlos Affonso Dellamora, chefe do Cisa, o coronel Ferdinando Muniz de Farias e o capitão Lucio Barroso. De todos, apenas o último não morreu. Sobre Abílio, Alex dizia que seu codinome era Pascoal. No ano passado, o jornal ‘O Globo’ revelou que se tratava, na verdade, do sargento Abílio Correa de Souza.

    Para o presidente da CEV-Rio, Wadih Damous, as investigações trouxeram avanços importantes. “O depoimento do agente Lucio Barroso joga novas luzes no caso do desaparecimento de Stuart, já que apresenta a hipótese plausível de ele ter sido torturado e morto nas dependências da antiga 3ª Zona Aérea no Santos Dumont. Para lá também foi levado o deputado Rubens Paiva, analisou Damous.

    ‘Banho de mar na cabeceira da pista’

    Tanto a descoberta das fotos da ossada quanto o depoimento do capitão Lucio Barroso fizeram a Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio) voltar suas investigações para o Aeroporto Santos Dumont. No arquivo do Dops do Rio, foi localizado ainda um memorando do Cisa encaminhado pelo brigadeiro João Paulo Moreira Burnier e pelo tenente-coronel Ramiro de Oliveira Gama, chefe da Divisão de Informações de Segurança, à Secretaria de Segurança Pública da Guanabara.

    No documento, o capitão Lucio Barroso assina uma sindicância sobre a situação de quatro fuscas de presos políticos da organização MR-8, capturados em 7 de maio de 1971 — sete dias antes do sequestro de Stuart Angel, dirigente da organização. Os carros foram vistoriados no pátio do 3º QG, que fica na área militar do Santos Dumont. Além disso, Lucio Barroso assina o recibo de reboque dos carros junto à empresa Rio Reboques Ltda, em 2 de junho.

    Os carros eram usados por Zaqueu José Bento, Manoel Ferreira, José Roberto Gonçalves de Rezende e Amaro de Souza Braga. Todos do MR8, com exceção de Rezende, que era da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

    No depoimento à CEV-Rio, Barroso negou a existência de tortura e disse que levava os presos para tomar banho de mar junto às pedras na cabeceira da pista. Mesmo local onde a ossada foi encontrada meses depois.

    Barroso nega envolvimento na morte de Stuart

    Embora tenha confessado saber sobre o funcionamento do Cisa e as prisões de Stuart Angel e Rubens Paiva, Lucio Barroso negou envolvimento na prisão dos opositores políticos.

    Oficial graduado no exterior — ele fez o curso de Inteligência Militar na Escola das Américas no Panamá — acabou afastado de suas funções depois do desaparecimento do dirigente do MR-8.

    No depoimento, ele contou frustrado que foi transferido para a diretoria de Documentação. Além dele, devido às denúncias de Zuzu Angel, toda a cúpula da Aeronáutica foi afastada no início de 1972, inclusive o ministro da época, Marcio de Sousa e Mello.

     

     

  3. A copa do mundo, agora, é nossa

    Tijolaço

    A Copa do Mundo, agora, é nossa

    11 de junho de 2014 | 02:35 Autor: Fernando Brito

    dilmatv

    Muito bom, pela serenidade e pelas informações, o pronunciamento de Dilma Rousseff.

    Absolutamente necessário e pertinente, embora seja tão certo que, como o dia há de clarear daqui a pouco, a oposição vá criticá-lo como de “eleitoral”.

    Só há duas coisas a lamentar.

    A primeira, incrível, é que algo assim tenha de ser feito.

    Porque um evento esportivo e comercial, que já ocorreu em mais de uma dezena de países do mundo – alguns com pobreza igual e muito maior que a nossa – jamais se lembraram de dizer que isso fosse tirar dinheiro de saúde, educação ou de serviços públicos.

    E não disseram porque é uma comparação improcedente.

    Os números apresentados por Dilma mostram que tudo que se gastou – e por financiamentos – com estádios em três anos e meio não daria sequer para pagar uma semana dos gastos com saúde e educação.

    Mas a campanha da mídia e da oposição transformaram a Copa em uma bandeira demagógica.

    Por isso, é lamentável que isso tenha de ser desmontado.

    E o segundo lamento é que, afinal, o Governo brasileiro esteja dizendo tudo isso tão tarde.

    Com receio de cair numa politização da Copa, demorou a assumir uma postura mais agressiva, direta e confrontadora.

    Os inimigos do trato democrático da informação não se fizeram de rogados e previram todas as pragas desabando sobre o evento.

    O “não vai ter Copa” se tornou a regra na imprensa brasileira.

    Mas vai ter Copa.

    E ela vai, infelizmente, ser politizada.

    Com efeitos negativos devastadores para quem o fez.

    [video:http://youtu.be/p6BJhpF7w_I%5D

     

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=18222

     

  4. Petrobras – respostas ao jornal Valor Econômico

    Postos no Paraguai: respostas ao jornal Valor Econômico

    Confira as respostas que enviamos ao jornal Valor Econômico sobre postos de combustíveis no Paraguai:

    Pergunta 1 – Em dezembro de 2005, a Petrobras assinou três contratos para aquisição dos negócios de combustíveis na Colômbia e a totalidade das operações no Paraguai e Uruguai de ativos oriundos da Shell, no valor aproximado de US$ 140 milhões. Qual foi o valor pago, especificamente, pelas operações no Paraguai?

    Resposta: A avaliação da compra dos ativos da Shell no Paraguai, na Colômbia e no Uruguai foi feita de forma conjunta, conforme divulgado ao mercado, pelo valor aproximado de US$ 140 milhões. A compra conjunta foi a condição negocial adotada pela Shell, para venda a um único comprador do conjunto dos ativos nos 3 países.

    Pergunta 2 – Até dezembro de 2013, a Petrobras possuía 166 estações de serviços e 54 lojas de conveniência no Paraguai, o que representava 19,6% de market share no país. Qual é o número atual?

    Resposta: O market share atual de combustíveis automotivos continua em 19,6%. São hoje 170 estações de serviços e 89 lojas de conveniências.

    Pergunta 3 – Em julho de 2011, A Petrobras assinou um acordo de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente do Paraguai (SEAM), que previa a substituição de tubulações e tanques em 90% dos seus postos naquele país. O prazo previsto para conclusão desse trabalho era julho de 2013. Quantos postos tiveram suas estruturas reformuladas até julho do ano passado?

    Resposta: O acordo de cooperação assinado com a SEAM, em 12/07/2011, tem duração de 4 anos, portanto ainda vigente. O acordo não prevê a substituição de tubulações e tanques, e sim “realizar de forma conjunta programas e projetos que buscam garantir o manejo, a proteção e o uso sustentável dos recursos naturais, principalmente”.

    Pergunta 4 – A Petrobras detinha um contrato de SMS com a Odebrecht para execução dos trabalhos nos postos de combustíveis do Paraguai. A parte do contrato atrelada ao Paraguai previa investimentos de US$ 38,251 milhões. No entanto, a Petrobras chegou a desembolsar US$ 47,745 milhões à Odebrecht. Por que esse volume de recursos destinados ao Paraguai cresceu tanto?

    Resposta: O contrato alcançou a soma final de US$ 44,239 milhões com vistas a realizar: serviços de diagnóstico ambiental, obras de infraestrutura civil, modernização de instalações eletromecânicas e sistemas de prevenção de riscos ambientais e de segurança.

    Pergunta 5 – Em seu contrato de SMS, a Odebrecht chegou a executar trabalhos em apenas 22 postos de combustíveis, da rede total de 170 postos da Petrobras no país. Por que esse trabalho não avançou como se previa

    Resposta: Através do contrato de SMS com a Odebrecht, foram realizados trabalhos de diagnóstico ambiental em 154 ativos da Petrobras no Paraguai (149 postos e 5 instalações operacionais). Em decorrência desses diagnósticos, foram realizados obras em 18 postos e na planta de recepção, armazenamento e despacho de combustíveis.

    Pergunta 7 – Atualmente, cerca de 90% dos postos da Petrobras no Paraguai têm 30 anos ou mais de operação. Quando a Petrobras pretende concluir a renovação dessa estrutura? – Qual é o investimento total necessário para execução plena desses serviços?

    Resposta: Os postos de combustíveis passam, constantemente, por serviços de manutenção, além de obras de modernização na sua infraestrutura em média a cada 10 anos. Os investimentos previstos fazem parte dos números recentemente divulgados no Plano de Negócios e Gestão (PNG) 2014-2018.

    Pergunta 8 – Levantamentos dão conta de que cerca de 80% dos postos de combustíveis da Petrobras no Paraguai possuem alto índice de contaminação de solo. O que tem sido feito para eliminar esses problemas?

    Resposta: Foram realizados trabalhos de diagnóstico em toda a rede de postos de combustíveis. Naqueles que requeriam ações prioritárias, estas já foram executadas ou estão planejadas para serem executadas.

    Pergunta 9 – Qual foi o investimento já realizado pela Petrobras nos postos de combustíveis e lojas de conveniência no Paraguai, desde a sua aquisição em 2005?

    Resposta: Desde o início das operações no Paraguai em 01/04/2006 até 31/12/2013 a Petrobras fez investimentos de US$ 124,7 milhões em projetos de infraestrutura e manutenção da sua rede de postos.

    OBS: A reportagem “Petrobras posterga a renovação de postos no Paraguai” (versão online) foi publicada pelo veículo nesta segunda-feira (09/06).

    Blog Fatos e Dados

  5. Eric Nepomuceno: No ar, um

    Eric Nepomuceno: No ar, um movimento desestabilizador

    Coisas estranhas no Brasil

    Existe um inegável mal-estar generalizado, palpável no ar. Há um crescente pessimismo com a economia. E aí começam a aparecer estranhezas.

    por Eric Nepomuceno, na Carta Maior

    As eleições acontecerão em outubro, a campanha oficial começa no rádio e na televisão em agosto, mas as pesquisas saltitam a cada quinzena, ou quase. Se o eleitorado parece desinteressado, o empresariado parece, mais que interessado, ansioso, inquieto.

    As pesquisas mais recentes, do Datafolha, indicam que Dilma Rousseff retomou seu viés de queda. Isso, claro, é destacado no noticiário. O que ninguém parece lembrar é que seus dois principais adversários, o tucano Aécio Neves e Eduardo Campos, do PSB, também caíram.

    Dilma havia recuperado terreno em pesquisas anteriores, e agora tornou a cair. Uma questão nebulosa: se ela retrocede e os outros não avançam – pior: também recuam –, onde foram parar os votos perdidos? Por que nenhum dos dois netos, cujos avôs são a principal garantia de suas trajetórias, é beneficiado?

    Tudo indica que a maior surpresa foi o forte aumento dos que declaram que seu voto será nulo ou em branco, e também dos que se declaram indecisos. Nesses quesitos, houve uma reviravolta em comparação às pesquisas anteriores.

    Existe um inegável mal-estar generalizado, palpável no ar. Há um crescente pessimismo com a economia. E aí começam a aparecer estranhezas.

    Por exemplo: muito se martela a nota de que vivemos debaixo de forte pressão inflacionária. Essa campanha persiste e se alastra, apesar de os índices mostrarem o contrário (desde meados de março a taxa de inflação vem baixando de maneira constante). Ao mesmo tempo, fala-se que aumentou o temor a perder o emprego, apesar dos índices de desemprego continuar baixos.

    Há contradições e incongruências entre os próprios entrevistados, tanto nos resultados do Ibope como nos do Datafolha: a aprovação do governo de Dilma equivale à desaprovação. A imensa maioria (na média dos institutos, mais de 70% dos entrevistados) pede mudanças na forma de governar, mas um índice similar diz que sua vida melhorou e que estão satisfeitos. Há uma espécie de batalhão desnorteado, que se queixa de tudo e de qualquer coisa sem dizer exatamente de que se trata. De onde vem esse mal-estar, essa tensa irritação que impregna a atmosfera das grandes cidades brasileiras?

    Não são poucos – nem necessariamente paranoicos – os brasileiros que sentem que, a cada semana, aumenta a sensação de que está em marcha um nebuloso, melífluo movimento desestabilizador. O que ninguém consegue é detectar quem está por trás, quem organiza, a que interesses esse movimento responde.

    E no entanto, existe um dado que, se não dá resposta a essas questões, certamente dá o que pensar: a influência direta entre a divulgação dos resultados das pesquisas e as oscilações do mercado financeiro, que tem nos grandes meios de comunicação seu esforçado e eficaz porta-voz.

    Desde 2002, quando Lula derrotou José Serra, essa sacrossanta entidade chamada mercado não padecia tamanhos ataques de ansiedade pré-eleitoral. A reeleição de Lula, em 2006, e a eleição de Dilma, em 2010, foram engolidas sem maiores esforços. Agora, o clima é outro, bem outro.

    Não é sem razão que bancos, agentes, corretores e investidores gastam um bom dinheiro contratando pesquisas eleitorais para uso restrito. São pesquisas paralelas, e o sistema funciona assim: cada vez que um instituto anuncia que estará em campo fazendo entrevistas, instituições financeiras encomendam outra, sigilosa. Desta forma ficam sabendo, com um ou dois ou três dias de antecipação, qual será o resultado a ser anunciado. Como a cada queda (ou avanço) de Dilma ocorre invariavelmente uma alteração na Bolsa de Valores, uma oscilação no câmbio e outra na taxa de juros a futuro, ter uma indicação fiável desses dados significa uma boa oportunidade de especular e ganhar.

    O empresariado brasileiro não gosta nem um pouco da política econômica de Dilma Rousseff. Os donos do dinheiro, menos ainda. Mas gostam de ganhar. E adoram especular.

    Há algo estranho quando tantas greves se repetem e persistem, e mais ainda quando levadas adiante por minorias sindicais, como aconteceu no transporte público do Rio de Janeiro. A profusão de paralisações não faz mais do que ampliar o mal-estar e a irritação popular. Nota-se claramente que, insuflada pelos grandes meios de comunicação, em especial a televisão, essa irritação popular é direcionada aos políticos em geral e aos governos em particular. E, uma vez mais, Dilma é o alvo preferencial.

    Nesse clima estranho, nessa atmosfera um tanto rarefeita, começa a Copa do Mundo. Haverá mobilizações de protesto, greves selvagens e sem norte, haverá de tudo um pouco, até mesmo futebol.

    Serão tempos estranhos, e estranha será a caminhada daqui até as urnas de outubro.

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/eric-nepomuceno-no-ar-um-movimento-desestabilizador-estaria-o-mercado-financeiro-por-tras.html

  6. “Reforma política só sai por

    “Reforma política só sai por pressão da sociedade”

    O ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, reconhece que há uma crise de representação, mas adverte que a reforma política não sairá por iniciativa do Congresso

    Assim que assumiu o cargo no início de abril, o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, tratou de intensificar a agenda com o objetivo de apagar o incêndio provocado por parte da base aliada na Câmara, insatisfeita com a falta de interlocução com o Planalto. “Esse acirramento é normal. É uma tentativa de reorganização de forças. Faz parte do jogo. Acontece periodicamente”, afirma o atual negociador do governo Dilma Rousseff. Para ele, lidar com o conflito envolve uma “medida certa” de preocupação: “É saber que você pode ajudar a solucionar os conflitos, mas não tem a solução para tudo”.

    Em entrevista ao Brasil Econômico, Berzoini reconhece a crise de representação, mas adverte que a reforma política não sairá por iniciativa do Congresso. “Só acontecerá por pressão da sociedade”. Sobre o PMDB, principal aliado, que amanhã oficializa em convenção a sua posição na corrida eleitoral, dá como certo o apoio ao PT. “Estamos trabalhando para que as pessoas que participem da convenção cheguem lá com a convicção de que a presidenta Dilma é a melhor opção para o PMDB”, diz. Ele está confiante na reeleição: “Ela (Dilma) dá de 100 a 0 em qualquer dos nossos adversários em qualquer realização”. Mas não arrisca uma aposta no primeiro turno. “Eleição se decide no primeiro turno por acidente. Eu sempre trabalho com dois turnos”.

    Como foi assumir o ministério em meio a uma crise do Planalto com o Legislativo?

    Nunca tratei aquele momento como crise, sempre encarei como turbulência natural em ano eleitoral. Há, tradicionalmente, um tensionamento entre os partidos e entre as alas dentro dos partidos para saber como cada um vai se posicionar na eleição. Para quem vê de fora, gera a sensação de crise.

    E são muitas forças diferentes…

    A base do governo é bem heterogênea, com origens, interesses e circunstâncias específicas, cada partido tem suas demandas setoriais e regionais. Tínhamos um bipartidarismo com cinco partidos, agora temos 22 com funcionamento parlamentar e 32 com legalidade no país. É natural haver dificuldade para fazer convergir todas as opiniões em ano eleitoral.

    Se não houve crise, chegou a ser um incômodo?

    Houve um incômodo. Mas isso também aconteceu em 2006 e 2010. Em 2002, quando Fernando Henrique Cardoso era presidente e nós éramos oposição, aconteceu com eles. O PFL era o aliado principal do PSDB, mas houve uma briga pela presidência da Câmara e o PFL acabou nem ficando na vice-presidência. Este acirramento é normal, é uma tentativa de reorganização de forças, faz parte do jogo. Temos que saber lidar com isso, sem deixar de se preocupar, mas se preocupar na medida certa. É preciso conversar com todos e chegar a um entendimento. Entendimento é saber que temos em comum esse projeto que vem sendo desenvolvido há 12 anos. Esse aspecto comum é o que nos une.

    O que significa dar importância aos conflitos na medida certa?

    É saber que você pode ajudar a solucionar os conflitos, mas não tem a solução para tudo. Às vezes o conflito vem da ocupação de espaço no governo, é um critério legítimo e democrático, desde que seja para fazer o governo funcionar. Em certas situações tem dois partidos disputando o mesmo espaço. Isso gera conflito e é necessário arbitrar e alguém vai sair insatisfeito. Então, é preciso compensar em outro segmento. O critério tem que ser capacidade gerencial, capacidade política e probidade administrativa.

    Por que o governo resistiu tanto à CPMI da Petrobras?

    A composição da CPMI tende a se contaminar pelo processo eleitoral. Mais do que o objetivo de se chegar à verdade, há o objetivo de cada lado desgastar o outro. Quando tanto a CPI do Senado quanto a CPMI alcançaram as condições para instalação, partimos para a outra fase, que foi fazer a disputa, de maneira objetiva. Queremos investigar a Petrobras, mas não admitimos que a investigação fique restrita só aos interesses da oposição. Por isso pedimos também a criação da CPMI do Metrô de São Paulo. É uma CPI que se baseia em investigação internacional, com a caracterização feita pelas autoridades suíças de que o ex-chefe da Casa Civil do governo Covas, que atuou também no Tribunal de Contas do Estado, sendo inclusive seu presidente, teria conta na Suíça. As autoridades suíças dizem que tem.

    Mas por que a CPMI incomoda mais que a CPI do Senado?

    Como o Senado só tem um terço das cadeiras em disputa, é possível ter mais senadores disponíveis 100% do tempo para fazer investigação. Na Câmara, havia alguns segmentos da base com maior instabilidade. Vamos trabalhar para supervisionar os trabalhos para que a CPMI possa funcionar de maneira efetivamente legal e republicana. Que ela investigue o que realmente tem que ser investigado. O governo não tem compromisso com ninguém que cometa erros na condução das atividades do Estado.

    Que assuntos do passado o governo quer levantar?

    Vários: plataforma que submergiu e até hoje está no fundo do oceano; associações internacionais, como o caso da Repsol, que são objeto inclusive de processos na Justiça; a ação desastrosa de terceirização desenfreada na gestão do ex-presidente Joel Rennó. Se é para fazer disputa política neste plano, a base do governo também sabe fazer. Temos convicção de que a gestão do governo Lula e do Governo Dilma na Petrobras qualificou a empresa e melhorou muito a sua perspectiva de futuro. Até o endividamento que a oposição sempre cita, é um endividamento benigno, é como uma empresa que compra novos equipamentos e durante algum tempo fica com o caixa apertado, mas para produzir mais.

    A CPMI pode arranhar a imagem da presidenta Dilma?

    Esse é o objetivo da oposição. Uma parte da mídia tem um viés claramente oposicionista. Não é uma mídia independente. Como diria o meu pai, o jornal tem dono e o dono tem interesse. Esta parte da mídia já deixou claro que tem posição nas eleições. Nosso objetivo é demonstrar que aquela Petrobras que eles querem é a preparação para a privatização. É aquela Petrobras que eles acham que tem que deixar o preço da gasolina livre. Esse é o projeto histórico do PSDB. Eles querem privatizar a preços vis, como fizeram com a Vale do Rio Doce.

    A oposição diz que o governo usa esse argumento para desqualificar a CPI… 

    A CPI já está acontecendo. O nosso argumento histórico é que eles querem vender as coisas, e vender mal. Assim como fazem na Sabesp em São Paulo. A Sabesp virou uma instituição financeira que produz altos lucros e distribui dividendos, mas falta água em São Paulo. Esta é a visão que eles têm de estatal: operação financeira para beneficiar não o povo, mas interesses do mercado financeiro. Não é à toa que o guru do Aécio Neves é o Armínio Fraga. Ele é ultraliberal e vinculado aos interesses do mercado financeiro.

    A campanha da presidenta hoje é mais difícil em termos de estruturação e montagem de palanque do que foi em 2010?

    A situação hoje é mais complexa. Há mais conflitos regionais do que na eleição passada, o que influencia os outros partidos. Contraditoriamente, é possível que a presidenta tenha a maior aliança desde que o PT disputou e ganhou a primeira eleição. Esta disputa tenderá a ter mais apoio partidário do que as anteriores. É só lembrar que Lula foi eleito com a aliança PT, PCdoB, PR , PL e PCB. Em 2006 a chapa formal foi PT, PRB e PCdoB. Na eleição de Dilma Rousseff, ela se ampliou com o apoio do PDT e do PMDB mais formal. Nesta eleição já temos assegurados PSD, PDT, PCdoB, PTB, PP, PMDB e o Pros também está muito próximo de nos apoiar.

    Mas há vários PMDBs…

    O Brasil não é como o Uruguai ou a Argentina, países de pequeno porte e mais homogêneos. Nós temos mais de 30 partidos, cada um com suas alas, inclusive o PT. Há estados em que as alas do PT não se entendem em nada. É preciso saber lidar com isso. Eu digo que é um processo de análise combinatória ultracomplexo com uma estrutura matricial diagonal, transversal e holística. Eu desejaria partidos mais homogêneos, com maior definição ideológica, mas eu lido com a realidade, não com o meu desejo.]

    Qual é o cenário traçado para as parcerias regionais?

    Ainda estamos no início do processo. Mas, pelo mapa que temos, os partidos têm já consolidados, no seu interior, uma maioria que apoia a presidenta Dilma de forma convicta. Existe uma aliança com base no programa. O programa é continuar lutando para o Brasil crescer, defender os direitos do cidadão e dos trabalhadores, defender o emprego e a renda.

    O PMDB ainda demonstra dificuldades em firmar a parceria com o PT…

    Outros partidos também. As decisões não significam que o partido fechou em bloco, significa que há uma maioria com essa perspectiva. No caso do PMDB, evidentemente a convenção terá posições a favor e contra. Mas este ano temos dentro do PMDB um bloco muito mais amplo que apoia a presidenta Dilma.

    O Eduardo Cunha dá trabalho?

    Não. Cunha é um parlamentar capacitado, um líder muito trabalhador, atento à pauta. Quando se estabelece com ele um diálogo objetivo e transparente, ele responde da mesma forma. Tenho uma relação muito positiva com ele e estamos trabalhando para que ele se sinta integrado à base do governo.

    O que justifica as provocações dele quando criou o Blocão?

    Ele declarou que estava com uma posição crítica em relação à condução da agenda política pelo governo na Câmara. Procurei estabelecer com ele e com o PMDB um diálogo político, no sentido que o PMDB faz parte da base. Temos que remar na mesma direção, mesmo com divergências pontuais.

     Sua agenda diária é carregada, com uma romaria de deputados. Seria parte de um novo perfil da Secretaria, mais aberta ao diálogo, como cobrava o Eduardo Cunha?

    A Ideli (Salvatti, ex-ministra de Relações Institucionais) também recebia muitos parlamentares. O que estou procurando fazer é ver se há uma demanda reprimida que eu possa atender. Até porque esses deputados trazem questões de fácil solução, como emendas parlamentares de outros exercícios, ou indicações para ocupar espaço na máquina governamental que não podem ser atendidas por alguma razão. O que quero deixar claro é que as portas estão sempre abertas para dialogar com todo mundo. O parlamentar tem mandato popular. Quando ele vem conversar comigo, não está vindo individualmente, mas em nome de 60 mil ou 100 mil votos. Respeitar este mandato faz parte de uma postura política que eu acho que o governo tem que adotar. Tenho instado colegas ministros para que recebam os parlamentares. Mesmo que não se resolva o problema, uma conversa aberta, republicana e amistosa mostra para aquele parlamentar que ele é considerado pela parte do governo.

    Essa agilidade ajuda na campanha eleitoral, não?

    Não ajuda. Porque a liberação está indo para oposição e situação. O princípio do orçamento impositivo — que o governo foi contra — é que não haja distinção na liberação das emendas entre oposição e situação. Estamos executando a determinação da LDO.

    Por que a reforma política não sai?

    Acompanho essa discussão no Congresso desde 2001. Ela tem quatro vertentes. Uma parte do Congresso Nacional não quer reforma política nenhuma. Outra parte quer voto distrital misto ou simples. Uma outra parte quer voto em lista, com financiamento público. E há outra que quer o que se convencionou chamar de distritão, onde cada estado é um distritão e os mais votados, independentemente de proporcionalidade partidária, seriam os eleitos. Nestes anos todos não conseguimos formar uma convergência entre duas ou três dessas propostas. Até porque no Congresso Nacional, e eu me incluo, todos nos acostumaram a se eleger neste sistema. Com isso, se torna difícil se pensar um sistema diferente.

    Há alternativa?

    A gente sente, não é de agora, mas as manifestações de junho do ano passado reforçaram esse sentimento, que uma grande parcela da população não se sente representada por este sistema político. A convicção da presidenta Dilma, do PT e de outros partidos é de que somente um processo de ampla participação popular poderá mudar o sistema. Este processo não pode ser espontâneo, porque espontaneamente as pessoas não participam. Tem que ser algo induzido, trabalhado, com campanha para que elas venham. Não adianta só não se sentir representando. É importante para a democracia que as pessoas busquem se sentir representadas. E se não houver participação popular na elaboração de um novo sistema político que supere o atual, haverá muita dificuldade para ampliar esse sentimento de representatividade. As pessoas até votam, mas votam aleatoriamente sem prestar atenção na consequência do seu voto. Muitos eleitores nem sabem que o voto é proporcional — votam numa pessoa. Muitos não sabem qual é o papel do Executivo e do Legislativo e as limitações de cada um. O sentimento de baixa representatividade vai se consolidando a cada eleição e a cada escândalo. Até porque 90% dos escândalos têm como origem o financiamento privado das campanhas. As campanhas estão cada vez mais caras e cada vez mais dependentes de dinheiro para existir. Esse é o principal motivo pelo qual não aconteceu a reforma política e não acontecerá por iniciativa do mundo político. Só acontecerá por pressão da sociedade.

    De que maneira?

    Há várias forças. A imprensa, os sindicatos, as entidades acadêmicas. É possível que através de conferências com a participação popular se construam as bases para um projeto que tenha apoio da maioria dos partidos. As divergências sobre o sistema eleitoral e sobre o financiamento de campanha que existem no parlamento dificultam que o próprio parlamento vote uma reforma política.

    A presidenta Dilma tem tentado uma aproximação com o setor empresarial, realizando encontros com entidades como CNI e CNA. Como o sr. vê essa resistência do setor produtivo à candidatura Dilma?

    É preciso entender qual é a política econômica que se propõe. O que se vai propor no lugar? A proposta que vier tem que vir a partir da conjuntura mundial. É bom lembrar que o Brasil atravessa com sucesso uma crise que no mundo todo significou desemprego, queda de renda dos trabalhadores e perdas dos direitos sociais. A China está desacelerando, a Europa está em recessão, Estados Unidos em difícil recuperação e a América do Sul com muitos países em dificuldade. No meio desse oceano de problemas o Brasil tem o menor desemprego da história, garantia de crescimento do piso salarial e programas sociais que combatem a desigualdade. Qual é a saída para frente? A saída é agregar maior valor às exportações brasileiras e à disputa do mercado interno. O mercado interno é muito relevante. Embora se fale hoje em desindustrialização, nós somos um dos países com maior quantidade de plantas industriais para atender ao mercado interno, à América dos Sul e, em alguns casos, a outros continentes. Temos um cenário que é difícil no âmbito mundial e muitas vezes as pessoas querem soluções mágicas do governo. O governo desonerou a folha de pagamento para vários setores, fez uma política de crédito responsável, mas ousada, pelo BNDES. E tem uma política industrial que agrega valor às cadeias produtivas.

    Há um desejo de mudança que é expresso nas pesquisas, que reivindica melhorias. O sr. teme o impacto desse desejo nas eleições?

    Impacto sempre tem. Há dois desejos que sociologicamente sempre se estabelecem na política, que é continuidade e mudança e a qualificação do que é continuidade e do que é mudança. No caso político brasileiro, quando se esmiúça as pesquisas é possível ver que uma parte da população quer mais mudança, quer continuar com as mudanças que estão sendo colocadas. Tivemos a queda da desigualdade, a queda brutal da miséria e a queda relevante da pobreza, e a formação daquilo que se chama de nova classe média. Tem muito mais gente com acesso a emprego, renda, consumo e crédito. Essas pessoas ficaram mais exigentes. Quem viveu a crise neoliberal dos anos 90, com desemprego em alta, renda em queda, desesperança e angústia, vê que hoje tem muito mais gente com esperança. E tem também esperança que a saúde pública melhore, que a educação pública ganhe mais qualidade com mais velocidade. Os avanços estão chegando, mas não na velocidade desejada. Tem o pacto federativo que é outra complexidade. É difícil combinar o papel de cada ente federativo e as pessoas têm a tendência de projetar a responsabilidade para a União. A campanha vai mostrar um embate interessante: quem foi capaz de mudar o cenário da expectativa do povo brasileiro de 2002 até agora tem mais autoridade para liderar as mudanças que vem pela frente? Ou são aqueles que jogaram o Brasil num impasse político, administrativo e econômico, que levaram o país a quebrar três vezes nos anos 90 e no século 21?

    A campanha será polarizada?

    Há uma tendência de polarização. Sem desconsiderar o candidato que tenta despolarizar a discussão. Mas até o Eduardo (Campos) sabe e tem dito que há dois projetos no Brasil, um que está mais voltado para os interesses do povo e da soberania nacional, e o projeto que acha que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) é uma maravilha, que a Aliança do Pacífico é uma maravilha. Este mesmo projeto acha que o salário mínimo está muito alto, que a demanda está alta. O Eduardo (Campos) sabe e busca neste momento se apresentar como alguém que não tem agenda com Aécio. Começa a querer polarizar com Aécio para tentar disputar o segundo lugar.

    A eleição se decide no primeiro turno?

    A lei prevê segundo turno. Sou ultraconservador nessa questão. Eleição se decide no primeiro turno por acidente. Eu trabalho com dois turnos. Mesmo quando a Dilma estava com uma margem bastante folgada, de 14 pontos de vantagem para o primeiro turno, sempre disse que conto com o segundo turno. Quando começa a campanha, a temperatura sobe muito fortemente e a tendência é ter dois turnos. Ganhar no primeiro turno é uma boa surpresa para quem ganha.

    Mas o senhor acha que ela é favorita?

    Ela é favorita porque tem um portfólio de realizações mostradas na televisão. Durante a campanha, em contato com o povo, este portfólio será muito relevante. Dá de 100 a 0 em qualquer dos nossos adversários em qualquer realização. Ao mesmo tempo, a campanha vai apresentar um programa para o país despertando os desejos e as aspirações e sonhos que temos para frente. Não apenas olhando para o retrovisor, mas também olhando para frente, Dilma é favorita. Respeito muito a eleição. É como a seleção brasileira não poder dizer que é favorita na Copa do Mundo porque vai ter que enfrentar os jogos e a bola é redonda. Quando começa a campanha é que começa o desafio.

    A Copa do Mundo atrapalha?

    A Copa sempre acontece em ano de eleição. A diferença é que esta será no Brasil. E tem uma contradição importante que a gente precisa tratar com responsabilidade. Uma parcela da população coloca que o país teve capacidade para fazer estádios modernos, com padrão mundial e luta ainda para ter saúde, educação e outros serviços de qualidade. Esta é uma questão que temos que trabalhar com muita tranquilidade, mas ao mesmo tempo com firmeza. Este país que construiu esses estádios — e a maior parte não é feita com dinheiro publico diretamente — tem capacidade, sim, para fazer saúde de qualidade. Mas vamos ter que discutir ainda qual a reforma tributária necessária para garantir a saúde pública. Porque qualidade não se faz só com gestão, se faz também com dinheiro. Quando a oposição, de forma oportunista, ceifou R$ 50 bilhões eliminando a CPMF, dizendo que com a eliminação o sistema tributário melhoraria muito, perdemos um recurso que estava programado para o PAC da saúde. O problema do sistema tributário não era a CPMF, é o ICMS. Mesmo assim, continuamos com a implantação das UPAs, do Samu, e continuamos o programa de farmácia popular, criamos o Mais Médicos para levar médico a quem nunca viu um na vida, inclusive nas periferias das grandes cidades.

    Os  consultores preveem que 2015 vai ser um ano de ajuste, duro, difícil, não importa qual candidato vença. Para Dilma, o próximo ano vai ser difícil? Ela vai impor uma política econômica mais dura?

    A presidenta nunca fugiu de enfrentar situações conjunturais difíceis. Ela tem inclusive imposto sacrifícios à arrecadação do governo para desonerar a produção. Ela desonerou a folha de pagamento em vários setores da indústria. Temos hoje uma situação mais desafiadora. Ao mesmo tempo, temos bons prognósticos pela frente. Temos o pré-sal, uma riqueza que agrega tanto valor para a economia quanto arrecadação para educação e saúde, com as leis que foram aprovadas, do fundo social e dos royalties. Há uma tendência de crescimento ano a ano. É uma curva que vai ser bastante acentuada para cima em termos de geração de valor e geração de tributos. Temos a expectativa de que, com a continuidade da política de recuperação do salário mínimo, o mercado interno se sustente com eficiência. Não vejo razão para termos ajustes impopulares, que possam prejudicar a qualidade de vida da população. Ajuste orçamentário, nós fazemos todos os anos. Este ano houve um contingenciamento forte porque há uma preocupação com a arrecadação. A arrecadação está indo um pouco abaixo do projetado, mas acima da inflação, e com um desempenho razoável.

    http://brasileconomico.ig.com.br/brasil/politica/2014-06-09/reforma-politica-so-sai-por-pressao-da-sociedade.html

  7. Liberdade de expressão ou discurso de ódio? Umbanda e Candomblé.

    Liberdade de expressão ou discurso de ódio?

    Integrantes da Umbanda e do Candomblé protestam em Brasília contra decisão judicial que negou pedido de retirada de vídeos com mensagem de intolerância religiosa do YouTube

    Da Carta Capital

    http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/liberdade-de-expressao-ou-discurso-de-odio-2280.html

    por Coletivo Intervozes — publicado 10/06/2014 10:53,

    Por Ana Cláudia Mielki*

     

    Religiosos/as do Candomblé e da Umbanda ocupam Brasília hoje para exigir respeito e tratamento digno às religiões de matriz africana. Vindos de várias regiões do País, o grupo denuncia a sistemática violação do direito de crença e liberdade das minorias religiosas.

    A mobilização foi motivada pelo repúdio à decisão do juiz titular da 17.ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Eugênio Rosa de Araújo, que negou o pedido de retirada de vídeos do YouTube com mensagens de intolerância contra religiões afro-brasileiras. Um dos vários episódios recentes trouxe à tona a discussão sobre o direito à liberdade de expressão.

    Ao negar pedido do Ministério Público Federal (MPF) para que fossem excluídos vídeos que ostensivamente atacavam as religiões de matriz africana e ofendiam seus praticantes, o juiz usou como argumento o direito à liberdade de expressão: “Tendo sido afirmado que tais vídeos são de mau gosto, como ficou expressamente assentado na decisão recorrida, porém refletem exercício regular da referida liberdade [de expressão]”, afirmou o texto da decisão publicado em 28 de abril.

    Ponderar entre dois direitos fundamentais não é tarefa das mais fáceis, pois eles não são hierarquizáveis a priori. No caso em questão, contrapunham-se o direito ao livre culto religioso e o que garante a liberdade de expressão, ambos fundamentais e assegurados no Art. 5.º da Constituição. O juiz optou pelo segundo em detrimento do direito ao culto para justificar uma posição claramente racista. O que me faz questionar: esses direitos são mesmos inconciliáveis? O que a primazia de um sobre o outro revela?

    A liberdade de expressão é um direito assegurado em inúmeros tratados internacionais, entre eles a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948), a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (OEA, 1969) e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (ONU, 1966), dos quais o Brasil é signatário. O direito à liberdade de expressão aparece nesses documentos como um direito negativo, ou seja, ele não é provido pelo Estado, mas deve ser garantido por este.

    No fundamento dessas ordenações está a premissa de que a garantia dessa liberdade deve favorecer os mais fracos, ou seja, garantir as vozes dissonantes, a multiplicidade de pensamentos, independentemente do establishment e das forças que operam o Estado. No caso em questão, os praticantes das religiões é que tiveram a liberdade de expressão negada. Vale ressaltar, inclusive, que a Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público teve como base uma representação feita pela Associação Nacional de Mídia Afro.

    Ocorre que, no Brasil, tal premissa tem sido diariamente desvirtuada para garantir justamente o contrário, a saber, o domínio pela ordem do discurso. Em outras palavras, são justamente os conglomerados de mídia, dentre os quais os formados pelas igrejas evangélicas aqui mencionadas, que mais têm se utilizado do direito à liberdade de expressão para garantir seus próprios interesses e para garantir a manutenção de sua própria ordem.

    Na defesa do direito dos ofendidos, dos atacados e dos aniquilados (sim, porque pessoas são assassinadas ou culturalmente massacradas em consequência de discursos), vale jogar luz sobre o fato de que a liberdade de expressão não é um direito absoluto a ser garantido em detrimento dos demais direitos.

    Os mesmos instrumentos internacionais citados acima também dizem que os países signatários devem normatizar a proibição da propaganda em favor da guerra; e a apologia do ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à violência – o chamado discurso de ódio. O caso Rachel Sheherazade talvez seja o mais emblemático para exemplificar como esse discurso tem sido artificialmente confundido com a liberdade de expressão.

    Diante dessas questões, fica claro que os países devem encontrar soluções normativas para assegurar a liberdade de expressão, mas também para evitar que ela infrinja outros direitos. O Pacto Internacional enumera, inclusive, passos para realizar a restrição à liberdade de expressão nesses casos. Em geral, trabalha-se a partir da velha “máxima” que diz: “o direito de um termina quando começa o direito do outro” — que parece ter sido esquecida por aqui.

    Por fim, vale lembrar que países como os Estados Unidos da América (EUA), a França e a Inglaterra possuem, para além de normativas de contenção do discurso de ódio, órgãos reguladores e diretivas específicas voltadas ao monitoramento desse tipo de violação dos direitos humanos nos meios de comunicação eletrônica de massa, inclusive a radiodifusão (rádio e TV). No Brasil, esse debate ocorre de forma enviesada, sendo erroneamente tachado como censura. Isso quando não é sumariamente interditado.

    O mundo (ou pelo menos a parte que compõe o sistema das Organizações das Nações Unidas) construiu, nas últimas décadas, um entendimento comum sobre a necessidade de se conter o discurso de ódio. Desde os horrores do Holocausto e da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foram criadas políticas de contenção do discurso contra cidadãos de ascendência judaica, em especial nos países onde houve maior migração desse grupo étnico, caso dos EUA.

    A decisão, além de débil do ponto de vista jurídico, também é abjeta do ponto de vista cultural. Isso porque contribui para o reforço à estigmatização das religiões de matriz africana (e daí vale lembrar que o mesmo juiz, no texto inicial da decisão, havia colocado que tais manifestações não deveriam ser consideradas como religiões) e de seus praticantes, colocando, mais uma vez, a população negra, seus costumes e suas crenças, como algo do não humano e do não cultural, como se o “outro”, o “estranho” ou o “exótico” fôssemos nós – 51% da população desse país!

    * Ana Cláudia Mielke é jornalista e integrante da Coordenação Executiva do Intervozes

  8. Deputados agem para nos empurrar transgênicos

    Deputados agem para nos empurrar transgênicos

    Câmara Federal debate, de costas para sociedade, projetos que podem tornar ainda mais difícil identificar transgenia nos alimentos que consumimos

    por Juliana M. Dias — publicado 10/06/2014

    Da Carta Capital

    http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/deputados-agem-para-nos-empurrar-transgenicos-7449.html

     

    A questão de que as novas tecnologias poderão resolver os problemas humanos com que nos defrontamos é controversa. As tecnologias fundadas em aplicação de estudos científicos apresentam incertezas para o bem-estar humano. Apontam para aspectos negativos de difícil solução, pois têm por objetivo questões distintas do que é alardeado como grande vantagem — por exemplo, eficiência e lucro. O detentores dessas novas tecnologias tentam provar a eficácia, defendendo benefícios não inteiramente comprovados para lançar na sociedade seus produtos inovadores. O caso da transgenia serve como exemplo para indicar as implicações e compromissos entre ciência e democracia, no que diz respeito aos direitos civis e sociais dos cidadãos, bem como sua participação deliberativa.

    A produção de alimentos geneticamente modificados (GM) em larga escala teve início em 1996, nos Estados Unidos (EUA), com a introdução da soja resistente a herbicidas. Entretanto, o debate a respeito desse modelo produtivo na agricultura industrial é pautado por controvérsias. A área mundial ocupada com cultivos GM atingiu 102 milhões de hectares em apenas 10 anos (SILVEIRA e BUAINAIN, 2007, p.58). Já o diálogo, na sociedade, sobre a positividade ou negatividade de seu uso, avança com dificuldades. Não há consenso entre cientistas, governos, indústrias e associações civis, os protagonistas desse enredo. Na perspectiva de Latour (2007, apud ABRAMOVAY p. 135), descrever controvérsias trata-se da capacidade de acompanhar e expor “um debate que tem por objeto, ao menos em parte, conhecimentos científicos ou técnicos ainda não assegurados”.

    A decisão sobre o que colocar na lavoura, ou no prato, sofre pressões em favor da economia e da eficiência do agronegócio. Os defensores da engenharia genética em plantas comestíveis argumentam que, só por esta via, será possível alimentar os 9 bilhões de habitantes previstos para 2050 no planeta. No entanto, quando a indústria assume o compromisso de promover a segurança alimentar, a lógica que se sobrepõe é a do alimento como mercadoria, e não como direito.

    As informações disseminadas não parecem conduzir à construção de um diálogo que assegure autonomia e engajamento no processo democrático. O cenário ainda é de incerteza, para prosseguir com um sistema agrícola centrado na biotecnologia. De um lado, as multinacionais prometem a melhoria na qualidade dos alimentos e a garantia da Segurança Alimentar. De outro, os agricultores apontam a perda de autonomia no exercício de plantar; a população sofre com problemas de saúde em relação ao uso de agrotóxicos, produzindo, inclusive, mortes; e o meio ambiente sofre com a deterioração do solo, entre outras ameaças (ROBIN, 2008).

     

    As discordâncias

    Um principal protagonista do enredo da indústria da biotecnologia é a multinacional Monsanto, fundada há 112 anos em St. Louis, nos EUA. Sua atuação junto aos governos, universidades e organismos internacionais é vigorosamente contestada, igualmente por cientistas, agrônomos, políticos, técnicos e, principalmente, por camponeses. A imagem da empresa representa, metaforicamente, o quão controverso é o diálogo com a sociedade. Já existem vários estudos publicados, questionando sua postura corporativa em mais de um século de existência. Desde o suprimento do herbicida conhecido como Agente Laranja para a Guerra do Vietnã à introdução de agrotóxicos para a Revolução Verde (ROBIN, 2008).

    Para pontuar aspectos dessa controvérsia, fizemos um recorte cronológico com alguns fatos da trajetória da companhia em 2013, quando completou 50 anos no Brasil. No mesmo ano em que o vice-presidente de Tecnologia e cientista-chefe da Monsanto, Robert Fraley, recebe o World Food Prize (Prêmio Mundial de Alimentação, concedido por iniciativa de um empresário norte-americano) devido ao pioneirismo na área de biotecnologia, a empresa desistiu do desenvolver novas sementes GMs na União Europeia, pois há demora na aprovação de novas variedades modificadas – ela é detentora do maior número de pendências de aprovação no bloco europeu.

    A demora na aprovação espelha suspeitas ainda bastante difundidas sobre a segurança, já que grupos da sociedade civil europeia temem seus impactos no ambiente e na saúde1. Pelo menos dez países europeus – Polônia, Alemanha, Áustria, Hungria, Luxemburgo, Romênia, França, Grécia, Suíça, Itália e Bulgária – já proibiram o cultivo do milho transgênico da Monsanto, o MON 8102. A decisão tem base em estudos, segundo os quais a toxina presente no organismo modificado provoca danos à minhocas, borboletas e aranhas. Provas de sua segurança para a saúde são inconclusivas3. Os efeitos colaterais para o homem e o meio ambiente ainda carecem de estudos conclusivos independentes (ROBIN, 2008; ZANONI e FERMENT, 2011; VEIGA, 2007; ANDRIOLI E FUCHS, 2012).

    A empresa completou cinco décadas no Brasil com o lançamento comercial das sementes da soja Intacta RR2 Pro, primeira tecnologia desenvolvida em solo e para solo brasileiro. No mesmo 2013, mais de 50 países aderiram à “Marcha contra Monsanto” em protesto contra a manipulação genética e o monopólio da multinacional na agricultura e biotecnologia. A campanha teve como estopim o suicídio de agricultores indianos. Essa prática tem se tornado frequente devido ao endividamento para competir na agricultura industrial4.

    O direito às sementes do agricultor e o direito à informação do cidadão passam por um modelo controverso, dúbio e confuso de controle e regulação, de algum modo referenciados nas leis federais em diversos países da América do Sul, da África e nos Estados Unidos. A indústria da biotecnologia vem avançando por meio da formação de um oligopólio no mercado das sementes, baseado também em um direito, o de propriedade intelectual, que torna privado o que é o público, com a natureza e a produção de conhecimento. Tudo feito em parceria com as agências governamentais. Com isso, quem planta troca a diversidade e a capacidade de selecionar seus grãos por plantas que recebem alteração genética (VEIGA, 2011, ZANONI E FERMENT, 2011).

    A transnacional Monsanto está em mais de 80 países, com domínio de aproximadamente 80% do mercado mundial de sementes transgênicas e de agrotóxicos. A empresa acumula acusações em diferentes continentes, por violações de direitos, por omissão de informações sobre o processo de produção de venenos, cobrança indevida de royalties e imposição de um modelo de agricultura baseado na monocultura, na degradação ambiental e na utilização de agrotóxicos5.

     

    A quem interessa saber?

    O diálogo sobre o presente e o futuro da alimentação diz respeito aos 7 bilhões de habitantes do planeta hoje existentes. De acordo com Paulo Freire (1971b, p. 43, apud Lima 2011, p.90), “dialogar não significa invadir, manipular, ou fazer ‘slogans’. Trata-se de um devotamento permanente à causa da transformação da realidade (…). O diálogo não pode se deixar aprisionar por qualquer relação de antagonismo (…)”. A Monsanto se apresenta como uma empresa comprometida com o diálogo, o qual estabelece como base nos princípios de seu compromisso corporativo: “ouvir atentamente diversos públicos e pontos de vista, demonstrando interesse em ampliar a nossa compreensão das questões referentes à tecnologia agrícola, e a fim de melhor atender as necessidades e preocupações da sociedade e uns dos outros”.6

    Ao afirmarmos que o diálogo sobre a produção de transgênicos é desencontrado, referimo-nos às ambivalências entre o discurso e a prática das empresas, dos governos, das universidades e da mídia. O processo dialógico é permeado por ruídos, omissões e abordagens unilaterais.

    Um ponto flagrante na divulgação das informações para a população é que a pesquisa com transgênicos é realizada quase exclusivamente por aqueles que comercializam os produtos biotecnológicos. A preocupação é elaborar variedades com mais performance, sem se envolver na investigação de seus riscos indiretos ou diretos. A introdução dos GMs em diversas partes do mundo mostra a relação conflituosa entre ciência e democracia (APOTEKER, 2011, p. 89). As implicações vão além da dimensão cientifico-tecnológica. Estão ligadas às decisões políticas dos governos e à ética. Existe uma tensão permanente entre a demanda da sociedade e os interesses envolvidos com o fazer científico.

    O direito à informação sempre esteve presente nos debates relacionados com a introdução dos transgênicos no país. Essa reinvindicação foi impulsionada pelas organizações não governamentais (ONGs) e movimentos sociais, em especial os ligados aos direitos do consumidor. “O aumento da produção amplia a importância da informação como meio de garantir aos cidadãos o poder legítimo de escolha”. (SALAZAE, 2011, p. 302).

    A rotulagem de alimentos é um meio de assegurar esse direito, mas em contrapartida torna-se uma arena de conflitos entre as indústrias e os consumidores. Nos EUA, utiliza-se o critério de “equivalência substancial”, em que a semente não transgênica é posta em igualdade com a geneticamente modificada. Partindo dessa norma, não há necessidade de informar ao consumidor o tipo de grão que contém um produto alimentício. Assim, a legislação norte-americana não permite estampar o “T” (de transgênico) nos rótulos (ROBIN, 2008).

    Entretanto, as associações de consumidores norte-americanas conseguiram o direito de rotular o leite com a informação “ausência de uso”, referindo-se ao hormônio rBGH, responsável por aumentar em até 30% a produção de leite. Este foi o primeiro produto nascido da engenharia genética. Após 15 anos de uso massivo na pecuária leiteira – com índices elevados de mastites nas vacas que recebiam o hormônio, aumento da quantidade de germes no leite, além do crescimento do fator IGF (responsáveis por várias enfermidades) – a população passou a ter acesso a essa informação. (APOTEKER, 2011, p. 90; COHEN, 2005).

    No Brasil, o decreto federal 4.680/2003 regulamentou o direito à informação, conforme artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor (CDC), sobre alimentos que contenham acima de 1% de ingredientes transgênicos. A lei vale, inclusive, para alimentos e ingredientes produzidos a partir de animais alimentados com ração contendo GM. Em agosto de 2012, o Tribunal Regional Federal da Primeira Região, acolhendo o pedido da Ação Civil Pública proposta pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) e pelo Ministério Público Federal (MPF), tornou uma exigência a rotulagem dos transgênicos independentemente do percentual e de qualquer outra condicionante. É possível identificar em diversos produtos um símbolo com a letra T (exige atenção para identificar, pois normalmente aparece com discrição nas embalagens).

    Entretanto, o momento atual parece um retrocesso no que diz respeito à informação sobre a fabricação. O Projeto de Lei (PL) 4.148 (2008), de autoria do Deputado Luis Carlos Heinze, pretende retirar essa informação dos rótulos. O PL apresenta as seguintes propostas: (1) não torna obrigatória a informação sobre a presença de transgênico no rótulo se não for possível sua detecção pelos métodos laboratoriais, o que exclui a maioria dos alimentos (como papinhas de bebês, óleos, bolachas, margarinas); (2) não obriga a rotulagem dos alimentos de origem animal alimentados com ração transgênica; (3) exclui o símbolo T que hoje permite a identificação da origem transgênica do alimento (como se tem observado nos óleos de soja); (4) não obriga a informação quanto à espécie doadora do gene.

    Em 2013, o PL poderia ir em votação em caráter de urgência, mas a ameaça não se confirmou. Em 29 de abril de 2014, novamente entrou eu pauta por conta de outro projeto que prevê a separação de produtos transgênicos em prateleiras de estabelecimentos comerciais (similar a uma lei estadual de São Paulo). Mas com a mobilização da sociedade civil a votação foi suspensa. Esses são alguns dos desencontros do diálogo sobre a transgenia no Brasil. O Idec está em campanha para impedir o fim da rotulagem dos transgênicos. Para participar, basta enviar uma mensagem para os deputados. É fácil e eficaz.

    A soberania do discurso científico pode calar e distanciar os cidadãos de assuntos que dizem respeito ao desenvolvimento econômico, social e cultural. É necessário construir um debate público com informação e conscientização. O diálogo aprofundado, e interessado em ouvir o que a sociedade realmente tem a dizer, é de responsabilidade do governo, por meio das leis de regulamentação; das universidades públicas, com educação e formação de cidadãos críticos e participativos; dos cientistas, ao respeitar o interesse público; das ONGs, ao trazer informações para a esfera pública; e da mídia e empresas do agronegócio, que devem comunicar com mais clareza e ética7.

    Como podemos observar, as novas tecnologias envolvem questões que devem ser debatidas pelos mais diversos atores sociais. A produção de alimentos GMs trouxe questões complexas, que urgem por interdisciplinaridade para construir a reflexão e propor soluções. É o caso alarmante da transição da posse das sementes, das mãos dos camponeses às das multinacionais. Outra análise imperativa é em relação aos riscos indeterminados, em longo prazo, na saúde humana e no meio ambiente.

    A dificuldade para se fazer pesquisas independentes sobre a produção de transgênicos é um entrave para fundamentar as discussões no campo do direito e da cidadania. O diálogo entre os sujeitos, permeado de múltiplos valores, necessita encontrar caminhos concretos e seguros para transformar a realidade. Nesse sentido, um processo de comunicação dialógico, como nos sugere Paulo Freire, pode nutrir a sociedade com informações consistentes e o mais abrangentes possíveis. Assim, o cidadão poderá conquistar autonomia e engajamento para participar democraticamente, de forma deliberativa, de questões centrais para o presente e o futuro.

    Juliana M. Dias é Arquiteta e urbanista, mais urbanista que arquiteta. Ilustradora e escritora. Amante de política, arte, história e gatos. Editora do blog Objeto Direto

     

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ABRAMOVAY, R. Bem-vindo ao mundo da controvérsia. In: Transgênico: sementes da discórdia, pp 135-165. Editora SENAC SP. São Paulo, 2007.

    ANDIROLI, I, A; FUCHS, R (Org.). Transgênicos: as sementes do mal – A silenciosa contaminação dos solos e dos alimentos. 2 ed. Expressão popular, São Paulo, 2012.

    APOTEKER, A. Ciência e democracia: o exemplo dos OGMs. In: Transgênico para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade, pp. 84-94. Brasília; MDA, 2011.

    COHEN, R. Leite, alimento ou veneno?. Trad.: Dinah Abreu Azevedo. Editora Ground, São Paulo, 2005.

    LIMA, A, V. Comunicação e cultura: as ideias de Paulo Freire. 2. Ed. Ver. Editora UNB. Brasília, 2011.

    MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão das trocas nas sociedades arcaicas. In: Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU, p. 37-184, 1974.

    FERNANDES, G. Campanha por um Brasil ecológico livre de transgênicos e agrotóxicos: o balanço de 10 anos. In: Transgênico para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade, pp 440-445. Brasília; MDA, 2011

    ROBIN, M. O mundo segundo a Monsanto. Trad.: Cecília Lopes e Georges Kormikiaris. Radical Livros, São Paulo, 2008.

    SALAZAR, L, A. A informação sobre os transgênicos no Brasil. In: Transgênico para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade, pp 302-316. Brasília; MDA, 2011.

    SILVEIRA, J, F, M, J; BUAINAIN, M, A. Resultados de avaliação de impactos: reducionismos e economiscismos à larga.In: Transgênico: sementes da discórdia, pp 57-74. . Editora SENAC SP. São Paulo, 2007.

    TRIGUEIRO, A. Uma análise introdutória à noção de fato social total em Marcel Mauss. Rev. Augustus, Vol. 08, N 17, p. 9-16, Jul-Dez, Rio de Janeiro, RJ. VEIGA, E, J. Transgênico (Org.): sementes da discórdia. Editora SENAC SP. São Paulo, 2007.

    ZANONI, M; FERMENT G (Org.). Transgênico para quem? Agricultura, Ciência e Sociedade. Brasília; MDA, 2011.

    1 Matéria “Monsanto ‘desiste’ da União Europeia”, publicada no jornal Valor Econômico, publicada em 19 de julho de 2013.

    2 Matéria Monsanto confirma que não pedirá aprovação de novas sementes na Europa, publicada em 03 de junho de 2013.

    3 Revista Radis – Comunicação e Saúde, nº 69, súmula “Romênia proíbe milho da Monsanto”, disponível em http://www6.ensp.fiocruz.br/radis/revista-radis/69/sumula/romenia-proibe-milho-da-monsanto .

    4 Matéria “Monsanto perde processo criminal contra movimentos sociais, publicada no site Terra de Direitos, em 25 de maio de 2013, disponível em

    http://terradedireitos.org.br/biblioteca/casos-emblematicos/monsanto-perde-processo-criminal-contra-movimentos-sociais/

    5 Matéria “Monsanto perde processo criminal contra movimentos sociais, publicada no site Terra de Direitos, em 25 de maio de 2013, disponível em

    http://terradedireitos.org.br/biblioteca/casos-emblematicos/monsanto-perde-processo-criminal-contra-movimentos-sociais/

    6 Disponível em http://www.monsanto.com.br/institucional/monsanto-no-mundo/compromisso-monsanto/compromisso-monsanto.asp

    7 Palestra “Questões Éticas: Compreender as atitudes do público e da necessidade de diálogo” proferida por Phil Macnaghten, professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Durham University (Inglaterra), durante o evento Mesa de Controvérsias – Transgênico, organizado pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), em julho de 2013, Brasília.

  9. NNCA SE DEVE ESQUECER MALDADES DE UM POLITIQUEIRO

     

    O POLITIQUEIRO MARCELLO ALENCAR

    Um sujeito que perambulava pelos bares do centro do RJ sem um tusta no bolso, Brizola, generoso, o retirou das ruas e o trouxe para o PDT transformando-o numa liderança Pedetista, indicando-o para o cargo de Prefeito da Cidade .

    Na primeira oportunidade, o canalha traiu Brizola, indicou o torturador e matador de Lamarca como Secretário de Segurança e entregou as finanças para que seus filhos fizessem barbaridades, vendoando todo o patrimônio dos cariocas .

    Um dos filhos saiu da pobreza e se tornou um dos maiores criadores de cavalos de raça do Estado do Rio de Janeiro, o outro filho vendoou o BANERJ e logo apóis comprou uma belíssima mansão de mais de 5 milhões de dólares na Região dos Lagos , anda sumido, parece que fixou-se nos States .

    O músico Toni Beloto, que anda criticando ferozmente o Lulopetismo, está incrustado na família deste salafrário que acabou de ir para o inferno, mas hipócrita como todo tucanófilo, fica quietinho, escondendo o imenso rabo da família Alencar .

  10. Na Venezuela, guerra psicológica contra o governo

    Na Venezuela, guerra psicológica induz ao exorcismo contra o governo

    9 de junho de 2014

    A Venezuela diante da manifestação da guerra psicológica

    Escrito por Edgar Barrero Cuellar*

    Traduzido ao português por Jair de Souza, especial para o Viomundo

    Do Viomundo

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/na-venezuela-guerra-psicologica-induz-ao-odio-e-ao-exorcismo.html

     

    Durante vários meses, dia a dia, sem descanso, a notícia central nas grandes cadeias informativas é proveniente da Venezuela. Muito além da conjuntura econômica que o país está vivendo e da disputa de poder que está em marcha, não faltam os qualificativos dos criadores de opinião. Guerra psicológica? Como funciona isto? Quais são suas características centrais e seus efeitos? Apresentamos aqui uma aproximação a esta realidade de tantas recordações ruins para a Humanidade.

    Pouco se fala sobre as novas e sofisticadas armas de guerra dos Estados Unidos: estratégias de manipulação mental em grande escala, instalação do medo na cotidianidade dos habitantes escolhidos como alvos de suas operações, a implantação de sentimentos de ódio, racismo, segregação e vingança entre habitantes de um mesmo país; desestruturação intelectual mediante a inoculação de imagens que distorcem a realidade; a exarcebação de sentimentos justificadores da crueldade e até mesmo a manipulação atroz de crenças espirituais através de incitadores da morte física ou simbólica dos que são considerados inimigos da fé.

    Um arsenal completo que conjuga diferentes técnicas e disciplinas do saber que, ao ser implementadas, recebem o nome genérico de guerra psicológica.

    Diante do ataque desestabilizador que o governo venezuelano está enfrentando, é oportuno e importante que nos aprofundemos nos aspectos psico-sócio-antropológicos deste tipo de guerra, tratando de localizar seus elementos estruturais quanto à forma de construção ideológica; assim como os aspectos potenciais para seu enfrentamento e desestruturação como parte do combate pela verdade histórica, a contra-manipulação e a resistência organizada contra as montagens pulsionais construídas para levar à obediência cega e à submissão.

     

    A viúva negra

    De acordo com a investigadora Eva Golinger (1), a fase mais recente das operações de guerra psicológica contra a Venezuela remonta ao ano 2006, quando desde Washington e Bogotá foi lançada uma estratégia aberta de indicações sobre a suposta aliança de Hugo Chávez com as FARC. Na Colômbia, tal campanha foi cinicamente assumida pelo ex-presidente Álvaro Uribe, sobre quem pesa uma infinidade de acusações relativas a seus vínculos com a estrutura paramilitar que converteu a Colômbia numa imensa fossa comum (2).

    Esta é apenas a cabeça visível do grande emaranhado de arapucas psicológicas que tratam de captar mentes e corações desprevenidos. Sobretudo, a aceitação das classes médias, que caem magicamente nas teias dessa viúva negra, a qual não terá nenhum prurido em sacrificá-las de imediato para dar sequência a seu cruel plano de pôr fim às tentativas que vêm sendo feitas na Venezuela para mudar as condições sociais e econômicas.

    Um caso próximo a isso pode ser visto na tentativa de assassinato de Leopoldo López [líder da oposição venezuelana] por parte dos mesmos setores que o impulsaram a liderar as arruaças e a violência que tiveram lugar em algumas cidades durante os passados meses de fevereiro e março (3).

    Primeiro seduzir para logo exterminar, este é um dos princípios do pensamento psicológico ali imposto, o que inclui o sacrifício necessário dos próprios aliados, tal como está demonstrado ao longo da história da Humanidade.

    Vejamos a matriz da guerra psicológica lançada contra a Venezuela em sua dupla perspectiva de ataque imperialista à maior reserva mundial de petróleo e, por sua vez, as possíveis respostas – à luz do direito universal – para a defesa da dignidade e da soberania dos povos. Isto pode ser graficamente esquematizado da seguinte forma:

    Corpo físico. Na guerra psicológica contra o corpo físico dos venezuelanos encontramos a geração maciça de terror através de operações de guerra suja que têm como intenção fundamental a construção de um clima de medo e total sensação de vulnerabilidade que conduza a um pedido de ajuda internacional, tal como fica demonstrado com as 41 pessoas assassinadas e os mais de seiscentos feridos desde fevereiro de 2014 até a presente data (4).

    Para a aplicação desta técnica de manipulação e controle, é preciso ocasionar mortos e feridos, que devem ser atribuídos ao Governo e exibidos de forma espetacular nos meios de comunicação impressos, na televisão e nas redes sociais. Esta estratégia busca produzir dor física real naqueles que são vítimas dos franco-atiradores, dos arames que decapitam os motociclistas, da queima de pessoas vivas nos centros de saúde e da tortura mediante golpes a pessoas indefesas.

    Corpo mental. Depois da dor física atribuída ao mandatário do país, é preciso vir a expressão de tristeza, fatalismo e raiva social que mobilize a população para a derrubada do governo legitimamente constituído. Primeiro dor física, tristeza social, a seguir, e finalmente raiva irracional são os aspectos potenciados desde a guerra psicológica contra o governo venezuelano.

    Um exemplo disso pode ser evidenciado na campanha internacional de Maria Corina Machado, mostrando imagens distorcidas da realidade, as quais chegaram mesmo a merecer rechaço em âmbitos tão importantes como o Congresso brasileiro, onde a senadora Vanessa Grazziotin qualificou seu vídeo de “uma montagem grotesca” (5).

    Corpo inconsciente. Ao nível do corpo mental, as operações psicológicas buscam a instalação de imagens distorcidas da realidade na estrutura intelectual e afetiva das pessoas. Isto se consegue concretizar pela ação contínua e repetitiva dos grandes meios de desinformação, que constroem um universo visual-auditivo para a aceitação passiva da mentira.

    Esta situação foi denunciada pela própria Defensora do Povo na ONU, como parte de uma campanha midiática internacional de desprestígio contra a Venezuela, através da qual buscam “difamar as instituições públicas venezuelanas e, assim, deixar transparecer que os direitos humanos de quem protesta violentamente estão sendo desrespeitados e, com isso, propiciar uma intervenção estrangeira nesse país” (6).

    Desde a perspectiva da Psicologia da Libertação, este fenômeno pode ser denominado como uma espécie de esquizofrenia social induzida via ocultação sistemática da verdade e pela instalação de realidades paralelas, fantasiosas, por trás das quais habitam fantasmas, demônios e monstros assassinos.

    A guerra psicológica penetra a subjetividade por meio de imagens e discursos altamente ideologizados que conseguem instalar-se na psique e, uma vez ali, adquirem vida própria, se auto-reproduzem com o mais leve contato de novas imagens e/ou de novas mensagens provenientes da matriz mágica do encantamento fascista que infantiliza em grande escala.

    Tal infantilização e embrutecimento fica claramente evidenciada nos fatos relacionados com o assédio e a agressão à embaixada de Cuba na Venezuela no ano 2002. Homens e mulheres são induzidos de forma cega a agredir os veículos da missão diplomática usando as partes mais frágeis de seu corpo – como as próprias mãos – para destruir a golpes objetos que são claramente indestrutíveis com um simples golpe.

    A capacidade de raciocínio desaparece por completo para dar lugar ao desbordo emocional por meio da imitação e o contágio psicossocial. A habilidade humana para pensar utilizando ferramentas e antecipando consequências é substituída pelo instinto animal, que se mobiliza unicamente pela via da satisfação de necessidades primárias. É por isso que a massa é conduzida como ovelhas ao rebanho.

    Corpo mágico. O que acabamos de ver fica articulado de maneira sincronizada com o campo do corpo mágico. Ali, a guerra psicológica tem como função disparar uma série de dispositivos para a geração de um certo encantamento psico-sócio-antropológico por meio do qual apodera-se completamente da vontade de grandes grupos de seres humanos a nível nacional e internacional.

    Como nas velhas épocas de fábulas e contos encantados, na fase atual da guerra contra a Venezuela recorrem a este antigo método de guerra psicológica mediante o qual conseguem criar uma percepção social da realidade totalmente falsa e acomodada aos interesses dos poderosos grupos econômicos, políticos e militares. Na consciência mágica, o ser humano tem um certa noção do que realmente está ocorrendo, mas é tanta a efetividade do encantamento que perde-se por completo a capacidade de resposta crítica diante dos fatos reais.

    Uma forma concreta de ver como opera este nível da guerra psicológica contra o Governo Bolivariano pode ser observada na maneira como conduziram um grande número de pessoas a um enfrentamento com os simpatizantes chavistas que defendiam o legítimo mandato de Hugo Chávez quando da frustrada tentativa de golpe de Estado de abril de 2002, episódio conhecido como o massacre de Ponte Llaguno.

    É preciso estar encantado para não se dar conta do perigo de morte a que foram conduzidos, pois nesse momento se falava de franco-atiradores disparando contra ambos lados da multidão. É necessário estar “abobado” para não se dar conta de que os que promoviam o massacre entre irmãos desapareceram dali ao mesmo tempo que propiciavam os enfrentamentos (7).

    [Nota do Viomundo: O documentário A Revolução Não Será Televisionada descreve detalhadamente o episódio. De última hora, uma manifestação oposicionista foi transformada em marcha ao Palácio Miraflores, onde todos sabiam haver uma multidão de chavistas. O objetivo era criar as vítimas fatais posteriormente atribuídas à repressão do governo]

    O corpo mágico da sociedade é um dos mais lesionados com a guerra psicológica, técnicas com as quais capturam e enfeitiçam grandes grupos humanos, levando-os inclusive à morte, a qual pode ser física, mas também psicológica e espiritual. Ou seja, que não apenas se entrega a vontade física dos seres humanos para seu sacrifício, senão que também entregam a vontade psicológica e espiritual que estabelece os limites éticos e morais.

    Um exemplo disso é a forma como parte da indústria midiática estabelecida em países como a Colômbia manipulam as notícias. Parece que meios como NTN, Caracol e RCN entendem que a distorção total da realidade é o único referencial ético para o que está acontecendo no país vizinho (8).

    Corpo espiritual. Neste plano, pode-se constatar uma poderosa manipulação das dimensões mais sagradas do ser humano, até o ponto de levá-lo – sem que ele se dê conta – a situações de atrocidade, como o gosto ou o prazer por/com a barbárie, a morte, a tortura e a desaparição do outro (9).

    A combinação estratégica de mitos espirituais e/ou religiosos com símbolos patrióticos pode levar a níveis de fanatismo nos quais o sentido formal das crenças chega a ser transformado, sutilmente substituído por outros carregados de conteúdos ideológicos imperceptíveis para a pessoa crente. Talvez seja duro aceitar isso, mas muitas vezes utilizam elementos tão sagrados como a eucaristia para incentivar a guerra e o sacrifício dos próprios irmãos.

    O que acabamos de mencionar pode ser evidenciado nas missas oferecidas pelo sacerdote venezuelano Pedro Freites, em Bogotá.

    No púlpito, ele coloca a bandeira da Venezuela, na qual aparecem apenas sete estrelas e não oito, como realmente está aprovada pela Constituição Bolivariana, posto que a oitava estrela foi uma iniciativa de Hugo Chávez ao retomar um decreto de 1817 do próprio Libertador Simón Bolívar, no qual decreta a incorporação da oitava estrela como um reconhecimento da independência da província da Guayana.

    Um aspecto ainda mais importante tem a ver com a entoação do hino da Venezuela no momento da consagração.

    Ali se materializa essa combinação perversa de simbologia religiosa e nacionalista com que se criam fantasmas diabólicos aos quais o dever cristão conclama a combater: “Nós precisamos estar claros que necessitamos uma estrutura democrática contra um regime ditatorial e não pudemos obter a luz […] este evangelho de São Paulo cai como um anel no dedo, ao final nos diz, desperta tu que dormes, levanta-te e vê a luz e não obtivemos a luz” (10).

    A luz aparece como símbolo messiânico da salvação e como dever moral a seguir.

    Nas palavras de Hinkelammert, “O império só adverte maldades nos outros, ações diabólicas, e, por isso, entende sua própria política como um grande exorcismo” (11).

    A manipulação da espiritualidade e da religiosidade dos povos é uma das formas mais certeiras das operações psicológicas.

    É possível fazer algo contra esta matriz?

    Quem sofre este tipo de ataques deve analisar criticamente a forma de desmascará-los: mostrar as verdadeiras imagens e repetir incessantemente a mensagem da verdade.

    Não se trata de mostrar ou demonstrar razões, pois aqueles que caíram nesse estado de encantamento ideológico não são capazes de discernir argumentos, senão de deixarem-se levar por suas emoções e espiritualidades sutilmente manipuladas. Isto foi brilhantemente demonstrado por Wilhelm Reich em Psicologia das massas no fascismo.

    Os discursos nacional-socialistas de propaganda se caracterizavam por fazer hábeis chamadas aos sentimentos dos indivíduos integrados na massa, e pela renúncia, à medida do possível, a toda argumentação objetiva. Em sua obra Mein Kampf (Minha Luta), Hitler ressalta em repetidas ocasiões que a boa tática em matéria de psicologia de massas reside em renunciar a toda argumentação e em apresentar às massas somente “a grande meta final”.

    Não se trata de renunciar ao nível da argumentação. O desafio é incorporar outros elementos estruturais do psicológico, como o emocional e o espiritual, pois sobre eles é que a guerra psicológica implementada contra a Venezuela se sustenta.

    Isto implica criar melhores formas de comunicação social a nível interno e externo, com a presença de psicólogos especialistas no tratamento de montagens emocionais e espirituais, o que inclui edição impressa, presença constantes em canais públicos e privados de televisão, ofensivas comunicativas em redes sociais e, se possível, aquisição de canais próprios – como a Telesur – para a educação e conscientização política.

    É um desafio urgente para este tipo de governo. Ao observar com atenção os discursos da chamada oposição na mesa de diálogo para a paz (10 de abril de 2014), pode-se ver que ali não havia um alto nível de argumentação, senão que, ao contrário, um desbordo emocional que passava do riso irônico e burlão aos olhares de ódio e desprezo para com os representantes legítimos do governo.

    Inclui estratégias bem elaboradas, como chamar pelo nome o presidente Maduro, tal como fez Capriles, que buscam deixar uma imagem de bom homem, respeitoso e confiante, que não seria capaz de fazer mal a ninguém. Esse nível sutil da guerra psicológica é o que penetra profundamente na estrutura ideoafetiva da massa.

    É nesses momentos que a psicologia pode fazer suas verdadeiras apostas ético-políticas pela verdade histórica. O papel de psicólogos, psiquiatras e outros especialistas não pode permanecer funcional à guerra, à tortura e à polarização psicossocial.

    Nosso proceder tem de servir à sociedade plenamente, sem submeter-se às pequenas elites que historicamente vem submetendo os povos a crueis condições de existência material, psicológica e espiritual. A grande missão dos Psicólogos pela Verdade pode ser uma forma de concretização deste ideal humanista.

    * Psicólogo Social, mestre em Filosofía

     

    1 – Disponível aqui. http://www.rebelion.org/noticia.php?id=81736&titular=operaciones-psicol%F3gicas-contra-venezuela%3A-washington-y-su-guerra-contra-la-revoluci%F3n-bolivariana

    2 – No livro Por las sendas del ubérrimo de Iván Cepeda e Alirio Uribe, estão documentadas as obscuras relações de Álvaro Uribe Vélez com a estrutura paramilitar colombiana, narcotraficantes e até a delinquência comum. Ali se fala de “276 denúncias radicadas perante a Comisisão de Investigação e Acusação da Câmara de Representantes que comprometem ao ex-presidente Álvaro Uribe” (p.196).

    3 – Disponível aqui. http://www.jornada.unam.mx/ultimas/2014/02/18/opositores-desafian-al-gobierno-venezolano-con-marcha-sin-autorizacion-5676.html

    4 – Disponível aqui. http://albaciudad.org/wp/index.php/2014/04/conozca-los-26-fallecidos-a-un-mes-del-inicio-de-las-protestas-opositoras-la-gran-mayoria-son-victimas-de-las-barricadas/

    5 – Disponível aqui. http://www.correodelorinoco.gob.ve/politica/excelente-respuesta-senadora-brasilena-vanessa-grazziotin-a-maria-corina-machado-%E2%80%9Csu-video-es-un-montaje-grotesco%E2%80%9D/

    6 – Disponível aqui. http://www.telesurtv.net/articulos/2014/03/12/defensora-del-pueblo-denuncio-campana-mediatica-contra-venezuela-en-la-onu-5431.html

    7 – Esta forma de proceder está suficientemente documentado no trabalho investigativo de Ángel Palacios denominado Puente Llaguno: claves de una masacre:

    8 – Ver aqui. http://www.avn.info.ve/contenido/yahoo-caracol-naci%C3%B3n-y-nt24-manipulan-palabras-nicol%C3%A1s-maduro-sobre-capitalistas-que-roban

    9 – Se desejam se aprofundar neste aspecto da guerra psicológica, podem consultar o livro De los pájaros azules a las águilas negras: estética de lo atroz. Psicohistoria del conflicto armado en Colombia, de Edgar Barrero Cuellar, editado por Fondo Editorial Cátedra Libre en 2011, Bogotá-Colombia.

    10 – Sacerdote Pedro Freites. Palavras pronunciadas na celebração da missa na Parróquia Santa Clara (Bogotá) em 30 de março de 2014. A esta missa compareceram o candidato uribista Oscar Iván Zuluaga e a senadora Tania Vega, esposa do Coronel Luis Alfonso Plazas Vega, condenado a 30 anos pelo delito de desaparição forçada no holocausto do Palacio de Justiça em 1985.

    11 – Franz Hinkelammert. El asalto al poder mundial y la violencia sagrada del Imperio. San José de Costa Rica, Editorial Departamento Ecuménico de Investigaciones (DEI), 2003.

  11. Após regulação, mortes por tráfico chegam a zero no Uruguai
    Após regulação, mortes por tráfico de drogas chegam a zero no Uruguai

    Secretário Nacional de Drogas do Uruguai, Julio Heriberto Calzada afirmou que o país conseguiu reduzir a zero as mortes ligadas ao uso e ao comércio da maconha

      PUBLICADO EM 02/06/14 – 13p8DA REDAÇÃO

    Durante debate da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa no Senado, nesta segunda-feira (2), o Secretário Nacional de Drogas do Uruguai, Julio Heriberto Calzada afirmou que o país conseguiu reduzir a zero as mortes ligadas ao uso e ao comércio da maconha desde que adotou regras para regulamentar o cultivo e a venda da droga.

     

    Em resposta ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF), Calzada disse que a legalização da maconha talvez aumente o número de usuários, mas ele acredita que a combinação com outras ferramentas de política pública, em aspectos culturais e sociais, poderão modificar padrões de consumo e levar ao êxito na redução de usuários.

    Conforme relatou, o país assegura o acesso legal à maconha por meio de autocultivo, com até seis pés por cada moradia; pela participação de clubes de cultivo, com 15 a 45 membros; ou pela aquisição a partir de um sistema de registro controlado pelo governo.

    No debate, o secretário afirmou que respostas efetivas para a questão das drogas dependem de clareza na delimitação do problema. Ele apresentou aos senadores perguntas que devem ser respondidas: Qual é a questão central das drogas? O foco deve estar na substancia? Nas pessoas? Na cultura? Na sociedade? Na política? Na geopolítica? Nas normas? Na fiscalização do trafico ilícito?

    Os países, disse o secretário, devem ter em conta que as substancias – tabaco, maconha, heroína, cocaína – não são iguais e devem ser analisadas em suas particularidades e tratadas conforme o conjunto de aspectos referentes a cada uma. Pela grande complexidade do problema das drogas, disse, o Uruguai busca embasar suas ações em evidências científicas.

    Conforme avaliou, a criminalização de usuários de drogas seria ineficiente por fazer com que cidadãos passem a ser tratados como viciados ou dependentes. Uma das consequências, disse, é o sistema de saúde ficar refratário a essas pessoas. Dados citados pelo secretário dão conta de que mais de 90% dos usuários de drogas não buscam ajuda no sistema de saúde.

    Calzada afirmou ainda que, como outras drogas, como álcool, por exemplo, há riscos e efeitos colaterais negativos com o consumo de maconha, o que requer regulação e controle do Estado.
    A audiência desta segunda-feira (2), que conta com participação popular pelos canais de interatividade do Senado, é a primeira de um ciclo de debates promovido pela CDH para ouvir autoridades, lideranças sociais e intelectuais, visando embasar o parecer da comissão sobre proposta de iniciativa popular (Sugestão 8/2014) que define regras para o uso recreativo, medicinal e industrial da maconha.

    Também participam do debate a coordenadora-geral de Combate aos Ilícitos Transnacionais do Ministério das Relações Exteriores, Márcia Loureiro; o representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime no Brasil, Rafael Franzini Batle; o relator da Sugestão 8/2014, senador Cristovam Buarque (PDT-DF); e a presidente da CDH, senadora Ana Rita (PT-ES).

     

     

  12. Greve de ferroviários e

    Greve de ferroviários e taxistas causa transtornos na Europa 

     

    Capitais de pelo menos quatro países enfrentam intensos engarrafamentos enquanto taxistas protestam contra serviços de táxi por celular

    Passageiros caminham em uma plataforma na estação St Lazare, em Paris, nesta quarta-feira, 11 de junho, em meio a uma greve dos ferroviários franceses que protestam contra planos de abrir ferrovias para empresas concorrentes. Foto Reuters

    Europeus enfrentam dia de caos no trânsito em Londres, Berlim, Paris e Madrid nesta quarta-feira, em função de uma greve que reduziu a capacidade do transporte ferroviário a um terço da normal, além de um dos maiores protestos de taxistas contra o Uber, um serviço de táxi dos EUA, que permite que as pessoas chamem corridas pelo celular.

    Em Paris, passageiros enfrentaram, esta manhã, engarrafamentos que chegam até as entradas da cidade, já que o protesto dos táxis retardou o tráfego nas principais artérias para o centro. Em Londres, até 12.000 taxistas pretendem bloquear ruas em torno de Trafalgar Square, esta tarde.

    Os motoristas de táxi estão insatisfeitos com o que chamam de concorrência desleal dos aplicativos para celular que oferecem serviços de transporte e fazem protestos na Grã-Bretanha, Alemanha, Espanha e França. Os taxistas alegam que aplicativos como Uber e Chauffeur Prive são “inexperientes e não regulamentados”. Durante uma greve no início deste ano, motoristas que oferecem transporte por meio dessas ferramentas tiveram seus veículos atacados, de acordo com a AP.

     Fitas amarelas colocadas nos veículos sinalizam a participação em uma manifestação de taxistas perto da Torre Eiffel, em Paris, nesta quarta-feira, 11 de junho Foto Reuters

    Na semana passada, a Uber foi avaliada em US$ 18,2 bilhões, apenas quatro anos após seu lançamento, em 2010, e apoiada por investidores como Goldman Sachs e Google. A empresa defende que seu aplicativo está em conformidade com as regulamentações locais e que estão sendo alvo por causa de seu sucesso na conquista de clientes.

    Ao mesmo tempo, na França, os trabalhadores ferroviários da empresa estatal SNCF deram início a uma greve para mostrar insatisfação em relação a propostas em discussão no Parlamento Europeu. A capacidade de transporte de trens franceses em linhas regionais e nacionais foi reduzida a um terço da normal, informou um operador da empresa SNCF.

    Os trabalhadores ferroviários dizem que estão preocupados com planos de fusão da agência que opera a rede com a SNCF, responsável pelos trens. Eles também protestam contra planos de abrir as ferrovias para a concorrência.

     

    Com informações da Reuters e AP.

    http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/greve-de-ferroviarios-e-taxistas-causa-transtornos-na-europa,401c812ed9a86410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html

  13. Militares infectados após participação na Minustah

    Do Comunità Italiana

    em: http://www.comunitaitaliana.com/site/noticias/21071:militares-infectados

    Militares infectados

    Criado em Quarta, 11 Junho 2014 10:08

    Seis soldados brasileiros que retornaram ao país após trabalhar na missão de paz no Haiti foram infectados pelo vírus Chikungunya, informou a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
    De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), os oficiais retornaram ao país entre os dias 2 e 3 de junho.
    “As infecções foram confirmadas por análises de diagnóstico molecular da Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), realizadas pelo Instituto Adolfo Lutz, laboratório da Secretaria”, apontaram as autoridades sanitárias.
    As autoridades paulistas de saúde foram avisadas no dia 5 e agentes da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) iniciaram ações de contenção e nebulização no Hospital Militar de Área de São Paulo e no Batalhão de Logística do Exército, em Campinas, por onde os soldados passaram.
    Ainda de acordo com o comunicado, “os pacientes estão em observação e estado de saúde deles é considerado bom e estável”.
    No estado de São Paulo, dois casos importados da doença foram confirmados em 2010 em brasileiros que haviam voltado do Sudeste Asiático. A Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo explicou que o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e pelo Aedes albopictus, ocasiona os mesmos sintomas da dengue — febre, dores no corpo, manchas vermelhas pelo corpo e dores nas articulações.
    Ainda como a dengue, não existe um tratamento específico para o vírus, que pode deixar sequelas permanentes. (ANSA)

  14. Rússia ‘x’ EUA

    A Rússia está abandonando o dólar

    Michael Snyder, 10 de Junho de 2014

    Os russos estão realmente fazendo um movimento contra os petrodólares. Parece que eles estão com o firme propósito de implementar a estratégia de desdolarização.

    Vladimir Putin  Vladimir Putin

    A maior produtora de gás natural do planeta, a Gazprom, assinou acordos com alguns dos seus maiores clientes a para mudar o pagamento do gás natural de dólares para euros. E Gazprom nunca teria feito isso sem a total aprovação do governo russo, que detém uma participação majoritária na Gazprom. Não houve uma única nota sobre isso publicada pelas grandes redes convencionais de notícias nos Estados Unidos, mas esta fato é isso é um fato crucial. A Gazprom é uma das maiores empresas em todo o mundo e representa 8 por cento do PIB da Rússia. Ela detém 18 por cento das reservas de gás natural de todo o planeta e é uma grande produtora de petróleo. Assim, esta movimentação da Gazprom é extremamente significativa.

    Quando Barack Obama decidiu dar um tapa sem sentido sobre a Rússia, um tempo atrás, aplicando algumas sanções econômicas, ele provavelmente percebeu que o mundo iria esquecê-las depois de alguns ciclos de notícias.

    Mas os russos não esquecem – eles certamente não perdoam – e estão virando as costas para os Estados Unidos, incluindo o abandono do dólar americano.

    O que a Gazprom está fazendo agora tem o potencial para realmente sacudir o cenário financeiro global. 

    O trecho seguinte é de uma reportagem  da agência de notícias ITAR-TASS

     

    [ A Gazprom Neft assinou acordos adicionais com os consumidores sobre uma possível mudança de dólares para euros nos pagamentos no âmbito dos seus contratos, informou o diretor da companhia petrolífera Alexander Dyukov, em uma coletiva de imprensa.

    “Acordos adicionais de Gazprom Neft sobre a possibilidade de mudar os contratos de dólares para euros foram assinados.”, disse ele.

    Dyukov disse que nove de cada dez consumidores tinham concordado em mudar o pagamento para euros. ]

     

    E Gazprom não é a única grande empresa na Rússia que está se movendo para longe do dólar dos EUA.

    De acordo com a  RT, outras grandes empresas russas estão se alterando a forma de pagamento para outras moedas.

     

    [ A Rússia vai começar a estabelecer mais contratos em moedas asiáticas, especialmente o Yuan, a fim de diminuir a sua dependência do mercado do dólar, devido às sanções ocidentais lideradas pelos países que poderiam congelar depósitos a qualquer momento.

    “Ao longo das últimas semanas, tem havido um interesse significativo no mercado das grandes corporações russas para começar a usar vários produtos em moedas asiáticas, como o Renminbi e outros, e configurar as suas contas em países asiáticos”, disse Pavel Teplukhin, chefe do Deutsche Bank na Rússia, ao Financial Times. ]

    Diversificar contas de dólar para o Yuan chinês e outras moedas asiáticas, como o dólar de Hong Kong e o dólar de Singapura tem sido o movimento de pivô da Rússia em direção à Ásia em resposta à tensão com a Europa e os EUA, que permanecem tensas em torno da ação da Rússia na Ucrânia. ]

     

    O Zero Hedge, informou que “expandir o uso de divisas não dolarizadas” é uma das principais objetivos que os grandes bancos russos estão trabalhando agora.

     

    [ Andrei Kostin, presidente-executivo do banco estatal VTB, disse que a expansão do uso de divisas não dolarizadas foi uma das “principais tarefas” do banco. “Dada à extensão do nosso comércio bilateral com a China, o desenvolvimento da utilização de pagamentos em rublos e Yuan [Renminbi] é uma prioridade na nossa agenda e, por isso, estamos trabalhando nela agora”, disse o presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante um briefing. ”Estamos realizando esta operação desde maio.”

    “Não há nada de errado com a Rússia tentar reduzir a sua dependência ao dólar, na verdade, é uma coisa totalmente razoável a fazer”, disse o chefe de outro grande banco europeu instalado na Rússia. Ele acrescentou que a grande exposição da Rússia ao dólar pode submetê-la à volatilidade do mercado em tempos de crise. “Não há nenhuma razão pela qual o comércio com o Japão deve ser feito em dólares”, disse ele. ]

     

    O país inteiro está passando por uma transformação financeira de uma forma impressionante e os russos estão retirando os depósitos dos bancos dos EUA a um ritmo sem precedentes.

     

    [ Em março, sem esperar que a espiral de sanções seja imposta, os russos sacaram a sua grana dos bancos norte-americanos. Os depósitos dos russos em bancos norte-americanos de repente caíram de US $ 21,6 bilhões para US $ 8,4 bilhões. Eles retiraram 61% dos seus depósitos em apenas um mês. Eles aprenderam a lição com o Chipre da maneira mais difícil: sacar todo o dinheiro, enquanto é possível, antes que seja confiscado. ]

     

    A verdade é que o sistema econômico dos EUA é extremamente dependente do comportamento financeiro do resto do globo.

    Quase todos as outras nações ao redor do resto do planeta usam a moeda americana nas suas relações comerciais, mantendo o valor do dólar dos EUA artificialmente alto e os custos de empréstimos internos artificialmente baixo.

    O abandona do dólar dos EUA pela Rússia vai ser dolorido e, se outros países começarem a seguir o exemplo, poderia, eventualmente, causar uma avalanche financeira.

    O que estamos testemunhando agora é apenas um ponto de viragem.

    Os efeitos não serão sentidos de imediato. Então, isso não irá causar um desastre financeiro na próxima semana ou no próximo mês.

    Mas este é, definitivamente, outro elemento da “tempestade perfeita” que está começando a amadurecer para a economia dos EUA.

    Sim, estamos vivendo em uma falsa bolha temporária de estabilidade por alguns anos. No entanto, a perspectiva de longo prazo não indica melhoria. Na verdade, as tendências de longo prazo sinalizam que estão sendo destruídas as bases americanas econômicas e financeiras, que vão continuar a piorar ainda mais.

    Então aproveite os “bons tempos”, enquanto ainda é possível.

    Eles certamente não vão durar muito mais tempo.

    http://theeconomiccollapseblog.com/archives/russia-is-doing-it-russia-is-actually-abandoning-the-dollar

  15. Depois de 14 anos, metrô de Salvador “começa a andar”

    Depois de 14 anos, metrô de Salvador “começa a andar” na véspera da Copa

    do UOL 11/06/201406h00

     

    Xando Pereira/A Tarde/Agência O Globo

    Trens do metrô são retirados do depósito, em imagem de 2008

    Trens do metrô são retirados do depósito, em imagem de 2008

    Passados mais de 14 anos do início das obras, o metrô de Salvador será inaugurado, parcialmente e em fase experimental, nesta quarta-feira. A presidente Dilma Rousseff (PT) vem à cidade para o início da operação. Ao lado do governador Jaques Wagner, Dilma irá percorrer os 7,3 km entre as estações Acesso Norte e Campo da Pólvora, vizinha da Fonte Nova.

    A previsão, nesta fase inicial de testes, é de que os trens funcionem das 12h às 16h (junho) e das 10h às 16h (julho). O funcionamento em horário integral deve começar somente a partir de setembro. Porém, nos dias de jogos da Copa do Mundo em Salvador, o meio de transporte será exclusivo para torcedores com ingressos. A abertura será três horas antes das partidas e o fechamento três horas depois. Nesses dias, o embarque se dará apenas pela estação Acesso Norte, com destino ao Campo da Pólvora, sem paradas. O projeto inicial do metrô de Salvador foi de iniciativa da prefeitura. A concorrência foi aberta em 1999 e as obras começaram em janeiro do ano seguinte. Estima-se que foram gastos mais de R$ 1 bilhão no projeto durante todo o período. A expectativa era a de que o primeiro trecho, entre Lapa e Pirajá, fosse entregue em 2004. Não foi. Dois anos depois, o Tribunal de Contas da União pediu a suspensão das obras, após denúncias de superfaturamento. Em 2008, sem que a obra estivesse perto de estar pronta, chegaram os primeiros trens, que ficaram armazenados em um galpão. No ano passado, após acordo entre o prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Jaques Wagner (PT), a obra passou a ser responsabilidade do Estado, com financiamento da União. Seis meses depois, a empresa CCR, que concorreu sozinha, retomou as obras, após de 18 meses de paralisação. O longo período de obra fez com que o metrô virasse piada entre os próprios moradores de Salvador. Até o outdoor que anuncia a inauguração é sarcástico: “Agora o metrô vai andar”. No ano passado, o metrô soteropolitano foi citado até em um episódio da série de TV “A Grande Família”, em que um personagem se  passava por membro de uma quadrilha que desviou verbas da obra e teve de fugir para não ser preso. O metrô baiano também ficou conhecido como o “mais lento do mundo”. Recentemente, o governador Jaques Wagner lembrou do nascimento da ideia que originou o projeto em 1985, ainda na gestão do prefeito Mário Kertész, e disse que faltou espírito público e boa vontade das gestões anteriores para tocar as obras. “Para muitos, o metrô é uma piada, mas a mobilidade urbana de Salvador vai finalmente entrar nos trilhos”, disse ele, em outubro do ano passado.

    Leia mais em: http://zip.net/bpnFFS

     

  16. O prazo de validade do dólar

    Para desgosto dos crédulos na longetividade do império americano e sua moeda, o portal britânico Business Insider publica interessante informação com o gráfico acima. Ao longo dos últimos quase seis séculos, os vários impérios dominantes pouco conseguiram fazer suas moedas vencerem a barreira dos cem anos de duração como padrão internacional. O dólar com seus 94 anos já está na zona de perigo, cantando para subir. Levando em conta que o atual império gosta de briga e arrumou agora uma de bom tamanho, é bem provável que sua moeda não tenha festa com bolo de cem velinhas.

  17. Imagina no planalto

    O ditador que quer mandar no Brasil:

    Polícia faz busca e apreensão em casa de jornalista carioca, que diz: “Nunca falei nada do Aécio” nas redes sociais

    publicado em 11 de junho de 2014 às 17:50

    por Luiz Carlos Azenha

    A casa completamente revirada. Apreendidos um computador, dois HDs externos, pen drives, um iphone sem uso, chips de computador, CDs de fotos e um roteador.

    A jornalista Rebeca Mafra, do Rio de Janeiro, que trabalha no Canal Brasil, concorda que viveu um dia “bizarro”.

    Era por volta do meio dia quando ela recebeu uma ligação do prédio onde mora com a informação de que policiais estavam presentes com um mandado de busca e apreensão e arrombariam a porta.

    Como trabalha na Barra da Tijuca e mora no centro, Rebeca pediu a uma amiga que tem a chave que abrisse a porta.

    Os policiais reviraram tudo.

    Só mais tarde ela soube qual era a acusação: ela teria de alguma forma participado de um grupo organizado para difamar o senador Aécio Neves nas redes sociais.

    O problema é que, segunda ela, “nunca falei nada do Aécio” nas redes sociais.

    Rebeca não se define como uma internauta muito ativa. Admite que não pretende votar em Aécio, mas diz que o que mais faz é postar fotos no Instagram. “Olha o meu Facebook”, sugeriu.

    De fato, uma rápida navegada pelo perfil da jornalista demonstra que ela em geral reproduz posts de outras pessoas, não relacionados a política.

    No Facebook, segunda ela, o máximo que faz é dar algumas curtidas.

    Porém, documentos aos quais o Viomundo teve acesso demonstram que Rebeca e outras quatro pessoas estão sob investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro a pedido do senador Aécio Neves.

    Na decisão em que atendeu ao pedido do Ministério Público para expedir os mandados de busca e apreensão, o juiz descreveu uma suposta quadrilha muito sofisticada:

    Segundo narra o órgão ministerial, o procedimento investigatório foi iniciado a partir de notitia criminis encaminhada pelo Exmo. Senador Aécio Neves, na qual noticia a prática reiterada de crimes contra a sua honra através da colocação de comentários de leitores em sites de noticia, muitos dos quais não guardam qualquer pertinência com as notícias comentadas. Afirma o Parquet que há indícios de que tais comentários são lançados de forma orquestrada, por pessoas associadas para, mais do que potencialmente  afetar a reputação do senador, associar, em escala estatisticamente relevante, seu nome aos termos constantes dos comentários. Assim agindo, possuem os autores o intento de alterar os resultados dos mecanismos de busca na internet, como o Google, por exemplo, fazendo com que tais páginas — ainda que substancialmente irrelevantes — alcancem destaque nos resultados das pesquisas.

    A Folha deu a notícia com grande escândalo.

    Porém, para pelo menos uma das pessoas acusadas, a jornalista Rebeca Mafra, é tudo novidade.

    “Que maluquice”, comentou Rebeca quando informada de que é acusada de atuar numa espécie de “quadrilha virtual”, já que ela não conhece nenhum dos outros quatro acusados.

    “Bizarro”, eu disse à entrevistada por telefone. Ela concordou: “Bizarro”.

    Rebeca ainda não deu depoimento à polícia carioca.

     

    http://www.viomundo.com.br/denuncias/policia-faz-busca-e-apreensao-em-casa-de-jornalista-carioca-que-diz-nunca-falei-nada-do-aecio-nas-redes-sociais.html

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