Coronavírus: frigoríficos brasileiros estão relacionados ao avanço do vírus

Jornal GGN – Os frigoríficos brasileiros ajudaram a disseminar o Covid-19 em pelo menos três localidades pelo país, conforme a doença avança das grandes cidades para o interior do país.

O agronegócio brasileiro é um dos aliados do presidente Jair Bolsonaro, que considerou a pandemia “uma pequena gripe”. Dados da CNA (Confederação Brasileira de Agricultura e Pecuária) apontam que o setor de carne bovina vale US$ 26 bilhões, enquanto a indústria de frango vale US$ 8 bilhões.

As fábricas dos grandes frigoríficos (como JBS e BRF) permaneceram abertas durante o curso da pandemia, e os profissionais trabalham em conjunto em áreas geralmente refrigeradas. Como explica o jornal britânico The Guardian, países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Irlanda também viram grupos de contágio em torno dos matadouros.

Em entrevista ao jornal britânico, a promotora Priscila Schvarcz, do Ministério Público do Trabalho (MPT), afirma que as condições podem criar centros ideais para a disseminação do vírus. E a fiscalização organizada por uma força-tarefa do MPT mostra que muitos trabalhadores foram infectados.

Estudo elaborado pelo MPT mostrou que os casos de covid-19 no centro e no Sul do Brasil estavam agrupados em torno de cidades onde estavam localizadas plantas de carne e trabalhadores.

E os impactos poderão ser vistos em termos econômicos no curto ou médio prazo: a China já pediu a suspensão das importações de carnes de plantas da JBS e da BRF no começo deste mês, e o Ministério da Agricultura também suspendeu as exportações de uma fábrica da JBS no Rio Grande do Sul.

Esse problema vem em conjunto com o sucateamento da fiscalização sanitária, diante da defasagem de profissionais por parte do SIF (Serviço de Inspeção Federal) e o recente decreto publicado que autoriza a terceirização do trabalho de fiscalização nos frigoríficos do país.

 

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  • Pandemia e o Descompasso Evolutivo - com Paulo Saldiva

    Uma conversa com o médico e professor de patologia da USP, Paulo Saldiva. Da mesa de autópsia à nossa história evolutiva, da elaboração de vacinas ao uso político da ignorância, os caminhos do vírus dentro e fora do corpo. A pandemia como um fenômeno social na visão de um grande pensador da saúde pública.

    https://www.youtube.com/watch?v=_suSYs36mtQ

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