Depois de dois anos, “Balta Nunes” admite que esteve infiltrado

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução
 
Jornal GGN – O caso do infiltrado do Exército, Balta Nunes, em manifestações de rua contra o governo de Michel Temer, ganha mais um capítulo. Após quase dois anos, o major Willian Pina Botelho, seu nome verdadeiro, admitiu por primeira vez que esteve infiltrado junto com manifestantes, que depois foram detidos.
 
Ele prestou depoimento por vídeoconferência nesta sexta-feira (29), ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo. O militar usava o aplicativo de relacionamentos Tindes para buscar “meninas de esquerda” e se relacionar, antes de se infiltrar nas manifestações e ocasionar a prisão ilegal de 18 jovens e três adolescentes, no dia 4 de setembro de 2016, durante o protesto na avenida Paulista contra o governo Temer.
 
Apesar de serem soltos em audiência de custódia, todos os jovens foram processados pelo Tribunal de Justiça, que aceitou a denúncia do Ministério Público de São Paulo por suposta organização criminosa, ao portar “objetos” para “perturbar a ordem pública”. Conforme o GGN divulgou em reportagens à época, os objetos eram vinagre, máscara, capuzes, material de primeiros socorros, livros e uma barra de ferro.
 
Ás autoridades, o “Balta Nunes” admitiu que esteve infiltrado em grupos de Whatsapp, Facebook e outras redes sociais para se aproximar de manifestantes. Ele defendeu que a sua atuação foi “pacífica”. Logo após a descoberta da identidade de Botelho, ele foi promovido Major do Exército e foi enviado para cumprir missão em Manaus, por isso, prestou o depoimento por videoconferência nesta sexta.
 
A fala de Balta Nunes foi a última declaração das oitivas no processo que envolvem os jovens. Além do hoje major, também prestaram depoimento policiais militares e outras testemunhas das defesas e acusação. De acordo com reportagem do El País, o militar levou leis para ler e consultar durante o seu depoimento. 
 
Entre as perguntas, o major não esclareceu nesta sexta (29) quem ordenou a sua infiltração e quem organizou as atuações. Por integrar o setor de inteligência do Exército, o hoje major disse que não pode responder. Por isso, informações se a Segurança Pública de São Paulo estava envolvida na ação se tornam mais difíceis de esclarecimentos.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Exército contra o próprio povo

    Agora, além das abundantes provas, temos também a confissão do major do Exército.

    Portanto, o Exército brasileiro usa seu poder contra os cidadãos brasileiros e protege Temer e sua quadrilha.

  2. O exército do Michel Cunha Temer de Marinhos em ação !!

    Poderosas máquinas voadoras, tanques e blindados de última geração e guerreiros camuflados e munidos do moderníssimo FAL ….Todos em ação para ocupar o terreno do inimigo lá em em…(Mesquita, Cidade da Baixada Fluminense) :

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  3. Traição

    Nassif, como é que um cara  se dispõe a fazer um trabalho sujo desses.Deplorável à conduta deste militar.Um cagueta da pior espécie.Você sabe como são tratados esses tipos de pessoas dentro de uma prisão.X9 sem vergonha.E ainda é promovido.O nível deste governo é baixíssimo.E incluo os outros Poderes também.

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