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Governo Dilma: A Maquiagem da Economia Brasileira

A bancarrota da economia brasileira
PIB oficial (ultramanipulado) abaixo de 1%. As supostas ?boas notícias? por trás do esquálido crescimento de 2012. O Brasil, uma exceção na América Latina?

De acordo com os dados divulgados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o crescimento oficial do PIB brasileiro de 2012 foi de 0,9% e o do quarto trimestre de 0,6%. De fato, o crescimento oficial foi ainda menor, já que são considerados componentes altamente parasitários, tais como tarifas bancárias e impostos: “No ano de 2012, em relação a 2011, a expansão foi de 0,9%, resultado do aumento de 0,8% do valor adicionado a preços básicos e do crescimento de 1,6% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios.” O crescimento do PIB“per capita alcançou R$ 22.402, mantendo-se praticamente estável (0,1%) em relação a 2011.”

Os setores relacionados com a economia real foram os que mais sofreram contração – a agropecuária em -2,3% e a indústria em -0,8%. O chamado setor de serviços, que inclui os parasitários serviços financeiros, cresceu 1,7% e passou a representar 68,5% do PIB. A economia se encontra cada vez mais dependente dos gastos públicos que cresceram 3,4%.

O colapso capitalista de 2007-2008 tinha feito o PIB despencar para -0,3% em 2009. O governo tentou conter a crise por meio da inundação do mercado de crédito e do aumento exponencial dos repasses de recursos públicos para os capitalistas. Esses mecanismos começaram a se esgotar a partir do segundo semestre do 2011 em escala mundial, e não foi diferente no Brasil.

O investimento nos meios de produção, medido pela FCBF (Formação Bruta de Capital Fixo), a produção dos meios de produção, recuou -4% apesar dos recursos repassados para o PAC. A causa é o impacto do direcionamento da economia brasileira para meia dúzia de matérias primas, imposto pelo imperialismo devido à bancarrota da especulação imobiliária nos países centrais. O processo de desaceleração da indústria avança sem parar enquanto as importações impactam o superávit da balança comercial e fazem estragos na produção industrial nacional.

A fábula da suposta blindagem do Brasil à crise capitalista foi à lona de maneira oficial. O crescimento da economia brasileira foi o pior dos chamados países BRICS e da América Latina.

 

As supostas “boas notícias” do esquálido crescimento de 2012

 

A imprensa burguesa tentou minimizar a bancarrota da economia identificando supostos aspectos positivos.

Os investimentos voltaram a crescer no quarto trimestre?

O chefe do Ibre/FGV (Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia), Samuel Pessoa, declarou que virar o ano com aumento na FBCF seria uma “excelente notícia, pois sugere que a retomada de investimento começou já no quarto trimestre do ano passado, mesmo que timidamente”. Se bem é verdade que os investimentos vinham caindo havia um ano e a tendência era à continuidade da queda, ela somente foi revertida por meio do aumento dos repasses de recursos públicos para os capitalistas. Em 2010, o FBCF foi de 19,5%, em 2011 de 19,3% e em 2012 18,1%. Em 2012, voltou ao nível de 2009, 18,1%, refletindo o enfraquecimento dos mecanismos de contenção do colapso capitalista de 2007-2008.

O relativo crescimento do PIB teve como objetivo manter de pé os mecanismos especulativos imperialistas enquanto o endividamento público disparou, acelerando um dos principais mecanismos que conduz a economia brasileira à hiperinflação.

Qual é a base do crescimento do setor  de serviços no quarto trimestre?

O setor de serviços, que corresponde a quase 70% do PIB, reverteu a tendência à queda que vinha se acumulando havia quase dois anos, e agora voltou a ganhar ritmo, de 1,5% para 1,7%. A reversão está baseada na escalada do parasitismo financeiro pelos bancos e no arrocho salarial, camuflado por índices inflacionários camuflados. “Na comparação com o 3º trimestre do ano, os Serviços foram o destaque positivo do trimestre, com crescimento de 1,1%. A Indústria, por sua vez, apresentou variação positiva de 0,4%, enquanto que na Agropecuária houve queda de 5,2%; a Despesa de Consumo das Famílias cresceu 1,2%, enquanto que a Despesa de Consumo da Administração Pública se expandiu em 0,8%.”

Em 2012, o consumo do governo superou o das famílias em um ano pela primeira vez, tendo crescido em 3%, mas os investimentos encolheram em 1,1%,

A economia parou de desacelerar e crescerá 3% neste ano?

No melhor dos casos, poderia se dizer que a desaceleração teria sido contida. No quarto trimestre, a queda foi de -0,9%, a mesma do terceiro, o que está muito longe das expectativas otimistas do governo em relação ao crescimento de 3% previsto para este ano. 2013 deverá ser ainda pior que 2012; todos os indicadores apontam nesse sentido. Os números inchados têm como objetivo facilitar os repasses de recursos públicos aos capitalistas em maior escala ainda porque o orçamento da União é calculado em cima da expectativa do crescimento. O buraco que aparece no final do ano é coberto emitindo títulos do Tesouro podres, sem lastro produtivo. Lembrar que, no ano passado, o ministro da Fazenda Mantega manteve a previsão de crescimento acima de 4% até o início do segundo semestre, o que levou à disparada do endividamento dos bancos públicos.

A política que o governo está implementando para promover o crescimento da economia representa o mais descarado neoliberalismo pró-imperialista. O programa de concessões para ferrovias, aeroportos e portos, a desoneração da folha de pagamentos para 40 setores e o programa de redução do custo da energia elétrica para consumidores e indústria, entre outros, serão viabilizados por recursos públicos. Os capitalistas nem sequer precisarão desembolsar recursos e isso é apresentado pelo ministro Guido Mantega como uma grande triunfo da “estabilidade da economia brasileira” na gira pelos países imperialistas.

 

O Brasil, uma exceção na América Latina?

 

A imprensa burguesa tem tentado apresentar o aprofundamento da crise capitalista no Brasil como uma exceção num contexto de bonança nos demais países latino-americanos. Essa seria a prova, segundo a direita, de que a causa do PIB fraco de 2012 não seria a consequência do contágio da crise mundial, mas da má administração do governo do PT.

O México teve recorde nas exportações em 2012, com quase US$ 370 bilhões, com crescimento de 3,9%, inflação de 3,2% e taxa de desemprego de 5,2%. O Peru cresceu em 6,5%, com investimento de 29% do PIB e inflação de 2,7%. O Chile cresceu 5,6%, com inflação de 1,8%, investimento de 27% e desemprego de 6%. A Colômbia cresceu 3,4%, investimento de 27% e inflação de 2%.

A Venezuela e a Argentina, apesar da inflação alta, tiveram crescimento forte.

Chile, Peru e Colômbia são grandes exportadores de commodities. Os dois primeiros têm se beneficiados pelos altos preços do cobre, mas estarão altamente expostos à crise dos preços das matérias primas metálicas no próximo período. No caso do Chile, o comercio representa 70% do PIB.

O México tem sido promovido pelo imperialismo como uma plataforma de produtos manufaturados de baixo custo para compensar o aumento dos preços dos produtos manufaturados chineses por causa do aumento dos salários, que passaram de US$ 30 na década de 1980 para US$ 230 em média. Em contrapartida, na base, estão os crescentes ataques contra os direitos trabalhistas.

América Latina como um todo entrará no olho do furacão da crise no próximo período devido ao esgotamento da especulação com as matérias primas, à disparada da dívida pública e ao aperto das amarrações imperialistas.

A saída para a crise brasileira, segundo a direita, seria a abertura em maior escala da que está sendo promovida pela política econômica do governo do PT – maior abertura aos capitais especulativos e a derrubada das restrições comerciais mediante acordos bilaterais com as potências imperialistas. Nada mais longe da realidade. O aumento da espoliação imperialista somente poderá aprofundar ainda mais a crise capitalista no País.

Redação

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