Indicação de novo presidente da Petrobras é manutenção da política de Pedro Parente

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Michel Temer se reuniu com Ivan Monteiro no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (1º) – Foto: Twitter 

Por Observador*

*Comentário à publicação “A aula de Dilma sobre a dolarização do petróleo brasileiro e o golpe na Petrobras

A confirmação de Ivan Monteiro como presidente da Petrobrás por Temer significa a manutenção da política de Pedro Parente, o atrelamento do preço dos combustíveis à oscilação internacional diária do preço do petróleo, o sucateamento progressivo seguido pela privatização das refinarias e o desmonte final da empresa.

Diante disso, essa entrevista da ex-presidenta Dilma Roussef deveria ter provocado a convocação de uma CPI para debater o que fazer, suspendendo-se a política de preços que paralisou o país por dez dias e certamente resultará em uma queda do PIB maior do que a até então esperada.

E a nomeação de uma diretoria emergencial para a empresa, até que se apure as responsabilidades por esses crimes contra a economia popular cometidos não apenas por Temer e Parente, mas igualmente pelo CADE, esse Conselho Administrativo de Defesa Econômica do Ministério da Justiça criado justamente para evitar crimes como este – o atrelamento do preço dos combustíveis às cotações internacionais em um país aonde 80% da produção é transportada por caminhões e caminhoneiros que dependem da estabilidade dos preços desses carburantes para fixar o valor dos fretes ou transportes que efetuam; e pela AGU, essa Advocacia Geral da União responsável por crimes contra o patrimônio público como estes; pela PGR, essa Procuradoria Geral da República que deveria ter evitado essa crise, até por comandar o Ministério Público Federal, que tem nas coordenadorias de justiça econômica as armas preventivas e corretivas que poderiam ter impedido, no mínimo, essa semi-privatização da Petrobrás que a deixa subordinada à Bolsa de Nova York e ao interesse dos investidores privados, e não subordinada ao interesse maior da Nação a que pertence majoritariamente. 

Como nada disso aconteceu, ou a webb aonde estamos não possui valor algum e nem merece ser lida – sejam quais forem as denúncias feitas pelo GGN e demais blogs e seus colaboradores – ou chegou a hora de você preparar o Xadrez do Retorno do Brasil ao FMI, levando em consideração o fato do peão pivô dessa crise, Pedro Parente, ter sido consultor desse mesmo FMI quando o Brasil dependia do mesmo, entre 93 e 94.

Como as greves devem continuar, assim como as privatizações destinadas a cobrir o desabamento econômico da Petrobrás – que se antes do locaute tinha perdas de R$ 126 bilhões (sic Infomoney), hoje devem estar desvalorizando quase a metade do valor de mercado da empresa, R$ 539,9 bilhões. Nesse Xadrez, espero que o papel do peão Parente seja esclarecido, pois, afinal, a demissão do mesmo acontece poucos dias depois do site Antagonista/Revista Crusoé ter denunciado que o mesmo havia concedido R$ 2 bilhões ao seu sócio José Berenger, presidente da JP Morgan no país.

Como não vi nenhuma alusão à denúncia de Diogo Mainardi e Mário Sabino, ou a direita a que eles pertencem enxerga em Parente um perigoso comunista a ser deposto ou estavam apenas lhe dando o pretexto que ele aguardava, antes de retornar ao FMI como “empreendedor” do século, depois de nocautear a economia brasileira e deixar um pupilo de confiança em seu lugar no comando da Petrobrás – agora sob o slogan “O Petróleo é Deles”.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. No que diz respeito a

    No que diz respeito a política de preços, NÃO há mais ambiente pra continuar com aquela política NEFASTA de se corrigir combustíveis quase que diariamente tendo como base a cotação internacional turbinada aqui por um cambio instável

    Doutra feita, o desmonte, como é algo MUITO maior, maior que o VERME do TRAIDOR do Temer, parece que pouco ou nada muda, afinal..

    ..afinal o Supremo (de Togados nababos irremovíveis, vitalícios e inimputáveis) continua impunemente cutucando com a VARA CURTA a plebe..

    ..ora inventando regras, ora criando-nos leis ou estuprando a Constituição ao sabor dos interesses da sucia golpista que, dentre eles, a MIDIA, já faz campanha escancarada – sem consultar a população – pela  PRIVATIZAÇÃO de todas as companhias Estatais remanescentes (Petrobrás, BB, Caixa e Correio, sendo que este ultimo, TENHO ALERTADO, vem sofrendo uma política agressiva de desmonte e de encarecimento da infra no país)

    TRISTE, tragico constatar que diante disso tudo estes sindicatos DE MERDA, de funcionários PRIVILEGIADOS, ficam fingindo que ainda não é com eles.

    e sabe o que é pior ainda ?! É saber que tem esquerdinha “leitinho com pera” que acredita que a turma GOLPISTA vai querer entregar o Poder em out/18 caso a eleição – incerta – indique um candidato avesso aos seus interesses

     

     

    1. Mas há uma outra “esquerda” e

      Mas há uma outra “esquerda” e até pessoas que não podem, a rigor, serem encaixados nesse termo, que não apenas não são “leitinho com pera” como estão trabalhando em frentes alternativas. Eleições são apenas um das frentes.

      Sim, a turma da “direita” tem a “faca nos dentes e sangue nos olhos”. Mas não é a única…

      1. Renato, a turma do lado de

        Renato, a turma do lado de cá, DESARMADA, se tiver sangue nos olhos é CONJUNTIVITE  ..a unica arma hoje é ter dedinhos enlaçados em coração ou em formato de pombinha

        As FORÇAS PÙBLICAS – pelos estereótipos criados pelos “direitos humanos – esta com eles

        As FOÇAS ARMADAS – pelas iniciativas revisionistas e FORA DE HORA – estão juntas no golpe

        FATO –  A esquerda perdeu o protagonismo das ruas desde 2013 

        ..PIOR, não tem líder nem estratégia  ..isso a ponto de boa parte dela, num PURISMO JUVENIL, ter tratado esta greve MARAVILHOSA dos caminhoneiros – que detinham demandas JUSTAS e boas para o BRASIL – tratá-los como rivais, inimigos  ..e não como, nem que momentaneamente, aliados pelo bem comum

        Ou os sindicatos param PRA VALER o país  (e eles perderam uma oportunidade inigualável agorinha) ou vai ser difícil 

        só sei que no VOTO os golpistas não vão querer devolver o PODER 

        1. “Conjuntivite”, rs…

          Mas eu não contaria com isso não, caro Romanelli. Não é porque não passa na TV que não está acontecendo.

          E se alguém se dispuser a se aprofundar, verá que na reação, de pueril não há nada. Inconsequência tem sido a marca registrada dos golpistas.

          Sim, há infiltrados na reação, se esforçando por desmobilizá-la ou exterminá-la. Alguns a reação conhece, outros não ainda. Mas, como disse, eu não apostaria nem na falta de disposição para a luta e menos ainda em vitória para os golpistas.

          Tranquilo e atento.

  2. Às vezes me sinto como os

    Às vezes me sinto como os Szpilman em Varsóvia, segundo o Polansky em “O Pianista”: os golpistas derrubam Dilma, prendem Lula, aparelham o STF, dobram-se ao dólar (moeda dos EUA)… facilitam para o inimigo, seguem nos aterrorizando e destruindo nossos projetos e a gente tem dificuldade em enxergar que realmente estamos sendo atacados. E quanto mais demorarmos para enxergar, mais difícil – e sangrenta – será a reação.

    A troca de Parente por qualquer outra pessoa, enquanto estivermos sob o golpe, não significa mesmo nada de bom. Nada sob o golpe nos favorecerá.

  3. Parecia certo que Parente
    Parecia certo que Parente caiu porque começou a atrapalhar a política de desmonte da empresa.
    Dois rejustes em 48hs, 3%. É um escândalo.

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