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ISIS, Israel e outras exceções à regra internacional

A Lei Internacional proíbe guerras de conquista territorial. Israel é uma exceção, pois vem anexando territórios palestinos há décadas e segue sendo protegido pelos EUA no Conselho de Segurança da ONU.

A Lei Internacional garante a soberania dos países membros da ONU como a Síria. Mas a Síria é uma exceção, porque os norte-americanos querem bombardear o Estado Islâmico que cresceu no Oriente Médio após o mesmo ser desestabilizado por aventuras militares dos EUA.

A Lei Internacional garante à Rússia o mesmo status que os EUA, França, Inglaterra e China no Conselho de Segurança da ONU. Mas a Rússia é uma exceção, sempre que veta algo indesejado pelos EUA e Inglaterra (como o bombardeio à Síria, por exemplo) acaba sofrendo sanções econômicas.

A Lei Internacional impõe restrições ao uso da força militar. Mas a guerra não é uma exceção para os EUA. Está cada vez mais difícil, aliás, encontrar uma situação de conflito diplomático em que os norte-americanos rejeitem imediatamente o uso dos seus militares. Há décadas a Casa Branca se mostra sempre disposta a recorrer primeiro aos mísseis e às bombas, reservando para depois da guerra um simulacro de diplomacia entre vencedor e vencido.

A Lei Internacional está rapidamente deixando de existir, se é que algum dia realmente chegou a ter validade e eficácia. As exceções já são mais poderosas do que qualquer regra e distorcem totalmente o campo diplomático. A regra parece ser apenas uma: os norte-americanos acreditam que todos os países devem ser vassalos dos caprichos dos EUA. A Casa Branca cria e impõe brutalmente as exceções que deseja sempre que a Lei Internacional lhe parece inconveniente.

A injustiça e a desigualdade sempre foram fontes de instabilidade política e de guerra. Onde não há igualdade não há Política, pois esta pressupõe um espaço de consenso em que todos possam se movimentar igualmente apesar de terem interesses desiguais. Que igualdade pode haver entre israelenses e palestinos se os primeiros bombardeiam Gaza matando milhares de civis alegando que estão em guerra com o Hamas e não admitem que o Hamas declare guerra ao Estado de Israel? Que igualdade pode haver entre norte-americanos e sírios se os primeiros se recusam a respeitar a soberania da Síria exigindo sempre o mais absoluto respeito à soberania dos EUA para agir fora de seu território?

A guerra é a negação da Política, pois onde a força se projeta não há espaço para qualquer tipo de consenso ou de igualdade. Mas o pior mesmo é ver a própria igualdade rejeitada ao nível do discurso pelos intelectuais que interpretam a realidade. A nenhum jornalista ou telejornalista que se debruça sobre os problemas internacionais ocorreu dizer uma verdade: não há diferença entre os milicianos do Estado Islâmico e os soldados dos EUA e de Israel.

Todos são homens, todos são pagos para matar, destruir e mutilar, cada qual tem sua religião e está disposto a lutar e morrer por sua causa, nação ou Estado. A desigualdade entre os terroristas oficiais dos EUA e de Israel e os terroristas islâmicos é que os primeiros são profissionais previamente treinados, os demais são amadores com experiência adquirida na prática. Além da diferença discursiva entre eles, apenas os detalhes das vestimentas e dos armamentos os distinguem. O resultado da ação de uns e de outros é o mesmo: caos para muitos e lucro para alguns. Quem está lucrando com a guerra permanente, porém, nunca está presente no discurso, no campo de batalha e mesmo na ONU. A regra do mercado exige que estas exceções interessadas sejam muito bem protegidas?

Fábio de Oliveira Ribeiro

Fábio de Oliveira Ribeiro

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